A Noite Em Questão - XII
BERLIAC
A luz do sol ao ultrapassar o tecido deixou o vislumbre de seus seios, não pude deixar de notar, quando naquela noite, ao fechar os olhos para dormir, senti novamente aquele calor infernal, desta vez de um modo estranho, parecia mais quente, mais cruel.
Odon, há algo sobre você que eu não compreendo, que poder você tem sobre mim? Como consegue fazer isso? Como consegue fazer com que eu tenha ereções diárias? Como você aparece nos meus sonhos, mesmo com essa face inocente não consigo desvendar o que se esconde por trás de você, talvez não seja sobre você, talvez eu seja o problema, talvez seja uma coisa da minha cabeça, eu não sei ao certo, mas eu sinto que a cada segundo vou ficando cada vez mais obcecado por você.
Eu fiz o que tinha que fazer, pedi desculpas pelo que fiz naquela noite, porém, ainda sim, eu quero sentir o seu gosto, de novo, quero sentir os seus lábios nos meus assim como da primeira vez, quero poder segurar o teu rosto, passar a mão em seus cabelos, ver os diversos cachinhos se enrolando entre os meus dedos, quero poder cheirar o seu pescoço e sentir o seu cheiro, tudo em você é tão instigante, me admira que você não tenha um corpo totalmente marcado por chupões, mordidas ou arranhões, eu não sei como o seu chefe mantém as mãos longe de você, acredito que eu não seja o único que pense assim, a forma que você fala, a forma que você anda, se movimenta, respira, tudo é tão particularmente seu, porém eu não consigo me segurar quando vejo o teu olhar, um olhar distante, quente, frio, eu não posso, como um anjo caído encara a minha pobre alma, como um servo do demônio em pessoa, um não batizado, uma pária que toda noite rasteja até a minha cama e adentra os meus pesadelos mais profanos.
Doce perversão, esta escorre pelo canto da minha boca, como o veneno de uma Fer de Lance, uma cobra venenosa, cujo uma mordida é suficientemente fatal, tento não olhar, tento ignorar porém não consigo, eu sempre me rendo, vendo seu corpo nu às margens do rio, perante a janela ou dançante ao lado de uma fogueira, maldita seja a tua carne, maldita seja tua pele, que e destaque alcança olhares, eu me pergunto se sou apenas eu quem sofre com essa tentação, me pergunto se não há mais alguém, pois no fundo eu não quero que haja, quero ser o único com este vislumbre, quero ser o único a ter este privilégio, quero ser o único em sua mente, em seu corpo e em sua alma.
Abro meus olhos, sinto aquele calor aconchegante entre as pernas, tento segurar a vontade de sorrir, droga, eu penso, eu preciso tê-lo para mim, este ômega há de ser meu, custe o quê custar.
Eu me sentei sobre a poltrona mais próxima no saguão do hotel, era de manhã, bem cedo por sinal, não haviam mais de cinco pessoas vagando, era melhor assim, não muito tempo depois tomei a decisão de sair para caminhar, precisava exercitar os meus músculos porém no momento eu estava preso aos meus pensamentos, não conseguia parar de pensar no ômega, tudo que eu queria era ir até a ala dos empregados, precisava vê-lo pelo ao menos uma vez, apenas desta maneira conseguiria então seguir o dia de pé, de fato aquilo havia tomado conta de mim, como uma doença louca, um vírus sobrenatural, impregnado ao meu ser, me fazendo desejar aquele jovem rapaz cada vez mais, eu o via em meus sonhos, mas não era o suficiente.
Comecei então a sentir o cheiro que escapava pela cozinha do saguão, o café da manhã estava sendo preparado porém eu não tinha fome, não conseguia pensar em comida quando o assunto era mais sério, essa sensação absurda se estendeu por mais dois dias.
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Esta noite me vejo entre conhecidos, há uma pequena comemoração em prol ao avanço de minha empresa, foi ideia de Petrus, disse que eu precisava me enturmar, precisava conversar com hospedes, precisava também me distanciar do caso, foi o quê ele me disse, aquilo era assunto da polícia e eu não deveria me preocupar, eu aceitei seus conselhos, deixei que organizasse a comemoração, e fiz o que devia ser feito, me distanciei, talvez eu realmente não devesse me envolver tanto em toda aquela confusão, afinal, eu estava vivendo um momento importante de minha vida, os dois homens mortos, eram homens cheios de inimigos, tinham negócios sujos, era o fim de se esperar, agora, eu, como um Alfa Dominante deveria curtis mais a minha vida, além do mais era tempo de comemoração, férias, curtição, e pelas palavras de Petrus Koch; “Tempos de imoralidades requerem pensamentos imorais, vá transar Berliac, quem sabe você consegue se livrar de toda essa tensão que esta sentindo!”
Compareceram até mesmo algumas pessoas que eu tão pouco conhecia, todos alfas, reunidos, comendo, bebendo, sorrindo e falando uma porção de asneiras do tipo que só envolvem a palavra sexo, os empregados, betas, desta forma não ouve quem pudesse de alguma forma prestar atenção, eu só olhei algumas vezes para Dankworth, mesmo que não fizesse parte de meu grupo social eu deixei que Koch a convidasse, já que eram amigos, também não queria deixar uma má impressão, em meio a isso tornei a vagar em meus pensamentos, talvez os outros estivessem se divertindo, porém, para mim era entediante, queria arrumar uma desculpa para ir embora, queria voltar ao meu quarto e dormir.
“Vou verificar se as champagnes já chegaram.” Disse dando uma desculpa e caminhando até a porta, Bogart que já estava mais do que bêbado se virou. “Tem empregados para isso.” Eu sorri educadamente, segui caminhando e então abri a porta, estávamos em um local externo, alugado apenas para a noite, ficava a alguns minutos do prédio central, olhei para a varanda, como era bela, em meio a noite com poltronas brancas cujo os tecidos pálidos reluziam em meio a escuridão, eu caminhei fechando lentamente a porta atrás de mim, deslizei até uma poltrona aonde me estabeleci.
Peguei meu celular por alguns momentos, vasculhando os contatos, eu não havia bebido uma gota se quer porém me sentia estranhamente tonto, a brisa que batia em minha face começou a me relaxar, logo desliguei o celular, tornei a encarar o horizonte, logo comecei a me lembrar dos dias passados, me lembrei de quando me desculpei com aquele ômega, me lembrei das perguntas que ele me fez, me lembrei das respostas que eu lhe dei, definitivamente nada havia ocorrido como eu planejara, tentei esconder a verdade porém ao olhar naqueles olhos, aqueles olhos que de modo peculiar transmitiam pureza, eu não me aguentei, senti que se mentisse para ele estaria me condenado a danação eterna.
Eu comecei a sentir sono, um sono indecifrável, de repente senti vontade de me deitar lá mesmo, eu pensei em fechar os olhos, apenas por um curto período de tempo, não iria durar muito, logo aquele cansaço repentino iria passar e quando passasse eu iria direto para o meu quarto, eu fechei os olhos, fechei os dois levemente, quase no automático.
Acordei no meu quarto, tinha pequenos vislumbres da noite anterior, me lembro de estar tonto, caminhando feito um bêbado, lembro de mancar até o meu quarto, abrir a porta e me jogar sobre a cama, comecei a sentir o calor subindo, desta vez pelo corpo inteiro, eram os primeiros vestígios que indicavam que logo o meu Rut iria começar.
Publicado por:

- Ambroise Houd
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𝙉𝙊𝙑𝙀𝙇 𝙋𝙇𝘼𝙔𝙇𝙄𝙎𝙏
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