A Arte De Saber - Capítulo 03
Jae fica indignado ao ver Fuyuki agir de tal modo. Ele já havia visto esse comportamento de vingança. Porém, nunca viu Fuyuki negar sexo a ele. Pelo contrário, Fuyuki era quem iniciava algo, na maioria das vezes, atrás de dinheiro extra.
Jae sentia a necessidade tê-lo em suas mãos, como se ele fosse um objeto, ele queria tomar o controle da situação, e ao ver Fuyuki debochar dele, o deixou ele enfurecido. Ele não conseguia se contentar em apenas ficar ali em pé olhando Fuyuki se dedar, ele queria tocá-lo, mas sabia que o mesmo não permitiria. O que quer que Fuyuki quisesse, não conseguiria. Jae queria voltar ao controle. O senso de superioridade que Jae mostrava a todos que isso não passava do medo de ser inferior a alguém.
Fuyuki está ali sentado na tampa da privada se dedando e masturbando, movendo seus dedos em uma intensidade descontrolada. Ele não queria mais ser tocado pelo chefe, não mais, mas queria fazê-lo sofrer ao olhar e não poder tocar. Também era doloroso continuar com aquela ereção. Era doloroso sentir seu corpo inteiro estremecer e esquentar e não fazer nada para se aliviar.
Ele soltava gemidos sem se conter, mordia os lábios, enfiava mais dedos, chegando a enfiar três deles. Abria cada vez mais suas pernas, deixando ele olhar o quanto ele queria. Ele via o volume no calção de Jae. Queria fazer ele enlouquecer e se arrepender pelas palavras ditas sobre sua pessoa. Ele sabia que não era uma prostituta, sabia que não era pervertido e muito menos nojento.
Sempre que Jae não estava contente com o Fuyuki, Jae dizia coisas como essas, na intenção de machucá-lo. O julgando de “putinha” por ser o passivo da relação. Dizia que só “comia” ele por ser alguém fácil, que ele iria fazer qualquer coisa por dinheiro. Fuyuki sabia que Jae era gay e não se assumia. Jae só estava mentindo para si mesmo ao dizer que era hetero, e, no fundo, ele sabia disso.
Jae saiu do cômodo. Fuyuki, sem entender nada, foi atrás. Colocou seu calção e ao chegar no quarto viu Jae mexendo no guarda roupa.
— O que você está fazendo? — Perguntou estando confuso com a situação.
— Deita na cama. — Ordenou, com um tom calmo.
— Eu não vou deitar na cama! — Sua voz soava grave e definitiva. Ok, isso já deu pra mim. Eu estou indo embora. — Ele disse pegando sua bolsa.
Jae se virou segurando o braço de Fuyuki, apertou-o.
— Eu não estou pedindo — Olhou para ele, furioso. Exalava raiva por todos os poros de seu corpo.
— E eu perguntei por acaso? — Fuyuki retribuiu o olhar que Jae lhe lançava.
— Você faz… — Tacou Fuyuki em cima da cama. — O que eu mando… — Ele amarrou as mãos de Fuyuki com uma gravata que pegou em suas gavetas. — Sem me questionar. Porque eu mando em você! — Segurou o rosto de Fuyuki. O mesmo estava relutante.
Jae foi até a gaveta e pegou uma caixa, uma caixa grande. Fuyuki não viu o conteúdo dentro da caixa, mas logo sentiu-o. Ele deu um grito desenfreado, não conseguia se conter, aquilo doía, aquilo lhe rasgava por dentro, fazia ele sangrar e ficar atordoado. Lhe dava dor e não prazer, seu sangue escorria por suas coxas, depois por seus joelhos e, finalmente, era recebido pela colcha da cama, a colcha macia. A sensação, de sentir aquilo escorrer, era horrível.
— Sim! — Ele sorriu, um sorriso de orelha a orelha — Era essa cara que eu queria ver!
Enquanto Jae se divertia com aquela situação, as lembranças obscuras de Fuyuki vieram à tona em sua mente. Como um raio que cai e traz a desordem, o estrago. E após vem o trovão, o que traz o barulho estrondoso, que faz você arrepiar dos pés à cabeça, aquele que assusta os cachorros, que os fazem latir de medo. Assim foi o jeito em que as lembranças traumáticas de Fuyuki vieram à sua mente, lhe fazendo chorar e soluçar. Mas, mesmo assim, nem isso foi capaz de fazer Jae parar.
— Para, ta do- — Suas falas foram interrompidas com seu próprio grito de desespero.
A dor era insuportável. Ele já tinha usado isso, e sabia o que Jae estava manejando com indelicadeza, em suas mãos. Pressionando em seu lugar mais fundo, seu corpo reagindo mas sua mente paralisada em seu trauma, em suas lembranças. A cada estocada ele gritava, em sua cabeça, “pare”. Ele já não sabia mais se aquelas estocadas eram do dildo, ou do próprio membro do chefe.
— Você mostra essa expressão… Mas olha o quanto sua bunda está sugando este dildo. — Ele apertava o membro de Fuyuki cada vez mais — Qual o problema? gosta de ser fodido apenas por tras? Você se acostumou desse jeito?
— Se for… Pra não ver sua… cara — Ele deu uma longa pausa antes de continuar, tentando respirar… Ou não perder a respiração — Eu prefiro… Usar uma vend- Aaaaah — Jae, furioso, pressionou mais fundo ainda dentro dele, dessa vez, enfiando seu membro enquanto o dildo ainda estava dentro do mesmo.
Jae retirou o dildo. Virou ele de costas. Penetrou-o novamente, mais fundo que antes. afogou a cabeça de Fuyuki no travesseiro, metendo mais fundo e forte a cada momento, apertando e pressionando, para baixo, suas costas. Fuyuki sentia a dor se expandir. Seus olhos inchados, suas lágrimas não escorrem mais por seu rosto, de agora em diante, elas seriam enxugadas no travesseiro que estava sendo empurrado contra seu rosto e, ao mesmo tempo, prendendo sua respiração.
Fuyuki com suas mãos atadas não podia fazer nada, além de esperar. Aquilo, em certo modo, já não doía mais. Seu corpo, infelizmente, já havia se acostumado com as estocadas violentas, suas mãos não doíam mais, mesmo estando atadas. Ainda era difícil respirar, mas agora havia uma venda em seus olhos, que não lhe poupava da escuridão, e a escuridão não lhe poupava das lembranças e sons.
— Já? — Perguntou quando Jae retirou o membro.
— Já o que? — Ele parou para ouvir Fuyuki.
— Já terminou? Eu preciso ir pra casa…
— Quem disse que você vai pra casa? Eu estou te pagando pra ficar — Disse, indignado.
— Não preciso do dinheiro. — Disse tentando manter a voz firme. — Pode me desamarrar?
Jae, depois de muita relutância com sigo mesmo, desamarrou Fuyuki como pedido. Fuyuki se limpou, pegou sua bolsa e saiu batendo a porta. Nesse momento Jae percebeu o que acabou de fazer.
O menino andou pelas ruas desertas da madrugada. Andou, por dentro, desesperadamente pedindo por ajuda, implorando para alguém lhe olhar com ternura e cuidado, implorando para alguém olhar para quem ele era, e não para suas escolhas feitas. Sua ajuda naquela madrugada seria uma garrafa de Whisky ou de Vodca, que estavam guardadas em sua casa.
Era 3 horas da madrugada, já era domingo, e ele perambulava pela rua tentando achar sua casa. Seu olhar transmitia desespero, se você olhasse atentamente. Ele chegou em sua casa, estava zonzo. Deitou na cama, e logo levantou. Pegou a primeira garrafa que viu em sua frente. Era uma garrafa de Vodca, ela seria seu consolo naquela hora.
Estava deitado virando a garrafa, pensando no passado, na sua primeira que havia sido como sua última. Pessoas diferentes, mas olhares tão iguais. Fazendo quase o mesmo estrago nele, sem nem mesmo se preocupar. Só tentando saciar um prazer momentâneo, que logo viria novamente. Iria, de novo, tomar conta do seu ser, e te machucar, quando estiver perto deles?
Essas perguntas ecoavam na mente de Fuyuki, com a bebida do lado da cama e já deitado nela, ali ele adormeceu sem hesitar. Ali estaria seguro para dormir, bêbado o suficiente para dormir sem pensar em nada, não ter preocupações, não se afogar com as próprias lágrimas, e nem ter tempo para deixá-las escorrerem.
•••
Acordou ofegante e desesperado, eram 4 da tarde. Agradeceu por ser domingo e estar de folga, tanto do trabalho quanto da escola. Com sua cabeça latejando ele levantou, tomou água, junto com o remédio, e entrou no banheiro. Fez suas necessidades, descansou no banho, raspou suas pernas, seus braços, seu corpo em geral. mesmo que não quisesse, teria que ir a boate, o dinheiro do mês poderia depender dessa pessoa que seria apresentada a ele, não sabia se seria demitido depois do que aconteceu a poucas horas atrás.
As horas se passaram e ele já esperava, sentado esperando o alarme tocar.
Ouviu o alarme tocar. Bebeu água, foi até o espelho e olhou fixamente para ele, recitou as seguintes palavras: “Eu consigo!” mas logo olhou para baixo, desabando.
Saiu de casa, pegou um táxi e foi para a boate. Ao chegar lá respirou fundo e entrou no recinto. Subiu as escadas, devagar, sentindo o peso nas costas aumentar a cada degrau que subia. A vontade de desabar ali mesmo, era grande. A vontade de desistir e simplesmente cair morto, sem se importar com o que aconteceria a seguir, pois não estaria mais ali para saber, não estaria ali para sentir nada, ele acreditava que não estaria.
Ele chegou à porta, suspirou e entrou. Ao entrar às pressas, e com o coração saindo pela boca, se deparou com um homem mais velho, pelo menos era o que parecia. Um homem mais alto. O homem estava com um terno por baixo do sobre-tudo. Ele era realmente bonito, o que agradou a Fuyuki, em certo ponto.
— Coloque isso. — Jae disse tacando uma caixa para Fuyuki, ordenando que abrisse e visse o conteúdo dentro da caixa.
Ao abrir a caixa se deparou com roupas escolares. Logo se perguntou, mas deduziu que fosse uma das fantasias desse homem à sua frente.
— Eu vou me trocar no banheiro, me espere em uma das salas. — Ele disse entrando no banheiro e se trancando lá.
Ao entrar Fuyuki respirou fundo, deslizou suas costas sobre a porta e logo sentiu o chão. Se achou vitorioso por ter conseguido passar pela primeira fase daquela noite, ainda havia mais algumas, mas achou que seria fácil suportar.
Ele saiu do banheiro e deu de cara com Jae o esperando na porta. Jae o levou até o cômodo, Fuyuki foi jogado para dentro. Quando entrou se deparou com aquelas paredes avermelhadas com um toque de preto. Uma mesa e uma cadeira, alguns instrumentos, praticados por sadomasoquistas. Estremeceu e engoliu a seco, não sabia o que tinha por vir. Tinha a sensação de que não seria algo bom…
Publicado por:
- Logan
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