BRASÃO DE PRATA - Página 1
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Capítulo 1
Quatro anos depois da ascensão do quarto Lendário Viking de Reiwa, no ilustre Panteão dos Deuses Originais.
— Está me dizendo que em mais de mil dias, não houve regozijo algum por parte dele em ser o comandante de três mil homens agressivos? — A cabeça de Rá pendeu para o lado, desacreditada. — Certo, mas pelo menos ele já se casou com alguém? Teve os herdeiros que necessitamos?
Surgira comunhão de ideais na assembleia após o dito, e um homem em específico se destacou quando pôs-se de pé contra a maioria presente no ambiente.
— Não seria a resposta bastante óbvia? — Começou ele de forma rude, como se desprezasse o tema iniciado. — Thorfill possui desde criança a fantasia de se casar com alguém de fora, que não seja da ilha de Reiwa. E de certa forma, as leis antiquadas de lá não permitirão que isto aconteça — E acrescentou estando aborrecido: — Ele é um bom homem, sentindo que viver é maçante. Maldição!
— Por todos esses anos, ele operou para limpar o nome de Enon, quitando as dívidas dele, se vingando de ilhas que atacaram a sua em busca de suprimentos e restaurando as alianças dos seus ancestrais — Outro viera em defesa por prestígio. — Então, em contrapartida, eu lhe questiono de todo coração, minha cara colega de copo, poderia alguém se sentir realizado com essas conquistas supérfluas?
— Oras, como não poderias? — retrucou ela, tratando de ser desagradável. — Neste mesmo instante, ele e um pequeno agrupamento composto por Vikings de Reiwa se encontram deleitados por terem conquistado as águas inclementes do profundo mar Egeu. Próximo à divisa do Oeste, os mais de duzentos mil quilômetros foram conquistados por esses… bárbaros de sangue sujo, e será dominado com selvageria. Ah, e lá se vai o maravilhoso cheiro marítimo, que não terá a mesma fragrância maviosa de antes para ser inalada.
— Pare de chorar as pitangas, sua ordinária!
Para tal Deus Original arriscar-se com a mesma audácia e arrogância de um nativo da Península de Itapagipe e, estar fazendo tão bom uso de palavras infelizes contra aquele semelhante de hábitos inaceitáveis, só poderia tratar-se de Pan Ku, oferecendo de bom grado lenha à fogueira quando prosseguiu resoluto com o ponto de vista impiedoso que tinha:
— Trate em paz a água do rio Nilo e deixe outras sob meus cuidados. Porque de nada adianta admirar com paixão o território próspero do vizinho, se não zelar pelo que à você foi entregue de mão beijada pelo povo egípcio — E mal quis ter o desprazer de convencê-la do contrário, deixando cair na mesma proporção que apareceu, a credibilidade surgida pela falta de argumentos em prol da bestialidade dos tais vikings. — Os reunidos aqui sabem melhor do que qualquer um que Thorfill está longe de promover matança nas orlas bálcãs, porque tem conhecimento das consequências que causará se assim o fizer; disputas por reivindicação. E com quem? Ninguém mais, ninguém menos que o eupátrida do principal litoral grego, Liones Sétimo de Atenas!
Logo, cuidando de demonstrar por quem e pelo o que tinha mais consideração, promovera no atual cenário em que se encontrava debate sem sequer temer por desacordos entre aqueles que eram aliados de longa data. Bem como aquele outro prestigioso Deus Original também, que mediante a imposição de Pan Ku, não pudera permanecer em absoluto silêncio e prosseguira com o rosto cheio de desdém:
— Quando cita herdeiros é com qual concepção? De que a grandiosa Asgard do Norte tenha uma nova liderança, ou até promova a usurpação de nosso irmão Odin? — Jogou risadas frias aos ventos, trazendo a pele dos conhecidos e desconhecidos, arrepios transitórios, para registrá-los sem reversão de sensação ao lhes dizerem: — Só porque Thor está morto e enterrado a sete palmos da terra rebelde. Seu martelo Mjölnir foi destruído pelas batalhas, assim como a infeliz causa que o mantinha vivo e em pé, o forte em Atlântida e o responsável pela destruição da alma dele.
Serpentear esse assunto no Panteão dos Deuses Originais deveria sempre ser a escolha a ser tomada, porém, Pan Ku não poderia acalentar a oportunidade de desconversar.
— Nessa reunião, Tupã está agindo conforme é preciso — Por motivos de força maior, não pôde evitar que os lábios açucarados desabrochassem em um reles sorriso à Tupã, o prestigioso. — E bom, adiante, temo declarar que nossas presenças não são mais requisitadas aqui. Devemos partir a tempo, antes que o meu aprendiz venha com a intenção de perturbar de novo a ordem do destino revelado a mim.
— Companheiro, suas visões nem sempre serão certeiras, porque passado, assim como o futuro, é indefinido até para nós, deuses originais de tempo infinito — disseram-lhe em tom de alerta, direcionando o olhar rumo ao Oeste. — Veja, aquele irmão inconsequente de Thorfill não deveria estar indo de encontro a ele no convés principal do navio primordial, com um pequeno rastro pertencente à parte central de Atenas. Me questiono se deveríamos impedi-lo, Pan Ku?
A conclusão por parte dele tardou em chegar, mas fora motivo de surpresa para todos quando compareceu.
— Se é isso que o meu único discípulo deseja, deixe que o menino Flony alcance o irmão mais velho no convés.
O de renome sem nobreza, que nada de muito encantador possuía além da simpática aparência, adentrou no recinto mencionado sem antes se reverenciar. Por diante, seguira sendo rude em relação a idolatria que os Vikings de Reiwa tinham, realçando como era indiferente ao seu líder.
Determinação Número Sete do Povo Escandinavo: em ato de adoração, deve-se ajoelhar em submissão ao Lendário Vikings de Reiwa sempre que encaminhar palavras a ele.
— Mano! — vociferou Flony. — Meu favorito dentre os outros três malditos irmãos que tenho!
Determinação Número Oito do Povo Escandinavo: deve-se chamar o Lendário Viking de Reiwa por títulos respeitáveis.
— Dona Aveline Frederica Kirsi da Finlândia, residente da família Terhenetar, lhe enviou outra proposta de casamento por pergaminho. Pela filha mais velha dela, está disposta a fazer mais duzentos pedidos. Mirjami Frederica Terhenetar é rebelde, e diz não desejar nenhum homem além de você, mesmo tendo consciência de que um Viking de Reiwa pode apenas ter relações com mulheres de nossa terra natal.
O vento contundente permeou no convés principal do navio primordial, fazendo das volumosas madeixas cor de mel do Lendário Vikings de Reiwa, chicotes de couro agressivos. A fina tira sobre a testa dele estava gasta há tempos, mas, se negando a removê-la, deixou-a tornar-se marca registrada. E fez da face imatura com pequenas sardas pela extensão do nariz, feroz com o passar das estações. Quem diria que a juventude iria permanecer prosperando reluzente, apesar da exposição prolongada ao sol na pele amorenada?
— É óbvio o que Dona Aveline Frederica Kirsi quer adquirir com este casamento — Flony induziu-o a aproximar-se. — Meu bom irmão, abra os olhos e perceba. Os membros da família Terhenetar estão construindo navios voadores, vão precisar de nosso combustível para alcançar os céus…
IRIS era extraído do solo da Ilha de Reiwa.
Sendo desejo de cobiça de muitos, ambicionada por tantas penínsulas vizinhas, a Determinação Número Um do Povo Escandinavo exprimia: em nenhum caso, jamais, deve-se comercializar ou negociar IRIS, a não ser por matrimônios. Caso um Lendário Viking de Reiwa vinhesse se casar com uma forasteira, o dote de bens entregue a família dela contaria com dez barris de combustível, e a cada fertilidade bem-sucedida, o dobro multiplicado por três.
— Thorfill, nem precisa encarecidamente pedir a mim para negar este pedido cheio de segundas intenções. Farei isso o quanto antes. Se os anciões do Conselho em Alto-Mar descobrirem disposições casamenteiras por parte de Dona Aveline Frederica Kirsi, é claro que irão requerer o pior dos cenários. Eles ambicionam um herdeiro e você, meu irmão, não conseguirá ele através de casos falsos ou incertos.
— Agradeço.
O sorriso mostrado nos lábios do Lendário Viking de Reiwa nem esbanjando felicidade contagiante estava, mas Flony fora contaminado por ele e rira com a tamanha resistência do outro em tentar ocultar o orgulho que sentia transbordar.
— Thorfill, já lhe disse mil e uma vezes para me agradecer com moedas de ouro e não com palavras bonitas! — Criara alarde, enquanto o porquê de situar-se ali apoderou-se dos pensamentos acelerados dele. – Santo Odin, vim vê-lo com outro propósito, de dizer-lhe que mais um pergaminho chegou, diretamente da Península Balcânica, de Atenas!
— A Ilha de Reiwa e Atenas nunca foram próximas em quesito de amizade ou negócios. Chegamos a fazer contato com os atenienses apenas uma vez na vida. O que alguém de lá estaria desejando de nós agora?
— A princípio, considerei que fosse mais uma proposta de casamento impossível — Era o cúmulo do ridículo repontar, mas Flony só pôde prosseguir dizendo: — Acabei amassando a pele de cabra do pergaminho e tentei dar de comer aos peixes. E Tilf se opôs de imediato, e expressou descontentamento quando leu e notou não ser o caso que se presume ser, já que o pergaminho pertence ao eupátrida do principal litoral grego, Liones Sétimo.
O Lendário Viking de Reiwa nada lhe respondeu.
—- Se tratando de um homem, deve ter algum outro motivo para ter lhe enviado esta pele de cabra.
Tirar um pergaminho do bolso não demandava tanto tempo assim; há mais de setenta segundos o viking de cabeleira dourada provava o contrário dos pensamentos do Lendário Viking de Reiwa. E quando ele enfim lhe fora conduzido com visível custo, de brasão de prata envelhecida e tudo de elegante nunca visto outrora, tivera que ser aberto sem cerimônias, para encontrar uma caligrafia majestosa em nórtico fluente, de curvas graciosas e sem excesso de tinta negra, o que deixara a escrita além do exuberante.
“Caro Lendário Viking de Reiwa, aqui é o eupátrida Liones Sétimo, e este não é um pedido de casamento! Sou fiel à minha falecida esposa e com ela tive apenas um belo filho idêntico a mim. Mas se você tiver interesse em homens, estou disposto a entregá-lo à você.
Retomando com nosso maravilhoso assunto… Você já tomou banho hoje? Ouvi dizer de Enon que os vikings só tomam banhos aos sábados.
Ele me contou esse segredo quando esteve sob supervisão ateniense, após afogar-se próximo a gruta da deusa Atena. E você sabe quem foi o responsável por salvá-lo, e também sabe quem ele prometeu recompensar um dia.
Infelizmente, rsrsrs…
Teremos que nos encontrar, pois este ilustre dia chegou para o General Guts.”
— Meu irmão, me esclareça o conteúdo escrito.
Presenciando a feição serena do Lendário Viking de Reiwa convertendo-se em profundas linhas de inquietação, Flony aproximou-se dele pela vanguarda em busca de escanear o pergaminho. Quem poderia prever que sua face também seria convertida de calmaria para ferocidade?
— Pude ler apenas a parte principal, a que mente sobre os vikings tomarem banhos só aos sábados — berrou, ponto um indisfarçado tom de incerteza no tom de voz: — Pois, Liones Sétimo, saiba que tomamos banhos todos os dias!
— Você sabe ler?
— Razoavelmente — E para piorar, emendou confiante: — Pude compreender metade da metade do conteúdo escrito. O eupátrida indaga se você tem atração por água, porque é de desejo dele lhe supervisionar durante o banho na gruta da deusa Atena, como fez com nosso pai. E que com isso, terás belos vislumbres de sua falecida esposa, com quem teve apenas um único filho, que será entregue a você como forma de pagamento por esse favor prestado.
Era de se esperar.
Os maternos da Ilha de Reiwa não sabiam escrever ou ler, mas, por um acaso sem explicações concretas, o Lendário Viking de Reiwa havia nascido com o dom. Desde criança, já era dotado de conhecimento para explorar mundo afora, e conhecedor de três idiomas diferentes que aparentavam estar enraizados em suas entranhas. Acaso houvesse uma navegação malsucedida nas penínsulas de deuses rivais, a punição dada por ele a seus quatro irmão mais novos seria estudos aprofundados nos princípios da navegação e das mitologias esquecidas pelos descendentes.
O desonesto Flony era alguém de inteligência imensurável, mas também sorrateira. Fugia assim que o Lendário Viking de Reiwa elogiava sua letra. Por constrangimento ou por achar que após elogios e mais elogios, havia aprendido o alfabeto nórdico inteiro, e poderia ler por completo o livro sagrado escrito pelos padres da Península Ibérica.
— Não cogite aceitar esta proposta humilhante. Você é um homem viking e deve zelar pelo seu respeitável título!
O luar prateado de equinócio iluminava menos que quatro polegadas quadradas a seus pés, trazendo aquela noite fria, a serenidade de um cemitério sem conservação, onde os devidos cuidadores designados haviam se tornado pó junto com as sepulturas há muito tempo. Murmúrios do passado eram lançados ao mar inquieto, para se perder em meio às algas, sem aviso de quando poderiam retornar. O barco de dois lugares ocupados foi-se com eles, através da vontade do condutor que pouco aconselhava, e, quando o fazia de má vontade, era querendo se redimir dos pecados.
O Lendário Viking de Reiwa fechara os olhos pesados com as lembranças distantes, e um sorriso involuntário que não continha sentimento algum, tomou-lhe os lábios retos.
— Toda cobrança um dia chega — declarou ele a Flony. — Avise os Vikings de Reiwa, estamos indo para Atenas socorrer o tal General Guts.
Publicado por:

- Bllau
- “Escritora amadora de C-Novels, escrevendo histórias para satisfazer-se, em uma busca incessante para fugir da realidade medíocre em que, infelizmente, vive lamentavelmente…”
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