Afeição: O Chamado do Rei - Capítulo 2 – Parte 1
Passando-se mais outra hora, não havia nenhuma conversa entre os homens que esperavam por seu alvo dentro de um carro.
O interior da minivan estacionada na esquina de uma área residencial tranquila estava gradualmente sendo preenchida apenas com irritação.
Arthur, que estava sentado no banco do passageiro, deu uma rápida olhada no relógio no painel.
(Vai ser cinco horas em breve?)
Eles haviam decolado do aeroporto de Cotswold em um jato particular tarde da noite e chegado ao aeroporto de Haneda no início da manhã.
O grupo de Arthur, Edgar e Wolfgang que chegou ao Japão saiu do aeroporto de táxi e se dirigiu para uma casa isolada que haviam alugado uma semana antes. O motivo pelo qual seu destino não era um hotel era que eles consideraram os olhos ao redor. Nos hotéis havia um grande número de pessoas hospedadas, assim como os olhos dos funcionários.
Considerando o objetivo de sua visita ao Japão, eles queriam evitar a exposição ao público o máximo possível.
Em seguida, o grupo foi a uma locadora de veículos para retirar a minivan que também haviam reservado na internet. Era uma minivan com vidros escuros que não deixava ninguém ver o interior do carro pelo lado de fora.
Eles haviam entrado na área residencial com esta minivan.
O grupo também havia investigado que havia um pedaço de terreno ocioso, o qual havia sido transformado em uma vaga de estacionamento, operada por moedas em uma esquina não muito longe da casa do alvo. Isso só poderia ter sido deixado ao acaso, mas quando chegaram ao local, felizmente, havia uma vaga no estacionamento. Além disso, era uma boa posição de onde eles podiam ver a entrada da casa de seu alvo.
Agradecendo a Deus, eles estacionaram a minivan. Devido a essa sorte, extinguiu-se o risco de os moradores do bairro questionarem e denunciarem seu carro por estacionar na rua por muito tempo.
O motorista Edgar desligou o motor e, com atitude pronta, começou a guerra desgastante que consistia em continuar aguardando atentamente a chegada de seu alvo, mas…
“… Ele não vai sair?”
Wolfgang emitiu uma voz irritada do banco de trás, aparentemente cansado de esperar. Ele estava vestido com um suéter preto de gola alta, uma jaqueta preta e calças escuras.
“Desde o início estávamos preparados para uma espera prolongada.” Edgar respondeu calmamente do assento do motorista. Ele também estava vestido todo de preto.
“Bem, sim, mas … Temos certeza de que ele mora naquela casa?”
“Não há engano sobre isso.” Edgar respondeu.
Quem assumiu a responsabilidade de conduzir a investigação prévia com o objetivo de capturar a ‘Eve’ foi Edgar.
Em sua mente, Arthur se lembrou das informações que Edgar havia coletado.
“Após o atentado há 17 anos, a ‘Eve’ – Hayato Jinguuji passou pelo processo de feminização e deu à luz a gêmeos. O pai dos gêmeos era Shirou Gamon, o homem que matou Adrian e Conrad no momento do ataque, 17 anos atrás.”
Wolfgang, cujo irmão mais velho, Conrad, foi morto, emitiu um rosnado baixo.
“Parece que Shirou Gamon e Hayato Jinguuji, embora sendo ambos do sexo masculino, têm a conexão de ‘companheiro’. Quando o avô farejou o ‘cheiro de Eve’ em Hayato, ele provavelmente já estava grávido dos filhos de Gamon. É o mesmo caso que aconteceu uma vez com o parceiro de Oswald, Leslie, que passou pela feminização quando nossa família estava à beira da extinção e deu à luz a nossos pais.”
Após o nascimento dos gêmeos, Hayato Jinguuji entrou para o registro familiar Gamon, tornando-se Hayato Gamon, e os dois criaram os filhos como um verdadeiro casal de marido e mulher.
Enquanto as crianças eram pequenas, eles moravam na casa de Jinguuji com o avô, o tio e o irmão mais novo, mas há 10 anos mudaram de casa e se tornaram independentes.
Essa casa era exatamente a residência isolada que Arthur e seus companheiros de matilha estavam observando neste momento.
De acordo com as informações de Edgar, Shirou Gamon não trabalhava em uma empresa, mas aparentemente trabalhava como comerciante em casa. Hayato também, normalmente ficava em casa enquanto apoiava o trabalho do marido. No entanto, provavelmente não era como se ele estivesse continuamente confinado, pois estava claro que ele teria que sair de casa para algo, como fazer compras, por exemplo.
Se eles observassem a entrada, ele definitivamente sairia em algum momento.
(No entanto … O céu vai escurecer em breve.)
Os dias de inverno eram curtos e quando o sol se pusesse e escurecesse, não importava o que, seria difícil ver o alvo. Porém, atacar no escuro seria conveniente…
“Talvez ele já tenha saído?”
“Mesmo se for esse o caso, ele eventualmente terá que voltar para casa.”
“O que faremos se ele estiver viajando?”
“Só podemos esperar que ele volte da viagem.”
“Se for uma viagem, pode demorar muitos dias.”
“Nesse caso, vamos vigiar a casa por turnos. Somos três por esse motivo.”
Arthur, sentado com os braços cruzados, observou a casa dos Gamon enquanto ouvia a conversa entre Wolfgang, que evidentemente havia perdido o poder de concentração e começava a reclamar, e Edgar, que estava respondendo sem muita vontade.
Entretanto, de repente, Arthur soltou os braços.
“Shh.”
Os dois ficaram abalados por um momento.
“Alguém está saindo.”
Com a voz de advertência de Arthur, a expressão de Edgar endureceu e, foi o mesmo para Wolfgang, então ambos inclinaram seus corpos para a frente.
Sob a atenção dos três homens, a porta da entrada se abriu e um homem magro e bem-proporcionado apareceu de dentro dela. Cabelo castanho-claro com um rosto pequeno e branco, mesmo de longe, o fato de ele ter traços faciais finos e bem-dispostos podia ser compreendido. Ele estava vestindo uma jaqueta curta e havia uma bolsa em seu ombro. Era um estilo casual adequado para ir ao supermercado local.
“… É a ‘Eve’.”
Edgar falou em voz baixa. O homem que sempre foi calmo, frio e controlado tinha surpreendentemente arregalado os olhos estreitos, e podia-se perceber que estava animado.
“Sim … É a ‘Eve’.”
Depois de engolir a saliva em seco, Wolfgang concordou. A exaltação que ele não foi capaz de esconder também pôde ser percebida na sua voz.
Edgar e Wolfgang participaram do ataque há 17 anos e viram o rosto da ‘Eve’, então já que os dois haviam dito isso, não poderia haver engano.
(Esse é a … ‘Eve’.)
Arthur, que tinha acabado de fazer vinte anos na época e era o mais jovem da família, recebeu a ordem de ficar na Inglaterra, pois Oswald concluiu que ele era muito jovem para participar do ataque. Arthur alegou repetidamente que também queria participar, mas no final não recebeu permissão.
Consequentemente, essa foi a primeira vez que ele viu a ‘Eve’, mas devido a humilhação que a família Gosford recebeu 17 anos atrás, Arthur ouviu seus companheiros de matilha que sobreviveram falar sobre a ‘Eve’ repetidamente com uma voz profundamente ressentida.
Ele era um ser que os homens de sua família desejavam a ponto de apostar suas vidas.
Ele era um ser que não haviam obtido no final, mesmo pagando pesados sacrifícios.
Arthur tinha pensado que se estivesse na frente daquela ‘Eve’ seu corpo estaria fervendo com mais força por dentro, mas…
Percebendo inesperadamente o quão calmo estava, Arthur observou a ‘Eve’.
Ele não era muito alto e, pelo que Arthur podia ver, parecia leve e delicado. Se fosse assim, eles poderiam sequestrá-lo mesmo enquanto ele ainda estivesse consciente, duas pessoas provavelmente poderiam segurá-lo facilmente. Felizmente, não havia sombra de uma pessoa ao redor deles.
“Vamos sair.”
Arthur disse e Wolfgang concordou. Eles haviam acabado de preparar seu plano antes.
“Estamos contando com você, Edgar.”
“Sim, vou esperar com o motor ligado.”
Arthur, que havia saído da minivan com um aceno de seu longo casaco preto, junto a Wolfgang seguiram a ‘Eve’, que havia saído pelo portão e começou a andar.
“Eu vou primeiro. Você espera aqui.”
Como dois homens estrangeiros altos em fila em uma área residencial japonesa se destacariam, eles estavam sendo cautelosos.
“Entendido.”
Wolfgang desapareceu rapidamente em uma rua lateral.
Arthur, agora sozinho, deslizou para o crepúsculo e, gradualmente, encurtou com cuidado a distância entre ele e o alvo.
Essa era a essência de um caçador.
Sua botas de sola de borracha não faziam barulho, a ‘Eve’ não estava olhando para trás, mas caminhando enquanto olhava para a frente. No momento, parecia que ele não tinha notado o predador se aproximando silenciosamente por trás.
Em vez disso, quem sentiu uma sensação de desconforto ao se aproximar da presa foi Arthur.
(Não há … ‘cheiro’)
Ele franziu as sobrancelhas.
O alvo em seus olhos não tinha o ‘cheiro’ que foi emitido por uma ‘Eve’.
Arthur não havia se encontrado com uma ‘Eve’ antes, então também não conhecia aquele ‘cheiro’, mas mesmo sem saber, ele tinha confiança de que, se eles se encontrassem, ele ‘reconheceria’ naturalmente.
Estava claro que Arthur deveria ser capaz de discernir o ‘cheiro’ feminino daquele que teria seu filho em breve.
No entanto, ele não percebeu nada da ‘Eve’ andando à sua frente.
O que seu olfato reconheceu primeiro foi o “cheiro” da familiaridade.
A partir desse ‘cheiro’, não havia dúvida de que o homem na frente dele era um lobisomem.
No entanto, esse era apenas um ‘perfume’ masculino como o deles.
Sem pensar, os pés de Arthur pararam.
(Por acaso … Ele não é mais uma ‘Eve’?)
A possibilidade existia, afinal, mais de 16 anos se passaram desde que a ‘Eve’ deu à luz a gêmeos.
Durante esse tempo, a ‘Eve’ não tinha concebido mais.
(Foi porque ele já havia perdido a habilidade de ‘Eve’?)
Desde o início, mesmo entre os lobisomens, ‘Eve’ era uma peculiaridade, sendo sua concepção e surgimento uma irregularidade com uma rara chance de despertar, dependendo de um grupo diverso de fatores que se juntavam. Alguém podia até passar a vida inteira sem perceber que era uma ‘Eve’.
Dezessete anos atrás, a ‘Eve’ teve que carregar uma criança pessoalmente, provavelmente era uma situação que ele não poderia se opor e talvez fosse um caso sério relacionado à continuidade da família Jinguuji.
O resultado da necessidade urgente e iminente despertou a capacidade adormecida, e então ele foi capaz de conceber.
Assim, a crise familiar havia passado e, nos tempos de paz que se seguiram, sua habilidade como “Eve” provavelmente havia retrocedido.
A possibilidade disso era alta.
(Não há mais … ‘Eve’?)
Na conclusão final, Arthur sentiu calafrios cada vez mais, começando em seus pés e passando pelo corpo.
A única esperança que restou para a continuação do Gosford.
Eles estavam agora … Prestes a perdê-la.
(… Oh Deus.)
Sentindo seu campo de visão escurecer sem que ele percebesse, Arthur mordeu firmemente o lábio com os molares.
(Chegamos tarde demais?)
(Perdemos para sempre a chance de obter nosso salvador, a ‘Eve’?)
A escuridão que cobria sua visão era muito mais escura do que o crepúsculo que se aproximava.
Constantemente, o som dos passos de Hayato estava se tornando mais distante. Aquelas costas magras também estavam derretendo no crepúsculo e estavam prestes a desaparecer.
“O que você está fazendo?”
Ele ouviu uma voz abafada e quando se virou, viu Wolfgang parado, que provavelmente se aproximou sentindo-se impaciente com Arthur, que estava parado como se estivesse congelado, e com a figura desaparecida de Hayato.
“Por que você está parado aí atordoado? Arthur!”
Olhando para a expressão irritada de seu companheiro de matilha em silêncio, Arthur hesitou em transmitir a verdade cruel ou não.
“… A-“
Sentindo algo incomum, Arthur virou o rosto para a frente.
A 100 metros deles, a ‘Eve’ havia parado e estava conversando com alguém. A pessoa ainda era jovem, usava algo que parecia um uniforme preto, tinha um cachecol enrolado no pescoço e uma bolsa quadrada pendurada no ombro.
Julgando que o menino estava no final da adolescência e adivinhando por seu relacionamento íntimo, era mais provável que ele fosse o filho da ‘Eve’.
Não havia dúvida de que era um dos gêmeos.
Os dois que conversaram por um tempo na beira da estrada logo acenaram com as mãos e seguiram caminhos separados.
Mudando de lugar com a ‘Eve’ que estava se afastando, o jovem caminhou em direção a eles.
Imediatamente, Arthur fez um sinal de “se esconda” com uma das mãos. Ele se certificou de que Wolfgang havia partido e começou a caminhar em direção ao homem solitário.
Click, clack…
Na escuridão da noite, apenas o som de passos ressoou na área residencial.
Conforme o filho da ‘Eve’ se aproximava, Arthur podia ver claramente suas características faciais.
(O rosto pequeno e a pele branca são algo que ele herdou da mãe?)
O cabelo preto sedoso balançava fluentemente enquanto ele andava. Sobrancelhas delgadas e bem definidas, um par de olhos amendoados e negros que emitiam um brilho suave como o de uma gema molhada pela chuva.
Ele tinha traços faciais surpreendentemente bonitos para um homem, mas o que abalou Arthur mais do que sua beleza excepcional foi o ‘cheiro’ que ele estava liberando.
A temporada de acasalamento ainda não havia chegado, então era um ‘cheiro’ peculiar ao jovem lobisomem.
O ‘aroma’ especial estava vagamente misturado ao cheiro de fruta dura ainda não madura.
Foi um ‘cheiro’ que Arthur sentiu pela primeira vez, mas que ele instintivamente entendeu o que era.
– Era o ‘cheiro’ de uma ‘Eve’.
Seu batimento cardíaco saltou.
No começo era um ‘cheiro’ que ele podia discernir depois de se concentrar, mas com o encurtamento da distância entre ele e o jovem, ficou cada vez mais forte. Em resposta ao ‘cheiro’, o corpo de Arthur também foi tingido de calor.
Todo o seu corpo suava levemente e o som de seu coração também era alto.
Sentindo que estava incomumente agitado, Arthur deliberadamente interrompeu sua excitação. Para que o outro não percebesse que ele era da mesma família, ele suprimiu sua ‘presença’ de lobisomem.
O outro lobisomem ainda era jovem e tinha pouca experiência, então estava claro que sua habilidade de discernir os da mesma família também era baixa, mas era uma boa ideia aumentar sua cautela, mesmo que apenas ligeiramente.
Com a cabeça ligeiramente inclinada para baixo, o jovem que se aproximava, de repente ergueu a cabeça ao passarem um pelo outro. Os olhos de Arthur encontraram os olhos negros encantadores do menino.
“…”
Instantaneamente, como se tivesse sido atingido por um raio, o corpo de Arthur estremeceu.
Dentro daquele choque que o sacudiu até a ponta dos dedos, ele se convenceu.
Não havia engano.
Este jovem lobisomem herdou genes de sua mãe lobisomem – ele era uma ‘Eve’.
Para reprimir seu desejo impulsivo de se atirar imediatamente sobre o jovem, Arthur teve que mobilizar sua força de controle.
Colocando força nos músculos abdominais, enquanto lutava contra o impulso que o fazia querer voltar, ele continuou a andar.

Conforme a distância aumentava, o ‘cheiro da Eve’ também desaparecia pouco a pouco, e em pouco tempo os passos pararam.
Os portões foram abertos por uma chave.
(O que devo fazer? Pegá-lo?)
Ele ponderou, se concentrando na presença da ‘Eve’ atrás dele.
Se ele sequestrasse o jovem à força, faria muito barulho na frente da casa, e o pai do menino assim como os moradores próximos provavelmente sairiam.
(Neste caso, a falha não pode ser permitida.)
Para obterem sucesso no sequestro da ‘Eve’, eles deveriam se retirar temporariamente hoje e refazer o plano.
Logo depois que o som da porta abrindo e fechando foi percebido por seu ouvido, Arthur girou os calcanhares.
Enquanto corria de volta para a estrada de onde viera com grandes passadas, Wolfgang veio correndo do lado oposto, sua expressão mudando. No momento em que seus rostos se encontraram, Wolfgang disse: “O que você está fazendo? O que aconteceu com a ‘Eve’? Por que você não está seguindo ele?!”
Ele apontou na direção que a mãe lobisomem tinha ido com gestos exagerados.
“Ele não é mais uma ‘Eve’.”
“Hã? O que você quer dizer?”
“Eu vou explicar mais tarde. Vamos voltar para o carro.”
Saindo com Wolfgang, que estava com uma expressão insatisfeita, Arthur voltou para a van. No minuto em que entrou, Edgar se inclinou para a frente e perguntou: “O que aconteceu?”
Diante dos dois que aguardavam uma explicação, Arthur refletiu sobre a lembrança vividamente deixada em seu corpo.
– A sensação que abalou todo o seu ser no momento em que sentiu o cheiro do ‘perfume da Eve’.
Ele se desesperou por um momento, mas Deus não os abandonou.
O aparecimento da jovem ‘Eve’ foi certamente o único raio de luz brilhando na escuridão.
“Estamos mudando o alvo.”
“Mudar o alvo?”
“O que você quer dizer?”
Arthur informou seus companheiros de matilha que tinham expressões confusas.
“Explicarei mais quando voltarmos. Por enquanto, vamos recuar. Será suspeito se ficarmos aqui por muito tempo.”
Publicado por:
- Nachan
- Tradutora de novels do inglês, espanhol, coreano e chinês. Também fiz um site com todas as novels que eu traduzo e com outras de uma amiga, tem mais lá, além do meu perfil do wattpad.
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