Maktub - Capítulo 2
Dois meses depois.
Dilan está parado em frente a janela do seu apartamento fumando um cigarro enquanto sua mente vagueia entre milhares de lembranças da sua adolescência. Já haviam se passado dois meses desde que se reencontrou com Matteo, e junto com ele, muitas mágoas do passado, que por mais que tentasse, não podia esquecer. Ele ri pensando no quão patética era toda aquela situação, mas logo suspira e esfrega os olhos, se perguntando onde foi que tudo deu errado.
– Dilan ? – Matteo o chama ao se aproximar, ele o abraça por trás e beija sua nuca.
– Sim ? – ele apaga o cigarro no cinzeiro e volta seu olhar para o homem atrás dele, que implora por sua atenção como um cachorrinho.
– Está tudo bem ? Você parecia tão perdido em seus pensamentos.
– Sim, estou bem. Só estava pensando em coisas idiotas. – Dilan gira o rosto em sua direção e lhe dá um beijo rápido. Queria mudar de assunto rapidamente ou Matteo nunca pararia de perguntar.
– Então podemos sair ? Quero te levar a um lugar.
– Que lugar ?
– Vai saber quando chegarmos. – Matteo lhe mostra um sorriso astuto e se afasta, indo em direção ao banheiro. Dilan ri com sua resposta e o segue.
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– Onde estamos ? – Dilan o questiona enquanto cobre seu rosto com uma das mãos, tentando se proteger do sol do verão.
– Lembra do restaurante que falei quando namoravamos ? É aqui! – Matteo fala animado. Esperou muitos anos para levá-lo lá.
– Aquele que sua mãe te levava quando era criança ?
– Sim!
– Cacete… – Dilan suspira e um sorrisinho se forma em seu rosto, era adorável que ele ainda se lembrasse disso e que desejasse cumprir sua promessa, mas logo uma estranha sensação de ansiedade percorre seu corpo, trazendo uma incômoda pergunta a tona; por que está fazendo isso ?
– Vem, vamos entrar. – Matteo o encara com um olhar gentil e estende sua mão direita.
– Claro. – ele força um sorriso e segura sua mão, se deixando ser guiado para dentro do pequeno restaurante familiar e de aparência rústica.
– Elisa, sono qui! – ele fala um pouco alto e logo uma mulher que aparenta também estar em seus quarentas anos, sai de dentro da cozinha.
– Matteo, che piacere vederti. Finalmente è venuto a trovarci! – ela fala animada e enquanto se aproxima. A mulher o puxa para um abraço apertado e parece realmente feliz em vê-lo.
– É bello vederti anche tu. Ho portato qualcuno a vedere il ristorante. – Matteo puxa Dilan para frente e lhe mostra um largo sorriso. Sabia que ele odiava conhecer novas pessoas, por isso queria se certificar de que não ficasse tão envergonhado.
– E chi è il tuo amico ? – ela o questiona enquanto observa Dilan da cabeça aos pés.
– Il mio amore del passato, Dilan. – Matteo volta seu olhar para ele e sorri de forma gentil.
– È incredibile, Matteo. Preparerò un piatto speciale per voi due! – a mulher dá um tapinha em seu ombro e volta para dentro.
– E-eu entendi aquilo, sabia ? – Dilan desvia seu olhar para o lado e não consegue encara-lo. Seu coração estava batendo tão alto que poderia deixa-lo surdo.
– Ah é ? Seu italiano melhorou muito! – ele fala despreocupado e ri.
– Vamos sentar, estou faminto. – Matteo acaricia seu rosto, colocando uma mecha do seu cabelo negro atrás de sua orelha.
– Okay. – Dilan recua e se afasta apressado, se sentando em qualquer mesa.
– Que fofo! – ele sussurra para si mesmo e ri. Era lindo.
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– Satisfeito ? – Matteo o questiona ao vê-lo terminar o seu prato.
– Muito! É melhor do que imaginei. – Dilan o responde animado e sorri.
– Que bom, esperei vinte anos para ver essa expressão, agora sinto que posso morrer em paz.
– Do que está falando, idiota ? – ele lhe dá um tapainha em seu braço e o encara com o rosto levemente corado. Apesar de estar mais velho, ainda era fácil deixá-lo envergonhado e Matteo sabia exatamente como fazer isso.
– Você continua tão lindo quanto na última vez em que te vi, sinto que estou ficando cada vez mais apaixonado. O que eu deveria fazer, Dilan ? Ainda te desejo tanto… – Matteo acaricia seu rosto e o encara com um olhar amoroso, o mesmo que tinha há vinte anos.
– Pare com isso, nós acabamos, e você sabe o porquê. – Dilan afasta sua mão e o encara irritado. Odiava tocar na ferida, pois ela sempre sangrava.
– Certo, tudo bem. – ele mostra as palmas das mãos e suspira, em seguida se levanta e vai em direção ao caixa.
– Merda… – Dilan murmura para si mesmo e sente um nó se formar em sua garganta.
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– Está entregue! – Matteo fala sorridente ao chegarem no apartamento de Dilan.
– Não sou mais adolescente, não precisa me acompanhar até a porta.
– Eu gosto de fazer isso, e também é um velho hábito… – ele coça a nuca e sorri sem graça. Não queria pressioná-lo de novo.
– Então…. acho que eu deveria ir. Te vejo depois. – Matteo acena e se afasta, indo em direção as escadas, mas é impedido por Dilan, que agarra seu antebraço enquanto o encara com um olhar ansioso e aflito.
– Fica, eu faço o jantar. – ele o convida com a voz trêmula, não queria deixar que aquilo se estendesse e passasse dos limites, mas por alguma razão não podia deixa-lo ir, não de novo.
– Tem certeza ? Não quero incomodar. – Matteo se aproxima e acaricia seu rosto, apesar de ser inexpressivo a maior parte do tempo e ser um homem de poucas palavras, ele podia ver através de Dilan e dizer exatamente o que sua mente estava pensando. O conhecia melhor do que qualquer pessoa.
– Sim… – Dilan murmura envergonhado. Não queria parecer um velho carente.
– Então vamos entrar, Dilan. – Matteo beija sua testa e sorri. Não queria ir embora.
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– Dilan, onde está o… – ele o questiona enquanto sai do banheiro, mas para ao vê-lo dormindo.
– Deveria ter dito que estava cansado. – Matteo se aproxima e beija sua bochecha com cuidado, em seguida apaga o abajur que está sobre a mesa de cabeceira e se deita ao seu lado. Ele se aconchega próximo ao seu corpo e o cobre com o lençol, sabia que Dilan sempre sentia muito frio à noite.
– Boa noite, Dilan… eu te amo. – ele sussurra e o ajeita próximo ao seu peito, adormecendo pouco tempo depois, mas enquanto Matteo dorme tranquilamente, Dilan não consegue pegar no sono, aquilo o pegou de surpresa e agora seu coração não parava de bater como louco.
– Eu também, idiota…
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Matteo acorda ao sentir a luz do sol em seu rosto e estende sua mão, procurando por Dilan na cama, mas rapidamente percebe que ele já havia levantado.
– Que horas são… ? – ele se levanta e confere as horas em seu celular, em seguida se levanta e vai até a cozinha, onde encontra Dilan preparando uma xícara de café.
– Por que acordou tão cedo ? Ainda são seis da manhã. – Matteo se aproxima por trás e tenta beijar seu pescoço como sempre fazia, mas Dilan desvia e se afasta.
– Perdi o sono. – ele fala de forma fria e se senta no sofá da sala.
– Algum problema ? – Matteo ergue uma de suas sobrancelhas e sabe que há algo errado.
– Não, tudo bem. – ele bebe um gole do seu café e liga a tv, o ignorando.
– Tem certeza ? Você tem o péssimo hábito de se fechar quando fica chateado. – Matteo se aproxima e para de frente para ele, em seguida se abaixa e observa seu rosto fixamente.
– Pode falar comigo, Dilan. – ele fala enquanto acaricia seu rosto amassado.
– Matteo, eu estou bem. Posso só tomar meu café e ver o jornal em paz ? – Dilan suspira e revira os olhos. Queria manter uma distância segura, mas Matteo podia ser extremamente insistente.
– Okay, aproveite seu café. – ele se levanta e vai para o quarto em silêncio, alguns minutos depois Matteo aparece pronto para ir.
– Vou trabalhar, te vejo depois.
– Tá bom. – Dilan fala de forma indiferente, sem desviar seus olhos da tv, mas ao ouvir a porta se fechar, ele sente o vazio tomar conta. Não queria estar sozinho.
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