Garland Jujin Omegaverse - Capítulo 07
Dois dias depois da festa que se destinava a entreter o aristocrata, Sr. Diego, Albert, que estava esperado por Jill, estendeu a mão para indicar o caminho, justo quando havia chegado a habitual sombra de um morro o qual possuía excelente vista.
“Jill!”
“Albert”.
Jill se sentia aliviado sempre que o via, balançando uma cauda comprida e sorrindo de maneira refrescante com uma expressão brilhante no rosto. Jill se sentou à sobra de uma árvore e exclamou de imediato:
“Desculpe a demora. Veja, são sanduíches preparados pela Stella!”
“Fico feliz que os tenha trazido. Os sanduíches da Stella são muito bons”.
Albert sorriu, acomodando-se melhor ao lado de Jill. O homem era uma grande besta felina, mas nem de longe tinha a fofura associada aos gatos. Tinha uma cabeça firme, orelhas pequenas e olhos afiados que não deixavam dúvidas que pertenciam a uma formidável besta carnívora excepcional na caçada. O pelo que cobria da garganta ao peito era negro como azeviche. Possuía uma mandíbola robusta que parecia ideal para esmagar ossos humanos, se assim desejasse. As presas proeminentes ficavam à mostra com até o mais mínimo abrir da boca. Longas e afiadas, as pressas podem até causar um pouco de medo para aqueles que não estão acostumados com elas. Contudo, não é exagero dizer que, apesar da aparência, Albert possuía uma personalidade amistosa e amável com Jill. Ele parecia feliz, olhando o rosto do homem ao lado como se fosse o mais bonito do mundo inteiro e de repente falou com certa ansiedade:
“Jill, o que foi? Você parece cansado”.
“Sim. Você realmente me conhece bem, Albert”.
Como se conheciam há muito tempo, qualquer mudança leve na aparência ou comportamento ficavam muito evidente para ambos. Jill suspirou.
“Antes de ontem, veio um cliente da Capital e tivemos que entretê-lo.”
“Oh, isso é estranho. Você também participou?”
Albert falou enquanto pegava um sanduíche.
“Sim. Mesmo quando disse que gostaria de ficar no porão com os outros empregados me fizeram participar. Fiquei em silêncio junto a parede para ser discreto, mas no fim até tive que tocar violino!”
“Está tudo bem, você é ótimo tocando violino.”
“Não diga isso. Os outros ômegas estavam me insultando alguns minutos antes, por isso eu estava com raiva. Peguei o maldito violino e toquei uma música que os empregados costumam tocar para se divertir. Depois, minha mãe ficou muito brava, é claro, e os outros ômegas também.”
“Deve ter sido um alfa muito importante…”
“Sim. Ele pediu para ver todos os ômegas da mansão, por isso todos estavam entusiasmados”.
“Foi ele que pediu pela festa?” Albert começou a parecer surpreso e franziu imediatamente as sobrancelhas. “Você não deveria ter ido, Jill”.
“Não tive escolha. Eu não queria participar, mas a minha mãe ordenou que tratasse bem o convidado… Mas quer saber? Aposto que depois da minha interpretação tão inusual, certamente o interesse do cliente desapareceu, não é verdade?”
“Que interesse?”
Jill deu um leve sorriso para Albert que ficou um pouco nervoso.
“Não se preocupe. Fiquei grato, como todos, mas foi só isso.”
“Verdade?”
“Sim, verdade. Os homens besta não costumam escolher ômegas como eu porque há vários outros ômegas na mansão muito mais educados”.
“Você e as festas não combinam muito bem.”
“Você está certo.” Jill suspirou e balançou as pernas. “Além disso, todo já deveriam saber que não estou disposto a me vender para os clientes, mesmo que não possa me retirar quando começam a me elogiar. Lembra daquele do mês passado? Dias depois da festa, um gato queria me roubar então dei um banho de suco nele. Ele ficou tão encharcado que teve que tomar um longo banho e esqueceu de mim no processo”.
“Sim, mas dessa vez é pior do que o habitual. Não parece algo que pode ser solucionado com atitudes infantis”.
“Não pense mais nisso” Jill mostrou a cesta para ele “Apenas coma um sanduíche e se acalme um pouco. Te prometo que ele não quer nada de mim”.
“Está bem” Albert hesitou um pouco, mas acabou colocando a mão no ombro de Jill. Tinha uma forma humana, mas ainda era uma mão poderosa com dedos que podiam puxar garras afiadas para dentro e para fora, tal como um gato. Então, puxou Jill firmemente contra si e sussurrou “Desculpe, eu gosto de escutar você, Jill. Mas, às vezes, meu coração se sente inseguro”.
Era uma sensação estranha, comer um sanduíche com a mão de Albert sobre seus ombros. A temperatura corporal do homem se transferiu rapidamente deixando Jill nervoso.
Albert, que notou o nervosismo de Jill, lentamente acariciou as suas costas antes de falar:
“De qualquer forma, você só precisa ficar mais um pouco nesta mansão, depois vai poder me casar contigo”.
“Sim”.
“Você não vai mais precisar se sentir desconfortável, porque eu vou te libertar”.
O peito de Jill doía intensamente, porém ele sorria. A liberdade que Albert podia lhe proporcionar era diferente da liberdade que Jill buscava. Contudo, viver com ele não poderia ser pior do que ficar com a família Müller. Pelo menos Albert não chamava Jill de “caso perdido” a cada meio segundo.
“Obrigado, Albert”.
“É normal para mim querer que meu futuro esposo seja feliz”.
Albert sorriu e quando Jill terminou de comer o sanduíche ele segurou suas mãos e disse:
“Além disso, não quero que você desgaste suas mãos. Veja como elas ficaram vermelhas de tanto esfregar roupa. No futuro, se precisar, eu mesmo farei isso por você”.
“Agora mesmo eu ia pegar um pouco de água…”
Apesar da tentativa de mudar de assunto, Albert seguia acariciando seus dedos então Jill desistiu de tentar falar sobre o futuro que aguardava suas mãos…
Jill sentiu o calor das mãos de Albet, graças a isso, começou a experimentar um incrível desconforto por alguma razão. Às vezes ele pensava que era necessário afastar Albert de alguma forma, ainda que o homem apenas estava tentando diminuir a distância de um modo carinhoso. Ele já colocou a mão em seu ombro e acariciou suas costas várias vezes no passado, mas agora o olhar de Albert era diferente daquele que tinha outrora. Jill era simpático e amigável e não se importava com os toques dele, mas se sentia nervoso quando ele o acariciava demais…
“Jill”.
Quando Albert disse seu nome em voz baixa, seu corpo todo começou a tremer. Ele apertou sua mão e se aproximou lentamente do rosto de Jill…
“Quando vamos nos casar?”
“Eu… ainda não falei com minha mãe a respeito”.
“Se apresse então. Ou eu deveria ir pessoalmente?”
“Sim, acho que seria melhor”.
O nariz de Albert de aproximou de seu pescoço e respirou fundo, mesmo quando Jill tentou se afastar. Ele inspirou e exalou…
“Você tem um cheiro doce”.
“Eu passei perfume”.
Jill empurrou Albert para trás e inconscientemente apertou as mãos junto ao peito. Jill ainda não tinha experimentado um cio decente a pesar de já ter quase dezoito anos. Normalmente a essa idade era normal que já tivesse tido vários cios. Seu crescimento lento se tornou motivo de mais uma decepção para sua mãe. Ele poderia ter relações sexuais mesmo se o cio ainda não estivesse presente, mas nunca iria sentir a necessidade ou o desejo de tais relações.
Jill sabia que algum dia faria sexo com Albert… Ele gostava de Albert! Ele era a pessoa mais amável e carinhosa do mundo. Mas seu coração ainda não estava preparado para recebê-lo neste momento. Albert mostrou um semblante triste diante da rejeição evidente.
“O que foi?”
“Albert…”
Quando abriu a boca para dizer o que pensava, Jill viu uma carruagem descendo a colina. Se ia nesta direção, só podia significar que era uma carruagem real que vinha visitar todos os membros da família Müller. Jill ficou de pé, aliviado por essa escapatória.
“Desculpe, Albert. Se for um cliente eu preciso voltar”.
Manteve uma distância razoável de Albert e rapidamente pegou a cesta dos sanduíches. Não conseguia olhar no rosto dele neste momento, então disse “Até logo” e virou as costas para ele.
Estava fazendo coisas muito ruins com Albet. Não é à toa que Albert se sentiu frustrado por ser gentil, afinal só recebeu a notícia de postergar a data do casamento. Ainda assim, por mais que Jill pensasse e pensasse, apenas conseguia ouvir uma voz insaciável em sua cabeça dizendo que não queria ser amado. Mesmo que todos dissessem que o amor era algo muito bom. Mesmo que tivesse que suportar isso como uma obrigação, ainda assim ele gostaria de ter um pouco mais de tempo.
“Sinto muito”.
Ele se desculpou com Albert e desceu a colina rapidamente.
Publicado por:
- MDY
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