Amor de Verão - Capítulo 2
– Sr. Dumont, chegamos. – o motorista fala de forma suave, tentando acordá-lo. Alec desperta e tudo o que pode ver através da janela são árvores e mato, ele deixa um longo suspiro sair e em seguida sai do carro, observando ao redor e confirmando que não havia uma alma viva sequer.
– A casa está limpa e pronta para a sua estadia. Toda semana serão enviados suprimentos de comida e higiene pessoal. – o motorista o informa enquanto tira suas malas de dentro do veículo.
– Uau… que consideração! – ele revira os olhos e fala de forma irônica.
– Há algo que queira pedir antes que eu vá ?
– Não, não, tudo bem. Tenho comida e um teto, já está bom assim! – Alec gesticula com a mão, a movendo como se estivesse o despachando.
– Certo, então já estou indo. Boas férias! – o homem se curva e entra no carro, dando a volta e saindo do terreno. Alec observa enquanto o carro some no horizonte, coberto por poeira e deixa mais um longo suspiro sair.
– Okay, vamos fazer essa merda de uma vez! – ele pega suas malas e caminha com certa dificuldade até a porta principal, ao abri-la, várias memórias da sua infância vem a sua mente. Sua avó materna foi a primeira pessoa a saber sobre sua decisão de iniciar a transição, ela era sua melhor amiga.
– Estou aqui, vovó. – Alec sorri e seus olhos ficam marejados, mas logo ele afasta aquelas lembranças e entra na casa.
Após guardar todas as suas coisas, Alec pega um suco de caixinha que estava na geladeira e se senta na varanda, aproveitando a brisa fresca do verão. Ele observa a forma como as árvores se movem de acordo com o vento e o barulho relaxante que suas folhas produzem.
– Até que não é tão ruim assim… – ele sussurra para si mesmo e apoia sua cabeça em um dos pilares, fechando seus olhos e limpando sua mente.
– Ah! Olá! – uma voz feminina fala de repente, chamando sua atenção.
– Sim ? – Alec responde um pouco confuso e se levanta, indo até o portão de madeira.
– Eu sou a Alana, sua vizinha. Você comprou essa casa ? Estava vazia a tanto tempo… – ela estende sua mão para cumprimentá-lo, mas sua atenção está no interior da casa.
– Sou Alec, e não, não comprei a casa. Era da minha avó. – Alec força um sorriso gentil e a cumprimenta. Odiava pessoas curiosas como ela, mas não queria arrumar uma briga logo no seu primeiro dia de castigo.
– Sério ? Não me lembro que a Sra. Dumont tenha tido um neto… – Alana franze o cenho, parecendo pensativa.
– Mas tem! – ele sorri novamente e sua mandíbula se contrai.
– Enfim, se precisar de algo é só falar! – ela se despede e segue em direção a sua casa.
– Espera! – Alec a chama de repente.
– Sim ? – a mulher para e volta sua atenção para ele.
– Faz anos que não venho aqui, poderia me dizer onde fica o centro da cidade ou se tem algum local onde eu possa fazer uma ligação ?
– Claro, eu te levo lá! – Alana sorri animada e parece realmente empolgada em ajudá-lo.
– Okay, obrigado… – Alec sorri sem graça, se perguntando se realmente foi uma boa ideia pedir sua ajuda.
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– E chegamos… – ela fala ao estacionar a sua velha caminhonete Ford F100 de 73.
– É aqui ? – Alec questiona com certo desdém ao ver que o centro da cidade consistia apenas em uma conveniência velha e um posto de gasolina com uma cabine telefônica.
– Sim!
– Certo… – ele sai de dentro do veículo e caminha até a cabine telefônica, mas logo percebe que não tem fichas para fazer uma ligação. Alec respira fundo tentando não surtar e decide ir até a loja de conveniência, ao abrir a porta ele acaba esbarrando em um grande par de peitos, que parecem ter saído de algum filme de super-herói.
– Porra, olha por onde… – Alec esbraveja enquanto acaricia seu nariz dolorido, mas logo para ao ver o rosto do dono daquele corpo. Era totalmente o seu tipo.
– Você abriu a porta de repente. – o homem de olhar frio fala de forma calma.
– Eu sei, me desculpe. – ele sorri um pouco envergonhado e não consegue tirar seus olhos daquele lindo rosto.
– Tudo bem, não foi nada. Pode me dar licença agora ?
– Ah! sim, sim… – Alec sai do caminho e o observa boquiaberto enquanto o homem pega um enorme saco de ração que estava próximo a entrada e segue em direção a uma picape.
– Senhor, precisa de ajuda ? – o caixa, um homem que aparenta estar em seus quarenta anos, o questiona de forma amigável.
– Ah, certo… preciso de fichas para o telefone! – Alec fala um pouco desnorteado. Nunca viu uma beleza como aquela.
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– Alô, Rick ? Tá me ouvindo ? – Alec fala um pouco alto.
– Sim, a ligação está meio ruim, mas consigo te ouvir!
– Ótimo, porque eu tenho novidades! – ele fala animado e um sorrisinho se forma em seu rosto.
– O que aconteceu ? Você parece bem empolgado.
– Tem um cara aqui, um grande gostoso! Porra, acho que nunca vi um homem tão grande quanto aquele.
– Sério ? Um cara gostoso nesse fim de mundo ? Que surpresa! – Rick dá risada.
– Eu tô mais surpreso que você! – Alec também ri.
– Vai investir nele ? Talvez seja hétero…
– Bom, eu posso pelo menos tentar, né ? – ele mordisca seu lábio inferior e um sorrisinho se forma.
– Vai fundo! – Rick o incentiva, mas já pensa em como consolá-lo se tudo der errado.
– Pode apostar que eu vou!
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Ao terminar sua ligação, Alec volta para casa com a carona de Alana, que está satisfeita em ajudar seu novo vizinho.
– Alana, posso te perguntar uma coisa ? – ele rompe o silêncio de repente.
– Claro!
– Aquele cara alto, de cabelo curto que estava na conveniência. Conhece ele ?
– Ah! O Daniel ? Sim, é um lugar pequeno então todos os jovens se conhecem!
– Sério ? Então vocês costumam sair ?
– Ah, não, não! Daniel é muito reservado, só trabalha na plantação dos seus pais e os ajuda às vezes vendendo a colheita em uma barraca na estrada.
– Nossa, ele parece bem chato mesmo… – Alec bufa e se sente um pouco desmotivado. Como dar em cima de um homem que não sai de casa ? Era uma missão impossível.
– Está interessado nele ? – Alana volta sua atenção para Alec e lhe mostra um sorriso astuto.
– Talvez… – ele dá de ombros e ri.
– Eu tentaria te ajudar, mas mesmo frequentando a mesma escola e lugares, nós nunca nos falamos além do necessário.
– Tudo bem, eu tenho um plano. – Alec volta sua atenção para a janela do veículo, observando a vegetação com um sorrisinho em seu rosto enquanto pensa em maneiras de se aproximar. Queria aquele homem e iria fazer de tudo para tê-lo.
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No dia seguinte.
– Ótimo, discreto e bonito! – Alec pisca para si mesmo ao se ver no espelho, mas na verdade não está nenhum pouco discreto. Seu bucket preto, óculos escuros e roupa de cores escuras o faziam parecer um foragido ou um stalker pervertido.
– Espere por mim, bombonzinho, estou indo ao seu resgate! – ele ri e sai de casa animado. E após uma caminhada de quase dez minutos, Alec finalmente chega ao local indicado por Alana onde fica a barraca dos pais de Daniel.
– Não tô vendo ninguém… – ele murmura para si mesmo e se esconde atrás de uma árvore, esperando que seu alvo apareça, mas só após alguns minutos o homem finalmente aparece carregando duas enormes caixas sobre seus ombros. Por estar usando uma camisa regata apertada e ensopada de suor, seus músculos ficam mais evidentes. Seu corpo e rosto mais pareciam terem sido esculpidos, Daniel era o homem perfeito.
– Nossa… – Alec murmura e mordisca seu lábio inferior, enquanto imagina todas as coisas que poderia fazer com aquele corpo.
Daniel deixa as caixas de frutas sobre o chão e começa a organizá-las cuidadosamente. Após alguns minutos fazendo isso ele está pronto para dar início às vendas, e não demora muito até que alguns moradores da região que passavam por ali de carro ou a pé, parassem para comprar alguma coisa. Alec se mantém atento e seu coração está quase saltando pela boca, só desejava enterrar seu rosto naquele enorme peitoral e ser abraçado por ele.
– Será que eu deveria me aproximar ? – ele murmura para si mesmo e logo a chance perfeita aparece. Daniel estava sozinho.
Alec tira seu chapéu e os óculos escuros e se aproxima como quem não quer nada, apenas dando uma olhada nas frutas.
– Deseja alguma coisa ? – Daniel se aproxima o encarando com um olhar frio, mas respeitoso.
– Ah… eu quero… – ele olha ao redor nervoso e diz a primeira coisa que vê.
– Maçãs! Quero maçãs!
– Quantas vai levar ?
– Não sei… talvez uma dúzia ? – Alec sorri sem graça e dá de ombros. Não sabia como comprar frutas.
– Certo… – Daniel pega uma sacola plástica e põe as maçãs dentro dela, em seguida lhe entrega. Alec paga pelas frutas, mas continua parado olhando para o homem.
– Mais alguma coisa ?
– Ah! Não, não! – ele se assusta e sai apressado, estava agindo como um idiota.
– Que porra está fazendo, Alec ? Se concentre! – ele se repreende e continua caminhando furioso de volta para casa. Havia falhado totalmente.
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