Magos - Capítulo 26





—Tem certeza de que ele passou por aqui? —Perguntou Madesi em alerta.
—Tenho toda certeza, isso é resíduo de magia que foi desgastado em um veículo. —Respondi certa da investigação.
—Para onde este resíduo está indo? —Novamente Madesi questionou preocupado.
—Está indo naquela direção! —Falei apontando para o leste.
—Se ele está rodando com um veículo e gastando essa quantidade de mana, dá para entender o porquê de você não conseguir contato mental! —Disse Melanie no volante.
—Eu sei que vai ser arriscado, mas precisamos parar em alguma cidade próxima, estamos ficando sem suprimentos! —Disse Unisio preocupado. —Melanie, quantas células de combustível ainda temos?
—Temos 4 células de combustível restantes, mas estou transferindo parte da minha mana para as células vazias! —Melanie disse sem preocupação.
—Isso é bom, mas vamos precisar de comida, temos metade de uma caixa de barras de suplemento! —Disse Unisio fazendo a contagem.
—Podemos parar naquele vilarejo! —Disse Madesi apontando para o local.
—Eu desconheço aquele vilarejo, deve ser um recente! —Disse Unisio estreitando a vista para enxergar.
—Vamos até lá, temos que achar comida para continuar a viajem! —Falei aceitando a situação.
Melanie mudou o trajeto nos levando até o vilarejo desconhecido. A pequena vila está abandonada como as outras que encontramos e a areia começou a invadir o interior das casas, no chão podemos ver pequenos montes de areia que possivelmente são corpos dos moradores do local. Decidimos nos separar para ampliar a área de caça, Melanie e Unisio foram o sul da vila, enquanto eu e Madesi fomos para o norte. Madesi e eu encontramos um galpão trancado com magia, não havia janelas ou tubulações de ar, o galpão está completamente trancado. Na porta da frente consegui analisar a magia que trancava o galpão e logo eu a desfiz, ao abrirmos, o ar viciado bateu em nossos rostos misturado com cheiro de podridão, Madesi olhou para mim já sabendo o que íamos encontrar dentro do galpão. Madesi sacou sua lança e me cobriu, joguei um orbe de luz para enxergar melhor o que tinha dentro do galpão e eu preferia não ter visto aquilo.
—O que foi que aconteceu aqui? —Perguntou Madesi chocado com a visão.
—Eu não sei, mas isso explica o cheiro pútrido. —Falei desviando dos corpos esviscerados no chão.
—Por katzi… —Madesi agoniado disse. —Até as crianças!
—Todos humanos. —Comentei. —Não sinto assinatura de magia, o que fez isso não foi humano ou qualquer outra raça!
—Vera… —Madesi me chamou assustado. —Acho que sei o que fez isso. —Disse Madesi apontando para o buraco enorme no chão.
—Tem corpos espalhados em volta, provavelmente foi alguma criatura que fez isso e… —Avistei algo parecido com uma navalha no chão. —Que tipo de criatura tem navalha como membro?
—Do tipo que temos que sair daqui antes que volte, pois eu sei qual animal fez isso e não quero enfrentá-la! —Disse Madesi com medo.
—Qual ser fez isso Madesi? —Eu questionei.
—Isso é obra de uma manthodea, um inseto gigante de carapaça metálica, gostam de lugares escuros e secos, são extremamente violentos e carnívoros! —Respondeu Madesi preocupado.
—Não podemos sair, está vendo aquilo ali! —Apontei para as caixas nas prateleiras. —Aquilo é comida, e iremos precisar, procure do Melanie e Unisio e peça a eles para trazerem o veículo, irei ficar de guarda enquanto arrumo as caixas!
Madesi saiu rastejando para fora do galpão devagar para não se sujar com o sangue pútrido no chão. Voltei a minha atenção para o buraco, pela descrição de Madesi, essa criatura não tem capacidade de cavar, foi outra coisa. No entanto, o tamanho da navalha no chão indica que a criatura é muito maior do que o buraco.
Comecei a empilhar as caixas e as levei até a entrada mantendo minha guarda alta, logo a frente podia ver o carro se aproximando rápido. Da entrada do galpão sinalizei com meus braços, mas de repente, Madesi saiu do veículo e jogou sua lança com toda força em minha direção, eu desviei daquela arma com facilidade, entretanto, eu não era o alvo e sim a criatura que surgiu de forma sorrateira atrás de mim. A lança perfurou a carapaça metálica do manthodea que gritava, a criatura parecia ser um louva-a-deus muito maior e monstruoso, era impossível esse ser ter saído daquele buraco e foi então eu percebi que o manthodea possui habilidade de camuflagem, esse ser estava me observando o tempo todo esperando o momento certo de atacar, mas ainda assim não explica o buraco no chão. A criatura voltou à ativa vindo em minha direção, aproveitei que a lança de Madesi perfurou a carapaça do manthodea, usei a areia da tempestade transformando-a em projeteis de vidro com veneno letal e disparei como uma metralhadora no local da ferida, o vidro se espatifava na carapaça, mas o veneno escorria para dentro da ferida e em questões de segundo a criatura caiu no chão desfalecida.
—Vera você está bem? —Perguntou Melanie.
—Estou bem, se não fosse o Madesi, eu estaria fatiada! —Falei rindo.
—O veneno ainda não o matou! —Disse Unisio analisando o ser.
—Basta acerta a cabeça nesse ponto! —Disse Madesi sacando outra lança e perfurando a cabeça da criatura.
—Que nojo! —Disse Melanie enjoada.
—Vamos pegar os supriment… —Interrompi ficando zonza.
—Vera! —Gritou Madesi me segurando em seus braços. —O que aconteceu?
—Eu não sei exatamente. —Sentir uma dor na cabeça muito forte. —Meu irmão está usando uma grande quantidade de poder magico, precisamos ir naquela direção agora!
Saímos do vilarejo às pressas e minha cabeça latejava, cada vez que nos aproximávamos, mais forte ficava. Unisio usava magia de recuperação para aliviar a dor e de repente vimos um feixe de luz cortar o céu, Naoto está usando uma grande quantidade de poder magico destrutivo no momento. Melanie acelerou o veículo, o feixe de luz incandescente estava diminuindo, mas foi o suficiente para ver o local de onde vinha. O centro do deserto.
Chegamos o mais rápido que podíamos, vimos o rochedo negro um pouco danificado e um buraco gigantesco com areia derretida caindo para dentro do mesmo.
—Minha nossa! —Disse Unisio chocado. —O poder magico disso é surreal!
—Quem fez isso? —Perguntou Melanie.
—Ele usou o canhão de diamante! —Falei surpresa com poder. —Meu irmão fez isso!
—O gente… —Madesi chegou perto da beirada ainda quente. —Está um pouco profundo, mas consigo ver movimento lá embaixo!
Nos aproximamos para averiguar e de fato a movimento, devida à distância era impossível distinguir quem são, mas com toda certeza meu irmão está com eles.
Conseguir esfriar a parede incandescente ao mesmo tempo fazendo surgir uma escadaria em espiral. Ao fim da cratera vi meu pai, minhas tias Tanya e Melyyna, meu tio Jonathan e Harsi sendo segurado pela Melyyna, olhei para meu pai que está agachado usando todo seu poder de restauração para curar alguém e esse alguém é meu irmão.
—Pessoal! —Gritei alto para me escutarem. —Iremos descer para ajudar!
Unisio usou magia elemental da luz e criou uma rampa física até o local, descemos o mais rápido que podia para dar suporte e ajudar meu pai.
—Ele usou o canhão de diamante, não foi? —Perguntei já sabendo a resposta!
—Sim, ele a usou, mas o preço… —Disse meu pai curando os braços de Naoto.
—Foque nos braços, irei ajudar com o resto do corpo dele! —Comecei a usar magia de cura no corpo de Naoto. —O que o senhor está fazendo aqui? Pensei que estava aposentado?
—Estamos em uma missão e falando nisso… —Meu pai olhou para Melyyna. —Continuem a missão, Melyyna faça o que deve ser feito aproveite que temos mais magos de elite que podem ajudar na absorção.
—Entendido! —Disse Melyyna soltando Harsi e o puxando para rampa. —Melanie, Tanya e Abtan fiquem aqui para dar proteção a eles, o resto venha comigo!
—O que a tia Melyyna vai fazer é o que eu estou pensando? —Perguntei com suspeita.
—Sim, Cassiopeia descobriu que esse monolito negro é uma grande linha de ley, Melyyna irá absorver boa parte da energia natural para se curar! —Ele respondeu sem hesitar.
—Essa cura é para o que eu estou pensando que é? —Perguntei montando o quebra cabeça em minha mente.
—Sim, sabemos que ele ainda está vivo, mas não sabemos como está o seu estado! —Ele respondeu lacrimejando.
—E esse foi o preço… —Falei tentando segurar a raiva. —Vamos terminar logo e levá-lo para tia Sophia!
—Não conte a ninguém sobre isso! —Ele pediu.
—Não irei, mas quando vocês forem para terra, eu quero ir junto!
Curamos o máximo que podíamos, os poderes regenerativos de meu pai são limitados como os meus, fizemos o possível para curar seu corpo queimado e aplicamos um sedativo. Voltamos para superfície e a tempestade de areia ficou mais fraca, olhei para frente e vi meus amigos e minha família absorvendo toda aquela energia natural, tia Tanya e Melanie se juntaram a eles para agilizar o processo de purificação. Meia hora depois a tempestade acabou e fazendo surgir as duas luas no céu do deserto, havia algumas criatura ao nosso redor que também foram purificadas e voltaram ao seu estado normal.
Depois da purificação, o monolito mudou de cor, antes negra agora transparente como a água. Minha tia Melyyna absorveu muita energia natural e começou o processo de autocura e o processo foi quase um sucesso, ela consegue manter o portal aberto de forma estável e logo ela nos levou direto para o hospital geral da tia Sophia. Naoto foi colocado em uma mesa cirúrgica, meu pai e minha tia foram se aprontar para a cirurgia que durou mais de 8 horas.
—A cirurgia foi um sucesso, Naoto agora está estável e não corre mais perigo, ele deve acordar em alguns dias! —Disse tia Sophia exausta.
—Os braços dele? —Perguntou minha avó preocupada.
—Foram regenerados com sucesso, mas ele terá que ir para reabilitação, o processo de regeneração não é fácil e consome muita mana, Yoichi foi levado para uma sala de observação, pois ele acabou desmaiando por gastar muita mana no processo.
—O perigo já passou fico mais aliviada, irei para uma reunião de emergência, agora que a tempestade acabou os magos supremos foram chamados para ver o que podemos fazer para ajudar o restante do continente, nossa região não foi tão afetada e as baixas foram mínimas, o outro problema agora são os outros dois continentes… —Disse minha vó Lidya preocupada.
—O que acha que vai acontecer? —Perguntou Madesi.
—Temos que reunir todos os líderes do norte e entrar em consenso para ajudar os outros continentes, a tempestade em Azuria acabou, mas nos outros continuam a crescer enquanto falamos! —Ela respondeu.
—Acho que entendo, ainda mais quando um dos continente é nosso inimigo! —Disse Madesi. —Se a senhora permitir posso servir de representante do grande reino de Archerion enquanto minha mãe lida com a situação do nosso povo.
—Ficaria grata Madesi, vamos que o carro nos espera e por favor gente, assim que Naoto acorda nos deem notícias! —Disse Lidya se despedindo junto com Madesi.
—Como está o Harsi? —Perguntou Sophia.
—Dois médicos e 4 enfermeiros tiveram que sedá-lo, ele estava fora de controle! —Falei com tristeza. —Parecia que ele estava sentindo tudo que Naoto estava passando, ele disse que Naoto sofreu várias paradas.
—Sério! —Sophia ficou surpresa.
—Posso estar enganado, mas Naoto e Harsi podem estar ligados! —Disse vô Yoshi.
—Entendo, de fato Naoto sofreu várias paradas cardiorrespiratórias, por sorte conseguimos trazê-lo de voltar! —Disse Sophia se levantando. —Preciso fazer um relatório e irei descansar um pouco e descansem vocês também, já é de manhã e Naoto está bem assistido!
—Eu vou me retirar também, tenho uma reunião com membros do clã para definir os líderes da próxima geração! —Disse Yoshinori desanimado devido o cansaço.
—Acredito que meu pai está na pauta? —Falei dando pouca atenção.
—Sim, mas não é só ele, você e Naoto também estão cotados para possíveis novos líderes. —Ele parou e deu uma leve risada. —Suas tias Yoki, Yuriko e Yumi irão apresentar seus filhos e netos para liderança… —Ele ficou sério. —Fiquem em alerta!
—Entendo, obrigada vovô! —Eu o abracei. —Eu ligarei caso Naoto acorde!
Minha cabeça estava cheia de pensamentos, segui o conselho da minha tia Sophia. Voltei para casa e tomei um banho, preparei algo para comer e acabei dormindo na sala. Acordei horas depois com uma conversa bem calorosa na direção da cozinha, me levantei com um pouco de dor nas costas depois de dormi por horas na mesma posição, me espreguicei e segui na direção da conversa. Na cozinha encontro meu pai conversando com Harsi, meu tio Hector e Eliza.
—Olha só quem acordou! —Disse tio Hector.
—Oi tio, como foi o trabalho! —Perguntei pegando uma caneca de café.
—O de sempre, nada fora do normal, afinal eu sou o melhor no que eu faço! —Hector disse de forma egocêntrica.
—Estão sentindo esse cheiro? —Disse Eliza farejando o ar.
—O que foi? —Perguntou meu pai.
—Não estão sentindo o cheiro forte de ego? —Disse Eliza de forma sarcástica para Hector.
—Engraçada você em! —Disse Hector dando de ombros.
—Ei Harsi, está melhor? —Perguntei olhando para ele.
—Agora estou já que Naoto está fora de perigo! —Disse Harsi aliviado.
—Vera, podemos conversar lá fora? —Disse meu pai seguindo para a porta dos fundos.
Eu o segui sem hesitar, de certa forma eu já sabia o teor da conversa. Mas eu quero escutar o seu veredito.
—Eu andei pensando no que você me falou e não posso concordar em levá-la comigo para terra! —Sem rodeios ele disse de forma clara.
—Posso saber o motivo? —Perguntei.
—Quero que você fique aqui e proteja o clã Yukimura até eu voltar! —Ele disse escondendo algo.
—Pai, se lembra do acordo que fizemos quando Naoto e eu completamos15 anos? —Ele acenou com a cabeça de forma positiva. —Ótimo, então eu quero saber a verdade.
—É um pouco complicado, seu avô falou da reunião com os líderes do clã, não disse? —Ele perguntou.
—Sim, ele falou hoje mais cedo… —Respondi pensativa. —Agora que o senhor mencionou isso, que reunião essa? Nunca nesses anos de vida ouvir falar dessa reunião!
—Só os líderes podem participar, seu avô é o mais velho então ele lidera o clã Yukimura por completo, entretanto, ele elegeu as irmãs para cuidarem das ramificações do clã e essas irmãs são sub-líderes, essa reunião é para decidir quem vai assumir o clã por completo.
—Mas o vovô está na liderança a mais de 150 anos, por que agora dessa reunião? —Questionei confusa.
—Seu avô assumiu o clã quando tinha 41 anos, mas devido os acontecimentos dos últimos anos, suas irmãs o pressionaram para uma mudança na liderança! —Ele disse como se sentisse culpado.
—Agora entendo, elas se sentem ameaçadas, mas a tia Yumi sempre ajudou o vovô e esteve sempre ao lado dele! —Comentei ainda pensativa.
—Suas tias Yuriko e Yoki não tem uma boa relação com seu avô, elas sempre brigaram com ele pela liderança e se uniram contra ele, elas dizem que o clã dos lobos ficou fracos demais ao misturar o sangue com os de fora! —Ele disse franzindo a testa com raiva.
—Nesse sentindo, o meu sangue e do meu irmão são fracos em comparação aos membros restantes do clã? —Perguntei em forma de deboche.
—Sim, mas o real motivo é que elas têm medo de um de vocês dois assuma o clã Yukimura! —Ele disse dando uma leve risada. —E pensar que membros dos nosso próprio clã possui pessoas com esse pensamento fútil e preconceituosa.
—Isso requer uma investigação! —Falei sentando-se na cadeira. —Pode ser um hipótese, mas acredito que minhas tias avós podem fazer parte dos extremistas humanos!
—Agora você entende o porquê de eu não levar você comigo para terra! —ele também sentou-se cruzando os braços.
—Entendo, tudo bem eu vou aceitar a sua decisão pai, mas me prometa que se alguma coisa der errado, volte imediatamente! —Eu o alertei. —Já tem uma data para irem?
—Dentro de um mês… Dois no máximo, estou me preparando e treinando minhas habilidades que estão enferrujadas, Melyyna também está treinando sem parar desde que voltamos! —Ele respondeu com ansiedade.
—Além da equipe original, quem estão indo também? —Perguntei com cautela.
—Darius, Scarlet, Eliza, Sophia, Sylas, Freya e Marcus! —Ele respondeu sem hesitar.
—Uma equipe grande para uma missão de resgate! —Cerrei a testa.
—Sim, mas é por um bom motivo, segurança extra e de acordo com os relatórios sobre a terra, Freya e Marcus serão os nossos cientistas, Sophia e eu seremos os médicos e o restante a nossa defesa, a terra se tornou o novo “Marte” do sistema solar. —Disse meu pai pensativo.
—Olha hora, irei tomar um banho e sair com o pessoal, mas pai! —Olhei para seus olhos. —Se precisar de mais apoio não hesite em me chamar!
Tomei um banho demorado, o relógio marcava 18:53 e o pessoal já devem estar me esperando. Após me arrumar e juntar meu material de trabalho me encontrei com Madesi, Unisio e Melanie a minha espera.
—Vamos princesa, temos de chegar até a costa e pegar o barco! —Disse Madesi me apressando.
—Relaxa o serpente dourada, ainda temos muito tempo, o barco só vai zarpar quando chegarmos… Cadê Anna Lis? —Perguntei.
—Ela nos mandou uma mensagem dizendo que está no porto a nossa espera! —Respondeu Melanie.
—Faz tempo que não vejo Anna Lis, estou um pouco ansioso para reencontrá-la! —Disse Madesi animado.
—Ainda está apaixonado por ela? —Perguntou Unisio rindo.
—Cala boca! —Retrucou Madesi.
—Relaxa Madesi, Unisio está te provocando e todo mundo sabe que você é caidinho pela Anna, com aquele corpo até eu ficaria caidinha por ela! —Disse Melanie com um sorriso lascivo no rosto.
—Eu até invejo, Anna Lis se tornou uma mulher muito poderosa, ainda mais seus olhos que possuem uma precisão assustadora! —Disse com calafrios por todo o corpo.
—Chega de conversa, ou nunca vamos chegar até Lamann! —Ordenou Madesi.
Fomos direto para o porto conversando e pensando em concluir a missão em menos de 3 dias. A linha de ley em Lamann fica submersa, apesar das chuvas constantes no continente vizinho o sinal por satélite não foi cortado. No entanto, o nível das águas no continente subiu consideravelmente dificultando o sucesso da missão, podemos atrasar pelo menos em 1 dia a missão.
No porto encontramos Anna Lis a nossa espera e Madesi logo ficou animado com sua presença.
—Prima Anna! —Abracei quando a vi.
—Vera! —Ela retribuiu o abraço. —Quanto tempo que não vejo vocês!
—Faz tempo mesmo, a nossa última missão juntos foi a mais de 9 meses! —Disse Unisio.
—Vejo que contou até os meses! —Disse Anna rindo. —Mas agora estou aqui novamente para completar a equipe!
—Onde você estava nesses últimos meses? —Perguntou Madesi de forma tímida.
—Humm… Não posso falar com detalhes, mas eu estava em uma missão secreta ordenada pela Cassiopeia. —Anna respondeu com ar de dúvida. —Mudando de assunto, temos que ir agora, a tempestade no continente de Lamann fica cada vez mais forte e as ondas já passam dos 300 metros de altura, de acordo com os satélites, o nível dos pântanos e rios do continente subiram consideravelmente, ao chegarmos no continente teremos que usar um barco menor para atravessar a região, durante a viajem eu explico com mais detalhes a missão então vamos subir a bordo.
Durante a viajem Anna explicou com mais detalhes o que vem acontecendo tanto no continente de Lamann e Telarrim. Lamann é um continente pantanoso com densas florestas tornando um local extremamente húmido e rico, mas a linha de ley fez com que uma grande tempestade surgisse engolindo todo o continente. Graças a tecnologia conseguimos um sinal melhor com o satélite mostrando o caminho correto até o monolito que está submerso no maior pântano do continente. Outro problema que iremos enfrentar é os Sereianos e Tritanos, a raça inimiga do continente de Azuria, entretanto, o governo humano conseguiu apoio com as raças de Azuria para pausar o conflito e resolvermos a questão das linhas de ley, mas nem todos os líderes de cada raça concordaram com a trégua complicando as boas relações.
—Foi mais um discussão do que uma reunião, Lidya e Cassiopeia tentavam a todo momento apaziguar! —Madesi falava o teor da reunião. —Os representantes dos ferazis, tielfings e vanires discordavam a todo momento, depois de horas discutindo todos entraram em um acordo de paz temporária contra o continente de Telarrim.
—Galera! —Anna chamou a nossa atenção. —Se preparem, a coisa vai ficar feia!
Olhamos para direção do continente de Lamann, uma grande tempestade crescia, havia tornados e ondas gigantes formadas com a força do vento. Mal dava para ver o continente com a intensidade da chuva, Anna deu aval para o piloto prossegui viajem que por sinal será turbulenta.
Mesmo com o motor do barco com força total, a correnteza e os ventos se mostraram superiores a tecnologia, porém conseguimos vencer a tempestade chegando à costa!
—Senhora, daqui para frente o barco não vai conseguir passar, é raso e possui muitas pedras no fundo! —Disse o piloto.
—Entendido, vamos pegar o barco auxiliar e seguir em frente, assim que desembarcarmos recuem o máximo que puderem! —Ordenou Anna.
Descemos o barco auxiliar e seguimos para o centro de Lamann enquanto o barco que nos trouxe ia saindo de nossa vista. A chuva intensa bloqueava a nossa visão dificultando a nossa passagem, as rajadas de vento e o frio tornava a situação ainda pior.
—Lembro que meu pai dizia que na época de exploração, foram envidas várias equipes, duas equipes vieram para esse continente, mas não tiveram resposta! —Falei tentando amenizar o ambiente tenso.
—Você está tentando nos confortar ou nos assustar? —Perguntou Melanie.
—Desculpe, não era minha intensão, mas eu queria saber o que realmente aconteceu com os 10 magos que vieram para Lamann. —Falei curiosa.
—Meu pai dizia que o continente de Lamann é cheio de vida, mas não vida inteligente. —Comentou Unisio. —Ele falava que nessa terra há incontáveis espécies de animais e vegetais, por ser um continente tropical podemos teorizar o que aconteceu aqui.
—Minha mãe falava a mesma coisa e na escola também, mas todos os livros são teorias já que ninguém de Azuria veio investigar. —Disse Madesi em alerta. —Entretanto, há histórias de exploradores que vieram para cá colher informações, mas nunca mais voltaram para Azuria.
—De acordo com o satélite, Lamann é um continente subtropical, muito pantanoso e quente, florestas densas e clima chuvoso, o maior pântano se encontra no centro do continente e ele é do tamanho do estado de Minas Gerais na terra, no entanto, não sabemos que tipos de animais vivem nesse continente e do que são capazes, quanto a vida inteligente… —Anna hesitou em falar. —Fiquem em alerta e tentem manter a mente aberta!
—Você sabe de alguma coisa, não sabe? —Perguntei analisando o comportamento de Anna.
—Não tenho autorização para falar, mas como é uma missão de risco terei que compartilhar. —Disse Anna se conformando. —Quando os dois satélites foram colocados em órbita anos atrás, começamos a receber imagens e informações sobre esse planeta em tempo integral, o plano inicial era vigiar Telarrim, mas descobrimos algo peculiar em Lamann! —Anna falava em tom de ameaça. —Existe sim vida inteligente nesse continente, mas não sabemos como são e do que são capazes, mas são instruídos na magia de alguma forma, eles ocultam a presença usando magias de ilusão bem poderosas para enganar um satélite tecnológico.
—Agora eu entendi o porquê de colocarem você de volta na equipe! —Falei já entendo tudo. —Sua missão é obter informações sabre a vida inteligente vivente aqui além de acabar com a super tempestade.
—Meu primo criou filhos extremamente inteligentes! —Anna me elogiou. —Está certa, estou aqui para obter essas informações, mas para isso precisamos acabar com essa tempestade, Melanie falta quanto até chegarmos no centro de Lamann?
—Ainda falta uns quatro mil quilômetros, se continuarmos nessa velocidade vamos chegar amanhã! —Melanie respondeu analisando o mapa.
—Me avise quando chegarmos na marca de 2000 km, até fiquem alerta e vamos montar turnos de vigilância! —Ordenou Anna.
Viajamos sem interrupção, o vento frio era desafiador, mas nada que atrapalhasse. O caminho para o centro de Lamann foi ficando mais difícil devido a floresta densa, eu tive que ir na frente abrindo caminho cortando os galhos das arvores para não baterem no barco ou destruir o motor. Durante o caminho víamos destroços de uma possível civilização, não sabemos o que são e do que são capazes, mas o nível de alerta está alto.
Estava previsto para chegarmos amanhã ainda cedo no centro de Lamann, a velocidade constante que mantivemos nos deu 9 horas de vantagem. Melanie informou sobre a marca de 2000 km percorridos e isso aumentou o nível de atenção de Anna.
—Pessoal, mantenha a guarda alta e preparem suas armas. —Ordenou Anna.
—Anna, o que realmente está te preocupando? —Perguntei ativando meu oculari.
—Como eu disse antes, não sabemos que espécie inteligente vive em Lamann, esse planeta é gigantesco e nem tudo foi catalogado, Lamann é um pouco menor que Azuria, mas olha a quantidade de vida que existe nesse lado! —Ela falou analisando cada canto.
—Se realmente existe vida inteligente nesse pedaço terra, por que não entraram em contato? —Questionou Madesi com sua lança em mãos.
—Essa é mais uma das perguntas que não conseguimos responder, talvez hoje consigamos a resposta para essa pergunta! —Ela respondeu seria e preocupada.
Diminuímos a velocidade do barco, eu fiquei a frente analisando tudo com oculari procurando algum vestígio de magia ou armadilha. Melanie ficou em cima da cabine do barco com seu rifle pronta para atirar e o resto se dividiu em cada canto do barco. A chuva foi ficando mais forte quando nos aproximávamos cada vez mais no centro, porém havia outra coisa, um som com uma melodia crescente que acalma, uma melodia estranhamente sedutora que mexe com a mente.
—Estão escutando esse som? —Perguntei. —Pessoal responda…
Olhei para trás e vi um por um cair de sono, esse som é um tipo de magia, mas não conseguia enxergá-la com meus olhos. Rapidamente parei o barco e juntei seus corpos pesados dentro da cabine. Quanto mais nos aproximávamos mais forte ficava o som. Acelerei o barco novamente e me preparei para o que vier. Usei magia de abafador de som para impedir a música de entrar dentro da cabine o que não foi o suficiente, o efeito da música fez meus amigos dormirem profundamente. Com meus olhos, conseguia ver movimento a frente, no entanto, a chuva intensa e a escuridão atrapalhavam a visão, eu não conseguia ver uma forma clara do que era. Meia hora de viajem, conseguir chegar em uma clareira e foi então que o som de uma música bela se tornou algo grotesco de ouvir. Ao sair da cabine e me preparar para lutar a música pesada cessou de imediato, eu só ouvia o som da chuva caindo na água. Em cima da cabine, fiquei em guarda e de repente vejo um movimento a frente, uma luz esverdeada surgia das profundezas da clareira, se aproximando lentamente, logo outras luzes surgiram e um colorido cercou o barco. Eu não sabia para onde olhar e foi então que um raio de luz surgiu de repente na proa do barco, foi apagando e sua forma verdadeira foi surgindo, mas aquele sorriso era amedrontador.