O Lobo e a Lua - Extra 3
– Fenrir. – Desmond o chama ao abrir a porta. Fenrir, que estava concentrado em seu exercício, desvia o olhar para a entrada.
– Senhora. – o professor se levanta ao vê-lo e se curva.
– Poderia nos deixar sozinhos ? Tem algo que eu gostaria de discutir com meu filho. – ele lhe mostra um sorriso gentil.
– Claro, com licença! – o lobo acena com a cabeça e sai rapidamente, os deixando sozinhos. Desmond fecha a porta e se aproxima de Fenrir.
– Pai. – ele se levanta e acena com a cabeça.
– Senti sua falta no café da manhã, filho.
– Eu não estava com fome… – Fenrir desvia o olhar para o lado e suas orelhas murcham.
– Sinto muito por não ter pedido sua opinião. Eu me apressei e passei dos limites.
– Está falando sério ? – ele questiona surpreso. Não esperava um pedido de desculpas.
– Claro. Não cabe a mim, ou ao seu pai escolher quando você deve se casar. Faça quando estiver pronto. – Desmond sorri e apoia sua mão direita sobre o seu peitoral, como um gesto carinhoso.
– Nós só queremos sua felicidade, e com um pouco de sorte, alguns netos! – ele ri e fica na ponta dos pés, beijando sua bochecha.
– Pai, na verdade eu… – Fenrir hesita.
– O que ?
– Tem algo que eu preciso te dizer…
– Pai! – Amara entra de repente no cômodo, o interrompendo. A garotinha que está em prantos, se agarra a calça de Desmond e pede por colo.
– Ah… querido, pode me contar depois ? – Desmond fala enquanto pega a mais nova no colo, que não para de chorar.
– Eu sinto muito, filho. – Desmond se apressa e sai, tentando acalmar a garotinha e entender o motivo do seu choro.
– Claro, sem problemas… – Fenrir força um sorriso gentil.
– Já estou acostumado. – ele murmura e seu rosto se torna inexpressivo, com um olhar vago.
_______________
Alguns dias depois.
– O que ?! – Desmond questiona irritado.
– O Jovem Príncipe não tem assistido às aulas e também não fez os exercícios que passei há alguns dias. – o professor, que está de cabeça baixa, fala um pouco assustado. Com medo de que acabe sendo culpado.
– O que aquele garoto pensa que está fazendo ? – ele murmura e bufa.
– Desmond, se acalme. – Ambrose, que estava sentado ao seu lado, fala de forma tranquila.
– Pode se retirar professor, nós vamos assumir daqui. – o lobo volta sua atenção para ele e suspira.
– Sim, senhor… – ele acena com a cabeça e sai apressado.
– Ambrose, o que vamos fazer ?
– Conversar. É a única coisa que podemos fazer. – o Rei se levanta e se aproxima, segura sua mão e beija a palma dela.
– Vai ficar tudo bem, ele é um bom menino.
– Eu sei… mas isso me preocupa! – Desmond murmura e franze o cenho. Não entendia o porquê Fenrir estava agindo daquela forma, ele sempre havia sido uma criança tranquila e um adolescente que não fazia nada para preocupá-lo.
_______________
– Pais, pediram para me ver ? – Fenrir questiona ao entrar no escritório.
– Sim, filho. Venha. – Ambrose gesticula, pedindo para que ele se aproxime. Fenrir engole seco, mas o obedece em silêncio.
– Seu professor nos disse que você não tem ido às aulas e nem feito os exercícios. O que diabos está acontecendo, Fenrir ? – Desmond o encara com um olhar irritado.
– Eu não quero me tornar Rei. – ele responde sem hesitar.
– Que bobagem é essa ? Você se preparou para isso a vida toda!
– Não, pai! Vocês me prepararam para isso a vida toda! – Fenrir esbraveja.
– Vocês nem me perguntaram se era isso o que eu queria, só me empurraram para esse caminho e me obrigaram a estudar sem descanso, enquanto todos os meus irmãos brincavam lá fora!
– Fenrir…
– Já se perguntaram alguma vez o que eu queria ? Se eu queria ficar trancado com um lobo velho e aprender sobre cada maldita lei deste país, ou sobre estratégias militares ? Eu também era uma criança, também queria sair e brincar com a Nara. – ele desabafa, falando alto e rápido, sem dar chance de ser interrompido. Ao terminar, Fenrir encara Desmond ofegante e surpreso com si mesmo.
– Filho, se não estava feliz, só precisava nos dizer. – Desmond se aproxima e toca seu rosto, se sentindo culpado por vê-lo tão magoado.
– Nós poderíamos ter diminuído seus dias de aulas, ou…
– Porra, você nunca entende! – Fenrir grita, mostrando suas presas e afasta sua mão bruscamente. Desmond se surpreende com sua atitude, mas permanece imóvel. Logo depois, o barulho da sua mão se chocando contra o rosto do lobo ecoa pelo escritório, assustando até Ambrose, que não esperava que ele reagisse daquela forma.
– Eu ainda sou a Rainha, não levante a voz para mim. – Desmond fala em um tom frio, tentando esconder a sua voz embargada, e sai do cômodo. Fenrir continua parado no mesmo lugar, com os olhos arregalados, encarando o chão, tentando processar o que havia acontecido.
Após o ocorrido, Ambrose levanta e se aproxima do Príncipe.
– Pai… – Fenrir murmura.
– Você está com a cabeça quente, tire alguns dias para descansar e pôr os pensamentos em ordem. Direi ao seu professor sobre isso.
– Sim, senhor. – ele concorda, se sentindo envergonhado das suas atitudes.
– Fico feliz que tenha desabafado, filho. Mas da próxima vez que mostrar as presas para o seu pai, irei arrancá-las com as mãos. – Ambrose murmura e o solta, seguindo em direção a saída. Fenrir sente um calafrio percorrer sua espinha e seu estômago embrulha.
– Merda…
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Ao abrir a porta do quarto, Ambrose vê Desmond sentado na cama, segura uma das mantas que Fenrir usava quando ainda era um bebê.
– Onde foi que tudo deu errado, Ambrose ? Eu me lembro de quando ele era apenas um garotinho, que vivia agarrado na barra da minha calça… – ele fala com a voz chorosa e suspira.
– Sabe que precisa se desculpar, não é ? – Ambrose questiona ao se sentar ao seu lado.
– Eu sei… – ele murmura e recosta a cabeça em seu ombro.
– Acho que nós fomos muito negligentes com ele, deveríamos ter prestado mais atenção… – Desmond suspira.
– Tem razão, ficamos tão focados em dar a ele uma boa educação e garantir que ele estivesse pronto para assumir o trono, que não vimos que nosso filho estava insatisfeito.
– E-eu deveria falar com ele! – Desmond se levanta de repente, mas Ambrose o segura pelo antebraço e o puxa em direção ao seu colo.
– Ele precisa esfriar a cabeça, dê um tempo a ele. – o lobo sussurra próximo ao seu ouvido e o abraça com força.
– Eu só quero que o meu menininho seja feliz… – Desmond murmura e se aconchega em seu colo.
– Não se preocupe, vai ficar tudo bem.
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