Ai No Kusabi - The Space Between - Capítulo 8
Como uma flor ornamental desabrochando na escuridão imunda, aquele improvável par de viajantes era um espetáculo para os olhos de qualquer um.
Não apenas o belo e indiferente Loiro enchendo o ar com um ambiente incomum de dignidade e refinamento, mas também a figura que caminhava ao lado dele, um mestiço arrogante da favela usando uma máscara de insolência e deixando um rastro de mau humor atrás de si.
Mais do que as diferenças em suas constituições físicas, os espectadores ficaram atônitos em silêncio com as inegáveis disparidades em suas posições sociais. Eles só podiam engolir em seco e olhar.
Deve ser algum tipo de piada, certo?
As emoções desconcertantes que sentiram não teriam sido dissipadas por nenhuma mulher no lugar de Riki, por mais atraente ou talentosa que ela fosse. Apenas um Loiro deve ser visto na companhia de outro Loiro.
Isso era de conhecimento geral. Esta era uma expressão da admiração e inveja que eles nutriam pelos Loiros de Tanagura, que reinavam com os cetros de perfeita beleza, conhecimento e poder em suas mãos.
Daí a divisão óbvia e escancarada entre Riki e Iason. Mais do que as distorções de uma miragem cintilante, era antes as ondulações geradas no ruído de fundo enquanto caminhavam, o que afetava seus sentidos.
Um cruel iceberg cintilante com uma luz dourada. Um veloz jato preto e ardente. Dois estados da matéria que em circunstâncias normais nunca deveriam se aproximar, muito menos mostrar o mínimo de simpatia pelo outro.
Em meio aos rebanhos de buscadores de prazer que percorriam os Bairros do Prazer, os dois, aparentemente sozinhos, fluíam contra a maré.
Eles viraram em uma rua lateral, longe da agitação da Via Principal. Apenas com essa mudança de direção, a escuridão se aprofundou e a brisa carregada de paixão estagnou. O tráfego de pedestres diminuiu pela metade.
Eles se moveram mais para os becos. Os vales escuros que serpenteavam através do labirinto de edifícios foram se aprofundando cada vez mais. Riki caminhou pelo beco familiar com passos confiantes.
Nem uma vez ele olhou para trás por cima do ombro para ver se Iason ainda estava atrás dele. Não era porque ele tinha certeza de que Iason ainda estava lá. Mas porque — se ele se atrevesse a ser honesto consigo mesmo — compreender as verdadeiras intenções do silencioso Iason sobrecarregava sua mente, e ao contrário de seu eu habitual, Riki permanecia inseguro quanto ao caminho a seguir.
Como lidar com isso? Essas eram as únicas palavras arranhando o centro de seu cérebro.
Longe de ser desajeitado ou estar pouco à vontade, o extravagante Loiro seguiu seu guia de perto. Isso dificilmente significava que ele iria atrás de Riki sem rumo enquanto eles cruzavam a noite de Midas, mas neste ponto, por qualquer motivo que fosse, ele também não parecia estar procurando uma oportunidade de sair daquela situação.
Riki não tinha idéia do que era verdade, e o que iria fazer a seguir. Ele rangia os dentes enquanto o pensamento lhe passava pela mente. Merda, disse ele, estalando sua língua de forma audível. A essa altura, ele estava achando suas emoções difíceis de controlar, mas ainda sobrecarregava todos os seus neurônios na massa cinzenta fervente que era sua cabeça.
Sim, ele pensou, finalmente chegando à resposta. Esse é o único lugar que serve.
Tendo decidido o que faria, qualquer hesitação em seus passos também desapareceu. Ele saiu do beco para uma rua lateral e o Bar Minos. O brilho das letras fluorescentes inundou as profundezas da escuridão.
Riki parou sob o letreiro de néon e olhou fixamente para uma porta escura e suja. Atrás dele, Iason permaneceu em silêncio, enquanto sua aura se elevava sobre Riki a um grau quase irritante. “Então? O que exatamente você pretende fazer?”, ele parecia estar dizendo.
Imaginando que mais hesitações não lhe fariam bem, Riki empurrou a porta aberta. O bar estava escuro o suficiente para que Riki não ousasse dar outro passo até que seus olhos estivessem ajustados. Logo à frente, na escuridão, Riki conseguiu distinguir três luzes, amarelas à esquerda, vermelhas à direita e azuis no centro.
O ponto central de luz era azul. À direita e à esquerda haviam vermelho e amarelo.
Antes que Iason pudesse dizer qualquer coisa, Riki agarrou seu braço. Com passos inquisitivos, ele caminhou em linha reta em direção à luz azul. Forçando os olhos enquanto se aproximavam da luz, a cor azul fosforescente revelou-se como uma maçaneta.
Riki pôs a mão na maçaneta e lentamente a girou, sentindo uma resistência fraca, mas definitiva, antes do estalo do trinco.
Então os rumores que ele ouviu eram verdadeiros.
Quando ele os ouviu pela primeira vez, os rumores eram apenas o tipo de fofoca que frequentemente surgia no círculo de conversas animadas. Riki apenas dava de ombros e acenava com a cabeça e não demonstrava nenhum interesse ou curiosidade no assunto. Mas, puta merda, de verdade? Riki nunca pensou em ver por si mesmo se as histórias eram algo mais do que apenas histórias.
Riki soltou a maçaneta. Com um leve gemido, a porta se abriu para dentro, como se os convidasse a entrar.
Além da porta havia mais escuridão. Os dois entraram com passos igualmente hesitantes. A porta se fechou atrás deles automaticamente e trancou. Ao mesmo tempo, um leve brilho ergueu-se do chão, piscando como luzes de pista para incitá-los a seguir em frente. Depois de proceder dessa maneira por vários passos, eles encontraram uma porta em seu caminho.
O que, outra? Riki resmungou para si mesmo. Aquilo já estava cansando. Mas era mesmo uma porta? Não havia botão ou maçaneta. De relance, parecia ser nada mais do que uma parede fria.
Riki ficou parado por um momento. Agora, o que diabos devemos fazer?
Como se em resposta à sua pergunta silenciosa, a parede de repente recuou e caiu. Sem um gemido ou rangido, e diferente de qualquer porta que ele já tinha visto, a parede que ele pensou que estava lá um segundo depois já não estava.
Riki ficou sem palavras. Não, a inundação de vermelho vivo que eclipsou seu campo de visão trouxe à mente imagens de sangue fresco. Para sua própria desgraça, a garganta de Riki se fechou enquanto ele congelava ali como uma estátua. Quando seus olhos gradualmente se tornaram acostumados com a vista, ele viu que não era uma maré de sangue, mas um tapete vermelho espesso e brilhante. Riki engoliu em seco.
Merda. Isso foi assustador!
E, como se quisesse deixar de lado o constrangimento do momento, ele fez um espetáculo ao caminhar para dentro com grande propósito, examinando o interior com uma intensidade de olhos afiados. Exceto pelo candelabro estranhamente antiquado no teto, a sala estava vazia e tão escassamente mobiliada que parecia excessivamente triste e desconfortável.
E então o lustre desajeitadamente começou a girar. Ele girava suavemente, sem nenhum ruído irritante, acompanhado por tons suaves e harmônicos. Conforme ele girava, balançando as resplandecentes correntes de cristal penduradas no final de cada um de seus doze braços, a luz caindo através dos cristais dividia-se em finas faixas de cores prismáticas.
Assim que ele ficou completamente encantado com os tons maravilhosos e sobrenaturais, a música cessou e o lustre parou de girar.
O braço mais próximo do lustre se estendia em direção à parede. Um feixe azul de luz laser disparou do braço e apontou para um ponto onde a parede estava aberta, como se tivesse sido arrancada.
Para onde diabos foi?
Dentro havia um corredor largo o suficiente para dois adultos caminharem lado a lado. Filas idênticas de portas se alinhavam em ambos os lados do corredor. Algumas pareciam estar em uso, marcadas por lanternas de fabricação antiga e familiar. Riki empurrou uma porta marcada por uma lanterna vermelha bruxuleante, com um olhar que encorajou Iason a se juntar a ele.
Mesmo com a duvidosa proposta de que ele deveria acompanhar Riki sem ser visto neste lugar desconhecido, Iason não levantou nem uma sobrancelha.
A irritante falta de expressão de Iason fez Riki estreitar os olhos com raiva. Ele ouviu dizer que os corpos projetados da elite de Tanagura eram perfeitos tanto no corpo quanto na mente. Mas ao observar seu semblante frio e completamente sem emoção, inconscientemente, a suspeita borbulhou: até mesmo as células cerebrais desse cara são uma máquina?
A placa em sua fachada identificava Minos como um bar, mas na verdade era um bordel. Depois de ter instalado a loja nas profundezas dos becos labirínticos, era improvável que os clientes saíssem da rua. E igualmente improvável que fosse listado em qualquer guia turístico.
Era uma instituição bem estabelecida, conhecida apenas por pessoas que a conheciam.
As entradas lá no escuro atrás da porta da frente indicavam a “Zona Vermelha” (para comprar a companhia de mulheres), a “Zona Amarela” (para comprar a companhia de homens) e a “Zona Azul” (traga o sua própria companhia).
O pagamento era apenas em dinheiro, nenhum plástico era aceito.
A porta automática fechou e trancou, iniciando um sistema de medição em tempo real. Esse sistema de pagamento foi o único motivo real de Riki para escolher o lugar. Contanto que o cliente pagasse a conta, seu pedigree não importava. Riki tinha ouvido falar que este era o único estabelecimento em Midas que abria suas portas para um vira-lata como ele.
Nas favelas onde o sexo entre homens era a norma, a oportunidade de fazer isso com um membro honesto do sexo oposto não era provável que simplesmente caísse do céu.
Em Ceres, as mulheres capazes de dar à luz eram o recurso mais escasso. No entanto, embora as favelas nunca tenham visto as mulheres ultrapassarem dez por cento da população, os homens que passaram por operações de mudança de sexo também não eram tão valorizados. Aos olhos dos mestiços da favela, uma vez homem, sempre homem.
O mundo das favelas personificava o significado primitivo da “sobrevivência do mais forte”. Um homem fazia o que tinha que fazer para se manter vivo. Seu glamour pessoal ou sua popularidade ou habilidade na autopromoção estavam fora de questão, assim como qualquer inclinação presunçosa para agir com retidão.
O prêmio buscado por todos era ficar diante do resto deles e exibir seu poder como homem. Quaisquer que fossem suas deficiências físicas ou inclinações sexuais — ou melhor, quaisquer que fossem suas “dificuldades” na cama — tudo isso era deixado de lado se ele apenas demonstrasse talento para liderar os outros.
A nitidez da mente mais do que compensava qualquer desvantagem, e a vida sexual de um homem era problema dele. Naturalmente, aqueles que não tinham poder ou inteligência acabavam fazendo o que os outros mandavam. Não importava o quanto lamentassem a dureza de seu tratamento, ninguém tinha qualquer simpatia pelos mais desfavorecidos.
Em termos concretos, a predação sexual e o estupro coletivo faziam parte da vida cotidiana, sendo a castração e o desmembramento os produtos finais dificilmente incomuns do tipo de abuso horrível que acontecia constantemente.
Você cuida de si mesmo. Essa era a lei concreta das favelas.
Perder o próprio símbolo de sua masculinidade, despir-se daquilo que por direito de nascença ele havia conquistado como homem, era fazer de um homem um excluído nesta sociedade distorcida e exclusivamente masculina. Consequentemente, alguns pensavam em desistir com a esperança de se passar por “mulher”.
Mas em Minos o dinheiro era tudo o que importava. Um homem podia comprar uma mulher por hora e desfrutar de todo o sexo que pudesse pagar. Embora a perspectiva de passar o tempo nesse tipo de sonho fosse como o paraíso para um mestiço das favelas, talvez a maior alegria fosse realizar os desejos distorcidos e sombrios de ter um dos desdenhosos cidadãos de Midas — homem ou mulher — sob seu controle.
Além disso, havia rumores de que a beleza das meninas e meninos trabalhadores nos “estábulos” de Minos superava a dos estabelecimentos concorrentes. Também foi dito que todos eles eram “animais de estimação” rejeitados. De qualquer forma, não havia como saber se era verdade. Estes eram apenas uma amostra dos segredos que alimentavam os boatos.
No que dizia respeito a Riki, ele não poderia ter se preocupado menos com a “verdade” por trás desses rumores. Se os acontecimentos desta noite não o tivessem levado numa direção tão inesperada, ele provavelmente nunca teria entrado pela porta da frente de Minos.
Tampouco estava disposto a pagar deliberadamente por sexo. Não que seu impulso sexual estivesse diminuindo. Em última análise, quando se tratava de sexo, Riki não estava interessado em ninguém além de Guy, seu “parceiro de foda”. Isso não havia mudado desde que ele havia se tornado o líder designado da Bison.
Antes de encontrar Guy no Guardian, Riki tinha uma “pessoa especial” — alguém que ele acreditava que seria seu até o final do mundo, alguém que ele desejava proteger e não suportava perder. Mas não havia mais ninguém assim agora.
Por isso, ele seria pressionado a explicar por que as coisas estavam se desenrolando desta maneira. Ele era incapaz de reprimir os sentimentos que se agitavam por dentro. Suas emoções estavam ficando fora de controle, algo que não acontecia desde Guardian.
Sem mencionar que ele nunca tinha imaginado fazer isso com um Loiro de Tanagura. Aquilo realmente lhe pareceu uma piada perversa. Mas por mais que ele quisesse rir, ele não podia, a não ser permitir-se um leve curvar de lábios nos cantos da boca.
Depois de entrar na sala, os dois permaneceram em silêncio como de costume. Riki sentou-se no canto da cama. Sem saber o que fazer com suas longas pernas, Iason se acomodou no sofá e se recostou, como se esperando para ver o que Riki faria primeiro.
Riki lambeu os lábios, constrangido e sentindo que Iason estava lhe forçando a agir primeiro com seu silêncio ostensivo. Nenhum dos dois querendo dar o primeiro passo, foi assim que se passaram uns bons dez minutos. Isso provou o limite da paciência de Riki. Ele tirou a roupa de forma extravagante e mergulhou sob as cobertas.
Mas Iason apenas lhe lançou um olhar frio e presunçoso mal levantando uma sobrancelha. Ainda mais irritado, Riki levantou a voz.
— Ei! Quanto tempo você vai ficar aí sentado? Não vim até aqui só por diversão, ok? Vamos começar isso.
— Quando você erra o alvo, costuma pegar alguém e ganhar dinheiro dessa maneira? — Sua voz fria e retumbante estava repleta de escárnio indisfarçável. — Infelizmente, eu não sou tão caprichoso ao ponto de escolher colocar minhas mãos em lixo da favela como você. Eu tenho coisas melhores para fazer com meu tempo. Esta tentativa sua de forçar-me a aceitar seu pagamento indesejável não só não é bem-vinda, como também é embaraçosa.
O rosto de Riki ficou vermelho. Seus lábios tremeram, sentindo que seu orgulho estava sendo pisoteado. No entanto, o Loiro acrescentou:
— Por outro lado, você talvez tenha segundas intenções?
Ouvindo a situação em termos tão simples, desta vez Riki sentiu o sangue escorrendo de seu rosto. Segundas intenções? A única pessoa agindo com segundas intenções era esse Loiro, o Loiro que ajudou a um mestiço da favela por “capricho”.
Desnecessário dizer que Riki achou difícil de acreditar. Não, ao contrário, foi a ideia de que só ele estava sob o controle deste incompreensível e irritante mau temperamento que realmente o irritou. Ser fodido e, ao contrário de sua natureza, apenas aceitar “como um homem” o irritou ainda mais.
Se ele só tivesse curvado a cabeça à autoridade do Loiro em primeiro lugar, ele provavelmente não teria acabado ali.
Exceto que Riki não tinha ideia do que ser uma “elite” realmente significava para um Loiro de Tanagura. Ele dificilmente saberia a diferença entre um machos alfa das classes privilegiadas e um buraco na parede. Ele era uma criança que não tinha medo de tocar um fogão quente porque nunca tinha visto um antes.
— Bem, se você não estava afim, então por que veio junto? Você queria conversar com um mestiço das favelas para que pudéssemos nos conhecer melhor? Vamos lá, vamos fazer isso! Eu te disse, não disse? Não gosto de dever nada a ninguém. — Riki pressionou Iason sem se conter. — Engomadinhos como você não têm a menor ideia de como é ser levado para a cadeia por aqueles policiais dos Bairros do Prazer. Eles nos tratam como lixo. Você comete um erro e acaba preso e ainda é provável que eles lhe dêem um lifting facial com os punhos. Eles te desossam da pior forma possível só para garantir e depois jogam o que restou de você na lixeira mais próxima.
Os detalhes específicos do que ele estava relatando podiam ter sido todos exagerados no que diz respeito a Riki, mas qualquer morador das favelas sabia que as punições que ele descreveu de fato eram brutais. Ele não tinha um cartão de identificação de Midas e não havia como negar a realidade de que a ausência de um por si só era motivo suficiente para negar-lhe um tratamento justo como ser humano.
— Eu já vi o suficiente para uma vida inteira. É por isso que estou dizendo a você: Vá em frente. Dê o seu melhor. De qualquer forma, vocês da elite Tanagura não andam o dia inteiro com um outdoor dourado nas costas anunciando como são muito melhores do que nós, pessoas comuns? — Resmungando suas palavras com sarcasmo, Riki deu um sorriso despreocupado. — Diz-se que os animais de estimação usados que voltavam a Midas, tanto mulheres como homens, acabam por se vender a qualquer um. — Ele tinha ouvido também que bordéis como Minos eram a parada final para estes animais de estimação em seu caminho para o fundo do poço. — Portanto, acho que se você nunca provou nada além de mercadoria elegante e bem educada como essa, então um vira-lata malcriado estaria muito abaixo de você. Estou errado? — Ele tentou provocar, chutando os cobertores com seu pé direito. — Por mim tudo bem. Fuja com o rabo entre as pernas. Ninguém está olhando.
Ele falava com uma insolência que beirava a arrogância. Em vez de um cavalo castrado rastejando diante dos poderosos, o tremendo orgulho que ele tinha como uma fera se revelava em um tipo particular de energia sexual que superava qualquer ambição competitiva.
Por um momento, foi o suficiente para mover o outrora imperturbável Loiro. Uau, ele é animado, sua expressão parecia dizer.
— Em resumo, você está dizendo que ao ficar em dívida com um parceiro desagradável, você escolhe acertar contas com seu corpo?
— É uma forma vantajosa para todos de pagar a dívida, certo? — Riki sorriu com uma presunção exagerada que levantou os cantos de sua boca. — Acho que se é bom o suficiente nas favelas, é bom o suficiente aqui também. É por isso que estou disposto a fazer isso com você.
Não levantando a voz para as provocações transparentes de Riki, Iason respondeu em um tom calmo.
— Não se esqueça. Foi você quem se ofereceu a mim. — Ele cuspiu as palavras, mas não fez nenhuma expressão, pacientemente mantendo a compostura até o fim.
É por isso que Riki interpretou totalmente mal a situação, e não conseguiu entender o significado oculto sob aquela frase. Conhecendo apenas o fedor sufocante das favelas, neste mundo Riki era o verdadeiro idiota ali, e bastante ignorante desse fato também. Deixando a ameaça de lado, Riki o encarou de frente. Ninguém iria blefar com ele!
Mas o que era mentira? O que era verdade? Quando se tratava da vida das elites da cidade “sagrada” de Tanagura no planeta de Amöi, um morador de favelas como Riki não tinha como saber a diferença entre rumor e realidade.
Entretanto, havia se tornado um fato estabelecido na mente de Riki que a elite de Tanagura tomava como animais de estimação humanos nascidos de carne e sangue e os usaram como uma declaração de moda para ostentar seus status sociais. Não para saciar seus próprios desejos físicos, mas para ver seus animais de estimação supervisionados brincarem uns com os outros, ou assim ele tinha ouvido.
Homem ou mulher, não fazia diferença. Ele também tinha ouvido falar que os animais de estimação usados e descartados que se reuniam rio abaixo nos bordéis geralmente sofriam de ninfomania, um estado de dependência resultante do uso crônico de afrodisíacos.
É claro que Riki não conseguia imaginar como e por que o animal de estimação de uma elite Tanagura seria despejado em Midas, para não falar de seu destino final. O assunto não o interessava e ele nunca se importou o suficiente para descobrir. Riki sempre acreditou que não se podia esperar que os humanóides compreendessem as complexidades da fisiologia humana e de suas emoções.
Nas próprias palavras sarcásticas de Iason, Riki estava tentando forçar o indesejável suborno sobre ele. No entanto, alguma parte discernível do desejo de Riki de pagá-lo com seu próprio corpo surgiu de uma genuína curiosidade sobre o corpo deste humanóide artificial.
Com o desenvolvimento da química cerebral e da biologia que levou a inteligência humana aos limites, o que se destacou foi o fascínio do corpo perpetuamente jovem. Riki só podia supor que esses “Deuses da Beleza” — os Loiros que afloravam nos outros tanta inveja e medo — deveriam ostentar a mesma hiperfuncionalidade dos andróides sexuais.
O fato era que, embora ele tivesse arrastado Iason até Minos, ele ainda tinha algumas dúvidas. Como se um Loiro de Tanagura com gostos tão refinados fosse querer dormir com um mestiço da favela em primeiro lugar. E se ele não ficasse satisfeito, mesmo que tivesse transado? Riki simplesmente não tinha pensado nessas coisas.
Mas tendo chegado até aqui, não importava como o jogo se desenrolasse, não havia como voltar para casa. Ele estava jogando pra valer.
Com toda a sua graça refinada em exibição, Iason se aproximou do desafiador Riki. No entanto, Riki não checou seu comentário cáustico.
— Você certamente é irritante. Que tal uma prévia para começar? Simplesmente para confirmar que o encontro não será um desperdício do meu tempo.
Por que esse idiota está ficando todo cheio de si na minha frente agora? Resmungando baixinho, Riki cedeu ao pedido. Ele saiu da cama e encostou-se na parede com indiferença, expondo seu corpo à vista.
Embora ainda no meio de seu surto de crescimento e um pouco desengonçado, sua forma nua revelava os músculos bem definidos de um corpo firme, mas flexível.
Além disso, qualquer descrição deve observar também que esta criança selvagem cresceu nas favelas sem qualquer tipo de disciplina e controle. Mas se o corpo de Riki atingia os padrões estéticos de Iason ou não — acostumado como ele estava com os melhores animais de estimação — era uma questão separada.
Seu olhar frio percorreu a pele nua de Riki. Não era repulsivo, mas Riki também não sentia qualquer excitação em resposta. Talvez por isso, mais do que o assalto de um olhar molestador, a sensação era mais como a de ter seus flancos acariciados com o fio afiado de uma lâmina. Uma lâmina feita de aço frio, liso e duro. E muito afiada. O pensamento por si só trouxe arrepios em sua pele.
— Bem, eu passei? — Insolente e desafiador até o fim, falava num tom de voz cheio de desejo provocador.
— Boas proporções. Suficientemente bom para o harém Diaz. Desde que você pudesse ficar lá e manter a boca fechada.
Riki não tinha certeza do por que de um Loiro de Tanagura estar a par de informações como essa, mas por outro lado não deixou isso chegar até ele.
— O mesmo vale para você. Se você calasse essa sua maldita boca a atração principal do Clube Ruska não conseguiria competir com você. Sem mencionar que se o que você tem aí embaixo for compatível com seu rosto no que diz respeito ao tamanho e firmeza… Mas isso é somente se você tiver a técnica e a resistência para mantê-lo de pé e continuar assim.
— Você parece muito bem informado.
— Bem, sem todos esses rumores de merda para espalhar, a vida nas favelas seria muito enfadonha para se aguentar.
Riki se viu em um estado de espírito incomumente falador. Em resposta ao olhar frígido que caía sobre ele como que de uma grande altura, ele fez um gesto desafiador, não intimidado mesmo pelo ar sempre presente de onipotência na voz fria de Iason.
Apesar de liderar corajosamente com seu queixo, o desempenho de Riki falhou inesperadamente por um momento, quando o Loiro debateu o valor do que este mestiço estava lhe oferecendo. Era natural examinar a mercadoria, senti-la, realmente. Enquanto isso, os dedos errantes de Iason dedilhavam brevemente as cordas dos sentidos de Riki.
Ele não estava imaginando coisas. O palpitar de sangue em suas veias que ele não havia sentido no momento anterior. Os tentáculos fugazes de pânico. Ele não era tão inexperiente. Ele não tinha a intenção de se fazer de tímido e inocente, colocar uma fachada, ou fingir ser mais do que era.
Na verdade, a inquietação em seu coração estava lhe dizendo: não é assim que deveria acontecer!
Riki sabia onde poderiam ser encontradas as fontes de um êxtase intenso. Como sua vida sexual se comparava com a de outras pessoas, ele não sabia dizer, mas com Guy, seu parceiro, nunca faltou nada em nenhum aspecto. Sem mencionar que ele não precisava ter vergonha de gemer e se deleitar com o prazer.
Com a ponta do dedo — e com uma eficiência fria — Iason procurou aquele lugar de prazer escondido, ainda usando o que parecia ser uma luva de seda. Riki ficou inicialmente indignado e ofendido.
O quê, vou deixar este filho da puta tratar um mestiço como uma espécie de fábrica de germes ambulantes?
Os dedos de Iason deslizaram por sua pele, esgotando gradualmente qualquer excesso de energia que Riki tinha de sobra para suas condenações furiosas. Foi um ardor difícil de descrever.
Mas era diferente.
Diferente como?
Não, não é isso.
Então o quê?
Apertando bem os lábios, ele sentiu um momento fugaz de confusão, sem saber o quê e onde, nem como negar o prazer pessoal que se derramou sobre ele. Iason massageou suavemente o mamilo de Riki com o polegar, fazendo o menino prender a respiração abruptamente. Lentamente, inexoravelmente, a excitação latejante e tentadora —
O atrito e o ritmo da ponta do polegar pressionando através de sua mão enluvada aumentaram de intensidade, uma sensação totalmente diferente confundindo os sentidos de Riki. Perversamente excitados, seus mamilos ficaram duros e eretos.
A outra mão de Iason deslizou livremente pela espinha de Riki, roçando suas nádegas apertadas e então deslizando entre suas coxas.
Começou, Riki.
No mesmo instante, as sensações inexprimíveis começaram a pulsar em suas partes inferiores. Sugerindo um desejo de zombar desta reação semiconsciente, Iason o abraçou e o pressionou contra a parede, forçando as coxas de Riki a se abrirem enquanto ele as separava.
Da quietude à ação.
Naquele momento, uma mudança inesperada e abrupta desceu sobre Riki, como se estivesse acionando um interruptor e enviando uma súbita onda de sangue correndo do coração.
Ele engoliu a voz e ajeitou o rosto. O frio da parede contra suas costas não era tão chocante quanto ser incapaz de se mover, já que suas mãos eram seguradas firmemente atrás de si.
E então um tipo diferente de rigidez percorreu todo o seu corpo. Preso firmemente entre as coxas de Riki, como se para confirmar o estado maduro das frutas expostas, o joelho de Iason balançava para frente e para trás. O palpitante prazer dado apenas pela metade só deixava ainda mais óbvio o aumento do estímulo.
Os quadris de Riki se empurravam para cima à medida que a excitação aumentava. As preliminares não poderiam ser pensadas em termos de satisfação mútua. Odiando a natureza unilateral daquela ação, ele tentou empurrar-lhe os ombros. Deliberada e seguramente, Iason forçou uma compreensão total de sua tenacidade sobre a consciência de Riki.
Erguendo-se na ponta dos pés para montar o joelho de Iason, Riki esfregou sua carne na parede. Iason até juntou e levantou seus braços acima de sua cabeça, segurando-os na parede.
Foi uma postura incrivelmente constrangedora e desajeitada. Riki mordeu o lábio, percebendo que estava sendo inesperadamente dócil.
Olhando para ele com o peso frio de seu porte alto e poderoso, Iason beliscou o mamilo esquerdo ereto de Riki com dedos que pareciam entrelaçados com as batidas de seu coração. As pulsações através do tecido suave e frio provocaram um calor ardente em sua pele. Ele não estava imaginando coisas. Iason deixou de dedilhar o mamilo e suavemente afundou seu dedo na carne macia de Riki lá embaixo, brincando com ela.
O interior das coxas de Riki de repente ondularam como uma onda em câmera lenta. Como se para provocá-lo, como se para enganá-lo, ele pressionou a ponta do dedo em um movimento circular. Só isso acelerou o batimento cardíaco de Riki a um ritmo brutal, batendo em um ritmo lascivo em seu peito esquerdo.
Ainda que delicadamente, as carícias agarrando seu coração em suas garras não paravam. E agora o mamilo direito anteriormente esquecido endureceu rapidamente, fazendo com que Riki gritasse espontaneamente.
Ambos os mamilos pulsavam com uma intensidade lancinante. Cada vez mais fundo, as ondas cada vez maiores de prazer finalmente envolveram sua garganta e envolveram seus quadris em um fogo impiedoso.
— Haah… Arg… hah…
Riki abafou os gemidos inarticulados, mal acreditando que poderia ser levado ao limite apenas pela estimulação de seus mamilos. As ondas incontroláveis de prazer não mostravam sinais de desaceleração. As correntes incessantemente crescentes de calor subiram por sua espinha.
Seu membro ereto, molhado e escorregadio com o pré-gozo pingando da ponta.
— Ahhhh-
Nesse caso, o acompanhamento de seus suspiros desenfreados, irrompeu em uma única e dilacerante explosão. O êxtase arqueou como faíscas elétricas na parte de trás de seus olhos.
E ainda assim veio como prova de um grau de vergonha que ele nunca havia experimentado antes.
Seus braços presos se contraíram e tremeram, seus pés não conseguiam se apoiar no chão. Ele era uma bagunça desgrenhada e maltrapilha, exposto como se estivesse em uma vitrine. No entanto, segurando Riki firmemente contra a parede com uma única mão, Iason não permitiu que ele caísse no chão. A humilhação o queimou.
Ele cerrou os dentes. A força de vontade esticou-se ao ponto de ruptura e seu batimento cardíaco acelerado silenciosamente desapareceu. Ele não podia fazer nada para livrar o amargo gosto da bile em sua boca. Como se para pisar o orgulho já quebrado de Riki, Iason brincou:
— Gozar tão rápido certamente não é motivo de orgulho.
Ele não tinha uma desculpa fácil para oferecer ao golpe de mortificação na frente de seu rosto. Pendendo a cabeça, em meio a pensamentos turbulentos em sua mente, ele não encontrou nada para dizer em troca.
O sangue fervendo em suas veias, anunciando com alegria seu rebaixamento, ele só podia morder os lábios até que a carne tremesse e ficasse branca.
— Me solte. — Mas Iason não relaxou os dedos cravados nos pulsos de Riki. Longe disso.
— O quê? Você realmente pretendia resolver as coisas com um desempenho tão patético assim? — A voz que caía suavemente acima de sua cabeça distorceu sua realidade.
— Você está dizendo que não tem utilidade para mim?
Pela primeira vez Riki conheceu a dor contida em palavras de desdém até mesmo casualmente. Agarrando seus cabelos negros e inclinando a cabeça para trás, Iason olhou Riki diretamente em seus olhos negros como carvão.
— Você é quem escolheu comprar meu silêncio de maneira tão inconveniente. É pedir demais que o pagamento seja proporcional ao custo? — Ele pressionou suas exigências como se insistisse no que era seu por direito.
— Onde você quer chegar? Você quer que eu gema e grite como um brinquedo sexual de harém? Não é uma técnica que nós, mestiços de favela, usamos.
— Bem, você parece suficientemente sensível mesmo sem expressar. Mas não há nada de errado em testar suas cordas vocais de vez em quando.
— Huh. Você é muito cheio de si.
Riki teimosamente atacou verbalmente, mesmo já tendo percebido que os dardos nunca encontrariam seu alvo. A maneira prática com a qual Iason falava deixou claro que, tirando as brincadeiras, ele não estava exagerando. Riki aprendeu a dura realidade desse fato por meio de experiência pessoal.
Não, a impiedade com que ele tinha provado que podia continuar com aquela conversa ia muito além de ser um espertinho. Isso deu arrepios em Riki. Ele já havia começado a se arrepender de seu tratamento provocador e desdenhoso com Iason.
— Estou me dignando a tratar um lixo da favela da mesma forma que um animal de estimação de Tanagura. E você ainda não está feliz?
Aquele tipo de conversa condescendente não era por si só desagradável, e Riki nunca tinha visto um homem para quem isso se encaixasse perfeitamente. E não apenas isso, mas em um sentido diferente, rasgou as fronteiras emocionais entre o ego e a identidade de Riki.
— Nesse caso, que tal pelo menos tirar a roupa?
Comparado com Riki, que além de estar totalmente nu, foi forçosamente levado a um clímax desagradável, Iason nem se preocupou em remover as luvas. Ele apertou uma bochecha num sorriso sardônico.
— Por que disciplinar um vira-lata malcriado e grosso, exigiria a remoção de minhas roupas? — Foi como levar um tapa tão forte na cara que o fez balançar para trás e prender a respiração. — Não entenda mal, mestiço. Você é o suborno tão desajeitadamente imposto a mim em troca do meu silêncio. Então faça o que eu digo e gema pra mim, então ficaremos quites. Nada mais.
Iason era brilhantemente bonito e estava bem na frente de seu rosto. Riki focou seus dois olhos negros sem piscar naquela fascinante personificação da beleza. O que esse filho da puta…!
Mas apesar de seu cérebro em chamas e seu orgulho ferido, apodrecendo até as raízes, Riki finalmente entendeu que não podia desviar o olhar frio de Iason nem um pouco. Perceber aquilo foi muito frustrante. Desde o início, eles foram escalados para papéis completamente diferentes.
Só agora ele percebia isso. O espírito indomável do rei do Hot Crack não podia mascarar o fato de que ele não era nada principalmente comparado a esse Loiro da elite. O mundo continha mais tipos de pessoas do que sua mente podia imaginar, e ele agora sentia a verdade disso como nunca havia sentido antes.
Apesar de sentir todo o arrependimento do mundo, sua força de vontade exaltada e obstinada permaneceu, embora ele nunca tivesse tido paciência para vê-la arrancada dele. Tampouco lhe ocorrera que o senso de “extravagância” de Iason apenas solidificara ainda mais sua atitude obstinada de nunca desistir.
E talvez tendo em suas mãos um brinquedo que respondeu pela primeira vez em muito tempo, a curiosidade de Iason foi despertada em um grau bem diferente do comum. De qualquer maneira, Iason já havia — meio a sério, talvez — decidido destruir as raízes do orgulho teimoso de Riki.
Sem saber dessas intenções, Riki ficou enredado na forte e sedutora teia da presença de Iason. Iason havia escolhido esse caminho em um estado semelhante de ignorância, fascinado pela curiosidade que Riki lhe despertou.
Enquanto correspondia friamente a seu olhar intenso, Iason deslizou seu dedo para a virilha sombreada de Riki. Não da maneira tentadora que ele usou antes, mas com ousadia direta — sem hesitação, ele passou pelo membro flácido de Riki. Com a palma da mão e as pontas dos dedos procurou tocar as duas esferas. Mais próximo de uma inspeção manual de rotina do que de uma carícia amorosa, o ato deixou Riki desconcertado.
Como se visse os sentimentos de Riki, Iason sorriu apenas com os cantos da boca. Tal sorriso não mostrava nenhum traço de lascívia. Era um sorriso requintado, mas igualmente frígido, que causou um arrepio na espinha.
Naquele momento, Riki soube que os Loiros de Tanagura eram tiranos intransigentes piores que qualquer demônio.
Algum tempo depois, a sala silenciosa novamente se encheu com as ondas da respiração irregular de Riki. A atmosfera, úmida e estagnada, estremecia com doces e melancólicos gemidos. Desejos sombrios e carnais que surgiam de prazeres que se entregavam sem protesto, enrolados aqui e ali em suas extremidades.
Ele não tinha ideia de quanto tempo aquilo durou. Enclausurado nos braços da Iason, Riki de repente gritou em uma voz aguda.
— J-já chega!
Sua respiração estava pesada, suas palavras cheias de uma estranha energia. A aspereza de sua voz acentuada pelo doce e latejante entorpecimento que lhe apunhalava a virilha, enchendo os sons que saíam de seus lábios com uma timidez ingênua.
— E-eu… Não sou… Um brinquedo. — ele cuspiu. Então, como se sua respiração estivesse presa, seus lábios e garganta se contraíram. — Gahhhhhh.
Uma intensa sensação de formigamento forte o suficiente para fazê-lo querer gritar ou gemer. Riki nunca havia conhecido tal prazer, queimando dentro de seu crânio como se seu tronco cerebral estivesse em chamas.
Se o sexo que ele tinha com Guy podia ser considerado a própria definição de “normal”, então contido na estimulação unilateral entregue por Iason estava uma espécie de dor que parecia como se seus nervos tivessem sido desnudados e impiedosamente açoitados. Era igualmente sensual e profano.
Riki se agarrou aos braços de Iason, cravando as unhas em sua carne. Mas a corda cantante do prazer só aumentava e não cessava. Qualquer desejo de ejacular foi frustrado pelo aperto dos dedos de Iason. O membro pronto e disposto de Riki só podia exalar gotas ansiosas de pré-gozo sem obter liberação.
Com um dedo pressionado em sua entrada, Iason tinha Riki à sua mercê. O botão escondido entre a fenda em suas nádegas, que Guy sempre pacientemente preparava com os dedos e a língua, Iason expôs implacavelmente apenas com a lubrificação de seu pré-gozo.
Enganado pelo dedo sendo forçado para dentro de si, a dor aguda, cortante e a repugnância desapareceram.
— E aqui encontramos a fonte do seu prazer?
Se o símbolo do desejo sexual de um homem era seu pênis ereto, então a raiz dessa alegria era a próstata escondida em seu ânus. Tê-la massageada sem restrições estava longe de ser prazeroso. Era mais semelhante à tortura.
Iason, porém, parecia gostar de infligir os paroxismos que subiam da garganta à cabeça de Riki, causando os suspiros que sacudiam todo o seu corpo.
“Não há nada de errado em testar suas cordas vocais.”
Riki não conseguia acreditar que aquelas palavras eram o simples produto do complexo de superioridade de Iason. Mas talvez refletisse o desgosto que a elite sentia, com seus corpos artificiais, pelos humanos nascidos de carne e osso. Na medida em que tais sentimentos figuravam em seus pensamentos, Iason habilmente e incansavelmente torturou o mestiço em seu cativeiro.
Riki queria gozar. Mas não podia. Pior ainda, a estimulação continuou inabalável, seus órgãos genitais continuaram a arder. Os espasmos sacudiram seus pés e atingiram sua espinha dorsal.
Iason brincava com esses impulsos masculinos básicos, provocando as emoções sexuais do garoto até que ele não aguentasse mais. Cruelmente não o permitido a sair daquele estado, a voz de Riki quase se rompeu em lágrimas.
— Me deixe… Gozar… Por favor…! Pare de… me masturbar… pela metade.
Se alguém tivesse batendo em sua cabeça continuamente, ele rangeria os dentes e aguentaria. Se ele tivesse sido esfaqueado impiedosamente nas costas, ele ainda cuspiria palavras de desafio. Mas aquela agonia ardente que queimava suas vísceras já lhe havia esmagado os nervos. O desejo de ejacular devia necessariamente triunfar acima de tudo como o instinto mais básico de um homem.
— Eu preciso gozar!
Com a boca trêmula, as pontas dos dedos trêmulas e o corpo torturado, ele continuou implorando. Sem vergonha ou honra. De novo e de novo.
E quando o fez, Iason finalmente o libertou. Talvez por já ter zombado dele para sua própria satisfação, ou por ter perdido o interesse no brinquedo humano depois de ter feito Riki implorar tão lindamente.
Exatamente pelo que ele estava desejando. Seu orgulho e vontade deixados de lado, ele finalmente conseguiu o que implorava: libertação.
No entanto, de seus lábios trêmulos não brotaram gemidos arrebatadores, mas suspiros de alívio. Nas entranhas, no âmago de seu cérebro, ele foi dominado por uma sensação de esgotamento depois que o frenesi cessou. Assim que Iason o soltou, ele desabou no local, como se sua própria alma tivesse sido exaurida e gasta.
Os olhos gelados olharam para ele de uma altura imponente. Como se o pensamento tivesse acabado de ocorrer a ele, Iason tirou a luva manchada de sêmen e a jogou no lixo. Os cantos de sua boca se levantaram ligeiramente. Ele tirou uma moeda do bolso e jogou aos pés de Riki.
— E aqui está o seu troco. Pelo suborno. Você tem razão. Não somos nem um devedor nem um credor.
Com o peito arfando, Riki lambeu os lábios repetidamente com a língua dormente. Suas pernas tremiam com pequenas convulsões. Faltando até mesmo energia para esconder suas partes íntimas, ele não tinha nada de sobra para qualquer conversa fiada.
Mesmo quando Iason saiu da sala sem olhar para trás, Riki mal moveu um músculo. Como um cachorro covarde e espancado.
Cinco minutos. Dez. Nada passou além do tempo fútil e desbotado. Riki finalmente resmungou e sentou-se. Seus olhos recaíram sobre a moeda. Ele não sabia o que estava olhando, exceto que era uma moeda de ouro com um padrão geométrico inscrevendo uma crista ou selo estampado em sua superfície. Ele cerrou os dentes e em um piscar de olhos agarrou-a.
— Que porra é essa? — Ele se levantou trêmulo. — Então isso é um Loiro de Tanagura…? — Ruminando sobre essas palavras, ele balançou o punho, segurando a moeda com força. — Aquele idiota!
Um Loiro de Tanagura e um mestiço da favela — como linhas paralelas que nunca iriam se cruzar, Riki agora sabia que suas vidas abrangiam uma lacuna impossível de transpor. Sem nem mesmo trocar nomes, a sensação pesada e antinatural de desconforto permaneceu.
No sentido mais verdadeiro da palavra, aquele foi para Iason e Riki o começo.
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