Paixão e Pecado - Capítulo 29
Caim está largado no sofá, encarando o teto daquele prédio abandonado, entediado e cansado de esperar. Ele deixa um longo suspiro sair e inesperadamente ouve um estrondo, o que era um ótimo sinal.
– Ele chegou. – Caim murmura para si mesmo com um sorrisinho em seu rosto e se levanta, de repente a porta se abre, se desprendendo da parede e voando até o outro lado da sala. Antes de que pudesse reagir, Lucian voa em sua direção e o agarra pelo pescoço, o jogando contra a parede.
– Onde ele está ? – ele questiona em um tom frio e ao mesmo tempo ameaçador. Caim sabia que se não dissesse a Lucian o que queria saber, iria ser torturado até dizer a verdade.
– Aqui. – ele responde parecendo tranquilo e confiante, apesar de estar ficando sem ar.
– Me diga onde! – Lucian grita e o pressiona contra a parede com mais força.
– Nada disso, Lúcifer. Se quer a resposta, vai ter que negociar comigo. – Caim ergue uma de suas sobrancelhas e espera que ele aceite, ou seu plano falharia ali.
– Fale, antes que eu arranque sua língua e o obrigue a engolir!
– Na verdade, é bem simples, Lúcifer. Você tem apenas duas opções, ou perde tempo me matando aqui e agora, enquanto o seu adorável Miguel está trancado em algum lugar desse prédio com o homem que o estuprou diversas vezes, ou vai atrás dele e me deixa sair daqui sem nenhum arranhão. Você escolhe. – ele lhe mostra um sorrisinho convencido. A escolha era óbvia e Caim sabia usar isso a seu favor.
Lucian estreita os olhos e o observa em silêncio por alguns segundos, ligando todos os pontos e prevendo seus movimentos. Sabia o que Caim queria e também sabia que aquilo era apenas uma distração. Mas nada tinha mais valor para ele do que Killian, precisava mantê-lo seguro mesmo que isso significasse perder tudo.
– Vamos lá, escolhe… – Caim o provoca.
– Está jogando um jogo perigoso, Caim. Vai se arrepender disto. – Lucian o solta e se afasta, indo em direção a saída.
– Você é quem vai se arrepender, idiota… – ele sussurra para si mesmo e some de repente, teletransportando seu corpo para algum lugar distante.
Lucian para no corredor e fecha seus olhos, respirando lentamente e tentando focar sua audição. No melhor dos casos, Killian estaria chamando por ele e isso o faria encontrá-lo.
– Vamos lá, vamos lá… – ele sussurra para si mesmo e sente uma onda de ansiedade percorrer seu corpo, o que acaba tirando seu foco. O medo incontrolável de perdê-lo novamente, de ter que segurá-lo sem vida em seus braços, enquanto a única coisa que pode fazer é lamentar e alimentar o desejo de vingança em seu coração. Aquilo o apavorava ao ponto de torná-lo fraco e vulnerável, a única coisa que podia derrubar o Rei do Inferno, era o sentimento que ele mais almejava, o amor.
– Porra… – Lucian resmunga e sente uma forte dor de cabeça, algo estava bloqueando sua busca, o que o forçava a verificar cada andar do local. Era isso o que Caim queria.
Ele então começa uma busca incessante, indo em cada andar, com a esperança de que Davis esteja divagando sobre alguma besteira e consequentemente entregue sua localização.
Ao chegar no oitavo andar, Lucian olha para aquele imenso corredor, cheio de apartamentos e percebe que está perdendo tempo, o que dá vantagem ao inimigo. Se agisse de forma impulsiva, cego pela raiva, não veria as armadilhas no caminho.
– Cães, apareçam! – ele diz em voz alta e logo depois começa a murmurar algumas palavras. Enquanto isso, uma pequena brecha entre o plano terreno e o inferno se abre, possibilitando a saída dos cães.
Ao todo, seis cães saem do portal e se sentam em frente a Lucian, esperando a ordem do seu mestre.
– Busquem o Arcanjo! – Lucian ordena e quatro, dos seis cães, se dispersam, indo em direções diferentes.
– Vocês, comigo! – ele acena com a cabeça, indicando as escadas que dão acesso aos outros andares.
_______________
– Killian, anjinhoo… – Davis cantarola enquanto caminha em direção ao local onde Killian estava preso.
Ao ouvir sua voz, ele se apavora e sabe que precisa fazer alguma coisa ou acabaria, no melhor dos cenários, sendo morto por aquele homem. Killian olha rapidamente ao redor e não há muitas coisas que possa usar para se defender. Ele nem mesmo sabia onde estava e aquele cômodo, que havia sido nitidamente modificado por alguém para ser um cativeiro, tinha apenas uma saída, uma cadeira de madeira velha e a janela no alto da parede.
– Droga… – Killian murmura, mas de repente tem uma ideia. Ele tira um pedaço de madeira das costas da cadeira e em seguida a usa para subir e alcançar a janela.
– Vamos… vamos… – ele murmura enquanto estende sua mão, tentando chegar até a janela e ao finalmente conseguir, Killian quebra uma pequena parte dela, pegando um dos cacos de vidro e o guardando dentro do bolso do seu casaco.
– Anjinho, eu vim te ver e trouxe alguns doces! – Davis fala animado ao abrir a porta de ferro e vê Killian acuado no canto do cômodo.
– Vem aqui, não seja assim, okay ? – ele sorri e entra, se aproximando devagar, mas Killian continua acuado e antes de ser pego, corre em direção a porta.
– Nada disso, garoto! – Davis vai atrás de Killian e consegue pegá-lo antes de que cruze a porta. Ele o puxa para o interior do cômodo, o afastando da saída.
– Quietinho, okay ? Sabe que não gosto de garotos barulhentos. – ele sussurra próximo ao seu ouvido e beija sua bochecha.
– Eu não quero te machucar, anjinho. – Davis sussurra novamente e desliza sua mão direita para dentro da roupa de Killian, acariciando seu abdômen.
– Não toque em mim! – Killian esbraveja e usa o caco de vidro para golpear sua perna. Davis grita ao sentir o vidro penetrar sua carne e acaba o soltando. Ele se afasta rapidamente e o observa atônito, desacreditado de que realmente havia feito aquilo.
– Seu pirralho… – ele resmunga e tira o objeto da sua perna, fazendo com que a ferida sangre ainda mais.
– Fica longe de mim, monstro! – Killian grita assustado e furioso.
– Se eu sou um monstro, então o que você é ? Não se esqueça do fez com aquele garotinho, Killian. – Davis o provoca e sorri.
– E-eu não sou como você! – ele grita novamente e começa a correr, seguindo pelo corredor escuro. Não sabia onde chegaria, mas sabia que precisava continuar correndo.
– Você também é parte disso, Killian. Você me ajudou a dar um fim nele! – o homem fala alto, se certificando de que ele ouça. E mesmo ferido, Davis vai atrás dele, caminhando com dificuldade pelo corredor e deixando um rastro de sangue por onde passava.
– Não tente negar sua culpa, dizendo que não sabia. Eu sei que você estava ciente do que estávamos fazendo! – ele o provoca novamente, esperando que o medo o faça ceder.
– Eu prometo que vou manter o nosso segredinho, então pare de correr e venha aqui! – Davis continua falando, tentando convencê-lo, mas começa a se sentir fraco. Precisava capturá-lo logo ou o perderia novamente.
Enquanto corre o mais rápido que consegue, Killian vez ou outra olha para trás, se certificando de que esteja o mais longe possível dele. Em uma dessas vezes, ele olha para trás e acaba tropeçando em algum objeto esquecido no corredor.
– Ugh… ai! – Killian murmura e sente seu tornozelo latejar. Ele olha ao redor, procurando por algum lugar para se esconder e vê um apartamento com a porta aberta, Killian rasteja em direção ao local e se esconde atrás de um velho sofá empoeirado.
Alguns minutos depois, ele ouve os passos de Davis e sente uma onda de ansiedade percorrer o seu corpo, naquele estado seria pego facilmente.
– Killian, onde você está ? – ele questiona um pouco alto, mas logo o silêncio toma conta. Agora Killian não conseguia nem mesmo ouvir os seus passos, o que o deixava mais ansioso.
– Lucian, por favor… – Killian murmura e seus olhos se enchem de lágrimas, não queria morrer ali.
– Ninguém vem te salvar, Killian! – Davis surge de repente e avança sobre Killian. Ele sobe em cima do seu corpo e usa as duas mãos para apertar seu pescoço.
– Garoto teimoso, eu te disse para ficar quieto! – ele resmunga e o segura com mais força. Killian se debate, tentando se soltar, mas acaba perdendo a força em seu corpo e apenas aceita que aquele seria o seu fim.
– Feche seus olhos, Killian. Vai ficar tudo bem. – uma voz masculina fala de forma gentil e mesmo sem saber de onde ela vinha, Killian se sentiu tranquilo e apenas relaxou. Antes de fechar seus olhos, ele vê uma silhueta atrás de Davis e sorri, sabia que era ele.
– Lucian… – Killian sussurra e fecha seus olhos. Davis o encara confuso e antes de que pudesse se virar, Lucian agarra seus braços, o erguendo no ar e literalmente partindo seu corpo ao meio, fazendo com que seus órgãos internos caiam para fora. Em seguida, joga os pedaços do seu corpo para o lado, próximo aos cachorros que aguardam ansiosos para comer.
– Comam. – ele ordena aos cães, que rapidamente começam a devorar sua carne.
– Me desculpe pela demora, Cordeirinho… – Lucian murmura ao se ajoelhar próximo a Killian e o toma em seus braços.
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