EU NÃO QUERO MORRER, ENTÃO VOU NUTRIR O HERÓI - Capítulo 15.1- A longa ausência do herói (Última parte)
O segundo domingo das férias de primavera chegou.
Alfred deve retornar em breve.
Já que ele disse que voltaria em duas semanas, deveria chegar na igreja hoje ou amanhã.
Mas o domingo passa e ainda não se vê Alfred.
Talvez… ele volte amanhã.
Segunda-feira logo passa.
Está chovendo desde manhã.
As crianças não podem sair, então brincam na grande sala de jantar da igreja. Eles fazem aviões de papel usando as folhas de documentos para os quais não tenho mais uso, tentando ao máximo voar com eles pela sala.
Assim como eu os ensinei, as crianças fizeram vários tipos de aviões de papel.
Sorrisos em seus rostos, eles parecem estar se divertindo muito.
Mas Alfred ainda não voltou.
Terça.
Faltam apenas cinco dias para as férias de primavera.
Como está ensolarado lá fora, faço uma viagem à parte sudoeste da vila para inspecionar e desenhar a área.
Acho que vou rapidamente para casa hoje.
Segundo Loendal, pode chover à noite.
E, como ele prevê, as nuvens se estendem rapidamente pelos céus algumas horas depois do meio-dia. Então eu decido encerrar o dia.
No caminho para casa, faço um desvio para a igreja. Só para verificar alguma coisa.
Ainda não vejo Alfred.
“Eu me perguntei o que aconteceu,” Marie diz enquanto inclina a cabeça. “Talvez ele volte amanhã. Tenho certeza de que ele está atrasado porque está ajudando no rancho.” Ela sorri.
É esse o caso?
Mesmo?
Eu volto para a carruagem. Sentado no banco do motorista, Shurio franze a testa enquanto olha na minha direção. “Jovem mestre, você está bem…? Parece que você está muito cansado…”
“Mesmo? Eu estou bem, no entanto. Eu estou bem…”
Quando subo a rampa para a carruagem, meu pé escorrega.
“J-jovem mestre!”
Shurio salta rapidamente de seu assento e me pega. Que embaraçoso. Eu tenho que me estabilizar.
“…Ahh, estou um pouco tonto agora. Eu estou bem.”
Mesmo que eu diga que está tudo bem, Shurio ainda franze a testa. Eu quero saber porque. Não é um problema, pois a tontura dura apenas um momento. A dor de cabeça desaparece tão rapidamente quanto aparece.
Eu tento me levantar, mas Shurio me impede.
“Shurio?”
“…Jovem mestre. Vamos descansar um pouco na igreja, ok? O jovem mestre se sentirá mais aliviado lá…. certo?”
“Aliviado…?”
“Sim. O jovem mestre está atualmente se preocupando com alguém, certo?”
Shurio sorri para mim e, a julgar por seu rosto, ele entende minhas preocupações.
O que você quer dizer com se preocupar com alguém? Como você espera que eu responda a isso? E por que você está sorrindo!?
“Eu realmente não… me sinto assim…”
“Vou informar os guardas, então descanse”, diz Shurio. “Eu também vou ficar aqui. Por favor, me ligue se precisar de alguma coisa.”
“Sim. Eu acho que esse será o melhor curso de ação, Lian-sama,” disse Marie, seu rosto a imagem de preocupação. Ela segura minha bochecha com sua mão fina e pequena. Desde quando ela chegou aqui?
“Ah, seu rosto está tão pálido… Quer tomar um chá quentinho? Vou preparar um chá delicioso para você. Isso mesmo, você está com fome?”
Eu balanço minha cabeça.
Eu realmente não preciso de nada, meu apetite inexistente.
Na verdade, sinto um pouco de náusea.
Mesmo depois de tomar remédio, não me sinto melhor.
Algumas noites, tenho dificuldade em adormecer. E mesmo que eu faça, é um tipo de sono leve, do tipo em que vou acordar logo depois. Uma vez acordado, não consigo dormir por um tempo.
No dia seguinte à minha noite com insônia, vou sentir que algo ruim vai acontecer.
Não faço ideia do que causa isso.
Normalmente, depois de suportar essa sensação desagradável por dois ou três dias, ela passa.
Desta vez, porém, é diferente. A duração do sentimento se estende.
Sorrindo, Marie dá um tapinha nas minhas costas. “…Está bem. Alfred certamente voltará amanhã.”
Mesmo?
Naquela época, a enfermeira também disse isso. ‘Está bem. Ele vai melhorar logo, e então vocês dois podem ir para casa.’ Então ela sorriu.
Mas no final, meu avô nunca voltou para casa.
Primavera, uma estação onde muitas mentiras suaves passam como uma brisa.
Porque as pessoas mentem para mim, eu também minto para os outros para manter essa falsa realidade.
É por isso que eu odeio mentir.
Muitas mentiras saem da minha boca. Pouco a pouco, perco a noção da verdade.
Não posso deixar de perceber o que todo mundo me diz como uma mentira.
Tenho certeza de que palavras ditas sem fundamento, palavras como as de Marie, também são mentira.
Tudo para esconder a verdade.
Por alguma razão, Marie e Shurio continuam me empurrando para dentro sem esperar minha resposta, então decido ceder. Descanse um pouco na igreja.
Não estou com vontade de comer nada em particular, então digo a Marie que vou tirar uma soneca. Marie me oferece o quarto de Alfred. Agradeço a ela, indo rapidamente para o quarto dele.
Eu não posso deixar de rir um pouco quando entro em seu quarto.
Está vazio como de costume.
Ele não pode guardar pelo menos alguns livros aqui? Se são apenas livros, ele deve conseguir pagar alguns com seu trabalho de meio período, certo?
Ahh… Mas os livros são pesados.
Ele provavelmente pensa que, uma vez que ele deixar este lugar, ele vai lutar para carregá-los como bagagem.
É por isso que ele se abstém de comprar qualquer coisa…
Estou com um humor meio preguiçoso, então me sento em uma cadeira de frente para a janela. Olhe para fora. Está escuro como breu além da vidraça.
Eu posso ouvir o som da chuva. Nem alto nem suave.
Finalmente, começa a chover exatamente como Loendal prevê.
Agora que penso nisso, no dia em que meu avô morreu, também choveu.
Aconteceu durante a manhã, seu rosto tranquilo como se ainda estivesse dormindo.
Por que as más notícias sempre chegam de manhã?.
Tenho certeza de que essa má notícia também…
Eu rapidamente sufoco a brasa do medo em meu coração.
Ele prometeu que voltaria.
Ele prometeu que daria certo..
Eu apago a lâmpada na mesa e tiro minha jaqueta. Depois de colocá-lo sobre uma cadeira, deito-me na cama.
O lençol cheira a pó de sol.
Minha cabeça está tonta.
Talvez, todos tenham razão. Talvez eu realmente esteja cansado.
Talvez eu tenha trabalhado demais esses dias. Ainda assim, também não acho que seja isso. Eu fiz as coisas como de costume.
Mas de alguma forma eu sinto que minha cabeça não está funcionando como deveria.
Quando tento pensar, há uma névoa espessa em minha mente.
Depois de um tempo, me sinto sonolento. Eu fechei meus olhos.
Embora eu não me sinta triste, lágrimas escorrem pelos cantos dos meus olhos. Não consigo fazê-los parar, esfregando os olhos repetidamente.
“…Porque você esta chorando?”
A voz familiar me faz abrir os olhos rapidamente.
Desde quando ele chegou?
Alfred está parado no meio da sala, olhando diretamente para mim.
Não consigo sentir a presença dele.
Também não ouvi passos.
Ou qualquer outra coisa.
Nem minha respiração nem a chuva.
Ahh… entendi.
Talvez, eu esteja apenas vendo coisas. Talvez isso seja um… sonho.
No passado, eu tive um tipo semelhante de sonho.
Meu avô estava diante de mim, o vermelho de suas bochechas ilustrando sua boa saúde. Ele sorriu para mim, me dizendo que tinha que ir primeiro. Para não segui-lo, mas sim viver uma vida pacífica. Então, ele saiu do quarto.
Alfred é como meu avô… Ele também faleceu?
Ele também me deixou para trás?
“…No…”
“Liane?”
“Não… Por favor, não me deixe para trás. Não quero mais ficar para trás. Eu também… irei segui-lo, então…”
Quando me aproximo dele, ele se aproxima de mim. Consigo levantar meu corpo pesado e agarro a camisa de Alfred desesperadamente.
“Traga-me junto. Por favor, não… me deixe em paz…
Uma expressão estranha surge no rosto de Alfred. Mesmo assim, ele se senta ao meu lado e envolve meu corpo em um abraço apertado.
“Eu irei. Eu irei… junto com Alfred. Traga-me junto. Eu não quero mais ficar para trás… eu… não quero ficar sozinha…”
Não me importo mais com minha aparência.
Mesmo já sendo adulta, me agarro a ele desesperadamente, chorando como uma criança.
Porque, se eu liberar meu domínio sobre ele agora, ele definitivamente me deixará.
Novamente…
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~Decidi me aventurar nesse mundo das traduções, então peço que tenham um pouco de paciência comigo, também faço minhas traduções lá no Wattpad <3~
