Regas - Capítulo 5
“Esse já é o trigésimo! Somente neste ano, já se foram trinta Regas e nenhum resistiu ao príncipe por mais de um ano! ”
Uma voz desconhecida ecoou na sala secreta localizada nas profundezas do palácio do ministro.
“O príncipe não abre a boca e ainda se banha de sangue todos os dias! Ele está enlouquecendo e me levando junto com ele”
Ninguém disse nada, mesmo que uma criança de oito anos ficasse louca, nenhuma daquelas pessoas seriam contra a loucura do príncipe.
O fogo crepitava e iluminava o interior da sala que mostrava nitidamente as expressões das cinco pessoas sentadas ao redor da enorme mesa. A maioria deles franziu a testa e demonstrou descontentamento, que logo se tornou audível, com vozes insatisfeitas saindo das bocas de várias pessoas.
“Se a rainha tivesse sido colocada lugar dela quando foi necessário, não teríamos esse problema agora. Olha só o que ele fez!”
“Por que deveríamos discutir isso agora? Isso é passado, e além disso, de qualquer maneira, a rainha era importante. Temos que pensar no que faremos daqui em diante.
“Como podemos discutir o futuro quando o príncipe é maluco? Nem mesmo nós conseguiremos controlar um rei que não diz uma palavra e todos os dias mata pessoas aleatoriamente!”
Enquanto discutiam uns com os outros, suas vozes ficavam cada vez mais altas, até que, por fim, alguém bateu na mesa para chamar a atenção de todos.
“Calem a boca! Vamos ouvir a opinião do Duque Trudeau.”
Felizmente, funcionou e todos voltaram sua atenção para Trud, que parecia perdido em pensamentos.
“Tudo bem, por favor, me digam. O Lorde Trud não é o responsável pelas coisas terem chegado neste ponto? Por que nunca tivemos problema com isso antes, e por causa da rainha, parece que estamos perdendo o controle…”
Lentamente Trud ergueu os olhos, e falou:
“Marquês Nohox.”
Nohox, que falou enquanto se levantava, engoliu as palavras que ia dizer, quando viu o rosto do duque.
Um sorriso benevolente floresceu no rosto lorde, que era o mais jovem do recinto, mas que não podia ser desrespeitado facilmente, mesmo que todos no Coração do Rei tivesse a mesma status, independentemente do título.
“Se você quiser descobrir a razão, estou mais do que disposto em deixar o Marquês de Nohox ir pesquisar pessoalmente.”
“Hm, não, isso não será necessário…”
“Então, por favor, sente-se”
O rosto de Nohox se enrijeceu com a voz firme, que mais soou como uma ordem. Mas por fim ele se sentou, sem demonstrar seu descontentamento, afinal, não importa quão jovem fosse o duque, ele não podia ignorar o poder da família Trud. Além disso, o novo duque era mais difícil de lidar do que o anterior.
Quando Nohox se calou, a pessoa que tinha questionado anteriormente se manifestou mais uma vez.
“O que você imagina ser o problema?”
“Talvez seja um problema com os Regas criados pela família Nohox”
“Lorde Trudeau!”
Nohox mais uma vez se levantou, enfurecido, mas Trud somente o encarou com olhos ternos.
“Oh, eu me expressei mal, o problema deve ser que o marquês não consegue escolher um regas adequado”
“Isso é um ultrage! Você sabe há quanto tempo minha família cria Regas!?”
“É exatamente esse o problema”
Trud interrompeu decisivamente.
“Quantas gerações de reis já chegaram e saíram e mesmo depois de tanto tempo, os regas recebem a mesma educação de sempre, será que o seu método é de fato eficaz?”
Houve um silêncio, e era como se todos concordassem. Até que depois de um tempo, alguém perguntou o que fazer, e Trud calmamente deu uma resposta que não agradou em nada Nohox.
“Precisamos encontrar um Regas novo, um que seja completamente diferente dos que temos agora.”
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Quando Melmond voltou para casa, estava doente e não tinha nenhuma intenção de ir para o palácio imediatamente. Ainda faltavam mais alguns dias de férias, e ninguém se importaria se ele voltaria ou não, então não havia necessidade de se apressar para voltar ao trabalho, afinal, notícias inesperadas o aguardavam em casa. O rosto de sua esposa iluminado e sorridente enquanto ela corria para cumprimentar Melmond.
“Oh querido, estou grávida! Nós vamos ter um bebê. O nosso tão esperado ‘Roy’ vai nascer!”
A esposa chorou de alegria ao abraçar o pescoço de Melmond, mas ele não pode fazer nada além de ficar ali, sem expressão, a abraçando. Foi a voz de sua esposa que vibrou em seus ouvidos, mas ele só conseguia ouvir a voz de Abel ecoando em sua mente.
“As pessoas ficaram presas em um mar feito de chamas, e morreram queimadas. E ele também te viu entre essas pessoas, e você estava de mãos dadas com a sua esposa grávida e com uma criança que parecia ter cerca de dez anos”
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Pegue apenas o necessário quando for caçar. Era o algo que o professor de Abel o havia ensinado, mas mesmo com essa lição em mente, Abel hesitou. Ele olhou para cima e depois para baixo novamente, contemplando o cervo preso na armadilha, e os coelhos que já havia caçado e amarrado ao cinto. Dois coelhos poderiam fornecer comida suficiente e a venda da pele poderia render um bom dinheiro. Mas não deixava de ser um desperdício.
O cervo ficou surpreso ao ver Abel e se sacudiu, tentando soltar a pata presa na armadilha.
“Fique calmo, eu só quero te soltar, não se preocupe.
Enquanto sussurrava, ele se aproximou. Para a surpresa de Abel, o cervo que se mexia inquieto, de repente parou de se mover. No entanto, ele ainda olhava para o humano que se aproximava com os olhos repletos de medo. Abel sorriu e tentou o confortar suavemente.
“Eu só vou abrir essa armadilha. Já peguei dois coelhos hoje.”
Foi uma explicação que um cervo não poderia entender, mas ele quando olhou para Abel ajoelhado á sua frente, foi como se o medo tivesse desaparecido lentamente dos seus olhos escuros. E Abel, como se estivesse acostumado com esse tipo de coisa, soltou casualmente a armadilhas para veados. Era estranho, mas sempre foi assim, os animais pareciam não ter medo dele.
Weidel ficou surpreso na primeira vez que presenciou que os animais baixavam a guarda e se aproximavam de Abel a cada vez, mas Abel não entendia o motivo. Era normal para ele, pois era assim que as coisas eram desde jovem.
Assim que Abel soltou a armadilha, o cervo saiu correndo, mancando de uma perna. A pele da perna que ficou presa na armadilha estava descascando e sangrando, mas o cervo de alguma forma conseguiu pular e se esconder rapidamente entre as árvores. Então, ele olhou para Abel uma última vez.
“Vá, rápido!”
Abel fez alguns gestos e o cervo desapareceu nas profundezas da floresta com um farfalhar. Ele ficou ali, observando por um momento, perguntando-se se aquele cervo ficaria bem, e então se virou. Como havia terminado suas tarefas mais cedo que o previsto, ele sentia que deveria levar o mestre para dar uma volta e tomar um ar fresco.
Ao pensar nisso, seu coração se angustiou e ele começou a correr como aquele cervo que havia escapado. Depois de ficar severamente doente, e dos constantes pesadelos, o mestre já não era mais o mesmo, ele quase não falava mais, parou de brigar com ele e até mesmo parou com o treinamento para tornar de Abel um Regas.
Abel se preocupava com os pesadelos do mestre, e quase não conseguia esconder a sua ansiedade. A verdade é que ele temia pelo pior, a possibilidade de morte, o assustava. O mestre era sua única família, ele era como um pai. E por isso, mesmo que a afirmação de que o mestre havia previsto o futuro em um sonho parecesse ridícula, Abel queria acreditar que era verdade.
Era isso, se Abel levasse o mestre para tomar um pouco de ar frio, ele se sentiria melhor. No entanto, quando Abel chegou ao quarto, Weidel já estava do lado de fora. Ele havia terminado de se preparar para a viagem com uma expressão abatida, e entregou sua bagagem a Abel.
“Temos que ir para o palácio”
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