A Maldição do Lobo Vermelho - Capítulo 16 - O gosto do passado
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- Capítulo 16 - O gosto do passado
— Mamãe, já se passou um ano inteiro… — a voz infantil sussurrava chorosa — sinto tanto a sua falta…
Nas mãos, o tesouro mais precioso, o último fio vermelho que restou da mecha fina que a mãe lhe deu como herança. Sabendo que não havia mais tempo antes da grande batalha, Antheia cortou uma das tranças que pendiam na lateral do rosto e confiou a criança todo o conhecimento que havia acumulado ao longo dos anos.
“Use com sabedoria, Kardia. Aprenda tudo o que não fui capaz de te ensinar em vida e não se esqueça, eu sempre estarei olhando por você, meu amor”.
As palavras de esperança ditas em um tom doce e amoroso reverberavam mais alto nos ouvidos do pequeno em noites como essa, quando a lua cheia preenchia o infinito com sua luz. Antheia amava o astro acima de todos os outros e sempre que podia contava histórias de como as asas prateadas do luar haviam lhe entregue o seu bem mais amado.
Segundo ela, não havia fôlego nas narinas do pequeno quando veio ao mundo. Era um mau presságio conceber sob a lua de sangue, mas a criança insistiu em nascer no dia do augúrio e por isso foi sentenciada à morte pelos deuses. Anthea chorou e rezou aos céus por misericórdia, ofereceu a própria vida em troca da do filho, mas nada parecia funcionar.
Estava sozinha e ao relento, as horas arrastavam-se gélidas, roubando as forças da loba debilitada. Fechou os olhos para reencontrar o filho no outro mundo, mas quando os abriu, a luz sangrenta que brilhava sobre a cabeça havia desaparecido e apenas os raios acinzentados do satélite iluminavam os olhos azuis que a fitavam silenciosos. Embalado em seu colo, o bebe se contorcia acenando para o infinito.
Essa foi a primeira e a última vez que compartilhou a visão com o pequeno, já que alguns dias depois, os Guarás foram capturados e escravizados por Tenebris.
— Mãe, o que devo fazer? — Concluiu as preparações ateando o cabelo na fogueira. — Eu não acho que vou conseguir sozinho… Estou com tanto medo…
As lágrimas escorriam pelo rosto pálido enquanto a fumaça verde cobria a visão. Talvez fosse a angústia ou quem sabe o desespero por ser a última chance de reencontrar a mãe, mas aquelas lembranças eram muito diferentes de todas as outras que havia visitado. Ao invés do rosto sorridente de Anthea, uma sombra disforme pairava ao seu redor, sussurrando palavras doces enquanto acariciava os cabelos despenteados do garoto.
— Minha pequena criança, como é bom reencontrá-lo.
— Quem é você? — Kardia perguntou assustado — Onde está minha mãe?
— Ohhh — a criatura murmurou — não ficou feliz em me ver? Por acaso não se lembra mais de mim?
Kardia tentou se mover, mas cordas invisíveis atavam seu corpo. A mãe havia lhe alertado que algumas memórias eram protegidas por armadilhas e por isso devia ter cuidado ao acessar as lembranças de desconhecidos, mas nunca imaginou que algo assim pudesse acontecer enquanto lia as páginas escritas por Antheia.
— Senhora armadilha, me chamo Kardia e sou um convidado — a voz infantil soou o mais séria que pode — minha mãe me permitiu vir até aqui, então por favor, me leve até ela.
— Ah!!! Que menino educado! — a sombra riu — Devo me lembrar de parabenizar Antheia pela ótima educação que te deu.
Um vento frio soprou os cabelos desgrenhados da criança, incomodando os olhos. Kardia piscou algumas vezes tentando enxergar, mas a paisagem ao redor estava embaçada, como se duas pinturas estivessem se sobrepondo em cima da mesma tela.
— Não tenha medo, meu pequeno. Vou te levar a um lugar especial, tem uma pessoa que deseja a muitoooo tempo reencontrá-lo.
Kardia concordou em silêncio, a criatura só podia estar falando de sua mãe e por mais assustador que fosse, era a única forma de vê-la. A sombra parecia satisfeita com a cooperação e por isso retirou as amarras, agora ele podia caminhar entre as árvores gigantescas que se erguiam como colunas ao céu.
— Onde nós estamos? — o garoto sussurrou perplexo — quando minha mãe vai chegar?
O vento soprava de leve as folhas do alto que desciam dançando em piruetas até o chão. Arbustos verdes escuros contrastavam com as flores coloridas que cercavam os troncos largos e a lua cheia preenchia todo o restante com sua luz acinzentada. Mas, ainda que o cenário fosse parecido, a floresta em que estava agora era completamente diferente daquela em que costumava caminhar com a mãe em suas memórias.
— Não viemos ver sua mãe, criança — a criatura falava despreocupada.
— Mas… você disse que… então… só podia ser…
— Bem, tem alguém que espera o seu retorno há muito mais tempo.
A sombra parecia se divertir com a confusão do garoto, pairando ao seu redor. Tudo ali era estranho, um lugar intimidador, com árvores que poderiam tocar os céus e a sensação desagradável que alguém espreitava entre as folhas. Não demorou muito até que o pequeno ficasse completamente desesperado e decidisse correr sem rumo pela grama alta. A criatura o seguia de perto, sem nenhum esforço, rindo baixinho a cada mudança de direção.
— FICA LONGE DE MIM! — Kardia berrou.
— Mas eu demorei tanto para te encontrar. — A sombra gargalhou tocando de leve nas costas do menino. — Você escapou por muito tempo do destino, minha criança, é hora das engrenagens voltarem a girar.
Apavorado, o garoto tropeçou nas raízes e caiu aos pés de um gigantesco Jequitibá-rosa. Durante alguns segundos ficou encolhido sem se mexer, esperando o toque frio da criatura, mas nada aconteceu. Ainda incerto, abriu os olhos e levantou a cabeça, parecia que havia conseguido despistá-la, era hora de sair dali.
Os joelhos arderam quando se levantou, as pernas ainda estavam trêmulas e só não caiu novamente pois conseguiu apoiar as mãos raladas no tronco áspero. Antes que recuperasse o fôlego, o garoto sentiu a árvore pulsar sob suas palmas, reagindo ao sangue que escorria dos ferimentos. Era como se um coração batesse dentro das cascas e à medida que o som descompassado ganhava força a mente ficava mais desnorteada.
Ele queria correr, mas estava completamente preso à situação, sentia que sua vida estava fluindo para a árvore e que não havia como escapar, morreria ali a qualquer momento sem ter visto a mãe pela última vez. Com o restante das forças que tinha gritou:
— MAMÃE! ME AJUDA! EU ESTOU COM MEDO!
As lágrimas escorriam incessantes pelo rosto aterrorizado, enquanto um par monstruoso de asas erguiam-se sobre as árvores. A sombra alada encobriu a lua, deixando a floresta no mais completo breu, exceto pelo brilho vicioso daqueles olhos que serpenteavam entre os arbustos, vindo em sua direção.
— Meu pobre garotinho, está tão aflito — a voz sibilou — mas não há mais o que temer, venha dar um abraço na sua mãe.
O garoto arregalou os olhos, não podia acreditar no que estava vendo. O rosto claro, os longos cabelos vermelhos enfeitados com tranças e flores brancas, as mãos gentis que se estendiam em sua direção, a figura que saia das sombras e que caminhava despreocupada com os braços abertos era mesmo sua amada mãe.
— MAMA…
Mas algo estava errado, no lugar dos olhos azuis que sempre o admiravam com carinho, um par amarelo brilhava em cobiça. A própria aura que rodeava aquela mulher era maliciosa, não precisava olhar duas vezes, aquela não era Antheia.
— QUEM É VOCÊ? O QUE FEZ COM A MINHA MÃE?
— Ah! Irritante como sempre — a voz doce se transformou — então ainda pode ver através do meu disfarce… Que chateação…
A mulher deu mais alguns passos, mas hesitou em atravessar o caminho colorido por flores brancas.
— Você está certo, não sou a sua mãe, mas posso te levar onde ela está. Apenas venha até mim.
Essa não era a mesma criatura que o perseguiu até agora, a voz peçonhenta sussurrava como uma serpente maligna que se preparava para dar o bote. Kardia tremeu sob a influência hipnotizante daqueles olhos e mesmo que os instintos gritassem sobre o perigo, o corpo era atraído pela aparência conhecida.
A mão esquerda continuava presa ao tronco mas as pernas começaram a se mover na outra direção, era como se o coração e a mente lutassem pelo controle, esticando e rasgando a alma em dois pedaços. A dor era excruciante e mesmo que chorasse e gritasse não poderia aliviá-la, tampouco alguém viria para ajudá-lo.
— Você não quer ver a sua mãe de novo? Se quiser, precisa se apressar — a voz sibilou impaciente — venha até mim agora, ou não terá outra oportunidade!
A garganta queimava em brava, mas o garoto faria qualquer coisa para terminar com o martírio que estava destroçando sua consciência. Em um urro feral suplicou:
— MAMÃE! ME FAÇA ACORDAR!
A floresta gritava sob os ventos devastadores que o ser alado produzia com o simples bater de asas. A escuridão estava preenchendo cada célula do corpo do garoto que já não conseguia ver nem mesmo a luz amarelada emitida pelos olhos hipnóticos, o fim estava próximo.
— Espero que esteja se divertindo, Caos — a voz venenosa sussurrou — mas isso não vai terminar como você deseja. Vamos continuar com esse joguinho nos meus domínios, tenho certeza que vai gostar do meu próximo lance.
As trevas tomaram conta de tudo por um segundo, até que a brisa suave preencheu novamente de ar os pulmões aflitos. A luz pálida do luar misturava-se com o calor alaranjado da pequena fogueira que crepitava à sua frente. Kardia piscou algumas vezes antes de conseguir entender, havia conseguido fugir daquelas memórias, estava finalmente a salvo.
Ainda deitado, chorou aliviado por alguns minutos antes de se esforçar para ficar de pé. O corpo todo doía, era como se tivesse sido espancado por Adamastos por ter fugido dos treinos, mas estava feliz por ter voltado para casa. Parecia que ninguém tinha notado o seu sumiço, então era melhor apagar a fogueira e voltar para a tenda das crianças antes de ser pego e repreendido.
Apesar de ter escapado daquelas lembranças o peito queimava com a dura realidade, tinha perdido a última chance de reencontrar a mãe. Depois de apagar o fogo, vasculhou as cinzas, talvez algum pedaço do fio longo poderia ter resistido às chamas, mas a sensação que alguém estava se aproximando interrompeu a busca.
— Kardia! O que está fazendo aqui? — Ílios sussurrou enquanto caminhava para mais perto — Se meu pai descobrir que saímos vai nos colocar de castigo de novo.
— Ah… é… então… — gaguejou — eu só vim ver a lua, já estava voltando.
— Então vamos!
Ílios puxou sua mão, mas os pés não se moveram, aqueles olhos viciosos o haviam encontrado e agora tinham assumido a aparência do melhor amigo.
— Vamos logo, Mirrado! — Ílios puxou impaciente. — O que você está esperando?
Mas Kardia não conseguia emitir nenhum som, o medo o havia paralizado completamente. Se aquela criatura estava ali só podia significar que ainda estava preso entre as linhas do passado.
— ME SOLTA! — Os olhos azuis estavam esbugalhados. — SAI DE PERTO DE MIM!
— Fala baixo, Kardia! O que está acontecendo com você? — Ílios sussurrou irritado.
— JÁ MANDEI ME SOLTAR! — O pequeno puxou o braço e empurrou o amigo, que caiu de bunda.
— Mais que maldição! O que você pensa que está fazendo? Ficou doido de vez?
Ílios observava sem entender enquanto Kardia andava em círculos ao redor da fogueira desfeita. Seus rosto estava completamente transtornado e com uma voz aflita repetia sem parar:
— Eu quero acordar… Eu quero acordar… O QUE EU FAÇO PARA ACORDAR?!
O pequeno tremeu no chão com os gritos do amigo, se continuasse assim Adamastos descobriria que os dois haviam desobedecido o toque de recolher e a punição não seria apenas o espancamento habitual, com toda certeza ficariam presos na solitária para refletir sobre os maus atos. De todos os castigos, esse era o que mais o assustava e por isso, iria fazer qualquer coisa para levar Kardia de volta à tenda sem fazer mais barulho.
— Agora chega! — Com um pulo se levantou e agarrou a mão trêmula do outro. — Você vai vir comigo por bem ou por mal.
— JÁ DISSE QUE NÃO! — Kardia aproveitou a proximidade para arrancar a espada que pendia na cintura do garoto. — Se você não me libertar eu juro que vou te matar!
Ílios arregalou ainda mais os olhos, não podia acreditar no que estava acontecendo. Seu melhor amigo estava completamente descontrolado e agora, por um descuido seu, estava armado também. Precisava agir depressa ou a situação sairia do controle, mas não teve muito tempo para pensar, Ánesi e Geros ouviram os gritos e agora se aproximavam cautelosos.
— Se afaste, Ílios! — Ánesi ordenou — solte a espada, querido. Venha até aqui e vamos conversar…
— VOCÊ NÃO VAI ENGANAR! NENHUM DE VOCÊS! ME DEIXEM EM PAZ!!
Kardia gritava ensandecido, girando e estocando com a lâmina. Por algum motivo não conseguia acordar daquele pesadelo e a criatura que tinha assumido a aparência de Ílios agora tentava convencê-lo usando o rosto da tia. O par de olhos amarelos havia se multiplicado e, diante do pequeno, quatro pupilas em forma de fenda sibilavam tentando confundi-lo.
— Não está nos reconhecendo, Mirrado? Sou eu, Geros, não estamos aqui para machucá-lo.
— Isso mesmo, meu pequeno. — Ánesi se aproximou devagar. — Vamos voltar para a tentar e…
Mas Kardia a interrompeu com um golpe de espada.
— NÃO CHEGUE MAIS PERTO!
Ílios correu até a mãe que segurava o braço ensanguentado:
— Mamãe! A senhora está bem? — falou desesperado.
— Não se preocupe, não foi nada — Ánesi confortou o filho.
Ílios se certificou que o corte não era profundo e então decidiu resolver a situação com as próprias mãos. Afanando a espada da mãe, saltou em direção ao amigo que continuava esbravejando e cortando o ar como um louco.
— ÍLIOS, NÃO! — Ánesi gritou.
Mas já era tarde, fagulhas incandescentes brilharam quando as lâminas se chocaram. Apesar de serem apenas crianças, os lobos treinavam exaustivamente todos os dias sob a supervisão rígida de Adamastos, os Guarás sempre estiveram em guerra com as panteras e por isso o líder iniciava os ensinamentos bélicos assim que os pequenos tinham força o suficiente para erguer uma espada.
— Temos que para-los, Geros! — Ánesi estava desesperada. — Eles vão se matar!
O ferimento não foi tão profundo, mas os dias exaustivos e as noites mal dormidas tinham minado as energias da mulher que mal conseguia ficar de pé. Geros rasgou um pedaço da túnica que vestia e enrolou o braço ensanguentado, obrigando a loba a permanecer sentada.
— Não se mexa, Ánesi. Assim só vai piorar as coisas — o velho repreendeu — Kardia está fora de si, talvez a loucura seja hereditária e…
— Não! Ele não está louco, minha irmã também não era… isso deve ser apenas o efeito colateral de alguma magia… — disse chorosa — nós precisamos fazer alguma coisa…
As crianças se digladiavam ferozes, por mais que Ílios não quisesse ferir o amigo ainda precisava defender os outros dois dos rompantes de Kardia. As espadas se cruzavam em chamas, a cada toque um barulho alto e agudo reverberava pela escuridão, mas ninguém mais veio interferir no combate.
Ambos estavam cansados e feridos, mas não iriam desistir. Kardia sentia que se abaixasse a arma perderia o restante da sanidade e também a vida. Mesmo que isso tudo fosse um sonho, não podia deixar que aquela criatura ganhasse, o problema era que realmente parecia que estava lutando contra Ílios e suas habilidades com a espada nunca foram páreo para as do amigo.
Se não podia ganhar de forma honesta, usaria os truques ladinos que havia aprendido com Dásos. Deixando a guarda aberta de propósito, ofereceu o ombro esquerdo ao inimigo que caiu na armadilha. A lâmina de Ílios perfurou acima do peito de Kardia e o som da carne sendo dilacerada o distraiu dando a oportunidade necessária para que Mirrado contra atacasse.
Girando a espada em um movimento ascendente cortou o ar mirando o pescoço do inimigo. Uma rajada de sangue salpicou o rosto pálido, mas no lugar da cabeça decepada um braço feminino pendeu frouxo, Ánesi havia conseguido livrar o filho do golpe fatal no último segundo.
— MÃAAAE!!! — Ílios gritou e chorou tentando estancar o sangramento.
Geros correu de encontro aos dois e fez o melhor que pode para conter o sangue que fluía incessante ao mesmo tempo que tentava acalmar o garoto.
— Ela vai ficar bem, fique calmo.
O líquido escarlate que manchou o rosto de Kardia pulsava sobre a mão. Tudo aquilo parecia tão real. O sangue, a sensação da carne sendo rasgada, os berros desesperados de Ílios, até mesmo o vento frio que soprava as folhas do alto das árvores, nada soava como uma ilusão, a única coisa fora de lugar eram os olhos amarelos que insistiam em persegui-lo.
— KARDIA! Seu louco maldito, eu nunca vou te perdoar! — Ílios gritava aos prantos.
— Mas… os olhos… eles… — Mirrado sussurrou ajoelhando-se no chão.
Será que estava mesmo maluco? Diziam que sua mãe havia perdido a sanidade quando deu à luz e que era possível que o filho herdasse a loucura também. Se isso fosse verdade, não apenas tinha tentado matar o melhor amigo como também havia ferido gravemente a tia que tanto amava.
O punho trêmulo apertou o cabo pegajoso da espada, o remorso e o cansaço murmuravam abominações em seus ouvidos, podia até mesmo sentir o sibilar venenoso que rastejava do pescoço até as orelhas. Precisava fugir, queria apenas acordar, faria qualquer coisa para isso.
— Eu me rendo… — sussurrou — eu vou onde quiser que eu vá… apenas… acabe com esse pesadelo.
O vento parou de soprar e as folhas que caiam permaneceram inertes, o silêncio engoliu o arfar angustiado de Ílios e uma escuridão profunda apertou a garganta de Kardia.
— Eu farei com que se esqueçam do que acabou de acontecer — a voz peçonhenta dançava em suas orelhas — mas apenas uma vida pode ser trocada por outra. Se Ánesi não morrer, alguém precisará assumir o lugar dela.
O pequeno sentiu um toque gelado e escamoso guiar a mão direita, levando o fio da espada até sua garganta.
— Se fizer isso, prometo que ela viverá e que nenhum deles se lembrará de que você tentou matar sua amada tia em um momento de insanidade.
As lágrimas escorriam do rosto infantil enquanto os olhos azuis tentavam gravar a imagem da lua pela última vez. A voz estava presa e tudo que podia fazer era direcionar os pensamentos para que alcançassem o infinito e além dele:
“Desculpe mamãe, não pude aprender tudo, nem ao menos pude escapar da loucura. Eu sinto muito por ter te desapontado”.
A dor era menor do que o frio congelante que tomava conta do corpo. O céu estava limpo e a lua cheia brilhava, mas todas as cores estavam sendo engolfadas pela escuridão, apenas o gosto enferrujado se sobrepunha ao breu, finalmente tudo havia acabado.
Publicado por:
- GSK
-
Escrevendo, desenhando, editando e fazendo mais algumas artes por ai.
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