Garland Jujin Omegaverse - Capítulo 13
“Dobre esta parte para esquerda e depois para direita, dobrando assim bem no meio e finalmente sopre esta parte. Quando você soprar ar por aqui o origami vai inchar e então… Aí está, um coelho com corpo redondo!”
Diego sentado em frente a mesa exclamou: “Puxa! Nunca havia feito isso com papel”.
“Se chama origami, de verdade você nunca fez antes?”
“Eu sabia que existia. Minha babá costumava fazer uns para mim, mas não com tantas formas diferente”.
Pássaros, flores, coelhos, rãs, estrelas e flocos de neve estavam alinhados sobre a mesa. Diego levantou a estrela de papel que havia feito com cinco folhas e disse: “Gostei muito desta estrela. Pra ômegas, origamis são comuns?”
“Talvez não para todos, mas acredito que tenha muitos ômegas que passam o tempo dessa forma. Na época em que não me deixavam sair, eu ficava horas a fio dobrando origamis…” Jill riu um pouco ao lembrar “A habilidade especial de um ômega engloba tudo o que possa ser feito em um quarto pequeno. Instrumentos musicais, costura, bordados.”
“Entendo. Você toca outro instrumento musical além do violino?”
“Toco um pouco de piano. Mas o som é muito simples. Gosto mais do violino”.
“A música daquela vez foi uma performasse muito boa. E você é ótimo com origamis”.
Jill ficou observando Diego levantar um pássaro. Os pássaros feitos de papel vermelho, podiam ser dobrados facilmente para bater as assas como se estivessem voando.
“Eu não gosto muito de origami”.
“Mesmo sabendo fazer tantas formas diferentes?”
“Eu lembro de como fazer as dobras mas, em vez de fazer um pássaro de papel, prefiro ver um pássaro real. Ou rãs. Nenhuma rã de papel se compara com uma de verdade”.
Diego fez uma careta, transparecendo repugnância. Jill sorriu enquanto se aproximava da testa dele, para dar um pequeno peteleco ali.
“Você odeia as rãs?”
“Não odeio. Simplesmente não gosto delas”.
Diego parecia estar desconfortável.
Mesmo com a aparência de um lobo imponente, não se dava bem com rãs. Nem ao menos tocava as rãs feitas de papel! A cara do lobo que, ao início parecia intimidante, agora estava mais perto de um grande cachorro gentil. Havia passado aproximadamente meio mês desde que visitou Albert e desde então Diego entrava no quarto de Jill simplesmente porque tinha vontade. Às vezes ele chegava de dia, como hoje, às vezes passavam a noite juntos apenas conversando. Diego queria entender melhor os ômegas e Jill respondia todas as suas perguntas enquanto mostrava várias coisas que havia aprendido. Todas as lições pareceram terrivelmente chatas para ele mas, não achava tedioso fazer origami enquanto conversava com alguém desta forma. Era bom ver Diego interessado.
Jill disse: “Se você não gosta de rãs não farei mais origamis delas. Do que você gosta?”
“Nunca parei para pensar nos animais que eu gosto ou nos que eu não gosto”.
“Então, qual é o seu passatempo?”
Jill deixou o origami sobre a mesa, pegou o bule do carinho de chá e começou a servir. Diego, habilmente levantou sua xícara, com seus enormes dedos de homem-fera e falou:
“Nunca pensei em ter um passatempo, pra falar a verdade. Mas agora que você mencionou… Quando eu era pequeno, gostava de olhar as estrelas. Sabia o nome de cada uma das constelações e até a sua localização”.
“Eu não sei nada sobre constelações. Nem ao menos gosto de livros”.
“Dá para perceber. Você parece ser do tipo que gosta de ficar ao ar livre”. Diego sorriu. “Afinal, te conheci perseguindo um frango”.
“Isso é algo que você precisa esquecer!”
Hoje, eles tinham desfrutado do aroma refrescante e o sabor ácido das frutas cítricas em seu chá. O sol brilhava forte através da janela, o céu azul da tarde parecia infinito fazendo que o grande jardim se transformasse em um lugar cheiro de pássaros que cantavam alegremente. E também, ao cair da noite, se podia escutar o inconfundível som dos insetos que viviam nas árvores.
“É uma sensação estranha. Estar aqui no seu quarto bebendo chá”. Diego riu em voz alta antes de continuar: “Nunca pensei que isso seria possível”.
“É mais divertido quando se tem surpresas na vida”.
“Supressas… Com certeza é inesperado. Sabe, a verdade é que eu sempre odiei ser um nobre.” Diego pegou a estrela de origami. “Eu realmente detestava quando era criança. Se alguém tivesse me perguntado o que gostaria de fazer na vida, eu definitivamente diria que queria ser marinheiro. Preferia ir ao porto todas as tardes em vez de ficar estudando”.
Jill sorriu e sentiu empatia porque conhecia bem este sentimento.
“Pra falar a verdade, eu ainda quero velejar algum dia”.
“Ainda?”
Jill arregalou os olhos. Diego parecia ter chamado Jill a sua mansão pelo fato de ter que cumprir com suas responsabilidades como membro da família Siegfried. Como é que agora fala coisas como navegar em um barco?
“Claro, meus irmão não sabem disso. Você sabe, Geralt e Toneria são muito orgulhosos quando se trata do clã.”
“Deu pra perceber”.
“Por isso penso que eles já são o suficiente. E que a família Siegfried estaria muito bem nas mãos deles. Por isso… às vezes, me imagino partindo em alguma aventura louca pelo mar. Navegando e navegando, sem ninguém nunca esperar nada de mim. Tem dias que me pergunto se não deveria apenas ir em busca desta aventura”.
“Então até você pensa essas coisas”.
“Não tenho nenhuma intenção de fugir das minhas responsabilidades, mas… Eu penso nisso. O tempo todo. Quem sabe no futuro, depois de eu ter cumprido as minhas obrigações e deixar minha família satisfeita, acho que seria bom pegar um barco e passar o resto da minha vida ali”.
“No futuro…”
Jill nunca tinha pensado no futuro. Porém, ao contrário dele, Diego parecia ter mais chances de ser livre depois de ter feito tudo o que precisava fazer. “Você deve realmente estar orgulhoso de ser parte da família Siegfried”. Disse Jill. E pensou que provavelmente era por isso que o homem enfrentava seu destinho com tamanha valentia. Talvez, poderia ser também por seu orgulho de aristocrata.
“Mas é claro que tenho orgulho. Não só os meus irmãos, mas também o meu pai e o meu avô, são todos tão inteligentes que ganharam o respeito da sociedade. Além disso, todos os negócios da família Siegfried são parte essencial do desenvolvimento de Bernelud. Quer dizer, alguns aristocratas só desejam dinheiro e poder, mas a família Siegfried é diferente. Tentam ajudar as pessoas”. Seus olhos pareciam brilhar de emoção. “Tenho orgulho da minha família. É só que a minha ânsia pelo barco não desaparece nem com isso”.
“Compreendo”.
Jill olhou os grandes olhos azuis do lobo, sentindo-se mais próximo dele do que antes. Talvez porque seus sonhos eram muito parecidos com os dele.
“Eu também gosto do mar. Quero ir a um país distante e não nunca mais voltar”.
Mesmo que não fosse um ômega, aquilo soava como um sonho difícil de se realizar. O mar era um território desconhecido e perigoso. Apenas alguns comerciantes e mercenários se ariscavam a ponto de embarcar em uma viagem como esta.
“Eu gostaria de realizar os seus desejos tanto como seja possível. Mesmo que pareça algo difícil de se conseguir”.
“É normal na minha vida as coisas parecerem difíceis”. Jill sorriu enquanto olhava em volta. “Minha mãe e meu irmão costumavam brigar comigo por dizer coisas como estas. Eu queria voar no céu, ver o mar e todas as coisas estranhas que possa imaginar. Me diziam que um ômega era uma criatura amada por natureza e que eu devia ser feliz só por isso. Mas… você sabe, não é como se fosse um amor real”.
“Eu entendo”.
“Por exemplo, Yoyo não pode sobreviver em uma gaiola nem fora dela, por isso comparo minha situação com a dele. Aves domésticas ficam bem dentro de uma gaiola, que são escolhidas de acordo com seus próprios patrões e, eventualmente, são comidas”. Riu novamente. “É estranho. Quando pensava nisso antes, me sentia muito irritado. Falando com você… É como se eu me libertasse. É como se realmente me compreendesse”.
“É porque eu compreendo bem”.
O coração de Jill estava tranquilo com a presença dele. Claro, não significava que ele esqueceu de todo o resto. Ainda ansiava por ir a lugares distantes e ver muitas coisas interessantes. Ao lado do lobo, entretanto, sentia que podia ir no seu ritmo e não ficar ansioso o tempo todo.
“Jill, vamos visitar a cidade”.
Diego ficou de pé repentinamente e Jill o olhou como se estivesse enlouquecido.
“A cidade?”
“Está um pouco tarde para ir até o porto mas, com certeza você vai conseguir ver o mar mais de perto”.
Diego segurou a mão de um Jill, confuso, e o obrigou a se levantar. Ainda sem conseguir compreender o que estava passando, Jill se limitou a olhar a figura de Diego enquanto este o arrastava para fora do quarto.
“Espera! Eu posso mesmo ir?”
“Oh, mas é claro!”
“E o seu trabalho? Você tem perdido bastante tempo vindo me ver no meu quarto, então…”
“Não se preocupe. A cidade não fica longe”. Diego olho para trás e sorriu para encorajar Jill que continuava perplexo. “Pedirei ao Norn que prepare uma capa pra você não chamar tanta atenção ao descer da carruagem. Além do mais, não vai ter nenhum perigo se eu estiver com você”.
Jill parecia não saber o que dizer mas, por fim, soltou:
“Obrigado”.
Setia calor em seu coração e também na mãos esquerda que Diego ainda segurava. Parecia estar fervendo. Ir a cidade e ver o mar parecia ótimo contudo, não se sentia completamente feliz com a situação. Por que sentia essa dor no peito? Talvez por conhecer suas próprias circunstâncias. Mesmo que Diego o levasse até a cidade, não seria mais do que um passeio com o seu dono. Realmente não poderia conseguir o que tanto desejava. E ainda que visse o mar mais de perto, nunca poderia entrar em um barco e sair conforme sua vontade. Este fato, por si só, já era bastante preocupante.
As colinas estavam tranquilas e silenciosas, possivelmente porque ainda estavam longe da cidade. Ao fim da pequena praça, uma cerca de pedra havia sido colocada com uma cobertura, para que as pessoas pudessem admirar o mar sem serem incomodadas. Ao se aproximar da cerca, sua visão se abriu e Jill gritou involuntariamente: “Minha nossa, é tão grande!” Ainda quando disseram a ele que o mar não tinha fim, aquilo era completamente diferente ao que havia imaginado. O oceano, que podia apenas ser parcialmente avistado de sua janela, parecia assustadoramente grande. Porém o mar diante dele era muito mais impressionante e vasto! Além de ser muito bonito. Era fim de tarde, por esta razão o mar tinha uma cor mais escura e apagada diferente do azul de sempre.
“Sim, é grande. Poderia até ser verdade que um monstro marinho vive aí”.
Quando segurou o capuz, o qual quase havia voado com o vento, Jill se alinhou ao lado de Diego e perguntou:
“Um monstro?”
“Ouvi dizer que existe um monstro enorme e desconhecido no oceano. Tem oito ou dez pernas e é maior do que um barco”.
“O que?!”
Quando Jill olhou para o mar, como se quisesse encontrá-lo, Diego riu.
“Eu também nunca vi. Mas é verdade, pois existem muitos documentos de marinheiro falando sobre ele”.
“Se alguma vez encontro com um monstro assim, certamente morro”.
“Mas os marinheiros que o encontraram estão vivos e voltaram sãos e salvos. Então, não deve ser perigoso. Quem sabe até seja uma criatura bonita”.
“Neste caso, eu gostaria de vê-lo”. A figura de Diego, olhando para o mar, era tranquila tal como a sua voz. “Quando sairmos de viagem vamos procurá-lo juntos”.
Jill pensou que aquela era uma frase terrível. Não poderia companhá-lo em suas viagens porque os dois tinham status diferentes. Mesmo assim, Jill sorriu. O mar estava brilhando, com a cor dourada do sol que começava a se esconder. O vento trazia um cheiro salgado que o emocionava do fundo do coração.
“Estou desejando que este dia chegue”.
Misteriosamente, sempre que estava com Diego, começava a se sentir muito feliz. Era como se tivesse voltado a ser criança. A emoção se comparava ao dia em que viu um pássaro pela primeira vez ou quando enlouqueceu perseguindo a sua primeira rã.
Publicado por:
- MDY
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