O Lobo e a Lua - Capítulo 44 - Fim da segunda temporada
– Ambrose! – Azael grita o seu nome enquanto caminha em direção a Sala do Trono, abrindo o caminho entre seus inimigos com apenas alguns golpes da sua espada.
– Apareça, irmão! – ele ri e crava sua espada no abdômen de um soldado.
– Estou aqui, Azael. – Ambrose fala de forma fria enquanto o aguarda sentado em seu trono, com sua espada ao lado. Azael se surpreende ao vê-lo tão tranquilo, esperava alguma expressão de raiva ou medo, mas não havia nada.
– Eu lhe disse, Ambrose. Disse que pegaria tudo de volta! – ele lhe mostra um sorrisinho e seus olhos brilham em fúria e determinação. O lobo empunha sua espada, já banhada em sangue, em direção a Ambrose e avança, mas antes de que pudesse atingi-lo o Rei agarra sua espada e se defende, empurrando Azael para longe.
– Muito lento. – ele sorri e se levanta, ergue sua espada, a levando em direção a parte posterior do seu corpo e deixando seu cotovelo a frente do seu rosto, enquanto o observa atento. Sabia o quão astuto seu irmão podia ser.
– Vou arrancar esse maldito sorriso do seu rosto! – Azael esbraveja e avança novamente. Logo os metais se chocam e os irmãos se encaram furiosos.
– Você nunca será Rei! – Ambrose murmura e sorri, o provocando.
– É o que veremos, irmão! – Azael também sorri e o empurra em direção ao solo, tentando acerta-lo logo em seguida, mas Ambrose usa seu bracelete de metal, que faz parte da sua armadura para se defender e desfere um chute em seu abdômen, que o joga para longe, o fazendo cambalear e cair de joelhos sobre o chão.
Rapidamente os irmãos se levantam e se preparam para atacar novamente, eles travam uma luta intensa enquanto soldados de ambos os lados derramam mais e mais sangue do lado de fora da sala.
Após uma longa batalha, Ambrose finalmente vê uma brecha para derrubar Azael. Ele atinge o seu braço, o fazendo grunhir de dor e recuar, o Rei o golpeia novamente, dessa vez em seu antebraço, o que faz com que seu irmão solte a espada.
– Vamos acabar logo com isso! – ele desfere um chute sobre o seu tórax e finalmente o faz cair, em seguida usa seu joelho para pressionar o seu corpo e mantê-lo no chão.
– Vai me matar ? Eu duvido! – Azael o provoca, mas recebe um soco como resposta.
– Você machucou minha família uma vez, não vou deixar que faça isso novamente! – ele fala de forma fria, mas há dor em sua voz.
– Quer saber de uma coisa, irmão ? Matar aquele filhote e ouvir os gritos da Rainha foi extremamente divertido! – ele dá risada e parece estar realmente se divertindo apenas ao se lembrar do que havia feito.
– Você é doente, Azael. Me dá nojo! – Ambrose o agarra pela armadura e soca seu rosto novamente, mas acaba se deixando levar pela raiva e continua o golpeando.
– Eu vou te matar, seu desgraçado! – ele esbraveja e não para de socar o seu rosto até que sua mão fique coberta de sangue e a sua respiração ofegante. Sentia que finalmente estava vingando a morte da sua filha.
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– Rápido, senhora! – o guarda fala enquanto abre caminho e tenta mantê-lo seguro ao mesmo tempo. Desmond segue logo atrás dele, mas de repente para e sente uma estranha onda de medo e ansiedade percorrendo o seu corpo, que o faz recuar e segurar o cabo da sua adaga com ainda mais força.
– Não posso… – ele sussurra para si mesmo e fica em um impasse. Se manter seguro ou lutar essa guerra ao lado de Ambrose ? No fundo, sabia que era um covarde e que tudo o que havia feito até aquele momento foram apenas ações desesperadas e egoístas para se manter vivo. Se meter em uma guerra era completamente diferente.
– Porra, que se foda! – Desmond saca sua adaga e corre na direção contraria sem hesitar. Queria estar lá para ele, assim como Ambrose esteve ao seu lado quando precisou. Não poderia deixa-lo agora.
– O quê ?! – o guarda se questiona surpreso ao ver a Rainha correndo para longe. Ele tenta ir atrás de Desmond, mas acaba sendo golpeado, o que o força a ficar e lutar.
– Por favor, Gaia, que não seja tarde demais! – Desmond sussurra para si mesmo enquanto corre em direção a Sala do Trono, sem se importar se acabaria sendo golpeado ou não. Só queria ir vê-lo.
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Enquanto corre em direção a Sala do Trono, Desmond se depara com o chão coberto por sangue e guerreiros mortos e outros feridos, recostados nas paredes lutando para se manterem vivos. Ao finalmente entrar no cômodo, o que realmente lhe chama a atenção é Ambrose, que está inclinado sobre o corpo do seu irmão e coberto por sangue e alguns cortes visíveis.
– Ambrose! – ele grita e corre em sua direção.
– Desmond… – o Rei volta sua atenção para ele ao ouvir sua voz e o encara confuso, era para Desmond estar em Aiyra, onde estaria seguro.
– Sai daqui, agora! – o lobo grita irritado. Sabia que seu marido era teimoso, mas nunca imaginou que ele voltaria e se colocaria em perigo.
Desmond para de repente, não por ter sido repreendido, mas por ver algo prateado na mão esquerda de Azael. Ele aponta em direção ao objeto e tenta avisar a Ambrose para tomar cuidado, mas seu corpo é tomado por medo e ansiedade, o impedindo de sequer respirar naquele instante.
De repente a adaga que Azael ganhou do seu pai, acerta o peito de Ambrose, que contrai sua mandíbula ao sentir sua carne ser perfurada e volta seu olhar para ele. Incrédulo e assustado, sabia que logo iria desmaiar e que seu irmão iria atrás do seu bem mais precioso, Desmond.
– Eu avisei, irmão… – Azael murmura com dificuldade e tira a adaga do seu peito, deixando que a ferida sangre, o que consequentemente o deixaria mais fraco.
– Vai, Desmond. Agora! – ele grita novamente e segura Azael com mais força no chão, que luta para se soltar.
– Ambrose, e-eu não… – Desmond hesita e sente seu peito apertado. Deveria ter feito algo, deveria ter corrido até ele e ter evitado isso, mas não conseguiu.
– Vai embora… – ele fala um pouco mais baixo dessa vez, estava começando a ficar fraco.
– Desista, Ambrose. Ele é meu agora. – Azael sussurra e sorri. Era só questão de tempo até ele cair. Desmond continua observando tudo imóvel, até que o barulho do vidro sendo estilhaçado o faz recuar assustado. Nara havia saltado para dentro da sala com Lyter montado em suas costas.
– Rápido, Lyter! – Ambrose usa suas últimas forças para dar a ordem.
– Vamos, senhora! – ele grita enquanto Nara avança em direção a Desmond. Lyter se inclina um pouco para o lado e o agarra pela cintura, o puxando para cima do animal.
– Não! Espera! – Desmond grita desesperado e não tira seus olhos de Ambrose.
– Me deixa ir, por favor! – ele implora com a voz embargada, mas fica cada vez mais distante de Ambrose. Enquanto sai pela porta, seus olhos encontram os dele e ambos sabem que aquela provavelmente seria a última vez que se veriam.
– Graças a Deusa… – o lobo murmura ao vê-lo sumir no corredor, então Ambrose finalmente relaxa e cai sobre Azael, que rapidamente o joga para o lado e se levanta.
– Acha mesmo que não vou conseguir o que eu quero ? Vou caçar a Rainha e torna-la minha! – ele ri e chuta o seu abdômen.
– Eu ganhei, Ambrose.
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– Me solta, Lyter! Isso é uma ordem! – ele esbraveja, mas Lyter o segura com mais força.
– Não posso fazer isso, senho… – o lobo para de repente ao ser interceptado por um grupo de soldados inimigos. Lyter saca sua espada e desce do animal.
– Sabe o que fazer, garota! – ele dá um tapinha em seu rabo e avança em direção aos lobos, abrindo caminho para Nara.
– Volta agora, Nara! – Desmond grita furioso enquanto puxa seu pelo, na esperança de fazê-la mudar de direção, mas o animal continua correndo.
– Porra! – ele esbraveja e volta seu olhar para trás. Logo uma explosão pode ser ouvida, abafando o som das espadas se chocando e os gritos dos guerreiros. Rapidamente o fogo toma conta da parte de trás do palácio e a fumaça sobe, Desmond se assusta com o barulho e observa com os olhos arregalados aquele cenário terrível de morte e destruição.
Enquanto todos estão ocupados lutando, Azael surge na sacada com algo em sua mão.
– O falso Rei, está morto! – ele grita alto o suficiente para que todos ouçam e ergue sua mão, mostrando a cabeça de Ambrose. Seus aliados vibram enquanto seus inimigos observam desacreditados.
Mesmo estando um pouco distante do palácio, Desmond pode ver com clareza a cabeça do lobo na mão de Azael. Ele fica em silêncio por alguns instantes, atônito com tudo o que havia presenciado até aquele momento, mas ao ouvir os gritos de alegria dos seus inimigos, a ficha finalmente cai. Ambrose estava morto.
As lágrimas começam a rolar pelo seu rosto e toda a sua vida passa como um filme em sua cabeça. Nunca havia sido verdadeiramente feliz ou teve amigos até chegar a Neverhand, até se casar com aquele lobo teimoso, impaciente e muitas vezes rude, que sempre o olhou com brilho nos olhos e compartilhou seu calor incontáveis vezes.
– Ambrose, você prometeu… – ele sussurra para si mesmo em meio ao choro e sente que seu sonho está destruído. Desmond se agarra ao pelo de Nara e só consegue chorar, não tinha mais forças para gritar ou reagir. Só desejava que tudo aquilo fosse um pesadelo.
Enquanto Desmond segue para Aiyra com Nara, Lyter, que estava tentando chegar até eles, volta seu olhar para trás por um momento e se choca ao ver que haviam perdido aquela batalha.
– Ambrose… – ele murmura e sente um nó se formar em sua garganta, mas logo a tentativa de um inimigo em golpear seu peito, o desperta. Lyter desvia e apenas machuca o seu braço, em troca, corta a cabeça do lobo com apenas um golpe e por mais que quisesse ficar e lutar mais, ele corre na direção de Desmond.
Perderam a batalha e o seu Rei estava morto, não havia mais nada a ser feito.
– Recuar! Recuem agora! – ele grita e logo seus homens e os da Casa Martinus começam a dispersar, indo em direção a floresta.
Lyter corre para a floresta também, saltando entre as casas e ao finalmente estar seguro no topo de uma árvore, ele observa o caos que Brenhin e o Palácio haviam se tornado e pela primeira vez desde que era apenas um filhote, ele deixa algumas lágrimas rolarem.
Naquela noite a Casa Martinus perdeu guerreiros jovens e promissores. Neverhand perdeu o seu líder e Desmond perdeu o seu marido. O Distrito foi tomado por cinzas, dor e sangue, dando um ar sombrio e melancólico ao local.
Naquela noite não houve chance e nem vitória, somente perdas, que ficariam marcadas para sempre na memória de todos.
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