Garland Jujin Omegaverse - Capítulo 04
“Desculpe, talvez não deveria ter te tocado”.
Jill de repente ficou vermelho diante de um tom tão calmo. Certamente ele havia notado que ele era um ômega, pois o colar estava a mostra. Mas, se havia notado que era um ômega, porque se dava ao trabalho de falar tão casualmente assim?
Jill recuou enquanto segurava o frango. Pelo olhar do lobo, que é diferente dos humanos, não conseguia descobrir nada do que estava pensando sobre a situação, porém o fato de que não parecia bravo ou zombeteiro. De acordo com as regras da família Müller, Jill não deveria falar com ele, mas estava relutante em ser indelicado com esta pessoa tão gentil. Deveria fugir ou deveria dizer algo? Afinal, já havia passado muitos anos desde que ele conhecera alguém fora da mansão além de Albert.
Enquanto Jill hesitava, o homem besta lobo dirigiu a palavra a Jill casualmente:
“Se você é um ômega da família Müller, poderia pedir para algum criado pegar o seu frango quando ele escapar. Se você mesmo está perseguindo ele, deve ser importante, certo?”
“Não, é só comida”.
Ele era um ômega, mas também era um empregado. Não podia confessar que estava trabalhando na cozinha e que era divertido perseguir galinhas. Embora o homem-fera não pareceu se importar com a curta resposta que recebeu.
“Você perseguiu ele até ficar coberto de grama, mesmo sendo apenas comida? Bom, está bem gordinho. Parece grande e parece realmente apetitoso. Ele deve saber o seu destino, por isso sempre tenta escapar, é porque não quer virar comida”. O homem-fera observou o frango com um olhar amigável: “Por que não o mata de uma vez e evita todos esses problemas?”
Jill olhou o homem-fera um pouco assustado. Ele é gentil ou terrivelmente cruel? Sabia que ele era um ômega e não foi arrogante e agora não tinha certeza de que o homem estava sendo gentil ou não, porque estava tendo uma conversa bem despreocupada…
“Ele pode estar fugindo porque não quer virar comida, mas você diz que a única opção é morrer? Não deixar ele fugir?”
“Ele vai morrer de qualquer forma” o homem besta acreditou que suas palavras soaram estranhas, mas continuou falando mesmo assim: “É um frango de granja. Mesmo se o soltar, ele foi mantido em engorda e suas garrar foram cortadas para que não possa brigar e a ponta das assas cortadas para que não possa saltar para longe. Não importa o quanto ele queira escapar, se sair do galinheiro, os predadores o atacaram de imediato e seu destino de virar comida se cumprirá de qualquer forma. Mas, de uma maneira mais brutal. Deveria… Matar ele agora e poupá-lo desse sofrimento.”
Era uma palavra que soava tranquila mas dura: “sem sofrimento”. E se, talvez tivesse razão e se talvez fosse um pensamento inclusive mais misericordioso do que o de Jill.
Jill volto a abraçar o frango.
“Mas, talvez… talvez consiga sobreviver se fugir.”
O que vem a mente sempre, é o passarinho que morreu quando bateu na janela. Mirando sempre o céu. O passarinho preso no vidro invisível parecia sofrer nas mãos de Jill então, se a janela estivesse aberta, o pássaro poderia ter sido capaz de experimentar a liberdade sem passar por esse horrível sofrimento. No fim das contas, sempre havia a possibilidade de sobreviver sem ser atacado por um falcão, ainda que fosse uma possibilidade milagrosamente pequena, ele deveria ter sido capaz de aproveitá-la. Deveria ter tido o direito de tentar. Jill percebeu então, que não só perseguia o frango porque era divertido se cobrir de folhas e terra, mas também porque sempre se perguntava se poderia fugir para algum lugar. Queria saber que conseguiria escapar, sobreviver no mundo exterior e ter uma liberdade mais feliz do que ninguém. Queria… Um verdadeiro motivo para não desistir.
“Bom, solte ele então. Mas vai ser tarde demais para se arrepender quando o encontrar despedaçado por algum animal selvagem.” Respondeu o homem-fera com severidade e frieza: “Se quiser, eu posso matar ele com uma mão. Bem rápido.”
Os olhos que olhavam o frango, pareciam muito ternos e a voz se derramou docemente também quando Jill respondeu:
“Me mataria também?”
O homem besta ficou surpreso com aquelas palavras tão repentinas e o pequeno ômega foi tomado por uma vergonha involuntária. Jill desvio o olhar para baixo.
“Desculpe, eu não… Eu te tomei tanto o seu tempo e agora falo algo tão estranho. Hm… se continuar por este caminho, logo chegará a entrada principal então, por favor, vá por ali.”
“Você vive nesta casa, certo? É filho dos Müller? Eu… me chamo Diego.” O homem besta cortesmente estendeu a mão para Jill, que estava tentando se afastar. “Sou Diego Siegfried”.
“Siegfried!!”
Surpreso, Jill quase deixou o frango cair. Ele é o aristocrata mais poderoso de Bernerud. As visitas dos Siegried são SEMPRE, o evento mais memorável da família Müller para se gabar de sua riqueza e este homem, um aristocrata que começou a falar com ele de flores e galinhas, é um dos homens fera mais poderosos do país. Um Alfa dominante.
“Eu não…”
“Ei, ei, espera… Você não é um frango de granja com as assas cortadas. Certo? Você não… É uma ave. É uma criatura charmosa e elegante que todo mundo deseja. E eu…”
“Não”
Jill encarava aquela mão estendida que queria cumprimentá-lo, enquanto recuava. As palavras de Diego pareciam estar destinadas a consolar Jill, mas não estava ajudando em nada! “Pode me matar” disse Jill de uma forma tão descuidada, quase como um lamento. Ser desejado não era o mesmo que ter liberdade.
“Não sou muito diferente do frango. Quando me mandam cantar, tenho que cantar.” Disse Jill fazendo uma reverência. “Sou um rejeitado, então não sou qualificado para tratar com uma boa pessoa como você. Vou te levar até a mansão, então por favor…”
“Me escute…”
Jill segurou Yoyo com força e desceu a ladeira para logo subir correndo. Mesmo se não podia ver o caminho, não devia para de mover as pernas, atravessando o bosque e finalmente parando em frente o arbusto, na entrada do pátio traseiro. Uma flor amarela, que havia florescido completamente, brilhava como ouro soba a luz do sol com uma cor que fazia Jill lembrar do ramo que o homem-fera havia tirado do seu cabelo, como aqueles seus longos dedos. A voz profunda e tranquila de Diego permaneceu em seus ouvidos de forma tão aconchegante que tocava seu coração.
Um aristocrata estender a mão para um ômega era estranho, quem sabe agiu assim por saber que eu era filho dos donos da mansão. Parecia suspeito a primeira vista, mas, ainda assim, nunca desfez sua postura educada. Tinha certeza de que Diego era uma pessoa amável e sincera mas mesmo ele deixou claro seu ponto de vista: se uma criatura não pudesse sobreviver sozinha no mundo exterior, seria melhor matá-la para evitar sofrimento. Se for assim, Jill não teria escolha a não ser morrer, pois seu verdadeiro eu, que desejava voar, estava preso em uma gaiola para ser admirado apenas como ômega, e seria lentamente sufocado até a morte.
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