Pena e Lágrimas de Pavão - Capítulo 1
A Tempestade (pt. 1)
Malaquias nunca havia cogitado seriamente que seu fim acabaria sendodessa forma…
Sendo odiado desde o começo ao fim de sua vida, e por uma coisa descoberta a pouco tempo foi desprezado pela única pessoa que confiou em si e que não o olhava com desprezo; agora a sua último conversa seria sobre como havia traído todo o mundo, e como o havia enganado com todas as suas mentiras até o fim.
Caindo do mais alto Céu diante do caos que o anteriormente pacífico e calmo Primeiro Piso era, ele se via diante da enorme boca da Besta que se abria mostrando a sua única forma de se redimir. Fechando os olhos e sabendo que mesmo que o que estivesse prestes a fazer agora fosse esquecido pelo mundo, ou que nunca soubessem e esquecessem de si, ele esperava que ele entendesse e que o perdoasse.
Enquanto chegava cada vez mais próximo de seu fim destinado, o mar gelado do Primeiro Piso fervia e borbulhava ao seu redor. O Alto do Céu antes intocado e firme, agora se desfazia caindo em direção à água, em grandes pedaços de gelo quente que poderiam cair sobre sua cabeça a qualquer instante.
E nessa visão caótica e apocalíptica podia se ver o último pedaço do continente que flutuava sobre o céu e sob as águas, prestes a cair e perder tudo o que um dia já foi o lar de muitos.
Em algum momento entre a morte e uma voz distante que o chamava, tudo se tornou escuridão.
E um grande clarão surgiu assim que um forte feixe de luz emitiu de seu corpo.
Antes que os eventos que trouxeram a morte de Malaquias fossem possíveis, é necessário que saibamos que tudo aconteceu em um dia quente e comum no Segundo Piso, onde os avisos de uma grande tempestade surgiram nos Céus e trouxeram para si um estranho presente.
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Eram duas horas da tarde quando Malaquias havia percebido que o horário do almoço havia passado e que ele não iria conseguir pegar nenhum peixe mesmo se quisesse pegar um.
A simples força do querer não faria com que um peixe burro surgisse e mordesse o seu anzol e também não encheria o seu estômago vazio.
Mesmo que ele tivesse o anzol, a vara e um mar enorme lhe faltava técnica e coragem para entrar no mar—coisa que ele não faria nem pago—como qualquer pescador da Vila.
A algumas horas atrás ele estava sendo instruído pelas únicas crianças da Vila que se atreviam e tinham coragem de falar com si, crianças que mesmo que tivessem seus jovens doze anos de idade em poucas horas conseguiram encher um cesto inteiro enquanto ele (vulgo adulto) se mantia a semanas com o cesto vazio.
Era uma imagem deplorável—E vergonhosa—de se ver. Um homem adulto, sentado em uma pedra segurando uma vara por estar com medo de entrar na água.
Como ele poderia viver assim? Pelos Céus, esta é uma Vila de Pescadores, como você não consegue nem pôr o pé no mar?!
E o tempo passou normalmente como sempre, e como até o mar estava calmo como se fosse a própria terra firme, o cochilo de Malaquias teria durado mais se não fosse pelo som de um trovão distante ecoando pelo seu ouvido.
E antes que pudesse lembrar de como o Sol a algumas horas atrás estava brilhando forte, viu aquele céu cinzento e sombrio que não parecia nada amigável.
Quem vivia no Segundo Piso sabia muito bem o quão comum era ter Grandes Tempestades acontecendo de tempos em tempos; assim como todos sabiam o quão grave era a situação.
Era comum que vilas e pequenas cidades distantes das Capitais e que não possuíssem a proteção da magia ou de Árvores de Pilar acabassem sumindo como um sopro, ou deixando um rastro de devastação pra trás ou sumindo completamente com tudo, quase como se nunca tivesse existido alguém vivendo por lá.
Os únicos que não conheciam o perigo que era, são somente aqueles que viveram atrás de uma dessas proteções. Essas pessoas nunca sequer chegaram a sentir uma rajada de vento em seus rostos, e quando menos esperassem, estariam esmagados por uma árvore que foi derrubada pelo vento, com um membro distante e sozinho, morrendo longe de onde deveriam estar: em casa.
E Malaquias sabia que se caso não quisesse morrer aqui e agora sendo atingido por um raio ou derrubado pelo vento em direção às pedras, teria que se abrigar o mais rápido possível.
Sua casa ficava muito longe dos Pilares, então nunca houvera tanta proteção, o melhor era se apressar.
Mas antes que seu pé tocasse direito a terra, um vento forte veio da direção do mar direto na praia, derrubando Malaquias em terra.
Malaquias que estava ocupado demais comendo areia não percebeu que acima do céu, como uma pedra que se choca em água parada, uma luz dourada caia fazendo ondas azuis brilhantes se formarem atrás de si. Sumindo na mesma rapidez em que aparecerá.
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Maquias não havia percebido quanto tempo havia passado desde que tinha sido derrubado pelo vento e também não teria tempo de contar quanto tempo se passou desde que havia acordado, e nem daria muito tempo, o caos da Tempestade estava ali.
O vento que ela trazia não era constante; sempre parando por alguns minutos e instantes para logo soprar novamente com toda sua força.
Em pouco tempo o que antes era uma linda praia com água esmeralda coberta por pedras e árvores que a rodeavam, agora era a sombra de algo um dia belo.
Todas as árvores que Malaquias conhecia muito bem e eram tão fortes que chegavam a ser uma atividade cansativa ao tentar as cortar, agora tentavam firmemente se manterem em pé contra a tempestade; algumas—sem sorte—se deram ao destino e estavam caídas para a frente, outras quebradas para trás em uma ordem perfeccionista diante da Tempestade.
Recuperando sua consciência, Malaquias se preparou para levantar e correr, mas assim que deu o impulso sentiu algo prendendo seu pé.
Monstros marinhos, bestas ferozes do fundo dos mares era algo bastante comentado em dias de Tempestade, então a primeira coisa que surgiu em sua mente era exatamente isso.
Um monstro.
E isso foi confirmado quando olhou para o que é que fosse aquilo, se enojado com aquela criatura gosmenta.
A criatura envolvia toda a extensão de sua perna em um abraço gosmento e desconhecido de perigos; seu sapato de couro, seu único par, estava agora dentro do ser que estava próximo de o engolir.
Malaquias em um impulso falho de tentar escapar da criatura, escorrega na areia, mas por sorte do destino ou infortúnio de si mesmo, a única coisa que ficou para trás foi um de seus velhos sapatos.
Com um só dos pés ainda calçados, Malaquias deixou o que é que fosse aquilo à mercê dos Céus; ele não poderia ficar ali nem mais um momento, então correu o mais rápido que podia em direção a sua cabana.
Protegido do caos dentro da proteção de madeira, o homem não havia percebido o tempo passar até que viu o céu limpo.
Publicado por:

- L.Crow
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