Black Sky - 21. Prazer em te conhecer
Atenção:
Há palavras de baixo calão
“Esses idiotas certamente têm arcos reflexos[1] que podem orbitar trezentas vezes ao redor do universo.”
Como nem Don nem Le Pen eram bem-humorados, eles certamente não ficaram satisfeitos com o fato de uma pessoa não identificada chamá-los de ‘idiota’ assim que chegaram. Até Liu, que geralmente era quieto e tímido, ergueu as sobrancelhas.
“Você que é o idiota do caralho!” Don deixou escapar, apontando impiedosamente dois dedos do meio.
Mas antes que Don pudesse estender totalmente aqueles dedos, Chu Si os pressionou para baixo como se pudesse ver por trás.
“Ei?” Don e Le Pen ficaram ambos pasmos.
Sa’e zombou, carregando o cano da arma sobre o ombro novamente. Então, ele apertou o olho esquerdo no monóculo de disparo[2] e imediatamente disparou a arma em Don.
Isso foi completamente inesperado — as pupilas de Don encolheram enquanto todo o sangue em seu corpo congelou naquele momento.
Pew——
O som do fluxo de ar passando pelo cano da artilharia foi leve e rápido. Sentindo seus joelhos sendo atingidos pelo fluxo de ar, Don ficou mole por instinto e caiu de joelhos.
Don: “…”
Sa’e Yang encolheu os ombros. “Infelizmente, está sem balas.”
Don quase cuspiu nele; ele se arrastou e teve vontade de chutar a parede. “Infelizmente sua bunda! Isso é a porra de um foguete de artilharia R-72! Você cumprimenta as pessoas com isso? Foda-se, quem você pensa que é?!”
“Acalme-se”, Le Pen puxou-o de volta enquanto tirava uma bomba de bolso.
“… Vocês dois precisam se acalmar”, disse Liu.
Sem dizer mais nada, Liu pegou a bomba de bolso de Le Pen e colocou-a em seu bolso, observando com cautela o hóspede indesejado encostado na parede.
Chu Si estava tendo uma leve dor de cabeça: esse gangster Sa’e Yang fazia inimigos com todos os presentes dois segundos depois de aparecer, fazendo com que todos quisessem arregaçar as mangas para açoitá-lo ali mesmo.
O que poderia ser considerado um tipo de talento de outro mundo.
“Você poderia ficar de boa por apenas um dia e tentar não fazer inimigos?” Chu Si gritou com Sa’e Yang.
“Isso seria muito chato”, disse Sa’e com uma risadinha. “Mas conseguindo fazer o policial se preocupar comigo, parece que criar inimigos valeu a pena.”
“Eu sugiro que você atire com uma arma de artilharia garganta abaixo pra acordar”, disse Chu Si. “Lembrete sincero: você vai pagar por fazer muitos inimigos.”
Sa’e inclinou ligeiramente a cabeça; suas íris de vidro pareciam extremamente calmas e perigosas enquanto ele estreitava os olhos e sorria. “Lembrete sincero: você vai pagar por jogar alguém no espaço sideral sem aviso.”
Chu Si: “…”
Por um momento, o Oficial Chu, que raramente reflete sobre si mesmo, sentiu um pouco que estava errado. Mas, ele percebeu rapidamente que esse sentimento veio muito abruptamente. “Não fui eu quem te jogou lá”, respondeu Chu Si calmamente. “Você pode perguntar pra aquele gago.”
Parecia que Sa’e Yang estava apenas esperando ouvir isso, os olhos sorrindo em forma de lua crescente enquanto ele ria.
“Mm”, ele respondeu preguiçosamente, “eu pensei nisso também, então desmontei aquele gago.”
“Você fez o quê?” Chu Si não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
Sa’e procurou algo atrás de sua cintura e pareceu ter tirado algo.
Era um quadrado prateado, meio metálico e meio transparente, que parecia um disco rígido antigo, com metade do tamanho de uma palma e muito fino. Ele segurou o quadrado, sacudiu-o e, de repente, ouviu uma voz eletrônica entrecortada. “Um O—O—O—Olho Divino picado ao seu serviço. Emita um comando.”
Então, o quadrado emitiu um grito humanóide.
Chu Si: “…”
Ele olhou perplexo para o disco central parcial do Olho Divino. “Que rota você fez pra chegar aqui?”
“Graças a esse gago”, Sa’e respondeu, “eu meramente fechei os olhos por um tempo antes de ser jogado pra fora da prisão. Felizmente, eu não estava dormindo, então peguei emprestado uma corda com garras da sala de serviço e abri a porta pra prendê-la na Viga Dragão enquanto eu estava sendo jogado pra fora. Mas assim que eu me agarrei na borda”, ele zombou,”este sistema idiota nos teletransportou.”
O Olho Divino choramingou lamentavelmente mais uma vez.
Sa’e Yang só poderia agradecer à Viga Dragão por não prendê-lo do lado de fora [do seu campo de força] e ao idiota do Olho Divino por reconhecer o minúsculo fragmento de planeta como sua cauda, mantendo-o dentro do escudo protetor durante o teletransporte. Caso contrário, o todo picado seria ele.
Ele pulou com uma mão na borda da parede e riu enquanto pousava na frente de Chu Si. “Quando eu estava prestes a escalar de baixo pra cima, esse idiota nos teletransportou pela segunda vez.”
Chu Si: “…”
Percebendo que o segundo teletransporte foi feito por ordem dele, tossiu e se virou para esconder sua expressão.
Embora a raiva de Don e Le Pen ainda não tivesse diminuído, eles não puderam deixar de pegar algumas palavras-chave reconhecidamente chocantes do que Sa’e havia dito——
Ejetado da prisão?
Enganchado em uma Viga Dragão numa corda com garras?? O que isso ao menos quer dizer?
Todos sabiam que as Vigas Dragão eram muito brutais — um humano que chegasse muito perto seria instantaneamente pulverizado e uma corda com garras presa ao mesmo seria captada pelo campo de energia ao redor da Viga Dragão .
Naquele momento, uma mão tocando a corda com garras imediatamente sangraria profusamente — ser dilacerada seria considerado um problema menor.
Mas…
O grupo olhou com cautela para as mãos de Sa’e Yang: elas não estavam pingando sangue e nem lhe faltavam pedaços; sem falar em não estarem dilaceradas, não havia nem mesmo quaisquer feridas visíveis.
“O que diabos há com ele? Ele é humano?” Don franziu as sobrancelhas com força enquanto forçava as palavras sob sua respiração.
Antes que Le Pen pudesse responder, Sa’e Yang olhou para ele de lado. “Você achou que eu não consigo te ouvir?”
Don: “…”
Ele resistiu a apontar o dedo do meio para Sa’e e passou os olhos pela faixa ouro-preta em volta do braço dele. “Alguém da Prisão Espacial?” ele se virou para perguntar a Chu Si, um tanto estupefato. “Ele não deveria estar de cócoras na prisão agora?”
“Nem mesmo a prisão pode acorrentá-lo”, retrucou Chu Si. “Ele fugiu dela.”
Todos: “…”
Não havia nada além de pontos de interrogação em seus rostos. Como um fugitivo pode falar com um agente da prisão cara a cara assim? Essa pessoa não deveria ser presa imediatamente?
“Oficial, estamos equipados com bastante munição”, Don não resistiu e baixou a voz para lembrar Chu Si. “Se você desejar prendê-lo…”
Sa’e Yang ergueu uma sobrancelha, olhou para baixo à procura de algo e abriu as mãos preguiçosamente. “Infelizmente, ainda tenho um punhado de micro-explosivos de antimatéria aqui.”
Todos: “…”
Cada micro-explosivo em sua palma era apenas do tamanho de um grão de arroz. Além das cápsulas especialmente manuseadas, esses micro-explosivos continham de 30 a 40 miligramas de conteúdo de antimatéria, no máximo.
Embora não pareça muito, é o suficiente para demolir todo o fragmento do planeta.
Chu Si não aguentava mais a cena. “Isso significa”, ele falou para Sa’e, “que você se atrapalhou com o caminho até aqui assim que nos conectamos com esta área? Por que você veio pra Fortaleza Barney?”
“O que você acha?” Este gangster piscou e caminhou em direção ao portão, o cano da arma na mão.
Chu Si observou suas costas por um tempo antes de acenar para os poucos idiotas atrás, nem mesmo olhando para trás. “Vamos. Não deixem ninguém ultrapassar vocês.”
Embora Sa’e nunca tenha respondido por que ele veio para Fortaleza Barney, pelo menos ele não parecia estar perseguindo-os.
Don e os outros se entreolharam antes de rapidamente alcançar Chu Si.
“Oficial, quem diabos é ele?” Le Pen não pôde deixar de perguntar novamente.
“Sa’e Yang”, respondeu Chu Si rapidamente. “Você deve ter ouvido falar dele.”
“Oh,” todos concordaram subconscientemente.
Antes que os outros pudessem reagir mais, Chu Si gritou com Sa’e Yang, que estava alguns passos à frente dele: “Sr. Fugitivo, você se importaria de devolver essas coisas em seus braços? Você não tem vergonha de roubar as armas de outra pessoa?”
Sem olhar para trás, Sa’e balançou o cano da arma enquanto caminhava. “Oficial Subordinado,” ele respondeu com uma pitada de riso em sua voz, “você obviamente jogou isso fora e eu apenas reciclei e encontrei um pouco de material pra encher no depósito de combustível. Você não deveria ser tão irracional.”
“Eu sempre fui muito irracional”, disse Chu Si, “e, por favor, devolva meu monóculo de disparo também. Obrigado.”
Sa’e simplesmente se virou desta vez, caminhando de costas para o portão do Forte Central enquanto abria os braços para Chu Si. As chamas ainda não diminuíram e o céu cheio de poeira era seu pano de fundo.
Ele deu uma risadinha. “Venha e pegue. De nada.”
Chu Si: “…” Só atire em si mesmo para o céu com a artilharia de foguete em seus braços.
É preciso admitir que o bombardeio indiscriminado de Sa’e Yang apenas para abrir uma porta acabou sendo muito eficaz. Todo o portão do Forte Central foi destruído; ambos os lados da parede do portão de alta defesa foram deformados em uma boca de uma besta feroz, mostrando seus dentes ali mesmo.
O par entrou pela porta… buraco após buraco e se atrapalhou ao procurar pelo interruptor de energia de emergência.
Com um zumbido repentino, todo o Forte Central se iluminou lentamente de cima a baixo.
Era o primeiro andar da ala leste, com equipamentos sofisticados de todos os tipos e tamanhos armazenados no enorme espaço, que se estendia do teto alto até a parte inferior do forte. As vozes até ecoavam um pouco pelo espaço.
Os dois homens desceram as escadas ao lado do principal centro operacional subterrâneo.
“Depressa”, Chu Si se virou para instigar os três tontos enquanto eles caminhavam para a plataforma de teletransporte do primeiro andar subterrâneo.
Essas duas palavras de alguma forma despertaram os três ‘sonâmbulos’.
Don ficou boquiaberto com Sa’e Yang, finalmente percebendo quem era esse homem.
“Merda”, murmurou Don, escorregando e rolando escada abaixo, derrubando Le Pen e Liu dois passos à frente, de joelhos.
“Oficial, quem você disse que era ele?” Os três perguntaram energicamente para Chu Si antes que pudessem se levantar. “Sa’e Yang?”
Chu Si: “…”
“Esses idiotas certamente têm arcos reflexos que podem orbitar trezentas vezes ao redor do universo”, zombou Sa’e.
☆
[1]: Arco reflexo é a via de transmissão que um reflexo nervoso segue《fonte:MSDManuals》; de forma bem simplificada, o reflexo é uma resposta tão rápida e involuntária (como o chute que a pessoa dá naquele exame em que o médico bate um martelinho no joelho, sabe?) que o cérebro só percebe depois, causando uma possível dor posterior. Ou seja, o Yang tá brincando que os três tiozinhos ouviram o nome dele e agiram meio que no automático, chegando a informação só muuuuuito depois no cérebro deles, como “ah, sim, Sa’e Yang, claro……. pera, quem???”
[2]: Monóculo de disparo, de acordo com minhas pesquisas, não é a mira da arma, mas parece uma e tem a função de melhorar a precisão do tiro. Talvez seja a mira? Talvez, mas realmente não encontrei maiores detalhes
◇
Olá! Eu sei que sumi, mas foi graças à falta de capítulos e o fim de semestre na universidade que estressa qualquer ser vivo. Eu ia postar o 21 na semana passada, mas não deu. Ainda assistirei bancas de TCC durante essa semana, mas já estou de férias o/
Bem… vamos ver como anda a tradução do inglês. Eu adoraria poder traduzir do mandarim, mas não tenho dinheiro pra comprar os capítulos originais e, mesmo se tivesse, ia ficar insegura com a qualidade da tradução. HSK2 só em breve
Até~~~
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