Black Sky - 32. O Esconderijo
Atenção:
Há palavras de baixo calão
“Relator, ‘bora botar pra quebrar.”
O terreno complexo na Fortaleza Barney oferecia muita cobertura. Mesmo que os andarilhos pudessem vagar em suas aeronaves, eles teriam que descer para obter suprimentos ou materiais de equipamentos ou usar a Fortaleza Barney para fazer algo útil.
Tudo seria muito mais fácil quando eles saíssem da aeronave.
O plano de Chu Si era fazer com que todos se dispersassem quando estivessem perto da Fortaleza Barney para evitar esses andarilhos. Então, eles poderiam seguir atrás enquanto navegavam pelo terreno do forte, dividindo os 137 andarilhos em grupos menores antes de atacá-los grupo por grupo.
Embora isso consumisse mais tempo, era de fato a maneira mais apropriada de atacar, dadas as suas armas limitadas.
Buzz—
À medida que a aeronave se aproximava novamente, o barulho alto e arrogante soava como se os andarilhos estivessem em seus calcanhares.
Os ventos que eles agitavam uivavam sem parar, dobrando as árvores há muito tempo murchas para trás.
A turbulência esmagou toda a floresta primitiva em ondas rodopiantes.
“Meus pés não podem mais tocar a porra do chão! ‘Tá me levantando…” O som de Don xingando veio de um lado, sendo fragmentado pelo vento e zumbidos.
“Rápido…” Le Pen gritou, “Eu me lembro, se pularmos da encosta à frente, há uma fenda no fundo! Joel já entrou nisso antes…”
Embora os ventos ferozes fossem irritantes, em algum nível, eles estavam dando um empurrão enorme.
Ao que a aeronave se aproximava, era acompanhada por todos os tipos de sons eletrônicos caóticos—
“Nenhum colecionável detectado na varredura de grade.”
“Ajustando o sistema de disparo.”
Inúmeros raios vermelhos varreram suas costas, a ponta do mais próximo quase tocando a panturrilha de Joel.
Felizmente, Gale percebeu e puxou Joel a tempo. Tropeçando quando colidiram, os dois toparam um no outro e caíram no chão.
“Porra!” Os dois amaldiçoaram em uníssono, rolando e rastejando mais à frente, embora mais devagar que a luz vermelha.
Assim que a luz vermelha estava prestes a alcançá-los, uma pequena figura na altura da cintura mergulhou, empurrando-os agressivamente para frente—
“Ei ei ei ei—” gritou Joel, rolando ladeira abaixo junto com Gale.
Rolando para baixo, ele mal conseguiu dar uma olhada em meio ao caos, apenas para perceber que quem o empurrou deveria ser a Esfregãozinho que nunca pronunciou uma palavra.
Como essa pestinha pode empurrar dois homens adultos?!
Joel permaneceu estupefato enquanto rolava para fora de vista.
Apenas quando a Esfregãozinho estava prestes a escapar do alcance de varredura da luz vermelha depois de empurrar os dois, um braço de repente a agarrou pela cintura.
Ela virou o rosto — apenas para ver o queixo esculpido de Chu Si.
“Pulem!” gritou Don.
Le Pen deu um empurrão em Kim chutando sua bunda. Com isso, todos eles passaram pela borda da luz vermelha e mergulharam diretamente na encosta.
Os poucos se espalharam e rolaram encosta abaixo. Quando Chu Si pousou, ele se apoiou no chão com o braço e se atrapalhou com a outra mão, tentando rolar para dentro da fenda.
Mas assim que ele se moveu, ele sentiu seu braço sendo preso e arrastado para algum lugar.
Só quando ele deitou na fenda ele percebeu que aqueles que o puxavam eram Joel e Gale, que haviam rolado primeiro.
Com uma grande rocha sustentando a camada superior do solo, a área fraturada sob a encosta formou uma fenda, criando esse esconderijo temporário.
Embora a área não fosse pequena, era muito limitada em altura. Mesmo deitados, suas omoplatas[1] podiam bater nas rochas acima com o menor movimento.
Mal cabia alguns deles deitados – nenhum espaço sobrando.
“Ei você, você está pisando no meu rosto – você poderia, por favor, mover o pé?” Don cutucou o sapato de Le Pen.
Le Pen tentou se mover um pouco, apenas para pisar mais algumas vezes no rosto de Don. “Só tem tanto espaço pra se mover…”
Don havia perdido toda a esperança. “Não importa, apenas fique quieta.”
“Gale, meus dedos estão ficando dormentes sob seu abdômen,” sussurrou Joel.
Gale respirou fundo para sugar um pouco mais seu abdômen. Prendendo a respiração, ele forçou suas palavras: “Tente puxar sua mão.”
Joel moveu seus dedos e por acaso cutucou as costelas de Gale, instantaneamente fazendo Gale flatular.
Honestamente, Chu Si deveria ter sido o primeiro a reclamar aqui. Ele foi involuntariamente arrastado e estava deitado em uma posição um pouco fodida – espremido junto com Sa’e Yang.
Este foi provavelmente o significado literal de se encontrar em um caminho estreito[2]… cabeça com cabeça.
“Por que você não pode olhar pra mesma direção que todos os outros…?” Chu Si só conseguiu virar o rosto rigidamente para a fenda, de frente para a bolsa preta de alguém, deixando a parte de trás de sua cabeça para Sa’e.
“Se eu estivesse na mesma direção, meus tornozelos seriam o que está de frente pro seu lindo rosto, Oficial.” A voz de Sa’e Yang estava praticamente contra a nuca de Chu Si, a respiração passando pela nuca de Chu Si.
Chu Si deu de ombros.
“Então por que você não podia virar a cabeça pro outro lado?” ele disse em uma voz muito baixa, então franziu a testa.
“Temo que não serei capaz de realizar seu pedido irracional.” Cada palavra de Sa’e Yang fez o cabelo de Chu Si se arrepiar. “Eu teria virado se pudesse – afinal, seu cabelo está fazendo cócegas no meu nariz e eu quero espirrar.”
“Segure,” disse Chu Si. “Se você se atrever a espirrar em mim…”
Sa’e Yang suspirou. “Meu querido, isso faz meu nariz coçar ainda mais.”
Chu Si: “…”
Um grande número de aeronaves rugiu acima de suas cabeças, avançando em direção à Fortaleza Barney.
“Parece que se acalmou.” Don momentaneamente ergueu os ouvidos para o som. “Todas devem ter passado. Podemos sair agora?”
“Shh – vamos esperar um pouco mais, só por precaução”, disse Le Pen.
“Sim, um pouco mais,” disse Chu Si em uma voz audível para todos os outros.
Chu Si tentou olhar para a tela holográfica para obter uma imagem da distribuição das aeronaves – quantas passaram, quantas foram deixadas para trás.
Mas, pela graça de Deus, a tela holográfica estava presa em seu punho direito, que estava contra Sa’e. Ele teria que encontrar uma maneira de virar a cabeça para vê-la.
Movendo-se rigidamente, Chu Si lentamente virou a cabeça…
Incrível, ele está cara a cara com Sa’e Yang.
Ele tinha acabado de dar uma olhada antes de voltar sem hesitar, encarando a bolsa preta.
Sa’e Yang riu. “Meu rosto é tão feio assim?”
Chu Si: “…Pare de expirar.”
Sa’e Yang: “Você está sendo irracional de novo, Oficial.”
Chu Si não se incomodou. Um momento depois, ele moveu o dedo direito e o sacudiu no espaço apertado.
Sa’e Yang: “Normalmente, eu ficaria incomodado com objetos pendurados na frente dos meus olhos, mas agora que não tenho mãos pra tirá-los do meio, terei que recorrer ao uso da boca.”
“…” Confirmando que Sa’e havia notado, Chu Si baixou o dedo. “Ligue a tela holográfica no meu punho.”
“Com meus dentes?” Sa’e perguntou preguiçosamente.
Chu Si: “…Você que decide! Se apresse!”
Claro, Sa’e Yang não acabou usando os dentes; Chu Si calculou que ele não faria algo tão sem glamour e prejudicial à sua imagem.
Ele sentiu Sa’e movendo a mão e pressionando-a contra o pulso, dobrando os dedos enquanto brincava com o punho para pressionar um botão na lateral do discador.
Provavelmente por conveniência, Sa’e não se incomodou em mover a mão de volta, só para poder desligar o discador facilmente depois.
“A maioria das forças chegou à Fortaleza Barney.” Sa’e observou por um momento antes de continuar: “A aeronave pousou. Uma dúzia mais seguindo atrás, vindo da área onde descansamos mais cedo.”
Com certeza, o zumbido no alto parou por cerca de dez minutos antes de outra onda começar.
Se eles tivessem se arriscado agora há pouco, já estariam no fogo cruzado.
O grupo continuou em sua posição deitada e ficou em silêncio – havia menos aeronaves desta vez, então o zumbido não foi tão alto.
Deitado mais perto da borda da fenda estava Kim.
Da abertura, ele podia ver a luz vermelha que os andarilhos haviam varrido em uma esquina ao longo da encosta, não acertando esta área onde eles estavam escondidos.
“Como está lá fora?” Le Pen tentou cutucar o braço de Kim. “Não consigo levantar a cabeça pra ver o exterior.”
Sa’e Yang ainda estava olhando para a tela holográfica, que mostrava as duas últimas aeronaves passando sobre suas cabeças.
Os zumbidos estavam indo para a Fortaleza Barney e pareciam estar ficando cada vez mais longe da fenda.
Kim estava prestes a dizer “eles estão bem longe agora” quando notou que as duas aeronaves no final pararam e a luz vermelha estava passando ao redor deles camada por camada.
Cada varredura tinha perdido por um triz a borda da fenda.
“Entra, entra.” Kim entrou em pânico e recuou em direção à fenda. Era fácil para ele se mover, mas as pessoas lá dentro estavam sofrendo…
Um após o outro, eles foram espremidos com uma carranca; Le Pen estava apertando Joel, que por sua vez empurrou a parte superior do corpo de Sa’e…
Chu Si: “…”
A vida assim era insuportável.
As duas últimas aeronaves pareciam ter notado algo incomum. Eles pararam por cerca de cinco minutos, assustando e tirando Kim do juízo, com medo de que a luz vermelha entrasse mais um centímetro na fenda e o detectasse.
Com a aeronave se aproximando novamente, Kim nem se atreveu a respirar. Ele tentou desesperadamente se espremer um pouco mais, cruzando um de seus braços atrás de si e raspando-o contra a rocha, deixando um rastro de sangue.
Depois de mais ou menos dez segundos, as duas aeronaves finalmente desistiram da busca e seguiram lentamente o grande grupo para fora do local.
Momentos depois, Sa’e Yang disse enquanto olhava para a tela holográfica: “Todos dentro da área da Fortaleza Barney. Eles estão prestes a sair da aeronave.”
“Tudo bem, tudo bem, saiam primeiro,” disse Chu Si.
Ouvindo isso, todos começaram a se mover imediatamente – ninguém queria ficar neste lugar apertado por mais um segundo.
Do lado de fora da fenda, o grupo pôde ver a Fortaleza Barney que estava iluminada pelas luzes da aeronave.
“E agora, Oficial? Vamos pra lá agora?” Don saltou no lugar e balançou os braços e as pernas.
“Um pouco mais [que isso]. Vamos nos esgueirar depois que eles se espalharem por diferentes áreas da Fortaleza Barney. Chu Si se espreguiçou. Observando a tela holográfica em seu punho, ele disse: “Então…”
Antes que ele pudesse terminar sua frase, Sa’e Yang de repente colocou a mão no meio e bateu algumas vezes na tela holográfica.
E antes que Chu Si pudesse reagir, Sa’e alcançou a orelha de Chu Si.
Assustado com a sensação em seu ouvido, Chu Si instintivamente se afastou. Mas Sa’e já havia tirado o fone de ouvido de Chu Si antes de enfiá-lo no seu.
“O que você ‘tá fazendo de novo?!” perguntou Chu Si.
Pressionando o fone de ouvido com uma mão, Sa’e se virou e de repente sorriu para Chu Si. “Reportando ao Oficial, ‘bora botar pra quebrar[3].”
☆
[1]: Omoplatas (ou escápula, espádua) é um osso em forma de triângulo localizado na parte superior do tórax, ou no ombro, ligado à clavícula 《fonte: significados.com.br》
[2]: ‘Se encontrar em um caminho estreito’ (em mandarim, 狭路相逢 – xiálù-xiāngféng) é uma expressão que significa o encontro indesejado com inimigos ou adversários 《fonte: Pleco》
[3]: ‘bora botar pra quebrar’ está na tradução do inglês como ‘play it big’. Gastei vários neurônios pensando numa expressão que fizesse sentido, mas continuo achando que há uma expressão melhor hmmm. No caso, ‘play big’ significa correr riscos e dar o seu melhor pra alcançar o que se quer. Aliás, imaginando o Sa’e Yang falando isso… skeksk
◇
Sa’e Yang ousadíssimo com os flertes dele (e tudo mais que ele faz né…)
o Gale peidando na cara do outro dentro da fenda, sério…… os próprios vingadores nesse grupo mds
Já estou com o capítulo 33 traduzido. Vou corrigir o bonito e posto em breve 🙂
Até ~♡
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