Garland Jujin Omegaverse - Capítulo 08
Quando voltou para casa, encontrou uma carruagem em frente a porta da frente. Era uma carruagem de dois lugares incrivelmente decorada om ouro e joias. Seria uma visita de algum aristocrata que conhecido de sua mãe? Pela porta principal, os empregados começaram a sair com apressados e, à sombra do caminho que levava até o jardim dos fundos, Diego apareceu repentinamente. “Por que ele está aqui outra vez?” Mas antes que tivesse oportunidade de perguntar, sentiu algo beliscando seus dedos dos pés. Olhou para baixo e gritou:
Yoyo!! Por que está em um lugar assim a essas horas?
Yoyo cacarejou e, quando bateu suas assas, começou a correr freneticamente em direção ao jardim traseiro. Era como se estivesse dizendo: “Vamos, você precisa me perseguir” Mas, deveriam brincar neste momento? Deveria persegui-lo ou deixar ele se esconder atrás da porta, como sempre?
Yoyo correu em direção ao pátio da frente enquanto continuava cacarejando e, consequentemente, Diego percebeu muito antes do que qualquer empregado. Ele notou Jill, levantou a mão para seu acompanhantes em pânico e se aproximou dizendo:
“Primeiramente, olá.”
“Olá”
Jill não deu muita atenção a ele enquanto cumprimentava, porque seu olhar se concentrava unicamente em Yoyo. O frango olhava para ele desde um lugar distante, provavelmente porque ainda queria ser perseguido e brincar com Jill. Ao ver Yoyo pronto para correr novamente, Diego sorriu e disse:
“Está fugindo de novo porque não quer virar comida? Tem muita energia”.
“Acontece que esse frango não está no cardápio”.
Logo após responder, caminhou pela porta afora o mais silenciosamente possível e imediatamente, Yoyo começou a correr de modo impaciente. Parecia se dirigir ao jardim externo mais uma vez, então Jill o perseguiu de forma apressada.
“Ei! Yoyo, não vá para o pátio!”
Perseguindo Yoyo, que havia escapado e agora movia sua cabeça de forma alegre, Jill saltou em um arbusto, brigou com ele e retornou com o frango ainda gritando em seus braços. Diego estava parado no caminho que levava para o quintal quando viu Jill franzir a testa ao passar por ele, dizendo que no fim das contas, era apenas um passatempo estranho.
“Esse frango…”
“O que tem?”
“Você deu um nome a ele. Se tem um nome, então já não pode mais comê-lo”.
Não foi esperto chamar o frango pelo nome enquanto o homem lobo estava por ali. Não era nenhuma criança pra chamar pelo nome um animal de criação e persegui-lo como se fosse um cão de caça. Jill fingiu tranquilidade enquanto falava com ele, mas pensou que nem mesmo Stella sabia o nome de Yoyo.
“Então é seu animal de estimação”.
“Não importa”
“Por um momento, imaginei que o frango estava sorrindo. Não é de se estranhar que ele é tão apegado a você.”
“Poderia, por favor… ir embora?”
Era o pior comportamento que se podia ter com um homem-fera que também era um convidado, mas Diego não se importou. Semicerrou os olhos suavemente sem transparecer sinal de irritação.
“Quero falar com você.”
“Sobre o quê?”
Não era de seu costume mas, diante de Jill que, aparentava recuar a qualquer momento, Diego corrigiu sua postura numa tentativa de parecer mais amigável. Olhou Jill diretamente e lhe estendeu a mão direita.
“Jill, eu quero você”
“Quer a mim?”
O que significava isso? Ainda olhando para frente, atordoado, escutou a voz da Sra. Müller ressoar atrás dele. Muito provavelmente, atraída após o relato dos empregados.
“Diego-sama!” Ela se aproximou rapidamente, com o mordomo ao seu lado. Olhou Diego de forma ligeiramente culpada. “Quem dera tivesse entrado em contato comigo antes de vir. Não pude lhe oferece a hospitalidade adequada com essa visita repentina, então queira me perdoar.”
“Sinto muito por esta visita em cima da hora”. Diego se desculpou educadamente e olhou para Jill. “Mas o ponto é… Que, decidi na festa do outro dia, quero integrar Jill a minha família e torná-lo um Siegfried”.
“Jill? Bem, é uma honra. Mas, Jill não o fez sentir desconfortável durante a festa? Para minha vergonha, Jill é um ômega inadequado que não merece o sobrenome Müller e, muito menos, o sobrenome Siegfried. Se quiser pensar com mais calma, posso lhe oferecer…”
“Não penso que Jill seja uma vergonha”.
“… Agradeço sua gentil consideração. Mas terei que insistir. Se quiser ver os meus ômegas novamente, tenho certeza que posso organizar isto agora mesmo, como um pedido de desculpas pelo outro dia. Gostaria de conversar tomando uma xícara de chá?”
“Não há nada para conversar. Eu gosto do Jill”.
“Mas…” A senhora Müller se demorou um bom tempo olhando Jill e Diego. Depois de pensar com cuidado, disse: “Bom, se é o que você realmente quer, então é claro. Ficarei feliz em enviar este menino para você. Jill, você escutou. Vá arrumar suas coisas”.
A Sra. Müller parou diante de Jill, o olhou nos olhos e fez uma carreta ao ver o frango que segurava.
“Você nunca aprende? Está imundo, desajeitado e segurando um frango sujo! É uma vergonha se apresentar ao Diego-sama dessa forma. Antes de mais nada, vá tomar um banho imediatamente”. Sorriu ligeiramente para Diego. “Diego-sama, lamento muito a falta de modos dele. Prometo que ele será melhor esposa do que ômega. Qual data seria mais conveniente para a mudança de Jill?”
Jill estava branco como leite. Não só não conseguiu dizer nenhuma palavra, como também a Sra. Müller estava disposta a entregá-lo apesar de ele já estar comprometido com Albert. Jill abraçou Yoyo com força e pensou: “Me recuso”. Não conseguia se imaginar rodeado por feras e dormindo com Diego. Apesar de que também não conseguir imaginar o mesmo acontecendo com Albert. Jill simplesmente não conseguia aceitar o fato de ter que morar com um homem que acabava de conhecer.
“Se for possível, eu gostaria de levá-lo ainda hoje. Ele pode buscar o que precisar outra hora.”
“Me sinto honrada”. A senhora Müller não estava acostumada a ter solicitações para levar seus ômegas imediatamente. Mas, certamente, se desfazer Jill não seria nenhum problema. “Então, por favor, ao menos espere na sala de estar até que ele troque de roupa”.
“Claro”
Diego, que tinha toda a situação sob controle, foi guiado pelo mordomo até a sala de estar. Após se despedir dele com um sorriso, a Sra. Müller dirigiu a cabeça para Jill e o olhou com uma expressão incrivelmente cruel.
“Solte este frango, é terrível!”
Imediatamente, puxou Jill e começou a limpá-lo e tirar sua roupa.
“Escute com atenção, menino. Agradeça a Diego-sama e faça uma reverência”. Quando Jill soltou Yoyo, sua mãe o agarrou pelo braço e aproximou-se de seu ouvido para sussurrar “Você é um inútil e dificilmente será mais do que isso. Contudo, não importa o que pense ou faça, trabalhe duro durante a noite para conceber uma criança. Você nunca me entende. Jamais voltará a ter uma oportunidade como esta, então não manche o nome da família Müller”.
Jill não respondeu. Estava mais triste do que bravo e não conseguia encontrar um palavra descente pra se defender. Não serviria de nada mencionar Albert, pois sua mãe já estava ansiosa pelo sobrenome Siegfried e mesmo que dissesse que já tinha planos com outro homem, ela simplesmente argumentaria que Diego o amaria mais do que qualquer pessoa no mundo e o faria muito feliz. Se dissesse “Não quero ir” sua mãe brigaria com ele novamente. Desta forma, imaginou que seria inútil dizer qualquer coisa, mas, ao mesmo tempo, se sentia triste por não ter forças para lutar. Ao notar a expressão de Jill, a Sra. Müller arqueou uma sobrancelha.
“Este rosto rebelde! Por que você só consegue por essa expressão na cara? Não se cansa disso? Não faça isso na frente do Diego-sama e cumpra seu dever como um ômega da família Müller”. E Acrescentou com um olhar de desdém: “Se não pode fazer isso, se realmente me repudia, te tiro da família Müller para sempre. E se não quer vender seu corpo miserável em um beco, no lugar da minha casa, faça seu melhor esforço!”
Após esta declaração, a Sra. Müller lhe deu as costas.
Yoyo se aproximou silenciosamente, talvez pelo fato de Jill parecer diferente do normal. E quando a porta do galinheiro foi aberta, Yoyo entrou por conta própria e deitou, aparentando arrependimento e preocupação por Jill.
Jill fechou a porta e lhe deu um sorriso amarelo dizendo “Bom menino”. Porém depois de entrar pela porta dos fundos, enquanto subia as escadas para o seu quarto, seu coração ficou tão frio que até sentia calafrios. Se preparou em silêncio e foi novamente até a sala de estar enquanto levava sermão por chegar tarde. Diego ficou de pé e lhe deu as boas-vindas, mas quando viu seu rosto sem vida e os olhos cheios de lágrimas, seus sentimentos ficaram confusos e já não sabia o que dizer.
Olhou em silêncio para sua mãe e para Diego. Quando subiu na carruagem que o levaria para um lugar desconhecido, começou a se sentir tão assustado que quase se desmanchou em lágrimas. Apenas alguns momentos antes, havia se encontrado com Albert no bosque, sentia muita melancolia pelo futuro tedioso, porém aparentemente pacífico, que deixaria de ter. Agora nem ao menos poderia esperar um futuro pelo qual sentir tristeza.
“Não quero ir!”
A carruagem começou a se mover em frente a entrada principal e lentamente foi se distanciando da mansão. Quando saiu do pátio da frente, desceu a ladeira e saiu para uma ampla rua pública, finalmente avistou a parte onde ficavam os currais e o morro verde onde tantas vezes havia subido. Jill não gostava de sua casa, porém era o único lugar que havia conhecido em sua vida. A ideia de deixar a mansão e ir para um lugar desconhecido não lhe agradava, menos ainda estando nas mãos de uma besta lobo. Sobre tudo, sair desta casa significava estar preso em um lugar bem diferente. E pelo menos… Pelo menos queria ter tido tempo de explicar a situação para Albert. A Sra. Müller costumava fazer um escândalo ao dizer que a família Siegfried era de aristocratas populares, mas acontece que os Reinhardt também eram. Era terrível pensar em Albert, triste e magoado enquanto esperava por ele. Isso o fez se dar conta, por mais de uma vez, que ele apenas um objeto para sua mãe já que ela não tinha respeito por Albert nem por seus sentimentos.
E a partir de amanhã, Diego seria livre para usá-lo também.
Jill sentiu arrepios ao imaginar que Diego poderia tocar seu corpo do jeito que quisesse.
“Definitivamente não. Não posso ter sexo com ele assim sem mais nem menos”.
Mas, sendo apenas uma ferramenta, Jill não teria o direito de escolher nem se negar. Se aproximou o máximo possível da janela, então Diego falou com ele:
“Fui muito apressado? Eu sinto muito”.
Jill só consegui escutar uma desculpa vazia.
“Deveríamos levar o frango também? Amanhã vou pedir a um empregado para levá-lo para nossa casa.”
“Por favor, pare”.
Diego começou a sorrir, parecendo aliviado por Jill expressar alguma reação ainda que tão fria.
“Tem galinhas na minha mansão. Yoyo seria feliz ali. Tenho tudo que você precisar e o que desejar também. Posso arrumar tudo a seu gosto. Se você gosta de olhar pra fora, posso te oferecer um quarto com uma bela vista.”
Jill não disse nada. Mesmo que explicasse que não era este o caso, ele não entenderia e Jill também não podia fazer nada a respeito. Olhando para trás, através da janela, Jill se deu conta que a mansão já não estava à vista. Juntando as mãos e movendo um pouco os lábios, Jill murmurou “Sinto muito, Albert. Se eu soubesse que já não poderia te ver, teria falado contigo de modo mais apropriado.” Como Jill poderia dizer que a família Siegfried ficaria a cargo dele de agora em diante? Ninguém faria isso. Albert ficaria preocupado pelo sumiço silencioso de Jill e tentaria encontrá-lo dia e noite. Quem dera eu tivesse tempo de contar para Stella e os outros empregado. No entanto, Jill foi tirado de uma mansão para ser levado a outra. A carruagem acelerou através do bosque em direção a Capital.
De fato, Jill queria ver a Capital um dia, mas não desta forma tão escandalosa.
Depois de correr por aproximadamente uma hora, a carruagem parou diante de um grande portão que apareceu ao final de um muro de pedra. Era tão largo que, aparentemente, três carros poderiam cruzar ao mesmo tempo, um do lado do outro. Os antigos pilares de pedra e o portão de ferro preto com uma decoração em forma de ponta de lança no topo eram altos o suficiente para fazer Jill ter que olhar para cima. O porteiro abriu o enorme portão e a carruagem adentrou ao território da família Siegfried que era rodeado por uma cerca. Apesar de estar muito perto da Capital, o lugar pareceu muito maior do que os domínios da família Müller. O caminho continuava reto infinitamente e, à direita, edifícios erguiam-se aqui e ali ao longo da estrada. Todos eram maiores que a Mansão da família Müller, ainda assim, a carruagem não parou em nenhum deles e apenas seguiu em frente.
Finalmente parou em frente a um prédio de pedras cinzas que era a torre mais alta que Jill tinha visto em toda a sua vida. Muito, mas muito longe do portão da entrada. Na entrada, havia uma janela alongada verticalmente onde se destacavam um arco inglês e uma torre. Parecia mais um castelo do que uma casa. E, talvez pela cor cinza lisa, tinha uma atmosfera mais solene do que a igreja que havia avistado à distância desde a carruagem.
O hall de entrada parecia ser capaz de acomodar umas 100 pessoas. O teto, sustentado por vigas, era exageradamente alto e, embora no exterior fizesse calor, o interior era fresco. As colunas grossas estavam decoradas individualmente com acabamentos simples mas funcionais e charmosos.
“A família Siegfried é realmente excecional.”
Enquanto Jill seguia estupefato, uma pequena sombra surgiu detrás dele.
“Estávamos lhe esperando, Jill-sama”.
Ao ouvir seu nome, Jill olhou para baixo e viu duas orelhas se movendo. Ele tinha bochechas rechonchudas e um nariz que tremulava. Era uma pequena besta coelho que vestia um traje de bainha longa e gola preta.
“Meu nome é Norn e serei seu criado de agora em diante. Estou contente por recebê-lo em nossa mansão!”
“O… Obrigado”
Jill o cumprimentou com uma voz confusa. Era a primeira vez que tinha um criado. Muitos ômegas eram mantidos pela família Siegfried, então se perguntava se cada um deles teria um criado.
“Vou levá-lo até o seu quarto.”
Diego se adiantou e avançou através do corredor. O lugar parecia maior do que tinha imaginado e, quando finalmente entrou em outro edifício através do pátio, sugiram diante dele várias escadas de mármore. Subiu até o terceiro andar. Diego lhe abriu uma das enormes portas de madeira pessoalmente. A janela tinha uma excelente vista, como Diego havia dito. O quarto era grande e tinha todo o necessário: Uma cama, mesa e espreguiçadeira. Havia esculturas elaboradas nos pés das cadeiras e dos armários, estavam bem polidas e eram cor de âmbar, brilhantes e lindas. Os lençóis eram de seda com um brilho suave e o estofamento da espreguiçadeira era de um tecido que continha flores magníficas. Cada peça da mobília parecia mais cara do que os móveis da casa Müller.
“Vou realmente usar este quarto?”
Jill estava tão surpreso que não conseguiu evitar a pergunta. Porque no fim das contas, Jill era apenas um ômega. Ele não pensou que o receberiam como um esposa, mas que simplesmente seria recebido como um dos outros ômegas. Poderia ter tido um quarto menor e mais simples. Diego assentiu com a cabeça.
“Oh, sim. Você não gostou? Bem, eu tinha preparado um quarto no primeiro andar, mas me pareceu que você gostaria de um quarto com uma boa vista, então… Está tudo bem? Se não gostou, posso te levar para olhar outros quartos até que encontre um que de que goste.”
“Não, este está bom”.
Jill acomodou seus pertences pensando que este era um quarto de hóspedes luxuoso. Talvez a família Siegried oferecesse a todos os ômegas que abrigavam um lindo quarto e um empregado a seu dispor. O tratamento elevado significava então que ele tinha que cumprir suas obrigações sem questionar: Engravidar e dar a luz a uma preciosa criança saudável. Quando pensou que poderia ter sexo naquela mesma noite, teve uma terrível dor no estômago e começou a tremer. Neste momento Diego lhe disse:
“O jantar é às 7 em ponto. Seria bom se pudesse descansar um pouco até lá. Este quarto fica na ala oeste, mas você pode ir também a ala leste e sul. No salão, do primeiro andar, você pode relaxar e tocar qualquer instrumento musical que deseje. Há um violino também, então pode tocar sempre que tiver vontade, seja de dia ou de noite. Norn se encarregará do restante para sua vida diária”.
Norn, que manteve silêncio durante todo o tempo, permaneceu em pé com as mãos cruzadas atrás de si.
“Por favor, me diga tudo do que necessita. Me encarregarei do que precisar.”
“Você é livre para sair ao jardim, mas sempre diga a Norn quando sair. Norn, por favor, o ajude a escolher uma roupa.”
“Com prazer”.
Quando Norn fez uma reverência, Diego voltou a falar “Se tiver alguma dúvida, pergunte ao Norn… Ou a mim, se eu estiver por perto. Alguma pergunta?”
Jill se sentia frustrado com aquele discurso unilateral. Pensou que ele era uma pessoa estranha, mas pelo visto nem ao menos podia pensar nos sentimentos dos outros. A boca que parecia ter sido um pouco sincera quando se conheceram agora parecia um pouco… Mandona. Jill se sentiu decepcionado com a atitude de Diego porque havia sentido que poderiam ter se tornado amigos. Mas já que Jill era um ômega, seus sentimentos e seu coração não importavam e com certeza Diego ia ser indiferente a partir de agora.
“Sem perguntas?”
Estava tão frustrado que acabou dizendo: “Escutei que não posso fazer nada”.
“Jill?”
“Você, por ser membro da família Siegfried e ter poder, certamente não sabe como eu me sinto.”
Ao olhar o rosto de Diego, Jill imaginou uma voz dizendo: “Pois veja bem, eu entendo o seguinte: Te expulsaram facilmente da sua casa por causa de seus caprichos e seu comportamento e você não tem mais um lugar pra ir. Se ao menos quer viver tranquilamente não estrague tudo comigo”. E de repente surgiu o rosto bravo da Sra. Müller. Jill tinha decidido se casar com Albert então odiou esta atitude terrível e desagradável de pensarem nele como um objeto e oferecê-lo a outra pessoa quando soube que havia chego o herdeiro da família Siegfried. E não se tratava apenas de sua mãe, Jill sempre odiou as pessoas que decidiam por ele e que falavam pelas suas costas como se ele fosse alguém incapaz de pensar. Toda vez que riam dele, se perguntava se realmente estava tão maluco e que seria mais fácil casar-se de uma vez com Albert, mas logo Diego interrompe estes pensamentos sem pesar duas vezes e lhe fez sentir como se nada mais tivesse sentido.
Quando mordeu os lábios trêmulos e tentou falar, Diego sorri e lhe perguntou:
“O que foi? Tem algo que não quer me dizer?”
Jill se surpreendeu com a reação inesperada de um homem que aparentava estar de bom humor.
“Desculpe. Sinceramente, não sou bom com ômegas que estão ansiosos para ter filhos. Não sei como lidar com eles porque não quero ter filhos neste momento. Entretanto, meu irmão disse que era preciso ter um ômega e me obrigaram e ter uma relação pelo bem desta casa. E foi por este motivo que visitei a mansão Müller por minha conta, pois decidi que ao menos escolheria alguém do meu agrado. Felizmente te encontrei. Você sabe, estamos na mesma sintonia”.
Os olhos e o tom de Diego pareceram um pouco mais familiares. Porém, mesmo explicando desta forma tão despreocupada, não conseguia acreditar que aquilo era o melhor.
“Esta dizendo que escolheu um ômega como eu porque você não quer ter filhos?”
Diego parecia indiferente à voz de Jill, atordoada e estridente.
“Não importa se não acredita em mim, mas eu gostaria de acertar isso. Como se fosse um contrato. Um favor, para que eu não tenha que ter nenhum outro maldito inconveniente na minha vida. Por favor, fique por enquanto. Uns meses. Isso faria a minha família se sentir melhor, eu me livraria de um peso e depois “puff”, você voltaria para a família Müller e dizemos que não funcionou, mas que nós dois desfrutamos a experiência. Quero dizer, eu nem ao menos gosto de você.”
Isso soava como alugar ou pegar emprestado pequenos acessórios que eram fáceis de carregar.
Rapidamente, Jill se aproximou e deu uma bofetada naquele homem que era mais alto que ele. Foi tão rápido que não houve tempo para pensar. A palma que o atingiu fez soar um baque surdo.
“Jill…?”
“Saia, por favor”.
Jill apontou para a porta a frente de Diego, que parecia chocado e inseguro sobre o que havia acontecido.
“Fora! Agora mesmo!”
“Ok, estou saindo”.
Diego saiu do quarto rapidamente e Jill, com a mesma velocidade, fechou a porta atrás dele em um tremendo impulso. Começou a ofegar pesadamente. O quão pequeno pode ser o cérebro de um “incrível” homem-fera alfa? Ele não sabe de nada. Se soubesse o que acontece com um ômega que volta pra casa sem ter um filho, não contaria sobre o seu plano com um sorriso tão brilhante na cara. Um ômega que não engravidasse era inútil. Normalmente, sobrariam algumas alternativas, porém Jill, que hoje já era considerado um incômodo, seria ainda mais desprezado se lhe colocassem uma marca de “estéril”. Será que Albert perdoaria um ômega que foi abandonado por outro aristocrata? Se a família Reinhardt o rejeitasse também, sua mãe realmente poderia vendê-lo em uma esquina qualquer. Um ômega poderia ser odiado e vendido, como Jill, mas se o ômega voltava sem ter tido um filho, seu valor certamente cairia consideravelmente. Ou Diego sabia disso? Mesmo ele, que parecia um cavalheiro, não devia pensar em ômegas como “humanos” e não teria motivos para se importar com as circunstâncias de Jill.
“Se eu sou um pássaro dragão, ele é o pior dono que poderia ter”.
Mas não se podia escolher seu dono.
Era uma ansiedade que não sentia há muito tempo. De fato, não tinha nada. Sentiu uma tristeza por saber que nunca alcançaria a felicidade desejada e uma solidão por não haver uma única pessoa próxima a ele que pudesse entendê-lo do fundo do coração.
“Então é assim, eu já sabia. É o mesmo em todo lugar. Inclusive aqui, mesmo resistindo e lutando desesperadamente, as coisas sempre serão iguais.”
Sacudiu a cabeça e abriu a janela pra melhorar seu ânimo. A brisa que soprava cheira como se a chuva já se aproximasse. E além as árvores do vasto jardim, mas longe do que as torres, era possível contempla a enorme cidade da Capital, que brilhava como se estivesse coberta por mosaicos.
“A vista é realmente agradável.”
Os edifícios eram brancos e marrons, perfeitamente alinhados. Pareciam miniaturas de uma maquete colocada sobre a mesa. Era uma cidade maior do que havia imaginado, onde possivelmente estavam vivendo muitas pessoas em baixo de tetos coloridos. Quando olhou um pouco mais a sul, encontrou um ponto plano brilhando atrás do telhado em uma fileira interminável de água. Depois de olhar por um tempo, se deu conta que era o mar. De sua boca saiu um som de admiração. Não esperava ver o mar nem sentir a brisa salgada misturada com o vento. Era um mundo que via pela primeira vez na sua vida. A cidade e o mar que tanto desejou. Um lugar infinito, tão amplo que parecia avassalador, mesmo quando visto à distância. Jill que só conhecia a mansão Müller o o bosque que a rodeava, estava assombrado com o amplo mundo frente a ele, chegando ao ponto de querer voar. Queria virar um pássaro dragão e voar até o mar. Queria sair janela a fora e voar livremente. Mas este era um sonho impossível. Mesmo deixando a casa Müller e chegando a um lugar diferente, Jill só podia esperar um futuro parecido com a vida que teve até agora.
Jill fechou silenciosamente a janela.
Olhando para o quarto trás de si, depois se sentir a vastidão do mundo e se emocionar com ele, as coisas antes dignas de elogio se desvaneciam agora e pareciam apenas artefatos estúpidos. Sentindo-se cansado, afundou seu rosto em uma almofada da espreguiçadeira e fechou os olhos.
Quem diria que essa esta euforia se transformaria em desespero? Sem saber, poderia ter sido feliz enquanto estava preso em um mundo pequeno.
Publicado por:
- MDY
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