Afeição: O Chamado do Rei - Capítulo 1
Japão – Tóquio.
A neve cintilou fora das janelas da sala de aula. Esta foi a primeira neve desde o início do Ano Novo e a terceira neste inverno.
Ainda esta manhã, havia notícias na internet de que este ano em todo o país, não, em todo o mundo havia nevado muito.
Parecia que as coisas haviam se tornado difíceis, pois em áreas de forte nevasca, casas haviam sido destruídas devido ao peso da neve e outras pessoas não podiam mais deixar suas residências por estarem bloqueadas.
Embora em alguns lugares de Tóquio, a neve acumulada tenha chegado a 20 centímetros, ela desapareceu em questão de dias. Mesmo assim, ainda tinha um efeito sobre o transporte, e coisas como atrasos de trens viraram notícia.
(Se houver tanta neve, os trens não vão parar?)
Olhando para o estado da pesada neve por um tempo, Takahito Gamon ponderou como tal, quando uma voz veio ao lado dele.
“Taka, podemos voltar para casa juntos?”
O dono da voz era seu colega de classe, Michiru Kamiyama, amigo de infância de Takahito.
Michiru foi transferido para a classe de Takahito em junho do quarto ano do ensino primário. Seu único parente próximo, sua mãe, morreu e ele foi acolhido pelos avós por parte de mãe. Como por acaso a casa dos avós de Michiru ficava na periferia do bairro em que ficava a casa de Takahito, eles começaram a pegar o mesmo caminho para a escola e voltavam juntos, então naturalmente se aproximaram. Depois disso, ambos avançaram para a mesma escola de ensino fundamental e médio.
Eles se conheciam por um total de 7 anos, mas nesse período não houve grande mudança na aparência de Michiru. Eles eram crianças na primeira vez que Takahito o viu, mas mesmo agora ele ainda era pequeno. Claro que Michiru tinha ficado mais alto do que quando se conheceram, no entanto, mesmo agora, ele era o mais baixo entre os caras da classe e o mais magro também.
Takahito, se fosse pressionado a dizer, também era esguio. No que dizia respeito à espessura de seu corpo, era irritante, o que dava uma grande vantagem a seu irmão gêmeo mais velho. Mas esse fato em si só estava relacionado à massa muscular, pois ele não era pele e ossos.
No entanto, no caso de Michiru, ele sentiu que uma palavra como ‘magro’ não era suficiente. Seu corpo flutuava dentro da gola levantada do uniforme que foi encomendado na primavera do ano passado. Isso porque a avó de Michiru encomendou o uniforme um pouco maior, em antecipação ao seu futuro crescimento.
No ensino fundamental, ela encomendou um uniforme maior pelo mesmo motivo e, durante o primeiro ano, as bainhas das calças precisavam ser puxadas para cima. No momento em que o uniforme finalmente coube nele, eles estavam se aproximando da formatura do ensino fundamental e, portanto, no ensino médio, ele mais uma vez teve que voltar a usar um uniforme largo.
“Ao contrário do ensino fundamental, tenho certeza de que provavelmente não vou ficar mais alto no ensino médio…”
Na cerimônia de entrada, Michiru, que claramente vestia um uniforme enorme que não cabia em seu corpo, suspirou com uma expressão aparentemente triste.
“Isso definitivamente não é verdade. É o período de crescimento, você ainda está crescendo.”
“É verdade, você provavelmente vai ficar todo musculoso rapidamente, certo?”
O acompanhamento de Takahito e de seu irmão mais velho Kizuki foi assim, mas a realidade depois de 8 meses era que o uniforme de Michiru continuava tão largo quanto antes.
Não era apenas o uniforme de Michiru, seus óculos tinham a tendência de escorregar constantemente, então ele tinha que levantá-los frequentemente com a mão. Isso porque o rosto de Michiru era muito pequeno e ele não conseguia encontrar óculos que se encaixassem perfeitamente. (T/N: mais uke estereotipado impossível kkkkkk)
“Taka?” Michiru chamou o nome de Takahito no momento em que ele mais uma vez ergueu os óculos com a mão.
Ao ser chamado por seu amigo de infância, que vestia um casaco de lã por cima do uniforme, Takahito se desculpou: “Ahh … Desculpe. Vamos voltar, só espere um momento.”
Takahito tirou o material didático de dentro da mesa e o colocou na mochila. Ele também colocou seus cadernos e os instrumentos de escrita que foram deixados em cima da mesa. Guardando o celular que deixou carregando desde o início da aula no bolso do uniforme, Takahito colocou um cachecol em volta do pescoço e, com isso, ele completou os preparativos para voltar para casa.
Ele colocou a mochila no ombro e se levantou da cadeira.
“Vamos.”
“Sim.”
Michiru, que estava ao seu lado, olhou para Takahito e disse: “Você não deveria usar luvas? Está nevando lá fora.” A pessoa em questão, Michiru, usava luvas confortáveis.
“Eu não as trouxe comigo.”
“Percebe-se. Você não está com frio?”
“Está tudo bem.”
Takahito respondeu e encolheu os ombros.
“Realmente?”
Michiru, que perguntou novamente, fez uma expressão incrédula, pois talvez por ser magro, ele era sensível ao frio.
Em contraste, Takahito era resistente. Ele também tinha o casaco de lã da escola, mas neste inverno ele ainda não tinha nem enfiado o braço na manga.
Em contrapartida, Takahito era fraco para o calor e o verão era exaustivo para ele. Isso era devido à linhagem do lado materno de sua família, a Jinguuji.
Sua mãe, seu tio, que era o irmão mais novo de sua mãe, também eram fracos no verão e fortes no inverno.
(Ah … Há uma irregularidade.)
Apenas seu avô, Tsukiya, mesmo no meio do verão, não sentia o calor excessivamente e por ele sempre manter uma postura fria, havia uma ilusão de que apenas em torno de seu corpo soprava um vento refrescante.
(Bem, é porque essa pessoa é especial.)
Mesmo em uma família com genética extraordinária, essa pessoa era a mais especial.
Com esses pensamentos em mente, Takahito entrou no corredor. Desta vez, veio uma voz de trás dele: “Taka-kun.”
Quando ele se virou, havia uma aluna de sua classe parada na entrada da sala de aula. A garota, que ao lado de Takahito trabalhava como representante de classe, tinha feições bem arranjadas, então era popular entre uma parte dos meninos. Segundo eles, ela parecia ‘Megane Moe’*, mas essa impressão não foi bem compreendida por Takahito.
*Megane significa óculos e moe tem quase o mesmo significado que meng em chinês, também conhecido como fofo. Então, eles estão chamando ela de ‘nerd fofa’.
“Você tem um minuto?”
“Nakamura-san … O que é?”
“Bem, você vê, como o teste de proficiência fora do campus é no final do mês, estamos conversando sobre fazer um grupo de estudos com os voluntários da classe.”
O exame de proficiência fora do campo era um exame simulado organizado pelas principais escolas preparatórias e cursinhos, diferente dos testes fixos realizados dentro da escola, como as avaliações intermediárias e finais.
A participação era opcional, mas como através desta prova dava para se entender a sua classificação em todo o país, entre os alunos que estavam focados em continuar seus estudos em uma universidade famosa fazendo este simulado, havia muitos estudantes do 1º ano.
“Então, talvez se Taka-kun também quiser se juntar…”
“Não vou fazer o teste.”
“Eh?”
A aluna arregalou os olhos por trás das lentes como se tivesse sido atacada por um inimigo em um momento de descuido.
“O exame simulado, não vou fazer de novo.”
Quando ele repetiu, a garota falou surpresa: “Você não vai fazer? De forma alguma?”
“Sim, não vou fazer. Eu tentei fazer uma vez, então eu sei que tipo de coisa é.”
“Ma-mas, Taka-kun, você não conseguiu o 10º lugar em todo o país?”
“Está certo. Eu entendi minha própria força, então está tudo bem.”
“…”
“Isso é tudo?” Takahito perguntou à aluna que ele havia deixado sem palavras.
“Ah … Sim, sim.”
“Nesse caso, estou saindo.”
“Vamos embora.” Ele disse a Michiru, que estava esperando, e então começou a andar pelo corredor.
“Não tem problema?” Michiru perguntou, repetidamente olhando para trás.
“O quê?”
“Eu ainda posso ver aquela garota.”
“Está bem.”
(Com isso, eles provavelmente estarão dizendo coisas como ‘que frio’ ou ‘que legal’ nas minhas costas de novo, mas isso realmente não importa.)
Takahito não tinha interesse em sua popularidade entre as garotas e isso não se limitou apenas às meninas, no entanto.
Quanto às relações humanas dentro da escola, não importava quem fosse, sem distinção, ele mantinha uma distância fixa entre eles.
Essa era a maneira de Takahito fazer as coisas. Passando seus dias de escola no ensino primário, fundamental e médio, ele aprendeu que isso era o melhor.
Se ele se tornasse amigo de alguém em particular, coisas problemáticas aconteceriam como, por exemplo, as pessoas pensando que era injusto ele ser amigo apenas de uma pessoa, então ficariam com ciúmes, fazendo a pessoa então exibir um desejo ambíguo de monopolizar e criando conflito de facções entre os ‘Grupo Taka-kun’ e o ‘Grupo Kizu-kun’.
Na escola primária, Takahito ainda não tinha entendido bem essas situações, então já havia passado por experiências amargas o suficiente.
Tomando isso como lição, no ensino fundamental, não importava quem fosse, ele sempre manteve uma atitude imparcial com todos, sem exceção.
O único que fugia à regra era Michiru Kamiyama, e quando Takahito respondia às pessoas falando que Michiru era ‘especial’ porque ambos eram amigos de infância, eles apenas consentiriam com um ‘é mesmo?’.
Takahito também sabia que havia pessoas que em seus corações os consideravam como ‘incompatíveis’. Por esse motivo, Michiru também sofreu bullying e foi especialmente advertido de que: “Para o seu crescimento, você deve fazer amizade com pessoas mais adequadas.”
Foi um conselho desnecessário.
Pelo que Takahito sabia, não havia outra pessoa tão sincera e sábia quanto Michiru. Nessa medida, para manter o equilíbrio, Deus havia conferido a ele um nível acima da média de falta de jeito … E da mesma forma que Takahito, seu irmão, Kizuki, tinha a mesma opinião.
No entanto, o ensino médio tinha sido relaxante porque não havia tantas brigas quanto no ensino fundamental. Se não usasse os serviços de rede social ou não entrasse em nenhum círculo online, ele poderia quase totalmente ficar fora das complicações causadas pelas relações humanas.
Também em relação aos eventos depois da escola, uma vez que continuava a usar a desculpa de ‘meus pais são rígidos quanto ao toque de recolher’, ele não era convidado para sair com tanta persistência como antes.
“Taka, você não vai mais fazer o exame simulado fora do campus?”
Michiru tocou no assunto já encerrado.
“Eu não vou.”
Julgar as coisas depois que ele mesmo as experimentasse, essa era a política de Takahito.
Mais do que outros, ele também tinha uma grande curiosidade e presunção. Era assim há muito tempo. Como seu pai havia dito, era assim desde que ele era um bebê.
Para satisfazer sua curiosidade, para ver imediatamente que tipo de coisa era, Takahito tentou fazer o exame simulado fora do campus. Como resultado, quando ele soube que estava dentro da esfera de poder entrar nas universidades altamente seletivas, e concluiu que ‘Entendo, é esse tipo de coisa’, ele não planejou fazer o exame uma segunda vez.
Para buscar uma universidade de nível um pouco mais alto, seus colegas ficaram desesperados, mas Takahito sentiu pouco apelo em tal competição.
Ou talvez ele devesse dizer, não importava o que fosse, ele não poderia ficar absorto nisso, pois não conseguia ficar animado. Sua curiosidade era grande, porém, uma vez satisfeita, logo esfriaria completamente.
Normalmente, Takahito mantinha suas notas entre as 3 primeiras do seu ano. Quando se tratava de exercícios físicos, ele era um desperdiço em relação a seu irmão gêmeo mais velho, Kizuki, mas não era como se ele fosse inferior aos humanos.
Mas então, ambos não se esforçavam seriamente, afinal se eles exibissem cem por cento do potencial que possuíam como lobisomens, as coisas se tornariam problemáticas.
Ele era o lobo que se extinguiu há mais de cem anos no Japão.
Nascido na família Jinguuji e com tal sangue fluindo em suas veias, desde que tomou consciência de seu entorno, Takahito colocou a supressão de sua verdadeira força como sua prioridade. Como tal, ele continuou a esconder seu verdadeiro eu.
Porque, se não fizesse isso, ele não poderia viver entre os humanos.
Para o bem da coexistência com os humanos, ele só poderia fazer como tal.
Isso havia sido impelido a Takahito desde a sua infância, e por meio de sua força de controle adquirida, no momento não havia nada de suspeito sobre ele, então tudo transcorria pacificamente.
Continuamente lendo com moderação a situação e não deixando as coisas peculiares escaparem, assim não houve acidentes, nem problemas.
Ele tinha tranquilidade e paz, portanto, uma vida de colégio enfadonha e monótona.
Em sua felicidade moderada, Takahito teve dias tediosos.
Dias escondendo seu verdadeiro eu, fechando seus instintos de lobo e prendendo a respiração.
(Quanto tempo vai continuar … Assim?)
Era uma pergunta cuja a resposta ele conhecia muito bem, mas que ainda veio à sua mente sem aviso prévio.
Até o final do ensino médio? Até ele se formar na universidade? E então, depois disso?
Ele não sabia, mas estava claro que continuaria a limitar o seu eu lobisomem…
Para a eternidade.
(Porcaria.)
Percebendo que havia um padrão em seu humor caindo quando ele ficou preso neste tipo de pensamentos, Takahito balançou a cabeça agitado.
Para sair do espiral de improdutividade, ele falou com Michiru, que estava ao seu lado.
“Quanto a Michiru, se for matemática e ciências, provavelmente você estará entre os 5 primeiros?”
“Bem … Eu não sei.”
Michiru falou evasivamente com uma expressão ambígua.
Se havia alguém que poderia vencer Takahito, era apenas Michiru. No entanto, para Michiru, a diferença nas disciplinas nas quais era forte e naquelas em que não ia bem era extrema, por isso, ele não se destacava nas classificações abrangentes de notas em testes da escola. Seu nível era de apenas não cair dos 30 primeiros colocados, mas se fosse por disciplinas isoladas, estava claro que ele entraria no top 5 de todo o país.
No entanto, embora Takahito o tivesse convidado na vez anterior, Michiru obstinadamente não fez o teste simulado. Ele provavelmente não queria tornar públicas as suas notas projetadas e chamar a atenção de uma maneira ruim.
Sua postura era semelhante à de Takahito, mas a razão para isso era diferente.
Michiru, que estava fraco sob extrema pressão, temia que a escola depositasse suas esperanças excessivas nele.
Porque essa academia tinha a tendência de tratar seus talentos, que produziam resultados, seja nos estudos ou nos esportes, como ‘cartazes publicitários’, e não se poderia dizer necessariamente que era um medo absurdo.
A ‘Academia Meikou’, que Takahito, seu irmão gêmeo mais velho, Kizuki, e Michiru frequentavam, era a escola particular com a história mais rica da região. A mãe de Takahito e seu tio Takao, que é um ano mais novo que sua mãe, também se formaram neste colégio. A instituição foi elogiada por suas artes literárias e militares*, a taxa de alunos avançando para universidades famosas era alta e também havia muitos alunos ativamente engajados em esportes entre escolas secundárias.
*acho que significa estudos e esportes no contexto moderno.
O curso avançado e o de esporte eram separados, mas os três frequentavam o curso avançado. No entanto, dentro dele havia a chamada classe de ‘promoção especial’ que consistia nas 30 pessoas com as melhores notas.
Kizuki, que era outro membro da classe especial, irmão gêmeo mais velho de Takahito e também amigo de infância de Michiru, voou para fora da sala de aula ao mesmo tempo que o sinal do fim do 5º período da escola tocou e então ele correu para o ginásio.
Desde o início do ensino médio, Kizuki entrou no clube de basquete. Como era natural, ele logo foi escolhido como regular e, embora fosse do primeiro ano, se tornou um ás inabalável. No entanto, ele não revelou todas as suas forças e, no máximo, mostrou cerca de metade dela.
Quando Kizuki começou suas atividades no clube, Takahito perguntou a ele: “Por quê? Existe um ponto se você não pode fazer um esforço sério?”
Em relação a isso, a resposta de Kizuki foi: “É porque é divertido jogar basquete com todos. Mesmo que eu não possa mostrar minha força total, ainda gosto de exercitar meu corpo e é divertido participar das atividades do clube com os outros.”
Nessas áreas, apesar de serem gêmeos, Takahito achava que a personalidade dele e a de seu irmão mais velho eram consideravelmente diferentes.
Provavelmente, Kizuki queria entrar em um clube esportivo há muito tempo. No entanto, desde o ensino fundamental, sua capacidade de se controlar ainda era instável, então ele não recebeu permissão de seu avô e tio-avô.
Assim que entrou no ensino médio e a proibição foi suspensa, dias repletos de basquete começaram como se ele tivesse perdido todo o controle.
Michiru, que se tornou incapaz de voltar para casa com Kizuki, parecia solitário. Como no ensino primário e fundamental sempre havia os três juntos depois da escola, não importava onde parassem, esse sentimento não era impossível de se entender.
Por isso, para que Michiru não ficasse sozinho, Takahito fez questão de que, pelo menos, os dois voltassem para casa juntos.
Takahito também tinha a opção de entrar em um clube relacionado à cultura e, na prática, foi solicitado com frequência, mas recusou todas. Se ele se envolvesse nas atividades do clube, não importava quanto tempo passassem juntos, a distância com os outros participantes apenas diminuiria.
Isso não seria desejável, afinal o próprio Takahito, ao contrário de Kizuki, não era hábil nas relações humanas.
Se ele se aproximasse de alguém, definitivamente sofreria depois…
Em sua conjectura, se ele tivesse sua outra metade, Kizuki e Michiru, já era o suficiente.
(No entanto, o fato de sermos lobisomens é um segredo até mesmo para Michiru…)
Isso não poderia ser evitado, afinal se o segredo fosse revelado, ele perderia seu único amigo próximo.
Enquanto pensava cuidadosamente sobre coisas assim, eles finalmente alcançaram a entrada. Abrindo o armário para pegar os sapatos, Takahito notou um envelope rosa colocado em cima do calçado e franziu as sobrancelhas.
Ele pensava que nos dias de hoje colocar cartas de amor em armários era considerado algo um tanto antiquado, mas como ele mesmo não divulgava seu endereço de e-mail em grande parte, provavelmente esse era o único jeito.
Esse tipo de abordagem das meninas era incessante desde os tempos de escola primária.
Apesar de continuar a rejeitá-las, não houve pausas, e com a fama de ninguém ter conseguido e de não ter sido influenciado por ninguém, ele se tornou mais famoso. Takahito, no entanto, não compreendia a mentalidade dessas meninas que o queriam.
Ele também não conseguia entender as garotas que escreviam ‘Eu realmente gosto de Taka-kun!’ apesar de não ter falado nem uma única vez com ele.
Entre seus colegas de classe também havia caras invejosos que diziam coisas como: “Não é legal, você é popular. Como esperado, a aparência é uma grande vantagem. Apenas por permanecer em silêncio, elas chamam você de coisas como ‘legal’.”
Takahito não podia avaliar objetivamente a sua própria aparência. A única coisa que poderia dizer era que ele realmente não se parecia com nenhum de seus pais, mas se fosse forçado a dizer algo, ele falaria que provavelmente se parecia com seu avô. Em contraste, Takahito sentiu que Kizuki foi feito somando parte de seus pais, em outras palavras, ele e seu gêmeo não se pareciam nem na personalidade, nem na aparência.
Ele não entendia como se apaixonar por alguém apenas pela aparência, mas, mesmo assim, cuidadosamente pegava a carta que recebia, não a deixava de lado, e seriamente respondia à pessoa.
Coisas como garotas chorando e insistindo em grudar nele … Honestamente eram muito irritantes, mas, porque seu pai havia dito que isso era a cortesia mínima de um homem, ele a adotou como sua própria regra.
Não apenas cartas, Takahito também tinha muita experiência com confissões cara a cara, mas seu coração não se comoveu nem uma única vez.
De uma forma ou de outra, provavelmente era o mesmo com Kizuki. Ele sabia disso porque não havia nenhum sinal de que ele tinha ficado íntimo de qualquer garota.
No caso deles, para começar, ambos não tinham a opção de tentar namorar alguém.
Se eles começassem a namorar, seria o ‘parceiro destinado’.
O parceiro que conhecia sua outra forma, mas, ainda assim, os aceitava.
Se fosse essa pessoa, ele provavelmente seria o parceiro com quem permaneceriam casados por toda a vida.
No entanto, esse par destinado não aparecia tão facilmente.
Sua mãe e seu tio conheceram seus companheiros de vida, seus ‘companheiros de ligação’, no colégio.
(A época de reprodução dos lobos é no inverno…)
O que Takahito quis dizer com isso é que não seria estranho para ele e Kizuki também se por acaso encontrassem seus parceiros no inverno do primeiro ano do ensino médio…
Para os dois, a temporada de acasalamento ainda não havia chegado.
Ele estava preocupado se seu desenvolvimento físico não estava muito lento, mas de acordo com seu avô, cada um tinha seu próprio tempo. Parecia que seu tio tinha amadurecido cedo, enquanto sua mãe tinha começado tarde e seu avô tinha 18 anos na época também.
(Mãe, você disse que percebeu no momento em que conheceu o pai.)
Mesmo que sua mãe tenha dito que ele ‘perceberia’ no momento em que se conhecessem, Takahito não entendeu como. Quando ele perguntou seriamente ‘Que tipo de sentimento é esse?’, sua mãe respondeu com uma expressão um pouco preocupada ao dizer: “Você não pode explicar em palavras. De qualquer forma, quando vocês se encontrarem, vão entender pelo ‘cheiro’.”
Sendo um lobisomem, seu olfato era muito desenvolvido, mas provavelmente era um tipo diferente de cheiro que sua mãe estava falando, e não o fato de que seu nariz podia cheirar coisas distantes.
“Não importa como, todo o seu corpo terá uma reação a esse ‘cheiro’.”
“Uma reação tão forte que você não será capaz de se controlar…”
Takahito não entendeu, afinal por se treinar desde a infância, se conter era seu ponto forte. Quando criança, ele se transformava apenas com o menor impulso, mas, pelo menos, desde o ensino fundamental não houve casos em que ele não fosse capaz de se controlar.
(No futuro, esse momento vai chegar para mim também?)
Ele não conseguia acreditar, mas…
“Sigh!”
Exalando com uma baforada, Takahito colocou a carta rosa em sua mochila.
“Hoje, você vai parar em algum lugar?”
“Eu quero passar na livraria.” Michiru respondeu trocando os sapatos.
“Entendido. Também tenho alguns livros que quero.” Tendo mudado para loafers*, Takahito disse a Michiru: “Vamos!”
Enquanto eles estavam na entrada, a neve ainda continuava a cair suavemente.
*um tipo se sapato, muito comum no japão.
Quando viu que a neve havia caído e se acumulado levemente no pátio da escola, e que numerosos flocos de neve brancos estavam caindo, Takahito sentiu uma coceira.
“Tão frio…” Exclamando com a voz cansada, Michiru abriu um guarda-chuva: “Eh? Taka, onde está o seu guarda-chuva?”
“Só há essa quantidade de neve, não há necessidade de usá-lo.” Dizendo isso, Takahito correu para o pátio da escola sem abrir o guarda-chuva.
A sensação da neve fria caindo em seu rosto era boa.
Ele sentiu que seu humor estava excepcionalmente elevado.
Sempre que Takahito via neve, ela trazia de volta suas memórias distantes de correr pelas montanhas nevadas pela primeira vez em sua forma de lobo.
Ele estava com uma espécie de humor que, se esta não fosse a escola, ele gostaria de correr pelo pátio da escola.
A lua estava cheia há quatro dias, então começou a minguar pouco a pouco, mas definitivamente ainda havia um gosto residual de lua cheia.
Eles eram lobisomens, então o aumento e o declínio da lua teve uma grande influência no biorritmo de seus corpos. Os humanos também eram afetados até certo ponto, mas não se comparava aos lobisomens.
Antes e depois da lua cheia, sem dormir ou descansar, por um período de vinte e quatro horas, eles foram preenchidos com força física. Esse poder parecia se intensificar especialmente no período do inverno.
Porém, por causa disso, exigia ainda mais autocontrole.
Para que não expusessem inadvertidamente seu poder anormal.
Para que, definitivamente, eles não se ‘transformassem’ na frente das pessoas.
Enquanto Takahito tentava se persuadir disso, dentro de seu coração que ninguém podia ouvir, ele gritava.
Apenas uma vez, já seria bom o suficiente, pois ele queria remover todas as algemas que o prendiam!
“Taka!”
Os ombros de Takahito estremeceram ao ouvir a voz de um homem adulto chamando seu nome. Ele se virou e seu olhar foi capturado pela visão de uma pessoa pendurada em uma janela no primeiro andar.
“Yuuki-mama … Não, Tachibana-sensei.”
No momento em que os olhares dele e do homem de óculos se encontraram, como se fosse um reflexo condicionado, seu peito se encheu de uma sensação de calor.
Quando Takahito começou a caminhar em direção ao homem de óculos, Michiru também o seguiu.
Assim que eles se aproximaram da janela completamente aberta, o homem começou a falar.
“Você está indo para casa?”
O homem com o rosto sorridente e impressionantemente gentil era Yuuki Tachibana. Ele era companheiro de Takao Jinguuji, tio materno de Takahito, e professor da Academia Meikou. Ele também foi o professor encarregado dos alunos do primeiro ano, como Takahito e os outros.
“Boa tarde, Tachibana-sensei.”
“Boa tarde Michiru-kun.” Tachibana retornou a saudação de Michiru. Poucos adultos conseguiam falar normalmente com Michiru, que tinha um medo intenso de estranhos. Isso provavelmente era porque eles se conheciam há muito tempo e também por causa da personalidade de Tachibana que não discriminava ninguém.
“Você não trouxe um guarda-chuva?”
“Sim, mas…”
“Se você tiver um, use. O que você vai fazer se pegar um resfriado?”
Takahito, que estava sendo repreendido por Tachibana, relutantemente tirou um guarda-chuva de sua mochila.
(Yuuki-mama é superprotetor como sempre.)
Até os gêmeos começarem o ensino primário, a família Gamon morava na residência dos pais de sua mãe – os Jinguuji. Quando Takahito e Kizuki nasceram, Tachibana já vivia isoladamente com seu tio, e por muito tempo continuou a viver junto com eles como se fossem membros da família.
Entre os 8 membros da grande família que consistia em seu avô e tio-avô, seu tio e seu parceiro Tachibana, seus pais e eles, os gêmeos, Takahito tinha sido especialmente ligado emocionalmente a Tachibana, e o seguia chamando, “Mamãe, mamãe.” Como ele era excessivamente apegado a Tachibana, todos ao redor aparentemente disseram que Takahito parecia o filho de Tachibana.
Para Takahito, Tachibana foi uma existência “especial” por muito tempo.
No entanto, um dia ele percebeu a realidade.
Por mais que gostasse dele, Takahito não poderia se tornar alguém especial para Tachibana.
Porque para Tachibana, a pessoa especial era seu tio.
Os dois superaram suas diferenças familiares e, como ‘companheiros’ firmemente unidos pelo destino, não se separariam por toda a vida.
Então, e o seu próprio ‘companheiro de ligação’?
Takahito começou a pensar em seu ‘parceiro destinado’ daquele dia em diante.
(Se um dia meu parceiro destinado aparecesse também, que tipo de pessoa ele seria?)
(Eu perceberia pelo ‘cheiro’ dele, como minha mãe disse?)
(Como quando minha mãe fugiu ao encontrar meu pai, quando eu conheceressa pessoa, minha vida também mudaria?)
Takahito tinha pensado ocasionalmente em seu ‘companheiro de ligação’ desde que entrou no colégio, mas nestes poucos dias o assunto esteve em sua mente com bastante frequência.
Apesar de ter acabado de pensar sobre isso, agora já estava em seus pensamentos novamente.
Enquanto pensasse em seu ‘companheiro de ligação’ destinado que estava em algum lugar neste vasto mundo, seu coração se tornaria ruidosamente perturbado.
(Onde está essa pessoa? Quando vamos nos conhecer?)
Ele queria conhecê-lo logo … Mas ainda estava com medo de encontrá-lo …
Sem saber o que fazer com suas costas coçando e o barulho de seu coração, Takahito repentinamente percebeu que Tachibana estava olhando para ele com atenção.
“… O quê?”
Com os olhos atrás das lentes, Tachibana sorria constantemente com todo o rosto.
“Nada … Eu apenas senti que recentemente seu semblante de repente se tornou bastante adulto.”
“Eu não mudei muito.”
“É mesmo?”
“Sim, é apenas a minha disposição.”
Quando Takahito respondeu, Tachibana riu um pouco.
“… Sua disposição, hein?”
Depois de ter sussurrado de forma solitária por algum motivo, como se estivesse se recompondo, Tachibana empurrou os óculos para cima com o dedo médio. Olhando para Takahito e Michiru alternadamente, ele falou como um professor.
“Há muita neve caindo. Não demorem muito e voltem para casa antes de escurecer.”
Publicado por:
- Nachan
- Tradutora de novels do inglês, espanhol, coreano e chinês. Também fiz um site com todas as novels que eu traduzo e com outras de uma amiga, tem mais lá, além do meu perfil do wattpad.
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