Paixão e Pecado - Capítulo 2
ATENÇÃO!!
Esse capítulo contém descrição de abuso sexual contra menores.
– Qual o seu nome ?
– Killian Edwards Anthony Lewis, senhor.
– Certo Killian, pode me dizer quando tudo começou ?
– Eu tinha dez anos quando fui com a minha família para a igreja pela primeira vez. Nós tínhamos acabado de nos mudar e como meus pais são muito religiosos, trataram de procurar uma boa igreja o mais rápido possível…
– Foi ali onde conheceu o Padre Davis ?
– Sim, quando nós o conhecemos ele foi muito gentil e atencioso, ofereceu ajuda aos meus pais e até sugeriu que eu participasse de uma espécie de escola dominical, onde as crianças e jovens passavam os finais de semana, ao invés de estarem com os seus rostos grudados na tv.
– E como era ? Todas as crianças da igreja iam também ?
– Sim, ele conseguiu convencer todos os pais, então todas as crianças estavam lá. No começo era divertido, só fazíamos coisas de criança e aprendiamos sobre a bíblia, mas depois de ganhar a nossa confiança e a dos nossos pais, ele começou a…
– Começou a fazer o quê ?
– Ele reunia as crianças em uma sala nos fundos e nos obrigava a tirar nossas roupas. Nenhum de nós entendia o que estava acontecendo, mas obedeciamos. Não queríamos deixar Deus irritado.
– E o que o Padre Davis fazia ? Apenas olhava ?
– Ele mandava a gente fechar os olhos e orar, enquanto observava e se tocava. Depois de alguns dias, começou a nos obrigar a tocar uns aos outros.
– Ele não chegou a tocar em nenhuma criança diretamente ?
– Ele tinha um preferido. Era com quem passava mais tempo.
– E quem era esse preferido ?
– Eu fui o primeiro e o único até que completei quinze anos… depois fiquei velho demais para ele, então o Padre Davis encontrou um novo preferido.
– O que acontecia quando vocês ficavam sozinhos ?
– Ele tocava minhas partes íntimas, dizia que iria pôr a semente de Deus no meu corpo e… – a gravação para de repente e Lucian traga um pouco da fumaça de seu cigarro.
– Merda… – ele suspira e esfrega o cigarro no cinzeiro, o apagando. Lucian encara a mesa por alguns segundos, sentindo seu peito ser tomado por um misto de raiva e culpa, que o fazem ter calafrios e se sentir sufocado. Queria tortura-ló, não só seu corpo, mas também sua alma, queria machuca-lo até deixa-lo miserável e sem esperanças.
Em um impulso, movido pela raiva, ele se levanta de repente e atira a mesa contra a parede do seu apartamento, tentando aliviar um pouco do sentimento ruim que faz seu sangue ferver. Lucian observa o móvel quebrado por alguns instantes, mas apenas apanha seu maço de cigarros do chão e sai do apartamento em silêncio.
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Bar Obscurity.
– Que cara de merda você tem, Lucian. – uma mulher de cabelos curtos e olhos negros como a escuridão, se aproxima do homem solitário no bar.
– Sem gracinhas, Lilith. Não é um bom dia. – ele suspira, tentando tirar aquela dolorosa e inocente voz de sua mente.
– Nunca é um bom dia para você, Lúcifer! – ela se debruça sobre o balcão e sussurra, em seguida lhe mostra um sorriso astuto e se afasta.
– Tem razão! – Lucian também sorri, mas com uma certa tristeza em seu olhar.
– Aqui, um dos seus preferidos! – Lilith lhe mostra a garrafa de um velho uísque e logo o serve com um pouco do líquido.
– Obrigado, Lili… – Lucian inclina sua cabeça para trás e bebe tudo sem cerimônia. Seria uma noite longa e nem mesmo todo o álcool, droga ou sexo daquele local o faria se sentir melhor.
– Quer conversar agora ? O bar ainda não abriu.
– Eu o achei, ou melhor, ele me achou. – Lucian fala enquanto tira um cigarro do maço, em seguida ele o acende e traga um pouco de fumaça.
– Quê ? Não brinca! Como ele é agora ? – Lilith questiona animada e curiosa.
– É lindo, como sempre… – ele sorri, se lembrando do rosto inocente de Killian.
– Ugh… mesmo depois de séculos, ainda odeio esse olhar de bobo apaixonado que você faz sempre que fala dele! – a mulher pega um copo atrás do balcão e serve uma dose para si mesma, bebendo tudo de uma vez, como Lucian.
– Alguém o machucou. – Lucian murmura com um olhar vago, mas sua voz está cheia de culpa e raiva.
– E o que vai fazer ?
– Eu ainda não sei. O desgraçado está detido na delegacia, não há muito o que possa fazer no momento.
– Então vai jogar nas regras deles ? – Lilith o provoca.
– Minha querida, você sabe que eu não sou do tipo que segue regras!
– Sim, eu sei… – ela sorri, pensando que algo divertido aconteceria logo.
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Dia seguinte, Catedral Sanctus Cedric.
Lucian caminha em direção ao altar da igreja e encontra Killian distraído enquanto limpa o local.
– Ei, garoto. – ele o chama de repente, fazendo com que Killian se assuste.
– Lu-Lucian… – ele murmura, surpreso ao vê-lo e logo suas bochechas ganham um tom avermelhado, que se estende até suas orelhas.
– Por que está aqui ? – Killian o questiona um pouco tímido.
– Tenho que resolver um assunto.
– Ah! Entendi… – ele desvia seu olhar para o chão e ao notar que está usando seu uniforme de limpeza, se apressa em tirar o avental e o deixa sobre um dos bancos próximo ao altar. Não queria parecer um bebê ou um idiota na sua frente.
– Eu acabei de fazer café, quer um pouco ?
– Claro. – Lucian ri ao vê-lo tão nervoso. Apesar de não se lembrar de quem é de verdade, ele não mudou nada.
– C-certo… – Killian caminha apressado em direção ao interior da igreja e alguns minutos depois volta trazendo duas xícaras.
– Eu coloquei um pouco de açúcar, tudo bem ? – ele fala enquanto lhe entrega uma das xícaras.
– Sim. – Lucian pega o objeto e se senta em um dos bancos, logo Killian faz o mesmo e um silêncio incômodo toma conta do ambiente.
– Qual o assunto que precisa resolver aqui ? – ele o questiona de repente enquanto encara fixamente sua xícara de café. Não queria parecer intrometido, mas estava realmente curioso.
– Eu ouvi o seu depoimento. – Lucian ignora sua pergunta, mudando de assunto. Não podia revelar o seu verdadeiro objetivo.
– Hã ? – Killian volta seu olhar para ele e o encara com os olhos arregalados.
– Foi corajoso, garoto. Não é todo mundo que faz o que você fez.
– Obrigado… – ele sorri um pouco tímido, feliz com seu elogio.
– Sr. Lucian… – uma voz feminina o chama de repente. Killian desvia sua atenção para o corredor e vê uma mulher parada próximo aos bancos da terceira fileira, que segura a alça da sua bolsa com força e parece atordoada. Após observar por alguns segundos, ele rapidamente a reconhece apesar de seu aspecto sombrio, mas se mantém em silêncio.
– Obrigado pelo café, estava ótimo. – Lucian põe a xícara sobre o banco e se levanta, caminha em direção a mulher e juntos saem da igreja, deixando Killian sozinho novamente.
– Mas você nem bebeu…
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