O fado de Ewan - Capítulo 3: Longa história
O momento finalmente havia chegado. Eoin saíra de fininho antes do sol nascer para encontrar o seu amado, deixando apenas uma carta no travesseiro. Contudo, por algum motivo a cavalgada parecia mais longa do que o imaginado e o medo de não encontrar o castelo se alastrou pelo coração do príncipe.
— Isso não pode estar acontecendo de novo…
Quando o seu cavalo se recusou a continuar devido à sede e o cansaço, o príncipe foi obrigado a fazer uma pausa.
— Me desculpa amigão.
Mais algumas horas se passaram depois de retomar a cavalgada, todavia, tudo o que se dava para ver eram árvores e mais árvores.
— Eu não entendo… — Suspirou confuso.
Quando o sol estava prestes a se pôr, o desespero se alastrou.
— Por favor, deuses! — Orou tentando conter as lágrimas ao segurar o medalhão de Ewan.
Como se ouvissem o seu pedido, ele finalmente captou no horizonte um vislumbre da torre do castelo e transbordou de alegria ao perceber que estava indo na direção correta.
— Obrigado! Os deuses sejam louvados!
Ao adentrar o palácio em ruínas naquele início de noite, hesitou por uns instantes, não querendo soar afobado como de costume. Só então, o príncipe prosseguiu.
(Batida na porta)
Após um momento de pausa, a porta foi aberta.
— Até que enfim, aprendeu a bater, Eoin.
Rubor dominou o rosto do príncipe com tal comentário. O mesmo, não conseguia esconder o estado de êxtase no qual se encontrava em poder finalmente rever o sorriso que tanto o cativava.
(Pigarreio)
— Hã, oi. Hehe… posso entrar? — Perguntou meio sem jeito.
— Hum! — Permitiu, o jovem, com um aceno de cabeça.
A alegria em rever seu amor foi sobrepujada pela tremenda surpresa ao vê-lo se perfilar para lhe dar passagem, com uma mão na barriga avantajada cujas vestes não conseguiam esconder.
— Ewan… Você-
As palavras morreram em sua boca. Era uma possibilidade impensável e ele não queria soar rude caso o amado tivesse apenas engordado. Enquanto ele escolhia com cautela as palavras que iria dizer a seguir, foi convidado a entrar mais uma vez.
— Você não vai entrar?
— Ah, s-sim. Me desculpa.
Com muita cautela, o príncipe foi chegando mais perto.
— Ganhar peso te deixou ainda mais bonito. — Disse desconcertado.
Apesar de não saber como expressar direito em palavras, ele queria garantir ao amado que suas palavras eram verdadeiras, então, ao não obter nenhuma resposta, insistiu novamente com firmeza total na voz.
— Eu falei sério. Você realmente está tão lindo quanto antes.
— Seu bobo. Não é gordura… — Responder baixinho desviando o rosto corado.
Sem adicionar mais nada à fala, Ewan puxou pela bainha da túnica em direção à cama, o príncipe que se encontrava perplexo com a constatação da realidade. Alguns longos segundos se passaram enquanto o príncipe fitava intensamente o ventre do rapaz.
— Você pode tocar se quiser. — Incentivou.
Muito hesitante, o infante custou a se mover. Era uma situação incrivelmente surreal.
— Como isso é possível? — Respondeu sem conseguir tirar os olhos da enorme protuberância.
— É uma longa história…
— Tenho muito tempo livre. — Disse com firmeza, antes de voltar a olhar fixo para o milagre presente à sua frente.
— Há quase um milénio atrás, todo o continente era terra firme. Aqui era a capital do maior império já conhecido e a vasta ramificação dominava todos os reinos nos arredores.
De fato, condizia com as descobertas feitas na biblioteca real.
— Em dado momento, o jovem imperador da época, que tinha tido apenas uma filha, se tornou impotente devido a um acidente. Sem um herdeiro homem para assumir o trono, ele preparou um campeonato com uma série de desafios para selecionar o melhor candidato do império para desposar sua primogênita e se tornar o futuro imperador em seu lugar.
Finalmente Eoin teve coragem para acariciar a barriga inquieta.
— Nesse torneio, apenas os mais belos e de família nobre tinham permissão para participarem, devido à exigência da própria princesa. Um jovem guerreiro que sempre fora apaixonado por ela em segredo, escondeu suas origens e venceu a disputa com magnificência.
Ewan pausou a história por um instante apenas para admirar seu amado que parecia encantado com o ser saltitante em seu ventre.
— E então? — Reafirmou estar prestando atenção no relato.
— O rei estava muito feliz com o resultado, já que nunca vira alguém com tamanha excelência em todas as áreas. Contudo, antes que o homem pudesse reivindicar o seu prêmio, ele foi desclassificado ao ter a sua origem humilde revelada. A princesa indignada, debochou da sua audácia dizendo que não queria um ‘porco nojento’ como parceiro e o expulsou a pedradas, da capital.
Eoin olhou em choque para o amado. Como se não conseguisse acreditar no que acabara de ouvir.
— Inconformado com a injustiça, ele buscou o auxílio de um deus pagão para se vingar de toda a nobreza independentemente se pertencessem à linhagem da princesa ou não. E assim, os frutos da realeza foram sendo consumidos ainda nos ventres das nobres damas. O que fez com que as ramificações fossem se extinguindo completamente em poucas décadas. Restando da linhagem real, apenas a imperatriz e seu consorte já muito idosos.
— Rabanetes! Não sei qual dos dois é pior… condenar tantos inocentes por conta de uma pessoa tão mesquinha, não é amor. É obsessão!
— Hum, talvez… De qualquer forma, a imperatriz e seu marido abandonaram suas crenças anteriores e fizeram um acordo com a deusa da fertilidade para que fossem agraciados com uma criança saudável. Em troca de se manterem fieis a ela, toda a sua prole seria abençoada com a possibilidade de conceber, independentemente do sexo.
Ele já sabia que o rapaz deveria pertencer a antiga linhagem imperial devido às suas pesquisas e agora ele compreendia como era possível que o fruto de sua semente tivesse vingado no corpo de um homem.
— E assim, a imperatriz deu à luz a gêmeos aos 72 anos.
— 72???! — Abismado, pôs rapidamente as mãos na boca na tentativa de abafar o grito que já havia escapulido.
O príncipe falara tão alto devido a surpresa, que fez o útero do jovem se contrair lhe causando um pouco de dor.
— Ái… — Choramingou.
— Desculpa. N-não foi minha intenção! — Disse acariciando a barriga do amado para apaziguar a criança em seu ventre. — Shhh… O papai te assustou, né? Me desculpa.
Ewan estava claramente emocionado com a cena e lágrimas de emoção começaram a surgir em seus olhos. As quais foram limpadas por Eoin imediatamente.
— Estamos bem. Não se preocupe. Veja! — Indicou o lugar exato onde o movimento fetal era mais intenso.
O bebê chutava vigorosamente. Fazendo aquele sorriso lindo iluminar as feições do jovem novamente.
— Não dói? Ele parece muito forte… deve ter puxado a mim! — Afirmou com orgulho. — Rabanetes, nem acredito que vou ser pai! — Alegou sorridente.
— Haha, geralmente não sinto dor. E normalmente, ele se mantém ativo apenas durante o dia.
Sem se aguentar de curiosidade, o príncipe interrompeu aquela bela cena com a pergunta que não queria calar.
— Se você sabia que poderia engravidar, porque não me disse? Não! Por que me impediu de ficar ao seu lado? — Indagou seriamente. — Eu fico louco só de imaginar o quão difícil deve ter sido para você aqui sozinho…
— Você vai entender quando eu terminar de contar a história.
— Certo… — Encarou intrigado.
Ele teria que aguardar um pouco mais até as peças se encaixarem. A história definitivamente era gigantesca, mas, ele podia esperar. A alegria de estar com seu amado novamente e descobrir que agora havia um laço inquebrável entre os dois, apaziguava a sua mente hiperativa.
— Enfim, após o pacto ser selado, eles instalaram o culto à deusa como tarefa diária obrigatória. Como parte do acordo, todos os equinos foram libertados e rotulados como animais sagrados. Impossibilitando que os mesmos fossem usados na guerra, no labor, ou qualquer outra coisa. Isso causou uma grande revolta no reino. Muitos aldeões foram embora já que os animais eram essenciais no plantio e tarefas diárias e sem eles, tornava tudo muito difícil.
— Todos tinham o direito de ir e vir?
— Uhum! O império só passou a ter escravos muito tempo depois, quando se viram quase sem mão de obra e com risco de perderem o domínio.
— Rabanetes! Isso é algo que eu sempre quis implementar no reino. Todos livres vivendo sem rótulos… — Comentou sonhadoramente.
Vendo como aqueles olhos brilharam em empolgação, Ewan se emocionou.
— Você será um grande rei. Posso afirmar isso.
O príncipe abaixou a cabeça em silêncio. Não queria estragar o momento dizendo que fugiu abrindo mão de tudo ao mesmo tempo que se perguntava que sensação era aquela que o estava deixando inquieto.
— Continuando a história… aos 83 anos, devido à recente morte do imperador, a imperatriz começou a procurar desesperadamente casamento para seus filhos com herdeiros de reinos distantes já que os reinos afiliados eram governados por sangue sujo devido a decadência da linhagem nobre. Todavia, a comoção que causou aquela nova fé, havia chegado muito longe, resultando na rejeição de todos os pedidos.
— E ela não podia escolher um camponês do império?
— A antiga imperatriz era muito… orgulhosa. Para ela, o sangue valia mais do que a pedra preciosa mais valiosa do mundo.
— …
— Quando os boatos da rejeição total se espalharam, ficou claro para todos que a linhagem real não detinha mais o mesmo poder de antes e os reinos afiliados começaram a se rebelar para se tornarem independentes. Foi assim, que ela teve a ideia de casar seus filhos e aplicar a regra da consanguinidade.
Para alguém que nunca se importou com hierarquia, aquilo por si só fazia o sangue nas veias do príncipe ferverem. Mas o que fez os ouvidos de sua alteza quase sangrarem foi saber que ao longo das eras, um irmão fora obrigado a se casar com o outro por capricho de seus progenitores.
— Continua, por favor. — Pediu ao deitar a cabeça no ombro do moço para se acalmar.
— Bem, quando chegou na geração dos meus pais, a situação se complicou. Pouco antes do casamento, minha tia faleceu ao ser picada por uma abelha, ao qual era muito alérgica e meus avós precisaram ter um outro filho. Meu tio, que era 19 anos mais velho, se tornou muito possessivo pois temia que algo do tipo acontecesse novamente. Ele era muito obcecado pelo trono e para a sua infelicidade, papa era do tipo indomável e vivia desafiando seu noivo. Para piorar, acabou se apaixonando por um guarda real, mesmo sendo proibido em prol da lei da consanguinidade.
— Algo me diz que você deve ter puxado o seu papa.
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N/A: Papa – Uke / Pai – Seme
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— Haha, não sei dizer já que nunca tive ninguém com quem interagir antes… — Falou cutucando a bochecha enquanto desviava o olhar.
— O seu sorriso é a coisa mais linda que eu já vi.
O infante não perdia uma oportunidade de elogiar a beldade, já que amava vê-lo ruborizar.
— Ahem! — Pigarreou. — Voltando para a história! Na nossa crença, o cabelo representa a nossa honra e meu tio ao descobrir sobre o amor dos dois, ficou completamente ensandecido. Pediu a cabeça de meu pai e cortou as madeixas de papa. Ele as deu para uma bruxa usá-las no selamento deste quarto que somente ele teria acesso e assim, tentou consumar a união a força.
Sua alteza olhou tristemente para a cama na qual estava sentado, como se visualizasse a cena acontecendo naquele momento. O mesmo lugar que servira de berço para suas memórias preciosas com a sua paixão, havia também sido o local de um ato tão repugnante. A raiva que raramente vinha à tona, ascendeu.
— Que filho da-
— Entretanto! — O jovem interveio apressadamente selando os lábios do príncipe com sua mão ao continuar a história, para evitar que o bebê em seu ventre ouvisse palavras feias. — Papa conseguiu ferir um dos olhos de meu tio com seu brasão e impedir o abuso. — Afirmou abaixando a mão que havia esfriado rapidamente o vulcão que estivera prestes a explodir, com apenas um toque. — Confessando também que já se encontrava grávido de mim.
— Que alívio… E o que aconteceu depois que o seu tio perdeu a oportunidade que ele tanto almejava de governar?
— Meus avós já não podiam ter mais filhos e mesmo que tivessem, titio seria velho demais quando a criança chegasse na idade adulta. Isso o enfureceu ao ponto de procurar a rainha fantasma em busca de vingança. Se ele não pudesse reinar, ninguém mais reinaria. — Suspirou tristemente ao som da palavra vingança aparecendo mais uma vez. — A capital então, amanheceu coberta de símbolos estranhos e logo, uma revoada de corvos começou a se instalar como uma praga.
A menção de símbolos, o lembrou do jovem príncipe que um dia havia se maravilhado com tais desenhos esquisitos.
— Em questão de dias, todos começaram a morrer. Desde pessoas até animais. Restando apenas meu papa no local já que nunca havia conseguido sair deste lugar por conta do feitiço que o selara aqui.
O príncipe tinha muitas perguntas internamente, mas, por algum motivo, tinha medo das respostas, então, ficou em silêncio até tomar coragem para confessar o óbvio.
— E onde está o seu papa? Tá tudo tão confuso pra mim…
— A bruxa que aprisionara meu papa, o procurou numa noite explicando que o acordo havia sido finalizado já que não havia mais nenhum outro ser vivo na capital. E que ela poderia desfazer a magia e libertá-lo. Porém, o círculo mágico no chão fazia com que o quarto todo parasse no tempo. Aqui, ele esteve a salvo não só da maldição que se alastrou pelo reino, como também, da fome e de qualquer outra necessidade básica. Além de não envelhecer, enquanto eu me desenvolvia saudavelmente.
Tum-dum, tum-dum. Conforme as peças se encaixavam, o coração de Eoin começou a bater mais forte o deixando cada vez mais angustiado sem ter certeza ainda do motivo.
— Não sei se estou preparado para ouvir isso, mas… — Hesitou. — O que aconteceria se seu papa saísse deste quarto depois de ter ficado aqui por tantos dias sem comer, beber ou dormir?
— O tempo cobraria o seu preço. — Olhou para os próprios pés tristemente. — Faria com que meu papa sentisse, de uma vez só, tudo o que não sentiu antes. Não havia garantias de que eu conseguisse sobreviver já que eu era um feto ainda não estabilizado e o choque seria imenso.
— Então, seu papa optou por ficar e te proteger… — Concluiu.
Eoin esfregou as têmporas. Sua cabeça girava sem parar enquanto tentava absorver tudo o que ouvira.
— Sim… mas houve duas coisas que a bruxa não contou naquela época.
— Ainda tem mais?!
— Eu disse que a história era longa… — Forçou um sorriso.
— T-tá. Continua, então.
— A primeira é que como este lugar fora selado com o cabelo de meu papa, sendo assim, somente ele teria tais benefícios. Poucos dias depois do meu nascimento, eu parei de respirar por alguns minutos e minhas madeixas negras ficaram completamente brancas. Desesperado, meu papa suplicou em lágrimas até que a bruxa foi até ele novamente e ofereceu um acordo. Meu papa deveria entregar a sua alma para que eu pudesse continuar vivo e ele não hesitou em aceitar.
Nessa altura, o príncipe já se perguntava se ainda sabia como respirar.
— Antes de ceifar a vida de meu papa, a bruxa lhe concedeu um último desejo, deixando todas as suas memórias neste brasão. — Passou a mão delicadamente no colar que o príncipe agora ostentava em seu peito. — Para que eu me lembrasse dele, do meu pai e de como a vingança causou a ruína da nossa família.
— H-há quanto tempo exatamente… você está aqui? — Questionou tentando manter a voz firme.
O príncipe tremia ao se agarrar aos lençóis da cama. Levantou a cabeça em direção ao teto ansioso pela resposta que ele já suspeitava, mas se recusava a acreditar.
— Há muito tempo…
Sua alteza fechou os olhos fortemente ao ouvir a resposta e lágrimas começaram a escorrer sem parar. Era preferível uma doce ilusão do que a realidade do que estava por vir. Assim, se muniu de esperança.
— Não tem problema. Eu sempre achei pessoas mais velhas, muito mais charmosas! Eu… eu já abri mão do meu trono. Vou me mudar pra cá e podemos viver todos juntos normalmente. Eu, você e nosso filho. Eu vou-
— Eoin. — Interrompeu com uma voz firme diferente do habitual.
— Já está tudo decidido! Não precisa se preocupar em não poder sair daqui. Eu vou trazer o mundo até você! Vou desenhá-lo com minhas próprias mãos se for necessário, vou te trazer muito presentes de outros reinos…
— Eoin! — Disse mais uma vez com um tom ainda mais rígido.
Segurando os ombros do jovem desesperadamente, ele teimava em se iludir.
— Podemos fazer acontecer! Vou encher este lugar de pessoas ou podemos ser só nós três. Adeus, tédio! Vai dar cert-
— Príncipe Eoin da casa de Gradaigh! — Exclamou de uma maneira tão séria que fez o infante sentir gelo percorrer suas veias.
Suprimindo as lágrimas, o príncipe engoliu seco entre soluços.
— Não… — Implorou com um olhar que clamava piedade.
O jovem então, tocou uma mecha de cabelo do amado que antes era castanho, mas que agora estava completamente branca e prosseguiu em um tom de voz doce e sereno.
— Para de se enganar… você já deve ter percebido.
— N-não. Eu… — Balançou a cabeça negativamente enquanto liberava os ombros de seu aperto.
— Enquanto o meu tempo está parado, o de todos que entram neste lugar, acelera. — Afirmou com um sorriso triste nos lábios ao limpar uma lágrima do amado.
Publicado por:
- @autorayani
-
Ilustradora, escritora e fujoshi de carteirinha 💋
Estive muito doente nos últimos meses devido a uma anemia severa, por isso as obras andavam paradas. Mil desculpas mesmo! Estou me tratando direitinho e tenho melhorado cada vez mais. Estou me reorganizando e pondo em prática alguns planos que eu tinha para o futuro. Tenham um pouquinho mais de paciência comigo. Aos poucos irei finalizar cada uma das minhas obras e postar outras novas também.
Obrigada a todos que não desistiram e continuam comigo. Amo vocês! ❤️
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