Mais de um milhão de beijos - Capítulo 5.4
A cada pessoa que entrava no bar, Yeong-hoo se sobressaltava e virava a cabeça, e quando seus olhos encontraram os de Andreas, que apareceu como esperado, ele se assustou tanto que quase deixou um copo cair.
“Oh, não.”
Andreas soltou, em tom de deboche, uma exclamação admirada para Yeong-hoo, que por pouco, não deixou o copo cair e sentou-se no balcão em frente a ele como se fosse a coisa mais natural do mundo. Vendo Andreas vestido com um terno da última moda, impecável, como no dia anterior, Yeong-hoo fez um esforço para esboçar um sorriso de boas-vindas em seu rosto tenso e o cumprimentou com dificuldade.
“Olá, voltou novamente.”
“Nos encontramos de novo.”
Andreas respondeu com a mesma calma de sempre. Isso deixou Yeong-hoo ainda mais nervoso, e ele perguntou, fingindo apressadamente colocar um copo na prateleira.
“O que vai querer hoje?”
Andreas se dirigiu a Yeong-hoo, que estava deliberadamente evitando seu olhar.
“Quando se está pegando o pedido, não seria educado olhar para o cliente?”
A voz calma o atingiu em cheio. Sem ter outra escolha, Yeong-hoo soltou um pequeno suspiro e se virou. Ao ficar de frente para Andreas, sentiu o seu olhar frio fixo nele. Um calafrio percorreu sua espinha, e ele se esforçou para sorrir como se nada tivesse acontecido.
“O que você gostaria?”
Andreas não respondeu imediatamente. Ele apenas olhava para Yeong-hoo com os olhos semicerrados, como se estivesse pensando em algo. O olhar dele deixou Yeong-hoo tenso. Seu pulso acelerou irregularmente por causa da ansiedade e do nervosismo. Queria que ele dissesse alguma coisa logo, pensou Yeong-hoo, apreensivo, até que Andreas finalmente falou.
“Dry Martini.”
Por um instante, Yeong-hoo quase disse ‘Obrigado’. Engolindo as palavras com dificuldade, ele se virou como se nada tivesse acontecido e preparou o martini. Andreas observou-o se movimentar mais agitadamente do que de costume. Ignorando o olhar dele com esforço, Yeong-hoo preparou o martini, mexeu levemente o interior do copo com um muddler e o colocou na frente de Andreas. Naquele momento, Andreas agarrou o pulso de Yeong-hoo como se o estivesse fisgando. Surpreso com a situação inesperada, Yeong-hoo arregalou os olhos. Um silêncio sufocantemente tenso pairou entre eles. Por um instante, ele sentiu como se o tempo tivesse voltado, repetindo o tenso confronto do dia anterior. Andreas riu silenciosamente e sussurrou.
“Hoje você está de mãos vazias.”
Era óbvio que ele estava pensando na mesma coisa que Yeong-hoo. Yeong-hoo engoliu em seco antes de responder.
“Tenho muitas coisas ao meu alcance.”
Yeong-hoo tentou soltar a mão sem fazer alarde, mas Andreas apertou ainda mais seu pulso. Uma dor latejante fez Yeong-hoo franzir a testa e gemer, e então Andreas o puxou repentinamente para perto de si.
“…!”
Se não houvesse o balcão, ele teria caído direto em seus braços. Olhando para Yeong-hoo, que mal conseguia se manter inclinado sobre o balcão, quase de bruços, Andreas sussurrou.
“Melhor do que um pano de chão, não acha?”
“Com um pano de chão basta lavar, mas ser atingido por uma coqueteleira pode te levar para o hospital, sabia?”
Diante daquele blefe sussurado, Andreas, que observava atentamente o rosto de Yeong-hoo, soltou uma risada baixa. Inesperadamente, a atmosfera tensa se dissipou, e ele soltou a mão de Yeong-hoo como se nada tivesse acontecido. Yeong-hoo levantou-se rapidamente e arrumou suas roupas.
“Fiquei ofendido quando esfregou meu rosto com um pano de chão.”
Como se nada tivesse acontecido, Andreas disse levemente. Yeong-hoo, secretamente aliviado, respondeu.
“É que na outra mão eu tinha um cinzeiro.”
Ele não se deu ao trabalho de acrescentar que a mão que segurava o pano era melhor. Então, Andreas piscou e logo começou a rir alto. Como era a primeira vez que o via rir daquela maneira, Yeong-hoo arregalou os olhos. Inesperadamente, era uma risada muito agradável. O belo rosto, banhado pelo riso, o cativou em um instante. Por um breve momento, Yeong-hoo pensou que daria sua alma sem hesitar se pudesse ver aquele sorriso para sempre.
“Ufa, foi por pouco! Quase fui parar no hospital por tentar beijá-lo.”
Ele ainda fez piada, rindo. Yeong-hoo o encarava, confuso. O que esse homem estaria pensando? Fazer aquilo há pouco e agora rir e brincar como se nada tivesse acontecido. Qual era a sua verdadeira intenção? Será que aquilo também não passou de uma brincadeira?
Andreas era um tipo inédito para ele. Era impossível decifrar seus pensamentos e prever suas próximas ações. Afinal, o que esse homem pretendia fazer com ele? Yeong-hoo achou insuportavelmente desconfortável encará-lo.
“Kyrios*, se não precisar de mais nada…”
* Significa ‘Senhor/Sr.’
“Andreas.”
Yeong-hoo, que havia começado a falar para se retirar, hesitou com a resposta abrupta. Andreas semicerrou os olhos, sorriu e disse.
“Apenas me chame de Andreas.”
Yeong-hoo piscou, confuso. Andreas semicerrava os olhos, observando-o atentamente, esperando por uma reação. Era como se quisesse encontrar algum sinal de agitação no rosto de Yeong-hoo. Sem entender por que estava sendo encarado daquela maneira, Yeong-hoo o encarou de volta.
Um silêncio peculiar se instalou, e Yeong-hoo, de boca fechada, esperou em silêncio que ele próprio dissesse seu sobrenome. No entanto, Andreas, ignorando seus pensamentos como se não os percebesse, apontou com o olhar para o crachá de identificação que Yeong-hoo trazia no peito e disse.
“Theron o chama de Ji, esse é o seu nome?”
“Não…”
Yeong-hoo respondeu, internamente desapontado.
“Ji é o sobrenome e meu nome é Yeong-hoo. Na Ásia…”
“Sobrenome e nome são invertidos.”
Cortando a explicação de Yeong-hoo, Andreas tornou a perguntar.
“Ji, e depois? Pode repetir?”
“Yeong-hoo.”
Mesmo pensando que ele provavelmente não pronunciaria corretamente, Yeong-hoo respondeu prontamente. Andreas assentiu brevemente, como se tivesse entendido, então ergueu levemente seu martini em um gesto de brinde e disse.
“Obrigado, Yeong-hoo.”
Os olhos de Yeong-hoo se arregalaram. Ele não se lembrava da última vez que havia sido chamado pelo nome, e não por Ji. E ainda mais com aquela pronúncia perfeita. Por um instante, o coração de Yeong-hoo deu um salto, e ele murmurou, atordoado, enquanto observava Andreas abaixar o copo.
“Você é a primeira pessoa aqui a pronunciar meu nome corretamente…”
“Sério?”
Andreas riu brevemente, como se achasse divertido. Em choque com a novidade, Yeong-hoo se esqueceu completamente de não ter ouvido o sobrenome de Andreas. Justamente naquele momento, um pedido chegou do salão, e Yeong-hoo se apressou em preparar os coqueteis. Andreas observava Yeong-hoo agitar a coqueteleira através da fumaça de seu cigarro. Yeong-hoo ignorou, propositalmente, o olhar significativo dele. Por que aquele homem sempre o olhava daquela maneira?
Ele evitou o olhar de Andreas, entregando os coqueteis diretamente na mesa e retornando, mas o balcão ainda estava vazio. Yeong-hoo, que esperava que outro bartender o atendesse em sua ausência, ficou secretamente desapontado. Foi então que Andreas perguntou.
“Você sempre recebe os pedidos e os entrega pessoalmente?”
Yeong-hoo respondeu com a cabeça baixa, limpando a coqueteleira usada.
“Porque sou novato. Além disso, é mais rápido do que esperar que um garçom anote e traga cada pedido.”
Lembrando da imagem de Yeong-hoo deslizando com a leveza de um vento há pouco, Andreas concordou. Yeong-hoo aproveitou o breve silêncio para virar a cabeça e terminar de limpar a coqueteleira usada. Ele se sentia desconfortável com Andreas. Aquele olhar, a aura de intimidação que emanava de todo o seu corpo e a sensualidade sufocante eram coisas completamente estranhas para Yeong-hoo. Se pudesse, gostaria de ficar o mais longe possível.
Mas, por alguma razão, parecia que Andreas não percebia os sentimentos de Yeong-hoo. Sob o olhar de Andreas, que nem sequer tocava em seu coquetel e apenas o observava através da fumaça, Yeong-hoo fingia indiferença e se movia ocupadamente. Ele apenas esperava que aquele homem terminasse de fumar seu charuto e fosse embora.
*
*
T/N: Tive um probleminha com o monitor do meu PC, por isso a demora nas traduções. Então mesmo eu não postando aos finais de semana, me senti na obrigação de aparecer hoje. Até segunda, pessoal!
Tradução: Yani
Revisão: Ana Luiza
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