Imaculado - Capítulo 1
Hospital XXX.
– E se sente cansado ? – o médico o questiona e escreve algo rapidamente em um pequeno caderno.
– Sim, me sinto sonolento o dia todo, e mesmo quando durmo, pareço não descansar. – Erza o responde ansioso.
– Antes de qualquer coisa, vou pedir alguns exames e avaliar a situação.
– Acha que pode ser algo grave ?
– Ainda é cedo para afirmar alguma coisa, mas vamos ter fé de que não seja nada grave! – o médico lhe mostra um sorriso gentil e se levanta, ele vai até a porta e a abre.
– Uma enfermeira vai te acompanhar para os exames e quando estiver pronto, vamos ver o que está acontecendo.
– Entendo, obrigado! – Erza também se levanta e segue em direção a saída, antes de ir, ele curva a cabeça, em sinal de gratidão e sai.
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– Ana, os exames do meu paciente estão prontos ? – o médico a questiona ao entrar no laboratório.
– Deixa eu ver… quase lá! – a moça responde após conferir rapidamente o andamento da análise.
– É aquele garoto beta da Ordem de Mer´sau ?
– Sim, ele mesmo.
– Não são eles que… – Ana para ao ser interrompida pelo barulho da máquina, avisando que já havia terminado.
– Ah! Ficou pronto! – ela estica seu braço e pega o papel que saiu da impressora, o entregando logo depois.
– Obrigado. – Carlos agradece e dá uma olhada nos resultados. Tudo parecia normal, até que ele nota algumas alterações.
– Ana, pode fazer um exame extra para mim ?
– Posso, mas tem algum problema ?
– Eu só quero confirmar uma coisa.
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Após realizar os exames solicitados e esperar por algum tempo, Erza é chamado de volta à sala do médico, e ao ver sua expressão preocupada, sente uma onda de ansiedade percorrer o seu corpo.
– Tem algum problema ?
– Erza, os exames estão bons, mas há algo que me preocupa.
– O que ?
– Erza, pelos resultados mostrados, seu corpo sofreu uma grande mudança, indo de beta para um ômega recessivo. – o médico fala devagar, deixando que ele consiga processar tudo.
– C-como isso é possível ? Meus pais também são betas. – Erza questiona completamente surpreso e desacreditado. Viveu sua vida toda como beta e aquela era uma mudança muito repentina.
– Tem uma chance pequena, mas ômegas recessivos podem nascer em famílias betas, mas para que seu segundo gênero se apresente, precisam estar em contato direto com um alfa.
– Bom, tem alguns alfas na igreja que frequento. Talvez seja por isso ?
– Erza, eu quis dizer contato intimo, sexo. Entende ? – o médico suspira e não sabe bem como lidar com aquela situação. Erza apenas o encara com os olhos arregalados e permanece em silêncio, parecia tão perdido quanto ele.
– Sei que sua religião pode ser um pouco conservadora em alguns aspectos, no entanto, como médico da sua família, preciso perguntar. Você teve alguma relação sexual no último mês ?
– Não, não! – Erza nega rapidamente e seu rosto cora. Era constrangedor falar sobre esse tipo de coisa.
– Talvez você possa ter passado por alguma situação difícil ?
– Situação difícil ? – ele franze o cenho confuso.
– Eu realmente não entendo onde quer chegar com todas essas perguntas, e também não entendo como cheguei a mudar o meu gênero secundário.
– Certo, irei direto ao ponto. De acordo com esse exame, você está grávido de quatro semanas. – Carlos lhe entrega o papel e observa atento a sua reação. Erza vê o resultado e parece tão surpreso quanto ele ficou ao ver os resultados, não havia forma de que estivesse carregando um bebê, já que nunca esteve com outro homem e nem mesmo com uma mulher.
– Me desculpe, mas acho que o senhor está errado. – ele fala um pouco sem graça, com medo de parecer ofensivo.
– Eu refiz este teste três vezes, e em todas elas, o resultado foi o mesmo.
– O que…? Isso é impossível, e-eu nunca…! – Erza fala com a voz embargada e suas mãos começam a tremer. Sua respiração fica pesada, seu coração acelera e sua cabeça parece estar girando.
– Se você realmente não teve relações sexuais, então não sei como explicar isso me baseando na ciência.
– Desculpe, e-eu… – ele se levanta, mas acaba perdendo as forças em suas pernas e se segura na mesa para não cair. Carlos rapidamente se levanta e o ajuda a se manter de pé.
– Enfermeira, preciso de ajuda aqui! – o médico chama por ajuda e o guia para fora da sala. Erza apenas o segue e não tem forças para reagir, sentia que estava vivendo um pesadelo.
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– Como pode acusar meu filho dessa forma ? O senhor nos conhece há anos e viu o Erza crescer! – a mulher esbraveja, se sentindo indignada.
– Ivana, por favor, se acalme! – o médico tenta acalmar a mulher.
– Pegue, veja por si mesma. Não há como eu estar mentindo sobre isso! – ele lhe entrega o teste sanguíneo, comprovando sua gravidez e, consequentemente, a mudança no gênero.
– Não quero te acusar de nada, mas como eu poderia acreditar nisso ? Meu filho sempre foi um beta e de repente está grávido ? – Ivana continua falando alto, um pouco fora de si.
– É difícil de acreditar, mas não há dúvidas. Pelo menos não na parte científica.
– Oh, Mer´sau, grande Rei… o que farei agora ? – ela murmura e olha para cima.
– Mãe… – Erza, que havia desmaiado, a chama ao ouvir sua voz.
– Sim, estou aqui, filho. – Ivana se aproxima da cama e segura sua mão, o encarando com um olhar preocupado.
– Você está bem, querido ?
– Mãe… o médico disse que tenho um bebê dentro de mim. – ele murmura com a voz embargada e seus olhos se enchem de lágrimas.
– E-eu nunca faria nada assim, não entendo como aconteceu…
– Eu sei, querido. Vamos refazer os exames e você vai ver que tudo foi um erro. – Ivana tenta acalmá-lo e beija o dorso da sua mão.
– Sim… – Erza sorri e pede ao Deus Mer´sau que tudo seja um grande engano.
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Uma semana depois.
– Mer´kai! – Ivana cumprimenta o sacerdote ao vê-lo se aproximar.
– Ivana, me desculpe por não vir antes. – o homem lhe mostra um sorriso gentil e a abraça.
– Mer´kai… – Silas, o pai de Erza, se aproxima e acena com a cabeça, cumprimentando o sacerdote, que o responde com um aceno também.
– Onde o pequeno Erza está ?
– Ele está lá dentro, o médico ainda não acha seguro que ele tenha alta. – Ivana responde com a voz chorosa.
– E como está seu corpo ?
– Debilitado, mas dizem que está bem. – Silas o responde.
– Não se preocupem, vou conversar com ele e vamos esclarecer tudo. – o sacerdote fala de forma tranquila, acalmando o casal, e segue para dentro do quarto.
– Erza ? – o homem o chama.
– Mer´kai! – ele abre um largo sorriso ao vê-lo.
– Podemos conversar ? – o sacerdote se aproxima e segura sua mão direita.
– Não se preocupe, tudo ficará em segredo de confissão.
– Eu… – ele hesita, indeciso se deveria falar com o Mer´kai sobre isso. Não tinha nada a esconder, mas não se sentia à vontade.
– Erza, eu quero buscar uma resposta e você é o único que pode me ajudar.
– C-certo… – Erza concorda, apesar de ainda não se sentir seguro. Também queria saber o que estava acontecendo e pôr um fim naquela loucura.
– Ótimo! – o sacerdote puxa uma cadeira e se senta ao lado da cama, em seguida tira o sagrado livro da Ordem de Mer´sau e recita algumas palavras, dando início a confissão e jurando manter segredo. Logo depois, estende o livro em direção a Erza, que põe a palma da sua mão sobre ele e também recita algumas palavras.
– Erza, sinta-se livre para falar o que for. Lembre-se de que enquanto estiver com a palma da sua mão sobre o livro sagrado, sua confissão ficará guardada sob juramento. – o Mer´kai fala em um tom, o orientando.
– Mer´kai, eu não entendo como isso aconteceu. Fiquei sozinho por um mês inteiro me preparando para a minha cerimônia de ascensão. Nunca me deitei com ninguém. – ele desabafa e seus olhos se enchem de lágrimas. Sentia que todos os dias eram como uma tortura, com vários exames, pessoas cochichando pelas suas costas e os olhares de julgamento.
– Tem certeza de que não aconteceu nada ?
– Não, eu segui todos os rituais e… – Erza para de repente, ao se lembrar de algo importante, que no entanto, deixou passar despercebido.
– O que foi ?
– Uma noite, eu não consegui dormir e resolvi tomar um pouco de ar fresco, só que acabei adormecendo na varanda e tive um sonho muito estranho.
– Estranho como ? Descreva.
– Um homem apareceu nos meus sonhos e algumas coisas inapropriadas aconteceram. – Erza responde completamente envergonhado.
– Que tipo de coisas ?
– O tipo de coisa que apenas um casal faz. E-eu não queria, mas ele me disse que tudo ficaria bem e sua voz era tão relaxante, que senti que deveria apenas aceitar.
– Como era a aparência desse homem ?
– Eu não consegui ver o seu rosto, só o seu corpo e pude ouvir sua voz. Nunca tive um sonho tão lúcido antes e mesmo assim, não vi sua face.
– Já teve algum sonho assim antes ?
– Não! Pelo amor de Mer´sau… – ele responde de repente e seu rosto fica completamente corado.
– Você afirma, diante do Deus Mer´sau, que tudo o que acabou de me dizer é verdade e que você nunca teve intimidade com nenhum homem ou mulher ?
– Sim. – Erza responde confiante. No mesmo instante, o Mer´kai larga o livro sagrado sobre a cama e se ajoelha, mantendo sua cabeça baixa.
– Prometo que o servirei até o fim e que serei fiel às suas palavras. Este servo agradece humildemente por me deixar presenciar tal milagre, grande Deus Mer´sau! – o sacerdote recita seus votos de lealdade e logo depois levanta a cabeça, o encarando com lágrimas nos olhos e um largo sorriso. Erza o observa atônito, sem saber o que estava acontecendo.
– Erza, não há dúvidas, você está carregando Sa´vian, o nosso salvador e o filho prometido do grande Mer´sau. Agora você é um Sa´rim!
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