Ai No Kusabi - The Space Between - Capítulo 9
Embora duas semanas tivessem se passado desde aquela noite de desgraça, a sensação torturante de humilhação continuava latente nas entranhas de Riki. Sem lugar para se expressar, a fúria incurável irrompeu por dentro. Toda a vergonha ficou presa a ele.
Não era surpresa que desde aquele dia Riki não voltou a pisar nas ruas de Midas. Não queria nem ouvir falar sobre sexo casual, na verdade, ele mal conseguia fazer a primeira sílaba da palavra sair da sua boca. Em vez disso, mordeu a língua mal-humorado. Dia após dia, a ruga franzida em suas sobrancelhas ficava mais profunda.
Se ele ao menos pudesse tirar aquele acontecimento abominável de sua mente, ele viveria como um homem feliz. Mas sempre que fechava os olhos, o rosto frio e belo do homem voltava a sua cabeça, como se estivesse marcado em seus sentidos.
“Quando você erra o alvo, costuma pegar alguém e ganhar dinheiro dessa maneira?”
Com seu tom arrogante cheio de intimidação, sua voz excepcionalmente fria se agarrava a Riki como um zumbido incessante em seus ouvidos.
Merda!
E ainda permanecia a dolorosa miséria de não poder fazer nada além de gemer. O que realmente o irritou não foi a ridicularização de Iason, embora ridicularizar a vida sexual de um homem fosse uma flagrante violação dos costumes de bom senso nas favelas.
Mesmo em um motel na periferia da cidade, Iason não havia perdido um pingo de sua dignidade e majestade. Longe disso, para o Loiro de Tanagura que tinha tudo o que queria e mais um pouco, Riki nunca seria nada além de uma prostituta que tinha o hábito de dar em cima de homens e se vender por trocados.
Esta constatação foi mortificante.
Não havia nenhuma dúvida sobre isso. Em primeiro lugar, fora ele quem havia argumentado com força e o irritado até conseguir o que queria.
Sua teimosia e orgulho eram aos olhos de Iason o mero reflexo de seu caráter egoísta e mimado.
Só o pensamento fez sua garganta arder.
“Não entenda mal, mestiço. Você é o suborno tão desajeitadamente imposto a mim em troca do meu silêncio. Então faça o que eu digo e gema pra mim, então ficaremos quites. Nada mais.”
A observação fria e calculista, que não poderia ser tomada como outra coisa senão a linguagem abusiva que era, apunhalando sua massa cinzenta. O veneno purulento às vezes brotava e escaldava seu orgulho.
Ele cerrou os dentes. Suas têmporas latejavam. Ele não tinha experimentado tais sentimentos de repulsa desde que deixou o Guardian. E, no entanto, ele sabia em seu coração que não havia cura fácil para a coisa febril latejando dentro de seu corpo.
Dentro dos limites restritos de um mundo infantil, ele sempre podia tapar os ouvidos e fechar os olhos para o que era doloroso. No Guardian, esse era o único “direito” permitido a uma criança imatura.
Mas agora as coisas eram diferentes.
Independentemente da maturidade ou imaturidade de um homem, todas as lamentações e reclamações do mundo não fariam diferença. Nas favelas, onde imperava a lei da selva, as palavras e ações de um homem sempre voltavam para mordê-lo.
Riki também conhecia essa realidade — a realidade de que ele não poderia fazer o que havia acontecido simplesmente desaparecer. Isso pesava muito sobre ele.
Ele estava em um lugar feio. Não havia horas suficientes no dia para transferir todas as memórias para algum esquecimento fora da rotina diária. Mas ele não tinha outro caminho a seguir senão persuadir a si mesmo. Isso o tornava insuportavelmente miserável.
Quanto tempo levaria para consertar suas emoções estilhaçadas? Ele não podia começar a pensar demais.
Claro, o que aconteceu com ele era menos uma chance do que um maldito milagre.
Encontrar este estranho homem novamente, muito menos ficar perto de outro Loiro de Tanagura, foi a última coisa que ele esperava que acontecesse tão cedo. Mas, apesar disso, ele não podia apagar as memórias de sua mente e voltar para sua antiga e despreocupada existência.
Ser chamado de “lixo da favela” tão facilmente, a humilhação de ser ridicularizado e feito de brinquedo por aqueles olhos frios e sem emoção… Seu orgulho foi espancado quase até a morte, e simplesmente não sararia tão facilmente.
As memórias vergonhosas de ter sido tão cruelmente abusado ficaram ainda mais vívidas em sua mente. Mesmo durante as habituais sessões de sexo com Guy, ele não conseguia apagar as memórias zombeteiras teimosamente enroladas em seu coração.
“Gozar tão rápido certamente não é nada para se orgulhar.”
Cale-se.
“Todo o seu suposto poder não passa de ostentação vazia.”
Já basta!
“E aqui encontramos a fonte do seu prazer?”
Foda-se!
“Bem aqui-“
A voz provocadora enroscou-se em seu crânio, agarrando-se a ele com tenacidade, sua febre infestante o engolindo.
Merda.
Merda.
Merda
Miseravelmente. Estranhamente. Ele só podia ranger os dentes e se enfurecer contra a escuridão. Ele era seu pior inimigo.
Este não sou eu!
Ele mordeu o lábio trêmulo. Não era algum tipo de sonho acordado, era mais como tomar ácido ou fazer uma viagem ruim. Não havia como Guy ignorar o alto estado de agitação de Riki. “O que há com você, Riki?” ele sussurrou em seu ouvido.
Riki ficou languidamente relaxando seus membros e recuperando o fôlego. É claro que Guy notou que ele não parecia estar concentrado naquilo em corpo e espírito do jeito que costumava ficar, e estava começando a ficar irritado.
— Aconteceu alguma coisa?
Ele usou o mesmo tom de voz gentil de sempre. Penteando para trás uma mecha de cabelo brincalhona que caíra na testa de Riki. A mão quente de Guy não parecia menos reconfortante do que sempre.
Riki estava onde ele pertencia. Guy mais do que nunca o fez sentir como isso era verdade. E ainda assim…
Por quê?
Como?
Como seus pensamentos foram capturados por aquele monstro? “Não é nada,” ele murmurou, as palavras como salmoura amarga escorrendo pelos cantos de sua boca.
— Tem certeza? — Guy insistiu.
— Sim.
Riki respondeu com indiferença, mas até ele sabia o que estava no centro da questão — o que Guy queria ouvir e o que provavelmente estava em sua mente. Os sentimentos que ele não queria expressar. Em suas comiserações mútuas, na certeza de seu calor corporal compartilhado, não deveria haver mentiras.
Guy passou a língua da nuca de Riki até o lóbulo da orelha, entrelaçando firmemente suas extremidades inferiores.
— Então vamos continuar.
O calor crescendo em seu corpo jovem foi direto ao ponto.
— Você ainda consegue levantar? Eu realmente não tive o suficiente.
Colocar seus desejos incontroláveis em palavras acendeu a faísca. Com Riki como seu parceiro, não importava quantas vezes eles fizessem isso, ele nunca tinha o suficiente. Guy não podia deixar de estar consciente de seus desejos sedentos e animalescos.
Esses desejos não mudaram nem um pouco desde que estavam no Guardian, e apenas fortaleceram sua vontade de monopolizar ainda mais as partes de Riki que a grande sorte havia feito dele.
Riki poderia pensar que estava usando Guy para seus próprios fins egoístas, mas Guy pensava de forma diferente. Ele não era atraente o suficiente para ser alvo de uso sexual por puro impulso. Nem era tão paciente quanto as pessoas ao seu redor pareciam pensar.
Era por causa de Riki. Riki era seu parceiro, e Guy sabia muito bem como ele poderia ser eternamente tolerante.
Ainda se lembrava do pequeno corpo na escuridão, no meio da cama, abraçado aos joelhos e tremendo. Quando Riki fechou seus olhos negros — olhos que faziam inimigos de todos aqueles refletidos em seus brilhos intensos — ele se tornou completamente outra pessoa. Tão jovem.
Então, uma noite, o Riki que estendeu a mão e agarrou a dele não foi encontrado em lugar nenhum. E embora já tivesse passado muito tempo desde que Riki precisava de sua proteção, Guy nunca poderia esquecer que havia jurado em seu coração protegê-lo.
Ele nunca iria esquecer.
Guy encontrou grande consolo pessoal no fato de que só ele conhecia o verdadeiro rosto desprotegido de Riki, envolto em tantas camadas de orgulho feroz e à prova de balas. Por outro lado, Guy estava bem ciente da profundidade da fome que sentia por Riki.
Mais.
Nunca foi o suficiente.
Queira mais de mim! Me deseje ainda mais!
Guy não era cego a ponto de ter ficado ludibriado por esse sentimento avassalador de apego. No Guardian, apesar do desconforto da tarefa, ele teve que aceitar a profundidade dessa grande diferença de desejo.
Sem dizer uma palavra, Riki passou o braço em volta do pescoço de Guy e o beijou, como se estivesse flertando. Mudando o ângulo de suas bocas como dois amantes na ponta dos pés, entregando-se a beijos profundos, trocando a posição de seus corpos, entrelaçando suas línguas. Como se para amenizar totalmente as dúvidas e ansiedades de Guy.
Ou melhor, como se quisesse tirar completamente de si mesmo os últimos vestígios da presença de Guy enrolados em torno do âmago de seu ser.
E mais duas semanas se passaram. Riki ainda não conseguia se livrar da febre que consumia suas vísceras. Ele queimava impacientemente as horas perdidas e preenchia os espaços vazios lá dentro com junk food.
— Ei, Riki. Você está sozinho? Algo que não se vê com muita frequência. — Zach Rayburn gritou para ele. Zach cercou os cartões que Riki e seus amigos roubaram em Midas. — Não tenho te visto muito ultimamente. E aí?
Esse era o jeito que Zach costumava dizer olá, e ele não quis dizer nada de ruim com isso. Riki franziu as sobrancelhas.
Quando ele fez isso, os poucos espectadores próximos engoliram em seco e desviaram os olhos. Zach não lhes deu atenção. Longe disso, ele puxou um banquinho e sentou-se, sua altura musculosa toda curvada e amontoada.
— Ei, Riki. Você já pensou em ser um mensageiro? — ele perguntou, indo direto ao ponto imediatamente.
— Um mensageiro? — Riki estreitou os olhos e deu-lhe um longo olhar. Ele parou o tempo suficiente para responder despreocupadamente, embora sem sinais de se ofender. — Você não é um receptor? Quando você se transformou em uma agência de empregos?
Reagindo à suposta insolência no tom de voz de Riki, os capangas que espreitavam atrás de Zach (que costumava lançar olhares ameaçadores para todos) estreitaram os olhos para ele. Mas nem Riki nem Zach pareciam preocupados.
A pele morena de Zack e os cabelos brancos curtos destacando-se em suas orelhas pontiagudas deixavam claro que ele não residia nas favelas.
Entre os turistas que visitavam Midas, havia aqueles que, por algum motivo, ficavam para trás desafiando as leis de imigração. Aqueles ‘refugiados’ que ultrapassavam seus vistos e não podiam voltar para casa se quisessem, eram chamados de “náufragos”. Mas para Zach essas pessoas não estavam condenadas à violência, desespero ou miséria.
Mas mesmo ao lidar com os mestiços da favela — os “parasitas” que ganhavam a vida “recolhendo o lixo de Midas em busca de restos de comida” — Zach não os fazia se curvar ou rastejar. Um homem de negócios por completo, ele tratava todos da mesma forma. Sua natureza incomum era seu cartão de visitas. De uma forma ou de outra, todos na favela sabiam quem ele era.
— Não é o que parece. — Ele engoliu o resto da cerveja de aparência venenosa. — O fato é que um conhecido meu me pediu para perguntar por aí. — Zach baixou a voz para um silêncio exagerado. — Parece que o cara que ele estava usando estragou tudo e ele não vai usar seus serviços por um tempo. Então ele está procurando um substituto.
— Huh. De que tipo de fator de risco estamos falando?
— Não conheço os detalhes do trabalho. Mas como ele não está procurando um mero garoto de recados, acho que vai ser tão arriscado quanto você esperaria de um trabalho como esse. Pelo risco, o dinheiro deve ser bom.
— Não se importar se é um vira-lata da favela fazendo o trabalho parece um pouco suspeito para mim.
Ceres não estava listada em nenhum mapa oficial de Midas. Mas, como um segredo aberto, mesmo os visitantes de Midas sem conhecimento prévio das favelas podiam, no entanto, sentir a existência de uma “zona vermelha” repleta de massas sujas, onde nunca deveriam ir.
Essa era a realidade que os residentes de Ceres representavam para o mundo exterior. Midas também não reconhecia a existência de quaisquer direitos civis dentro de Ceres. A breve chamada “lua de mel” com a Comunidade após a independência da Ceres estava agora morta.
Tanagura era a renomada “Cidade Metálica” do sistema estelar, sentada ali nas sombras lançadas pelas luzes de Midas. As ONGs de direitos humanos da Comunidade e grupos de lobby foram intimidados por sua presença, e todos muito dispostos a dar um passe para os problemas de Ceres.
Não importava a falta de recursos humanos, ninguém estava disposto a ajudar os desagradáveis vira-latas que habitavam as favelas cheias de problemas. As favelas estavam para sempre presas dentro de uma caixa sufocante, ofegando para respirar.
Mas Zach zombou do que se passava por “bom senso” no mundo.
— Olha, do jeito que eu vejo as coisas, se você se mostra útil, ninguém vai sair checando seu currículo. — E continuou, — Isso não significa que eu esteja disposto a indicar qualquer um. A tomada de decisões ficou para mim, então minha própria reputação está em jogo aqui.
Implícita em seu ar indiferente estava a mensagem: É por isso que escolhi você. Foi uma mensagem que fez cócegas no orgulho de Riki. Provavelmente, a única razão pela qual ele não suspeitou de imediato foi por causa da força do caráter de Zach.
— O que você diz, Riki? Um simples cara-a-cara não pode fazer mal, pode? Se você não gostar do que está ouvindo, sinta-se à vontade para recusá-lo na hora.
Talvez se Zach não tivesse sempre tratado Riki com o respeito de um igual, ele teria sido mais franco e teimoso em suas negociações. Nesse ponto sozinho, Zach definitivamente ganhou uma reputação entre os colegas mestiços de Riki como um ser humano decente. Zach nunca tentou fazer uma venda de algo que não prestasse ou fora desonesto.
Um mensageiro. Riki gostou do som dessas palavras. É desnecessário dizer que se Guy estivesse lá com ele, procurando as brechas, ele provavelmente teria dissuadido Riki desde o início. Ainda assim, um senso incomum de curiosidade — mais do que a asfixia invisível, mas sempre presente, que enchia as favelas — o seduziu e o conquistou no final.
— Certo. Quando e onde acertamos isso?
Dez minutos depois das três da tarde, horário padrão da Midas. Flare (Área 2). Embora ainda faltasse um pouco para o crepúsculo, a maré humana que fluía pelo distrito que abrigava as butiques e restaurantes de alta classe dificilmente havia diminuído.
“Carros-cápsula” automáticos usados pelo comércio turístico desfilavam de um lado para o outro ao longo da estrada. Os calçadões se destacavam sob o céu azul, dançando com cores brilhantes até onde os olhos podiam ver.
Desde aquele dia, Riki parou de navegar à noite. Mas para ele, que raramente se aventurava a entrar na cidade fora dos bairros do prazer de Midas, a visão da circunferência externa dos anéis duplos de Midas não era a visão infinitamente intrigante que ele havia imaginado. Em vez disso, era de toda aquela obscenidade exposta à luz do dia que ele não conseguia desviar os olhos.
Afinal, é um grande mundo de faz de conta.
Se Ceres era um lixão abafado e sufocante, então, à noite, os Bairros do Prazer de Midas eram um pântano sem fundo, giratório de decepção e desejo. Pergunte se os mestiços (que desfrutavam de mais liberdade corrompida do que sabiam o que fazer com ela) ou os cidadãos de Midas (que viviam atrás das paredes de vidro invisíveis de suas jaulas invisíveis) desfrutavam de maior liberdade, e a verdadeira resposta demoraria muito para chegar.
O futuro não está escrito em pedra.
Tais slogans do movimento independente de Ceres, agora história antiga, já haviam passado da memória coletiva há muito tempo.
Mas Riki acreditava seriamente que deveria agarrar esta oportunidade que tão inesperadamente havia caído em seu colo. Não importava o quanto a realidade pressionava os ombros de um homem, se lhe fosse dado o sopro mais fraco de uma saída, ele poderia mudar seu destino.
Essa era a verdade que Riki sabia. O mesmo de quando ele estava sufocando dentro das grades de vidro do Guardian — uma prisão fingindo ser um playground — e ele encontrou o indispensável Guy, a pedra de toque de sua sobrevivência.
O futuro de ninguém está escrito em pedra.
Mesmo que tudo isso fosse uma isca, ele poderia usá-la de alguma forma, para mudar sua vida. Com um pouco de coragem e um pouco de sorte, Riki sabia que poderia fazer com que isso acontecesse.
Se ele não mudasse, o mundo ao seu redor também não mudaria. Nada aconteceria. Seu futuro estava em suas próprias mãos, e ele tinha a sensação de que agora isso era algo mais do que um mero devaneio.
Nos arredores das reluzentes ruas modernas, Riki encostou-se nas paredes do desfiladeiro urbano e mais uma vez estudou o cartão em sua mão.
WED 15:30 MOGA-E- [R+B] 805 (#07291)
Esses eram os únicos caracteres impressos no cartão que Zach lhe dera. Assim que sua parte da transação foi concluída, Zach deu um sorriso significativo e foi embora. “Bem, boa sorte.”
Mais tarde, Riki deu uma olhada no cartão e cacarejou para si mesmo. “Não há problema com o tempo. E sobre esse MOGA provavelmente é o nome de um distrito ou rua. Ou talvez o nome de um edifício.”
Mas localizado onde? Ele não tinha a menor ideia. Como consequência, Riki acabou perdendo meio dia lutando com os mapas de Midas em um computador antigo, vasculhando cada área.
E por que diabos sou eu que estou fazendo isso? Gastar tempo e esforço em uma tarefa tão exasperante era estúpido e o irritava.
Ele considerou seriamente rasgar o cartão e jogá-lo fora naquele momento. Mas meio por pura teimosia, ele imaginou o rosto de Zach em sua mente e, enquanto dirigia ao rosto imaginário uma torrente de xingamentos tórridos, continuou a martelar no teclado.
Ele não sabia os detalhes de quem era o cliente de Zach, mas sentiu que escrito em tinta invisível entre os caracteres pretos impressos neste cartão branco comum estava a ressalva: Não nos interessa quem você é ou de onde você é, mas não temos utilidade para os inúteis.
Talvez fosse uma peculiaridade psicológica enraizada na alma de cada mestiço da favela. Ou talvez uma visão decorrente de sua natureza excessivamente egocêntrica. Seja como for (que se foda tudo!), a verdade indiscutível é que ele entrou nisso com mais impulso do que costumava fazer.
Além de ser um pedaço de lixo antigo, Riki quase nunca colocou os olhos em um computador no decorrer de sua vida diária, então todo o processo levou muito mais tempo do que deveria ser necessário. Mas, apesar disso, o fascínio de desvendar esse quebra-cabeça envolvente o compeliu.
Vamos lá, desembucha. Eu definitivamente vou desvendar isso.
Desde que foram despojados de seus direitos como cidadãos de Midas, era de se esperar que os moradores da fossa de pobreza que era Ceres fossem marcados como selvagens da mais baixa ordem, abaixo da dignidade humana e da inteligência.
Encarregado de dar e fornecer aos seus tutelados uma educação igualitária, o Guardian, de acordo com isso, lhes deu os princípios básicos do uso do computador. Exceto que depois de serem expulsos à força deste “paraíso” para seus aposentos nas favelas, eles se viram em um ambiente bastante incapaz de capitalizar essas habilidades ou motivações.
Não era surpresa que, exceto por um pequeno grupo de fanáticos dedicados, tal educação fosse, para a grande maioria, completamente inútil. Incidentalmente, vinculados ao sistema de classes Zein, os números de frequência escolar em Midas também revelaram disparidades notáveis.
Eles eram tão doutrinados com a consciência de sua própria classe, que viviam felizes com qualquer grau de conhecimento que estivesse em pé de igualdade com sua própria sorte na vida. Assim, um número consideravelmente grande de analfabetos foi encontrado dentro dessa classificação.
No entanto, eles acreditavam firmemente que estar na posse de seus cartões de residência de Midas elevava seu valor como seres humanos muito acima do valor dos mestiços das favelas.
E mesmo que por acaso estivessem insatisfeitos com a mão que a vida lhes dera, a existência de seres abaixo deles no totem agradava o subconsciente com uma espécie distorcida de prazer.
Tal era a feia realidade do controle de Midas sobre a população.
No final, Riki vivenciou pessoalmente a realidade do senso comum que a mente e o corpo não exercitados inevitavelmente vão à ruína.
E agora ele estava na ala de Moga. Para ter certeza, ele não tinha nenhuma prova positiva de que este era de fato o lugar. Moga Ward, East 15-9-32, Red Baron não estava listado nos mapas turísticos oficiais de Midas, mas o que parecia ser um “hotel de negócios” pequeno, agradável e arrumado era a única coisa que ele podia ver.
O estabelecimento, um “clube de acompanhantes”, aparentemente vendia “belos sonhos” (ele não tinha ideia de que tipo de “sonhos”) a velhos e jovens, tanto homens como mulheres. Por mais sombrio que o lugar lhe parecesse, a essa altura, Riki havia parado de se surpreender. Ele revirou pedras suficientes e sofreu bastante para encontrar a localização de “R+B”.
Se sua busca seria ou não recompensada era outro assunto. Havia muitos desses lugares pouco conhecidos não listados em nenhum mapa oficial. Sem mencionar que, quando se tratava desse tipo de zona de lazer exclusiva para membros, frequentada por uma clientela hardcore, ele dificilmente poderia esperar entrar pela porta da frente. No final, Riki voltou à estaca zero.
Considerando a hora do dia, ele poderia ter previsto que o lugar não estaria fazendo grandes negócios. Por outro lado, poderia haver outra entrada além do saguão da frente. Embora ninguém tivesse cruzado o limiar por algum tempo agora.
Ele conseguiu entrar sem se dar ao trabalho de revistar e, inconscientemente, respirou fundo de alívio. Animado, dirigiu-se diretamente aos elevadores e dirigiu-se ao quarto 805.
Ele chegou à porta com o rosto tenso e abatido. Digitou o código-chave 0729 na fechadura e fez uma pausa. Uma luz verde piscou indicando que a porta estava destrancada. Riki engoliu em seco mesmo sem querer. Este momento foi fruto do trabalho duro de meio dia no terminal do computador. Para o bem ou para o mal, foi possivelmente o ponto de virada de sua vida. Estranhamente, os dedos enrolados na maçaneta tremeram ligeiramente.
A sala simples e utilitária o lembrava de um escritório. Esperando por ele dentro da sala, reclinado profundamente em uma cadeira de escritório executivo, estava o que parecia ser um homem de idade incerta com um semblante impressionante, embora andrógino. Se não fosse pela cicatriz cruel em sua bochecha esquerda, ele se encaixaria perfeitamente em alguns dos estabelecimentos de classe alta de Midas. No entanto, este não era um cara comum. Ele olhou para Riki com olhos cinzentos severos.
— Você chegou bem na hora. Ótimo. Você passou no primeiro teste.— Nem um traço de bondade suavizou o teor de sua voz.
Então era como Riki suspeitava. Seguir as pistas do cartão que Zach havia conseguido até a porta desta sala foi o primeiro obstáculo que ele teve de superar para se tornar um mensageiro.
O homem olhou para Riki com aquela mesma pokerface, não o convidando para sentar no sofá.
— Nome?
— Riki.
— Idade?
— Quase dezesseis.
ele respondeu honestamente, no mesmo momento se perguntando se ele não deveria ter aumentado um pouco esse número. Mas o homem não parecia inclinado a fazer objeções sobre sua idade.
— Você foi informado sobre os detalhes do trabalho?
— Na verdade, não. Zach disse que, por enquanto, se eu aceitaria ou não o emprego seria resolvido depois de me encontrar com você.
Riki imaginou agora que tinha pelo menos cinquenta por cento de chance. Mas ele não queria dar para trás. Ele queria tanto esse trabalho que podia até sentir o gosto. De alguma forma, a atmosfera gelada que o homem criou sobre si mesmo — tão semelhante a Riki — o fez odiar a ideia de ser considerado ansioso demais.
Como se pudesse ver através de Riki, o homem expôs as condições:
— Não preciso de um garoto para entregar recados em troca de gorjetas, nem de um espertinho que revira os pacotes em busca de trocados. Você será meus braços e pernas. Você levará a mercadoria ao local indicado na hora marcada, sem perguntas. Você não precisa ter muito cérebro ou coragem. E eu não preciso de um vira-lata que puxa a coleira constantemente e não segue as regras que lhe são impostas. Isso soa como algo que você consegue fazer?
Ele soletrou sem um pingo de emoção em seu rosto.
A razão pela qual Riki reagiu sem desgosto desnecessário ou contrariedade foi porque, como Zach, o homem não parecia se importar por ser um vira-lata da favela. Longe de agir por magnanimidade, Riki sentiu que ele era um meritocrata puro. Ele não estava procurando superioridade no sangue, apenas se ele poderia fazer o trabalho. E se Riki pudesse, então ele não iria debater o assunto.
O impassível homem com cara de cicatriz estava emitindo uma vibração que já o estava assustando. Mas, para um mestiço da favela que desperdiçava horas e dias imerso em suas próprias depravações, sem chance de dar forma aos cacos de seus sonhos, essa sorte inesperada caindo sobre ele era mais atraente do que uma refeição completa enfiada sob seu nariz.
Esperar que a vida batesse à sua porta apenas garantia que nada aconteceria. Riki respondeu de volta. “Me dê uma chance.”
— Tenha em mente que este deve ser considerado um contrato obrigatório. — O homem acendeu um cigarro e deu uma longa tragada. — Eu sou Katze. — Ele tirou um cartão do bolso do paletó e colocou-o sobre a mesa, indicando com os olhos para Riki pegá-lo.
Quando Riki desajeitadamente o pegou, examinando-o com olhos curiosos, o homem disse: “Ainda bem que não foi uma perda de tempo.” Pela primeira vez, sua boca se curvou nos cantos.
Este encontro entre Riki e Katze, o infame comerciante do Mercado Negro, poderia ser chamado de fatídico.
Katze era um homem inteligente, silencioso, de rosto esguio e bem-educado, cujo semblante externo não combinava com seu caráter. Embora não fosse exatamente um misantropo, ele pouco se importava com alguém fora aqueles que conheceu no decorrer de seus negócios.
Isso não era uma fachada, mas a maneira como Katze vivia sua vida. De uma forma ou de outra, Riki sentiu um vínculo comum com este homem e isso o deixou com uma sensação estranha. Katze não perguntou muito da vida privada de Riki e, em troca, compartilhou apenas o mínimo de informações sobre si mesmo. Quando você vivia no Mercado Negro, não ter interesse no passado parecia ser seu lema.
Ainda assim, a cirurgia plástica hoje em dia poderia facilmente apagar aquela cicatriz de suas bochechas. Riki suspeitou que deixá-la ali intencionalmente serviu como uma espécie de aviso. Ele não ganhava a vida com o rosto. Essa marca por si só dizia que ele era um homem que faria o que tinha que ser feito.
Dentro de Riki haviam desejos que o abandonaram completamente quando ele estava estagnado nas favelas. Algum dia, com certeza…
Ele sabia que o dia em que seus sonhos não seriam mais fúteis estava chegando. Ele não sabia nada sobre Katze, e não poderia ter se importado menos. Ele não estava lá para fazer amigos. E não tinha ido com nenhuma expectativa de se tornar próximo a alguém. Para Katze, ele era apenas mais uma mula entre muitas; ninguém precisava dizer a Riki. Ele entendeu isso muito bem.
Katze, no entanto, era o único que guardava seus pensamentos para si mesmo. Para o bem ou para o mal, caras de todas as idades e raças queriam dar ao novo cara, Riki, mais do que a mão amiga necessária, e Riki teve que se perguntar de onde diabos todos eles vieram.
Ainda que, não tivesse problema que Riki tivesse o tipo de personalidade ingrata que só conseguia dar um sorriso único e diplomático aos outros. Porém, é claro, Riki não poderia ser nada além dele mesmo.
Riki nunca desejou uma má reputação, porém. Mas se acostumou com os olhares estranhos lançados em sua direção e, mesmo quando não os ignorava conscientemente, na maioria das vezes, eles passavam rapidamente em sua visão periférica.
No entanto, de suas experiências até o momento, ele tinha tido a impressão de que sua existência se tornara para um certo tipo de homem (ele ainda não compreendia todas as condições necessárias) uma espécie de estimulante, excitando-os de tal forma que eles não podiam deixá-lo em paz.
Apesar desta constatação, ele não se disciplinaria e tentaria deixar os problemas de lado antes de começar. Ele sabia, até certo ponto, quão fúteis eram tais esforços. Em primeiro lugar, tentar imaginar o que ainda não tinha acontecido era uma chatice, e Riki não era curioso o suficiente sobre outras pessoas para ficar estressado com merdas como essa.
Mas talvez porque um ladrão conhece outro, os detalhes de Riki foram falados sem que ele fizesse nada para divulgar os fatos. Aqueles cujas mentes mudaram na hora e aqueles que sempre acompanharam a multidão — a sua postura em relação a eles não mudou. Um simples reflexo de sua natureza teimosa, talvez. Para ele era tudo a mesma coisa.
Os mensageiros foram divididos em duas facções: regulares uniformizados chamados de Megisto e um contingente de mercenários conhecido como Athos. De um modo geral, o Megisto tinha uma antipatia particular por Riki, enquanto Athos não estava inclinado a prestar atenção às massas.
No entanto, como morador de Ceres, que havia sido extinta nos mapas oficiais de Midas, esse mestiço da favela permanecia uma espécie de novidade. Ou talvez eles considerassem aquele adolescente punk um compatriota desde o início?
Onde quer que ele olhasse, sempre que se voltava, lá estavam eles, com seus olhares inquisitivos. As brigas, as obscenidades misturadas com o desprezo trocadas sob o manto do humor. Não havia nada de anormal nele.
E ele tinha uma ideia. A biografia era uma âncora de barco ao nadar nas águas escuras do Mercado Negro. No entanto, por mais que tentasse, ele não conseguia se livrar dos tentáculos do passado que se agarravam a ele: os desrespeitos, o desgosto visceral, os preconceitos irracionais.
Ele estava bem familiarizado com esse tipo de coisa desde o dia em que nascera, mas hoje em dia ele simplesmente não tinha tempo para reagir de forma exagerada a cada uma delas, para criticar cada detalhe.
O homem baixo no totem. Como a palavra sugeria, havia montanhas de coisas nunca vistas e nunca feitas que um mensageiro novinho em folha tinha que digerir. Ao mesmo tempo, dar aulas particulares a esse garotinho frio como pedra — desprovido de um sopro de seus encantos juvenis — em seu tipo de escolaridade difícil, era uma prerrogativa generosamente concedida por seus superiores.
Riki sendo quem era, manteve aquilo preso dentro de si até que finalmente explodiu. E quando a luta destrutiva e arrastada começou, os espectadores que assistiam com sorrisos largos em seus rostos também tiveram uma ideia: não havia nada de especial na desprezível palavra “vira-lata”. Em vez disso, era o próprio Riki — com um olhar que lançava faíscas de arrogância — que era uma raça rara.
Katze não ficou surpreso com o fato de Riki enfrentar de forma tão imprudente caras em categorias de peso muito superiores à sua. Ele conhecia as desigualdades da briga de rua e não ficou muito impressionado com a postura inesperadamente forte de Riki. Ele também não poderia culpar o garoto pela maneira como compensou sua desvantagem batendo forte abaixo da cintura.
Em sua própria voz desapaixonada, Katze disse, como se estivesse esperando isso o tempo todo: “Então eu acho que o chefe da Bison é mais do que um tigre de papel”.
Nunca imaginando que o nome Bison teria qualquer valor ali, Riki limpou o sangue de seus lábios e olhou para Katze.
— Em uma briga, o homem mais forte vence e o homem que vence é o mais forte. Quando sua vida está em jogo, ninguém se importa se o dinheiro está sujo ou limpo.
— Bem falado. Aqueles caras acreditavam que não teria problemas em mostrar a um pivete com metade de seu peso quem é quem.
A intenção deles pode ter sido mostrar a esse bastardo o que é o quê, mas afinal, o bastardo sabia como dar uma surra quando necessário. Em vez de ficar de boca aberta, Riki tinha fodido com eles, e levaria muito tempo até que eles superassem a vergonha.
Músculos construídos em uma máquina de exercícios em uma academia serviam apenas para exibir, não se comparando a um corpo construído em batalhas reais.
— Eles deixaram que as aparências os enganassem, subestimaram seu oponente e se viram no chão por causa disso. Sem dúvida, eles aprenderam uma lição valiosa.
Eles não precisavam ouvir isso de Katze. Se alguém havia aprendido a dolorosa verdade de que Riki não podia ser colocado como um “garotinho”, eram aqueles que tinham tocado o ferro quente com as próprias mãos.
— Mesmo assim, não considere todo mundo que você conhece como outro cachorro louco mostrando os dentes. — disse Katze baixinho, suas palavras insinuando verdades mais profundas e sombrias.
“Olho por olho, até a carne e os ossos.“ Essa era a lei inquebrável das favelas.
Só porque ele cresceu em um setor diferente, não significava que ele tinha que fazer tudo do jeito deles. Se ele pegaria a luva que tinha sido jogada na sua frente dependia muito de seu humor naquele dia, mas ele sempre acertava as contas em seus próprios termos e de maneira definitiva. Essa era a sua política.
— Você realmente não se importa quando eles chamam você de lixo que rastejou para fora da fossa séptica das favelas?
Não, não era ser chamado de restos de fossa séptica que o irritava. Era a pose fétida e idiota deles, envenenada e sufocada por fios de preconceito coalhado. Mas dizer isso não mudaria nada agora. Era melhor que a educação deles fosse duramente minuciosa. Ensiná-los a pensar antes de falar. Fazer da dor o instrutor para eles nunca esquecerem.
Com esses pensamentos em mente, Riki olhou para Katze. Katze respondeu com um sorriso torto.
— Esse é um olhar malditamente assustador que você tem aí. — Ele acendeu um cigarro. — O preconceito não é um estado de espírito facilmente mudado. Não faltam idiotas que tecem a melhor das teias com suas palavras, mas falam outra língua em seus corações, e vai continuar assim pelas próximas gerações.
Ele foi direto ao ponto enquanto languidamente fumava o cigarro.
— Isso porque os vira-latas de Ceres nada mais são do que a escória sem talento, desgastada em suas depravações. Hoje em dia não é preciso dizer. Então, acostume-se a como o Mercado funciona. Ele é uma amante dura onde só os destemidos sobrevivem. — Ele olhou nos olhos negros de Riki com uma expressão totalmente sincera. — Mantenha os ouvidos abertos. Não desvie seus olhos da realidade, aconteça o que acontecer. E fique de boca fechada. É assim que você avança neste mundo. Entendeu?
Ali estava Katze explicando como ele vivia sua vida, e por um longo momento Riki não conseguiu desviar os olhos de seu olhar.
Pouco tempo depois, ele se surpreendeu ao deparar com o rumor de que Katze era um ex-aluno das mesmas favelas que ele. Sério? A informação deu a ele o tipo de choque que não sentia há anos, o atordoou como um golpe na nuca.
Riki teve que acreditar que mostrar a cicatriz cruel em sua bochecha era a maneira de Katze dizer: Isso é o que significa sair rastejando das favelas. Você tem o que é preciso para fazer o mesmo?
“Sim, eu tenho o que é preciso”, Riki sussurrou em seu coração. Se o outro único caminho aberto para ele era envelhecer mergulhado na lama das favelas, então ele não estava disposto a deixar essa chance duramente conquistada se desperdiçar.
A disputa por território nas favelas recomeçou. Esta não era uma manobra de segurança para liberar sua energia armazenada, mas uma maneira de evitar que a ferrugem crescesse em suas juntas e se infiltrasse em seu cérebro. Ele conhecia muito bem as consequências disso. Ele estava definitivamente subindo no mundo, Riki prometeu a si mesmo novamente, contemplando seu futuro eu com a visão clara.
“Não preciso de um garoto de recados. Preciso de alguém que aja como meus braços e pernas e que possa levar a mercadoria para onde ela precisa estar.”
Ainda assim, era natural que um recém-chegado como Riki começasse como garoto de recados. Durante esse período, ele provou ser rápido na aceitação, determinado e nunca intimidado — uma verdadeira vantagem para a equipe. E gradualmente ele assumiu tarefas mais importantes.
Apesar de ter crescido nas mesmas favelas, Katze não o destacou como seu favorito ou algo assim, e Riki não se entregou a nenhuma expectativa. Todos sabiam que Katze não era do tipo que misturava trabalho com assuntos pessoais.
Longe disso. Ter trilhado seu próprio caminho e alcançado o status de corretor no Mercado Negro significava que Katze seria ainda mais duro com Riki, que havia saído do mesmo ambiente. Ou assim se pensaria. Ainda assim, Riki bateu um recorde de vitórias sem uma única palavra de reclamação.
E à medida que ele o fazia, o trabalho se tornava ainda mais interessante. Riki mergulhou nas profundezas do Mercado Negro, absolvendo-o com rapidez e facilmente. Ele começou a fazer um nome para si mesmo como “Riki, o Negro”.
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