Pena e Lágrimas de Pavão - Capítulo 3
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- Capítulo 3 - A Tempestade (pt. 3)
“Porra.”
Malaquias exclamou e sem pensar muito no que havia acontecido, já estava jogado no corpo preocupado.
“Ei, ei…o que aconteceu com você? Você está bem?” Malaquias perguntava rapidamente enquanto virava o corpo inconsciente.
A Ilha Verde é uma das poucas ilhas do Segundo Piso onde se é possível notar a perceptível coexistência entre natureza e homem, e também a sua quase total ignorância sobre o restante do Piso.
Ela se localiza em algum lugar distante, sendo a única faixa de terra visível em uma extensa camada de água sem fim. Isolada, muitos de seus habitantes sequer cogitaram a existência de algo além do mar.
O que existia era a Grande Floresta das Árvores de Pilar, O Grande Mar e o Rio do Céu.
E só.
Eles poderiam ser considerados como pessoas muito acomodadas e que não costumam gostar de mudanças, sendo assim muito tradicionais e ritualísticos; se você nascesse um pescador, morreria um pescador.
E por serem quem são, muito pouco sabiam sobre o que não era comum. Por não serem pessoas curiosas, muitas delas sequer se atrevem a atravessar a Grande Floresta, permanecendo alheias ao seu redor.
As pessoas das vilas vizinhas—as únicas conhecidas— se assemelhavam bastante entre si em questão de aparência, então qualquer coisa fora do padrão já existente era extremamente raro. Muitos deles possuíam peles avermelhadas e brilhantes, raramente se incomodavam com o sol. Seus cabelos eram castanhos e ondulados; as pessoas da Vila de Pescadores tinham o costume de os mantê-los no tamanho dos ombros, mas ele já havia visto em algumas outras vilas que eles os mantêm trançados e amarrados, ou extremamente curtos.
Mas a pessoa à sua frente era extremamente diferente.
Malaquias sempre foi apontado como estranho, ele sabia que era; sua pele era tão clara que quando ficava tempo demais ao sol e sem seu chapéu, sua pele ficava rosa e começava a queimar. E seu corpo vinha sendo coberto de pelos desde muito jovem, então começou a retirar a cada dois dias sua barba que insistia em crescer.
E seu cabelo, era o que ele mais odiava. Já não bastava ser chamado de Palha ‘Queimada’, entre seus fios castanhos vários outros como fogo entupiam a cabeça do homem em cachos bagunçados.
As crianças costumavam o comparar a uma lagarta de fogo por causa de seus pelos alaranjados.
Malaquias aproximou seu rosto do outro. Para seu alívio, mesmo que fracamente, ele ainda respirava.
“De onde você veio, garoto?” Ele perguntou enquanto limpava o restante de gosma do corpo que repousava em seu colo.
No primeiro momento em que o faz-tudo observou o rapaz inconsciente ele já havia notado que não se tratava de alguém da Vila e se fosse chutar algo ele duvidaria muito ser de outras da ilha. Nada existe além do mar…talvez ele seja algum tipo de… divindade?!
Malaquias abriu a boca surpreso com sua própria suposição, se preparando mentalmente para se jogar aos chão e implorar por perdão por todos os seus insultos ao mar .
Eu não sabia, eu realmente não sabia!
Enquanto o limpava, sem querer um pouco da substância viscosa, correu em direção a sua boca.
Malaquias por reflexo quis vomitar, mas assim que percebeu seus dedos apertaram sua camiseta.
“Mel?” O doce sabor se espalhou pela boca de Malaquias, o surpreendendo. Ele nunca pensou que se tratava de mel e se perguntou o porquê do rapaz/divindade estar coberto da cabeça aos pés de tal substância.
Malaquias olhou para o rapaz/divindade, e ficou preocupado com alguns pensamentos estranhos que lhe passavam na cabeça.
Era como se de repente suas papilas gustativas tivessem se aberto para uma explosão de doçura…era como se uma estranha excitação se apossasse de seu corpo.
“Nossa…” sussurrou.
Ele sentiu sua boca salivar e seu corpo formigar.
Mesmo tentando fortemente ele não havia conseguido se conter, e levou seu dedo indicador em direção ao rosto retirando uma boa quantidade do mel, o levando a sua boca a seguir sentindo novamente a doçura.
Seus olhos acenderam e suas pupilas dilataram.
“É realmente mel!” Ele piscou ” Eu não experimento mel desde…desde…desde quando arranquei aquela colmeia quando era pequeno!”
Isso…isso é delicioso…!!
O homem esfregou os dedos nervosamente enquanto cogitava uma ideia e evitava uma ação.
“Me desculpe…eu não sou nenhum tipo de pervertido, eu só…” Sua respiração ficou pesada, e sua voz saiu ofegante. Era uma sensação estranha e Malaquias não estava gostando nenhum pouco do efeito que estava causando em si.
Involuntariamente, Malaquias estendeu a mão para a passar por completo no corpo a fim de retirar o mel, mas quando seus dedos tocaram suavemente o peito alheio ele sentiu uma forte dor em seu estômago e caiu para trás.
Ele havia acabado de receber um forte golpe; um soco vindo do corpo inconsciente.
“Ouse por suas mãos sujas em mim novamente, e não lhe restará mais mão nenhuma em seu braço, caipira de merda!”
Seus olhos se arregalaram de imediato. Ele havia acordado?
“Você me chuta e depois quer passar a mão em meu corpo inconsciente…” ele se sentou no chão, enquanto retirava com desgosto o mel de seu rosto o jogando rapidamente no chão. Ele olhou com repulsa para Malaquias, quase como se estivesse prestes a cuspir em sua cara: “…Ainda se diz não ser um pervertido. Se não é um pervertido, talvez seja um mentiroso?”
Malaquias se mantinha estático no chão tremendo pela dor, ofegante ele olhou o rapaz que se levantara, começando a vasculhar a cabana calmamente enquanto se apoiava nos poucos móveis que possuía.
“Não se preocupe, o efeito do mel irá passar rapidamente, ele é mais forte quando o que tem que acontecer acontece…”, comentou enquanto andava.
“Onde é este lugar?” Perguntou para o homem no chão, que não lhe deu nenhuma resposta. Uma expressão impaciente se apossou de seu rosto e fez com que se perguntasse se o homem talvez fosse muito burro.
Ele resolveu usar isso a seu favor.
“Você por acaso sabe como vim parar aqui? Eu não pretendo ocupar sua mente lerda com pensamentos, mas eu não consigo…me lembrar direito das coisas” um sorriso de canto comum em trapaceiros surgiu em sua face.
Esse homem parece ter gostado de mim, como não, sou muito atraente; se eu me esforçar talvez ele ceda e deixe com que me esconda aqui —seja lá onde aqui seja.
Ele olhou para a janela.
“Tenho quase certeza que cai de algum lugar…ah—” o confuso rapaz em algum momento começou a apertar fortemente sua cabeça, ficando de joelhos no chão sujo. “C-como dói…”
Ele tinha decidido que iria fingir desmaiar e se fazer de coitado a fim de instigar o lado piedoso do homem, mas não esperava que no fim sentiria dor de verdade.
Por ter sido o principal afetado pelo mel e por ter sido exposto por mais tempo a ele (e em quantidades absurdas), o efeito estava o pegando de jeito.
O que tinha que acontecer, tem que acontecer.
E foi por esse motivo e muitos outros pelo qual o rapaz havia fugido. Ele não queria ter caído, mas ser forçado a fazer esse tipo de coisa com alguém desconhecido é fora de cogitação.
Seu corpo havia começado a formigar e a esquentar. Só era necessário mais uma ação para que acontecesse, e caso não fosse possível o ato seu corpo acarretaria com as consequências.
E ele estava disposto a suportar toda a dor se isso significasse não ter que fazer.
Malaquias que estava em transe, rapidamente se levantou escorregando algumas vezes no chão.
O garoto insistia em se recusar a aceitar a ajuda de um velhote pervertido, se esquivando das mãos alheias.
“N-Não me toque, seu tarado!”
“Eu não sou tarado, já disse! Eu só estava tentando pegar…aish, eu só tô tentando te ajudar.”
“Se você quiser me ajudar, primeiro não me toq—” seu corpo estremeceu quando o homem tocou seu ombro, como se uma forte corrente passasse por si queimando onde o havia tocado.
Ele se enojou.
Tinha nojo dos costumes de seu povo.
Mesmo com a resistência do garoto, Malaquias conseguiu o colocar em sua cama assim que o rapaz caiu duro novamente em seus braços não acordando mais naquela noite e nem nas três noites que se seguiram . Sua respiração era pesada e sua pele estava esquentando.
Seja lá o que estivesse causando essa reação, Malaquias não tinha certeza se poderia ser útil.
Mas faria tudo ao seu alcance para o ajudar—e se livrar de uma provável maldição.
𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟
Enfim tomei coragem de postar este capítulo.
A primeira parte do Capítulo 2 já está escrita, mas passando por análises…haha
Deu pra notar q eles estão até que longos né? Pera…mil e poucas palavras é muito??
Publicado por:
- L.Crow
-
Minha profissão é criar mundos e imaginar pessoas vivendo neles( especialmente vivendo romances hehe).☕
Mesmo que eu seja um total fracasso nesse quesito, eu ainda tento e rascunho várias situações.💦
Então caso você encontre meu perfil, leia o que escrevo!👀
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(Verifiquem meu Wattpad, os capítulos podem acabar sendo postados lá primeiro)
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