Garland Jujin Omegaverse - Capítulo 16
Dormiu mais do que havia planejado devido a que, no dia anterior, tinha se entretido o suficiente para ficar acordado até muito tarde.
Na sala de jantar da ala oeste havia muitos ômegas reunidos para tomar chá, apesar de já ter passado do horário do café da manhã. Depois de estar sentado em uma atmosfera absolutamente hostil, com uma xícara de chá na mão, Jill foi em busca de Norn. Se fosse possível, gostaria que ele o acompanhasse até a biblioteca do prédio principal para procurar um livro sobre constelações. As mesmas constelações que Diego havia lhe mostrado na noite anterior. Esses pequenos pontinhos brilhantes se mostraram realmente interessantes e o fizeram querer saber mais sobre estrelas e também procurar figuras sobre essas coisas estranhas das quais nunca tinha pensado antes. Jill queria perguntar se havia algum livro ilustrado sobre estrelas na biblioteca, mas Norn não deixava de correr. Parecia estar tão ocupado que, quando Jill finalmente o surpreendeu no corredor, Norn puxou seu relógio do bolso e disse: “Desculpe, mas em dois minutos preciso descer para recolher os produtos dos comerciantes que são clientes da família. Além disso, amanhã teremos outro ômega novo vivendo aqui. Esta tudo uma loucura. Se você estiver com pressa, posso perguntar se há outra pessoa que possa te acompanhar. O que gostaria?”
“Não, não tenho pressa. Posso esperar você terminar o seu trabalho”.
Jill estava se perguntando se deveria voltar ao seu quarto… Mas então pensou com mais cuidado. Ele já sabia o caminho até a biblioteca e se o seu pressentimento sobre a existência de vários livro sobre constelações estivesse certo, seria muito divertido procurá-los sozinho. Além disso, não deveria haver ninguém na biblioteca a essas horas, já que Diego e seus irmãos estavam trabalhando. Provavelmente, só estariam por ali os empregados do prédio principal. Jill poderia ir por um momento e voltar rapidamente.
Quando saiu ao jardim e entrou no prédio principal, o interior estava tão silencioso quanto ele imaginava. Os empregados não costumavam caminhar muito pela mansão a essas horas porque, em geral, a limpeza era feita ao amanhecer. Todos estavam trabalhando lá fora, lavando roupa ou cozinhando, enquanto mostravam aos ômegas a maneira correta de agir dentro da mansão. Jill, na ponta dos pés, se dirigiu rapidamente a biblioteca na esperança de pegas alguns livros para passar o tempo. Ao fundo da biblioteca, notou nas estantes umas enciclopédias enormes que quase alcançavam o teto e pequenos manuscrito espelhado sobre a mesa. Entendia perfeitamente o motivo de Toneria se sentir orgulhoso por ter um lugar como este em sua casa. No ar, havia um cheiro de couro velho, pergaminhos, papel e tinta. Era como se um sentimento especial fluísse nesta área. Os livros estavam bem-ordenados por assunto. Jill procurou um que falasse sobre constelações e lhe tomou um tempo considerável encontrar um que não tivesse matemática. Ele subiu as escadas para analisar os livros que ficavam na parte de cima da estante.
“Minha nossa! Exitem tantos livros sobre constelações!”
Todos tinham muitas ilustrações diferentes, havia livros grandes e pequenos. Jill começou a compará-los e, de repente, sentiu uma presença estranha atrás de si. Virou-se de imediato.
“O que está fazendo aqui?”
“Toneria-sama!”
O lobo, em pé, tinha um olhar desconfiado que podia ser notado mesmo através de seu monóculo. Jill fechou o livro que tinha nas mãos apressadamente.
“Desculpe! Tem um livro que eu gostaria de ler, então… vou pegar ele e sair imediatamente”.
Não imaginava que Toneria estivesse na mansão a estas horas. Pelo que havia entendido, Toneria era tão ocupado quanto Geralt. Frequentemente, saia tão cedo que nem ao menos tinha tempo para tomar o café da manhã.
Enquanto Jill descia apressadamente da escada, Toneria olhou para a estante também.
“Você quer um livro sobre constelações?”
Ele não estava bravo. Quando Jill olhou para o móvel, Toneria lhe deu pequenos tapinhas nas costas como forma de consolo e disse:
“Se tem interesse neste assunto, eu vou te recomendar um excelente livro”.
“Toneria-sama, o Sr. também leu sobre constelações?”
“Claro”. Toneria subiu a escada que Jill havia utilizado anteriormente e pegou dois livros, descendo de imediato para mostrá-los a Jill. “Por exemplo, este é muito bom para iniciantes. Dê uma olhada e depois me diga o que achou. Pode levá-lo ao seu quarto, se quiser”.
“Posso mesmo? Muito obrigado!”
Toneria parecia ter uma personalidade muito amável. Jill examinou livro, feliz pelo fato do lobo não estar bravo. Realmente, as ilustrações eram coloridas e muito fácil de entender. O outro livro era uma coleção de histórias curtas sobre constelações que também era muito interessante.
“Então, pegarei emprestado estes dois livros. Obrigado por indicá-los para mim”.
Toneria balançou timidamente o nariz enquanto observava como Jill movia o pé ligeiramente para trás para lhe agradecer com uma pequena reverência.
“Não se preocupe. Na verdade… Eu queria perguntar se você gostaria de tomar um chá comigo”.
“Chá? Com você, Sr. Toneria?”
“Isso mesmo. Diego está ausente hoje então, você certamente deve estar entediado”.
“Como já peguei dois livros emprestados para ler, não acho que ficarei entediado…” No entanto, Jill acabou aceitando o convite. “Mas se o Sr. está me convidando para passar o tempo, não posso recusar. Eu adoraria tomar um chá”.
Toneria ficou satisfeito com a resposta de Jill e o conduziu até o salão do edifício principal. Ali, havia uma mesa preparada junto à janela, com uma vista para o jardim. Enquanto os empregados alinhavam uma infinidade de chás diferentes e vários produtos assados que pareciam deliciosos, Jill imediatamente tomou um e o levou a boca. O lobo estava olhando Jill enquanto este comia e bebia.
“Já se acostumou a morar aqui?”
“Sim, obrigado”.
O olhar de Toneria passeou pelo cabelo, o pescoço e as mãos de Jill. Em seguida, ficou olhando a paisagem que se estendia pelo horizonte, através da janela. Até que, finalmente, olhou o rosto de Jill e disse:
“Parece que você está se dando muito bem com o meu irmão caçula. Ainda mais se levarmos em conta a personalidade um tanto quanto fria que ele tem. Me preocupei porque, no começo, vocês pareciam não estar se levando muito bem”.
“Agradeço a preocupação, mas Diego está se saindo muito bem. Penso que estamos nos tornando amigos”.
Quando Jill sorriu, Toneria ficou incrivelmente tenso. Embora estivesse sentado tranquilamente, seus olhos corriam para todas as direções e suas mãos estavam se contorcendo. Quem sabe ele não estava acostumado a tomar chá sozinho com um ômega. Mesmo assim, era o irmão de Diego, que sempre foi gentil com Jill e simpático a ponto de lhe oferecer ajuda. Não tinha medo dele:
“Eu também estou bem porque o Sr. Toneria-sama se preocupa comigo”.
“Está tudo bem e eu agradeço mas… Para se honesto, não estou muito de acordo que os dois tenham ido até a cidade juntos”.
Isso tomou Jill de surpresa. Não importava o quão inteligente fossem os lobos, acho que sair com um ômega era de mais para a sua ideologia. Jill se preocupou também que Toneria pudesse tê-los visto na noite anterior olhando as estrelas e bebendo vinho. Estaria insatisfeito com isso também? Jill deu um suspiro.
“É verdade… De repente senti vontade de ir a cidade e Diego disse que estaria bem. Foi algo impulsivo de minha parte”.
“Entendi. Diego parece ter um fraco senso de responsabilidade quanto se trata de ser um membro da família Siegfried”.
Toneria bebia o chá enquanto murmurava seus pensamentos. Era evidente que ele tinha uma forte mentalidade sobre o clã que lhe fazia ser duro com Diego. Era possível sentir agressividade quando ele falava do irmão porém, mesmo assim, Jill não pensava em Toneria como alguém que desagradável. Era um pouco rígido, não se podia negar, porém ainda assim gentil.
“Toneria-sama cuida muito bem de Diego-sama”.
Quando Jill sorri, Toneria pareceu surpreso. Logo, moveu a boca como se fosse tímido e coçou o queixo várias vezes.
“Não quero que você pense que eu fico vigiando o Diego o tempo todo, mas… Entenda, um homem-fera deve ser forte como o seu clã. Não me preocupo só com Diego, mas com todos nós”.
“Fala de Geralt também?”
“Exato. Nem preciso dizer que a família Siegfried está a salvo graças a sua unidade geracional. Não posso deixar Diego sozinho e nem deixar de depender de Geralt”.
“Diego também mencionou que estava orgulhoso de Geralt e Toneria… Vocês são uma família incrível”.
Aquilo era assombroso para Jill, já que nunca se deu bem com os membros de sua família. Entretanto, Toneria não parecia feliz com o elogio.
“Não duvido de suas palavras, nem das de Diego, mas sei que dos três eu sou o membro mais inútil”.
“Por que diria que é inútil?” Jill estava surpreso pela forma e pelo tom em que Toneria disse aquelas palavras. “Está trabalhando com comércio e sempre parece muito ocupado. E… sabe muito sobre tudo! Os comerciantes não tem conhecimentos desnecessários, lembra?”
“Às vezes, eu penso que qualquer um poderia aprender o que eu sei. É como se eu não tivesse nenhum dom especial”. Toneria parecia triste e sua voz, apagada. “Tenho orgulho do meu trabalho e tenho certeza que posso fazer um trabalho melhor do que Geralt em se tratando de comércio, mas…”
“Não diga isso! Você não só é parte da família, como também tem o encanto e a dignidade para estar de pé diante qualquer situação, como um Siegfried. É tão incrível que, mesmo se não fizer o seu trabalho, certamente nunca será abandonado e nem irão deixar de amá-lo”.
Jill nunca foi bom consolando pessoas. Porém, estava dando o seu melhor agora que sabia que Toneria tinha um complexo de inferioridade perante seus irmãos. Além disso, desde a perspectiva de Jill, Toneria era um adulto muito responsável e também um alfa excepcional. Um membro importante da família Siegfried.
“Eu acho que o Sr. Toneria-sama é uma pessoa decente, adequado para ser sucessor da família Siegfried. E sabe o que mais? Eu, anteriormente era um desertor”.
“Era…?”
Toneria piscou os seus pequenos olhos brilhantes.
“Sim. Mas a família Müller continuava nos enviando a aristocratas, independente de nossa vontade. O Sr. com certeza sabe como funciona”.
“Claro! Você vem de uma linhagem direta?”
“Sim, mas eu não gostava de nada do que tinha que aprender e, frequentemente, eu era repreendido por sair das aulas para ir ao jardim. Eu sempre me perguntei qual era o sentido de tudo aquilo…”
“Não posso imaginar isso vindo de você, pra falar a verdade”.
“Ma é verdade! Eu gostava de brincar ao ar livre em vez de ficar dentro de casa. E não sou bom costurando, bordando ou tocando instrumentos musicais. Tem muitas coisas que não consigo fazer sozinho e por isso, minha mãe sempre me deixou de lado em relação aos demais”.
O rostro zangado de sua mãe surgiu em sua mente. Jill fechou suavemente os olhos. Era estranho pensar nela como algo distante apesar de não haver se passado muito tempo. Jill acreditava que poderia ser sincero co Toneria, já que ele era irmão de Diego…
“Por alguma razão, existem ocasiões em que não se pode fazer corretamente aquilo que todos esperam de você. Não se pode aceitar como certo aquilo que todos pensam ser lei. No meu caso, acho que me tornei o ômega mais rebelde de toda a história da família Müller”.
Jill falava muito abruptamente o que fez Toneria dar um sorriso, ainda que sem jeito.
“Sinto que endento o motivo do meu irmão te tratar de forma especial”.
“Especial?”
“Sim. Para começar, ele normalmente não leva os ômegas para dar um passeio fora da mansão. Acho que é por causa da sua personalidade e pelo jeito que você fala… Talvez ele até tenha sentimentos românticos em relação a você”.
“Impossível!”
Jill riu. Era certo que Diego o tratava de forma especial, mas isso não significava que ele tivesse sentimentos em relação a Jill. O lobo tentava aprender sobre os ômegas para ter mais empatia com os outros. Essa era a razão para passarem tanto tempo juntos ultimamente. Toneria ajeitou seu monóculo.
“Eu falo sério. Eu temo que meu irmão esteja se apaixonando por você”.
“E também falo sério. Definitivamente este não é o caso”.
“É normal que você não perceba. Afinal, você é um ômega que está com um homem-fera por questões familiares, então entendo a sua postura de se dar bem com ele”.
“Claro”.
“Mas a família Siegfried é diferente dos outros aristocratas. A primeira coisa que precisamos fazer é conseguir uma boa quantidade de ômegas que deem a luz aos nossos filhos. Ainda que não exista amor… Entende? Meu irmão segue seu próprio ritmo, se ele acabar se apaixonando por você sem perceber, seria ariscado porque poderia decidir que não precisa de outro ômega. Não é assim que, nós lobos, funcionamos”. Toneria estava olhando Jill, com seus olhos bem fixos nele, de repente falou: “Bom, mas com um ômega como você, não sei o quanto deveria me preocupar”.
Jill não teve outra saída a não ser dizer: “Está bem. Eu conheço o meu papel. Diego apenas deve estar pensando em mim porque é alguém muito gentil”.
“Você é sensato”.
Toneria suavizou um pouco sua expressão, talvez por se sentir aliviado ao ouvir aquelas palavras.
“Eu posso ter consideração com ele, ou também ser mal e dizer que Diego é muito estranho”.
Era uma afirmação estranha, mas perecia ser uma brincadeira. Então, Toneria sorriu outra vez:
“Bom, Diego mudou bastante desde que éramos pequenos, mas a verdade é que continua um pouco estranho”.
Enquanto sorria, Jill respondeu: “Aposto que Toneria-sama sempre foi muito amável. Por exemplo, hoje me convidou para um chá. Ou será que eu apenas tenho muita sorte?”
Toneria balançou o rabo.
“Confesso que é a primeira vez que eu tomo chá com um ômega. Não costumo tomar este tipo de bebida, para ser sincero, a menos que tenha uma reunião com algum cliente. Os ômegas gostam de tomar chá?”
“Bom, a maioria gosta”.
“Uma vez me disseram que a hora do chá na mansão Müller era algo muito… animado”.
A hora do chá era um dos prazeres dos ômegas porque não tinham muita coisa para fazer durante o dia. Jill entretanto, nunca teve uma hora do chá agradável, como era de se imaginar. Ele apenas tinha tardes de conversas agradáveis com os empregados. Para ser honesto, Jill tinha um chá melhor no porão, onde não precisava se preocupar com a maneira correta de tomá-lo ou com normas de etiqueta. Obviamente ele não podia dizer que preferia tomar chá com o pessoal da limpeza, então se limitou a levantar uma xícara de chá com rosas estampadas e levá-la a boca para dizer em seguida:
“Quando estava na casa dos meus pais, eu passava momentos agradáveis tomando chá com meu amigo de infância”.
“Ohh, com seu amigo?”
Toneria se inclinou para frente, interessado.
“Toneria-sama, possuí algum amigo de infância?”
“Infelizmente, não há ninguém que eu possa intitular amigo. Que tipo de ômega era esse seu amigo de infância?”
Perguntou Toneria aparentando bastante curiosidade. Ainda que estivesse um pouco nervoso, Jill decidiu ser honesto. Diego já sabia, dessa forma, Toneria ficaria realmente desapontado caso Jill lhe contasse alguma mentira e depois ele soubesse da verdade por outra pessoa.
“Meu amigo de infância é um homem-fera alfa. É um nobre que possuí terras ao lado do território da família Müller, por esta razão, sempre manteve uma relação próxima conosco. O filho desta casa, Albert Reinhardt, é meu amigo desde que éramos bem pequenos”.
“Me surpreende que um alfa seja seu amigo de infância. Escutei que a família Müller é muito rigorosa com este assunto. Como te deram permissão?”
“No começo não permitiram, mas vou me unir a família Reinhartdh em algum momento, então…”
“Vai se unir a eles? Estão comprometidos? Vão se casar?”
Toneria disse isso com uma voz um tanto surpresa, então Jill se apressou em responder:
“Como é um nobre de um território pequeno, sua família decidiu que se casar com um ômega da minha casa seria o mais adequado. Claro, seu eu não conseguir cumprir minhas obrigações, ele terá outra pessoa”.
“Certo. É natural que façam isso”. Toneria voltou a sentar-se tranquilo. “Mas, já que é seu amigo de infância, você realmente se casaria com ele? Você gosta dele? Digo isso porque, talvez, possa ser um pouco… estranho.”
Jill não conseguiu responder de imediato nem dizer que gostava dele. Seria rude confessar: “Não, eu quero fazer parte da família Siegfried”. Além disso, o que Toneria pensava que estava acontecendo e os sentimentos de Jill por Albert eram coisas totalmente diferentes. Jill estava surpreso até mesmo com seus próprios pensamentos honestos. Nunca havia se apaixonado por ele, nem ao menos chegou a gostar dele. Na verdade, o que lhe fascinava em Albert era a sensação de serem amigos, não amantes. E enquanto repassava esses pensamentos, lembrou novamente que já haviam se passado dois meses desde a última vez que falou com Albert. Quantas vezes havia pensado nele durante este tempo? Provavelmente não muitas. No entanto, eventualmente se casariam e teriam uma família. Amava Albert, ainda que não da mesma forma que ele. De repente ficou deprimido. Toneria percebeu, olhou Jill enquanto esfregava o queixo várias vezes.
“Não é reconfortante, mas lembre que a família Müller é assim. Sempre pensam na melhor escolha, para o bem de seus ômegas. Veja, a família Siegfried é uma das melhores do país e se você der a luz a uma criança lobo, vai poder fazer o que quiser sem se preocupar com o casamento com seu amigo de infância. Quem sabe até terá uma vida com um pouco mais de liberdade”.
“Tem razão…”
Mas Jill só estava ali agora porque Diego falou com ele e disse que teria escolha, não porque estava cego pelo bom nome da família Siegfried. Jill decidiu que queria ficar nesta mansão, mesmo que isso significasse trair Albert. Porque Albert esperava pelo seu retorno, mas Jill nem ao menos se lembrava dele com tanta frequência como deveria. Todos os dias se encontrava com Diego, emocionado pelas novas coisas que ele lhe mostraria. Era divertido estar com Diego e acabou se esquecendo de seus deveres e da posição do lobo. Era exatamente o que Toneria havia dito. Chegaria o dia em que os aristocratas deveriam cumprir suas obrigações como membros de suas receptivas famílias e então, esses momentos divertidos teriam que acabar.
“Jill… mesmo que não seja com o Diego, se você quer ficar por aqui, seria melhor que ao menos tivesse um filho comigo ou com o Geralt”.
“O-o que… O que significa isso?”
Toneria falou apressadamente, diante do rosto rude de Jill:
“Não interprete mal, significa que você não tem que ser pessimista em relação ao seu futuro. Se algo acontecer, eu posso te ajudar”.
Mesmo coberto com pelo curto, o rosto de Toneria parecia ligeiramente vermelho. Claro, não havia nenhum motivo para acreditar que Toneria pudesse ser grosseiro com ele. Seguramente disse aquilo com boas intenções.
“Obrigado por sua gentileza. Apreciei muito o chá”.
“Vou pedir para o meu servente te acompanhar de volta ao seu quarto. Eu também desfrutei muito”. Ordenou que levassem Jill de volta a ala oeste e voltou a mover os olhos. “Se estiver com tempo outra hora, te convidarei para tomar algo outra vez.”
“Obrigado”
Jill, secretamente, percebeu que os olhos do lobo estavam grudados nele, mas sabia que seria de má educação suspeitar de Toneria em um momento como este, então não disse nada.
Ao voltar ao seu quarto, com seus livros, Jill sentou-se perto da janela e começou a olhá-los. Era um volume completo sobre constelações, algo com que estava muito animado antes mas que agora não sentia vontade de ler. Tinha esquecido por um momento que o tempo que passava nesta mansão não era eterno. Fazia quase três meses que havia chegado à mansão Siegfried e era Diego quem decidiria quanto tempo Jill ficaria sob sua custódia. Ele apenas tinha dito que seria por um curto período de tempo “Até que meus irmãos fiquem satisfeitos”. O fato de não ter uma data definida significava que, inclusive amanhã, poderia tudo se acabar e Jill seria botado para fora. O dia do seu retorno se aproximava cada vez mais.
Jill se apoiou na janela. Ver o mar, ficar acordado até tarde e passear pela cidade. Eram dias especiais e estava tão feliz que já havia incorporado aqueles momentos como parte de sua rotina. E agora, quando pensava em ter que voltar para casa, seus sentimentos se transformavam em um verdadeiro caos. Queria conhecer Diego, queria ficar com ele um pouco mais e, mesmo que não entendesse o motivo de não querer se afastar dele, estava convencido de que aquela separação não precisava ser imediata.
Publicado por:
- MDY
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