Nosso Amor Manchado por Sangue - Capítulo 20
Cinco anos depois.
Percival desce as escadas com cuidado, segurando um candelabro para iluminar seu caminho, ao chegar no porão ele aproxima o objeto da cela, mas não consegue ver Octavian. O vampiro se surpreende, se perguntando para onde ele poderia ter ido, e rapidamente abre o portão da cela.
– Octavian! – Percival grita seu nome e entra. No mesmo instante, o que parece ser algum tipo de monstro, salta sobre ele o derrubando no chão. Suas mãos avançam em direção ao pescoço do vampiro e o seguram com força.
– Ugh…! – ele grunhe, ainda um pouco atordoado pela queda, e agarra os pulsos da criatura na tentativa de detê-lo, ao mesmo tempo em que tenta identificá-lo.
– Onde… onde ela está ? – a voz fraca e rouca o questiona, enquanto segura o seu pescoço com mais força. Percival não entende de imediato, mas logo acaba se dando conta de que aquela coisa, na verdade, era Octavian.
Ele estava muito magro, algo que Percival só havia visto em lugares de extrema pobreza, onde as crianças e adultos viviam à margem da sociedade. A fina camada de pele que recobria os seus ossos, dava-lhe um aspecto mumificado e moribundo.
Além disso, a sua aparência que costumava ser sempre limpa e elegante, agora estava manchada com sujeira e um odor extremamente desagradável.
– Octavian… – Percival murmura com dificuldade e franze o cenho, triste pela situação do seu amigo.
– E-eu sinto muito… – ele murmura novamente e tomado pela culpa, decide não lutar mais. Se Octavian queria vingança, teria.
– N-não… – Octavian balbucia e se afasta de repente, como se estivesse assustado com algo, e volta para dentro da cela, se encolhendo em um canto. Percival fica surpreso, mas por dentro está feliz de não ter morrido ali.
Ele se levanta e entra devagar na cela, logo um cheiro fétido invade suas narinas, o forçando a cobrir o nariz e a boca com o lenço que tinha em seu bolso.
– Ngh… Octavian ? – Percival o chama ao se aproximar e toca sutilmente em seu ombro. O vampiro se assusta e o encara com os olhos arregalados.
– Você não deveria estar aqui, e-ele vai te pegar também! – Octavian grita e se levanta de forma repentina, agarra seus ombros e continua repetindo para ele ir embora.
– Octavian, não tem mais ninguém aqui! – Percival tenta acalmá-lo, mas ele continua alterado e assustado. Sem escolha, o vampiro pega a seringa dentro do bolso da sua calça e injeta em seu pescoço.
– Argh… o que você…? – ele balbucia, porém acaba ficando inconsciente e cai nos braços de Percival.
_______________
Dia seguinte.
Octavian abre seus olhos repentinamente, como se tivesse acordado de um longo e estranho sonho. Ele tenta se levantar, mas logo percebe que está preso à cama por várias correntes em um quarto desconhecido.
– Que diabos… ugh! – ele esbraveja confuso e inesperadamente uma forte dor se espalha pela sua cabeça, junto com um turbilhão de memórias de tudo o que tinha passado nos últimos anos. Logo uma sensação de medo, confusão e um embrulho no estômago, tomam conta do seu corpo, o deixando paralisado e seus sentidos atordoados. Nunca havia se sentido assim antes.
– Octavian! – Percival, que tinha se ausentado por alguns minutos, se assusta ao ver o seu amigo em meio a uma crise.
– Hellen, venha rápido. Preciso de ajuda! – ele grita, chamando sua assistente.
– Senhor, estou aqui! – a moça rapidamente aparece, atendendo ao seu chamado.
– Fique ao lado dele enquanto preparo um calmante.
– Certo. – ela se aproxima de Octavian e segura em sua mão, tentando acalmá-lo. Após alguns minutos, Percival lhe dá uma pequena dose de calmante e se senta ao seu lado, esperando até que faça efeito.
– Você pode ir agora, Hellen. Obrigado. – ele suspira e acena com a cabeça. A moça responde, também com um aceno, e sai logo depois.
_______________
– Percival… – Octavian murmura.
– Como se sente ? – o vampiro o questiona preocupado.
– Estaria melhor sem essas coisas… – ele murmura e deixa um longo suspiro sair.
– Se eu te soltar, vai tentar me matar de novo ? – Percival sorri.
– Há sempre um risco. – Octavian também sorri. O vampiro apenas ri e solta as correntes, o libertando.
Octavian se senta na cama e sente o seu corpo pesado, além da dor de cabeça que insistia em não ir embora.
– Tenho certeza de que tem muitas perguntas, mas é melhor eu te dar um pouco de comida antes. – Percival dá as costas, mas antes de que pudesse se afastar, Octavian segura o seu pulso com força, o impedindo.
– Eu quero as respostas primeiro. – ele franze o cenho e o encara com um olhar profundo e ao mesmo tempo desesperado.
– Tudo bem… – Percival suspira e se senta novamente na cadeira ao lado da cama.
– O que quer saber ?
– O que aconteceu naquela noite na mansão ? – Octavian questiona, mas abaixa a cabeça e não tem confiança o suficiente para encarar a verdade.
– Vocês estavam causando uma grande bagunça, colocando em risco a identidade da nossa espécie e também a nossa sobrevivência. Por outro lado, seu pai não se importava de fato com o que você fazia, mas a Alia Fecies começou a pressioná-lo para dar um fim em toda a bagunça que você e a Vivienne causaram. Era um ano de política, então ele não teve escolha.
– E como você entra nessa história, Percival ?
– Eu não podia continuar apenas observando enquanto você arruinava sua vida. Aquela mulher, ela…
– Pare! Não a ofenda na minha frente. – Octavian o interrompe e o encara com um olhar mortal. Não permitiria que ninguém, inclusive o seu amigo, insultasse sua amada.
– Você não percebe, não é ? Como aquela víbora te manipulou todo esse tempo! – Percival agarra o tecido da sua calça e se encolhe na cadeira, irritado com o quão cego ele estava.
– Como ousa…! – ele tenta se aproximar e segurá-lo pela camisa, mas seu corpo está fraco demais para isso. Por algum motivo, tudo doía.
– Enquanto estava preso, ela nunca procurou por você e nem perguntou se estava bem. Se para você isso é amor, então eu só posso lamentar. – Percival se levanta de repente e sai apressado do quarto.
– Droga… – Octavian inclina sua cabeça para trás e deixa um longo suspiro sair.
_______________
– Senhor, eu trouxe algo para comer. – Hellen volta seu olhar para a porta e gesticula com os dedos, chamando alguém. Em seguida uma mulher jovem, vestida com apenas um simples vestido branco, entra na sala.
– Onde o Percival está ? – o vampiro questiona, parecendo desinteressado no alimento.
– O Sr. Percival está ocupado agora, mas me pediu para ajudá-lo a se sentir confortável. – ela fala de forma educada, tentando convencê-lo. Octavian fica insatisfeito com a sua resposta e franze o cenho, sabia que ele só estava se escondendo.
– Por favor, coma até ficar satisfeito. – Hellen acena com a cabeça e a moça, ciente do que estava prestes a acontecer, se aproxima de Octavian e se senta na cama ao seu lado.
– Senhor, por favor, coma. – ela sussurra e puxa seu cabelo para o lado, deixando seu pescoço à mostra. O vampiro não resiste aos seus instintos e agarra sua nuca, a puxando para perto e cravando as presas em seu pescoço.
Octavian começa a beber, desesperado e faminto, no entanto, contrariando a sua natureza, seu corpo parece rejeitar o sangue humano. Ele empurra a moça para longe e vomita sobre os lençóis, os manchando com um vermelho intenso.
– Ah, minha nossa! Vou chamar o Sr. Percival! – Hellen se apressa e sai em busca do seu patrão.
– O que está acontecendo comigo…? – Octavian murmura assustado enquanto encara os lençóis.
Publicado por:
- @Bananaescritora
-
Escritora potiguar de novels bl ♡
Wattpad: Bananaescritora_
Twitter: bananaescritora
Instagram: bananaescritora_
minhas outras postagens:
COMENTÁRIOS
Sua Comunidade de Novels BL/GL Aberta para Autores e Tradutores!
AVISO: Novos cadastrados para leitores temporariamente fechados. Se vc for autor ou tradutor, clique aqui, que faremos seu cadastro manualmente.