Antes de me acusar, me beija - Capítulo 24: Até breve, caro investidor
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- Capítulo 24: Até breve, caro investidor - Fim do arco I (REVISADO)
Minhas memórias do final daquela noite e do dia seguinte são muito vagas. Lembro de acordar com uma dor lacerante na barriga e ver que Dario dormia profundamente ao meu lado e que havia entre minhas pernas, uma pequena poça de sangue.
—Áaaai!
Enquanto eu tentava sufocar meus gritos de dor, alguns flashes confusos sobre eu ter sido jogado na cama com força e implorado por misericórdia enquanto era tomado com brutalidade, vieram à mente. Pensei também ter visto lágrimas nos olhos do meu marido, mas, certamente me enganei. O único sendo ferido injustamente ali, havia sido eu. A primeira coisa que eu fiz ao levantar cambaleando, foi pegar nossa certidão de casamento e a rasgar em muitos pedaços. Mal me lembro de ter pedido ajuda ao Troy. Só sei que quando recobrei a razão, eu não fazia ideia de onde eu estava. A minha primeira reação foi tocar minha barriga, alarmado.
—O bebê está bem. Não se preocupe.
Ouvir a voz do meu amigo me dizendo aquilo fora emocionante, mas, por algum motivo, as lágrimas não vieram. Ainda sim, eu estava agradecido pela vida do meu bebê ter sido poupada.
—P-por Quant…to?
Tentei perguntar por quanto tempo eu havia dormido, mas minha voz saíra muito áspera e falhada, então, Troy se apressou em me servir um copo de água. Mas ele parecera ter compreendido rapidamente.
—Não tenha pressa em falar. Você dormiu por uma semana inteira e sempre acordava aos berros. Suas cordas vocais estão sensíveis.
Eu balancei a cabeça em compreensão. E então comecei a reparar no local onde estávamos. Não reconhecia aquele ambiente.
—Estamos em uma ilha particular que comprei. Ninguém mais conhece a rota além de mim e os funcionários daqui.
Olhei com admiração para o meu amigo. Pelo visto, ele tinha alçado um voo muito mais alto do que eu poderia imaginar.
—Eu sei, sou incrível!
Como sempre, aquele sorriso era encantador. Mas já não surtia mais o mesmo efeito em mim. Eu estava machucado demais psicologicamente e meu coração inconscientemente havia endurecido.
—Descansa mais um pouco. Vou pedir para prepararem alguma coisa para você comer.
Acenei com a cabeça positivamente ao vê-lo constrangido.
Depois de mais alguns dias, eu recuperei minha voz e também pude finalmente andar livremente pelo local. Em uma de minhas caminhadas, avistei um grupo de pessoas negras com pele muito mais escuras do que a do Troy, que sorriram gentilmente para mim e acenaram antes de voltar a seus afazeres no cais.
—Eles são refugiados de um país que estava em guerra. Não falam o nosso idioma, mas são muito bondosos.
—(…)
—Daquele lado da ilha tem uma piscina de água natural. Dizem que tem propriedades curativas.
—(…)
—Quer dar um passeio de barco?
Mesmo sem interação mútua, ele continuava falando como sempre, sem se deixar abalar.
—Por que você não está me fazendo perguntas?
—Mas eu acabei de fazer uma! Haha
—(…)
A minha personalidade havia mudado muito nos últimos dias e eu não tinha vontade nenhuma de dar satisfações a quem quer que fosse, sobre nada. Mas, vê-lo se esforçar tanto e não me questionar, me intrigava.
—Não tenho esse direito. Eu já te disse: quando você estiver disposto, sou todo ouvidos. Sempre estarei aqui para te abraçar ou… te salvar.
—Obrigado…
Com aquele sorriso gentil, o monólogo voltou.
—Ah! Agapórnis! Soltou, empolgado.
N/A: São pássaros tropicais da família dos papagaios.
Naquela ilha havia uma equipe médica particular e todo o aparato necessário para que eu prosseguisse com a gestação em segurança. Troian também estava tendo suas aulas à distância apenas para me fazer companhia. Mas, apesar de todo o conforto e paz, eu não tinha ânimo para nada. Ficava sempre relembrando as duras palavras que ouvi naquela fatídica noite. Quando senti o bebê mexer na minha barriga pela primeira vez, chorei até esgotar minhas lágrimas, prometendo a mim mesmo que eu não deixaria que roubassem minha alegria novamente. E entrei apressado no escritório do Troy.
—Toma! Empurrei na direção dele, a minha aliança de casamento.
—Se está tentando me pedir em casamento, saiba que eu prefiro os modelos mais despojados. Falou analisando a aliança com deboche.
Ignorei sua piadinha e continuei seriamente.
—Este anel é exclusivo de um designer de renome. Certamente vale algumas centenas de milhares de dólares. Quero que você o venda para que eu possa abrir uma startup.
Tinha sido a primeira vez que o vi ficar em silêncio por tanto tempo.
—E que tipo de negócio você tem em mente? Disse então, seriamente, assumindo uma postura profissional.
—Um APP para leitores. Mas não qualquer APP. As empresas irão me pagar para anunciar seus produtos no aplicativo e eu transformarei esses anúncios em tarefas para os usuários que não quiserem contratar a versão sem propagandas, receberem parte desse valor e trocarem por livros ou até mesmo sacar. ”
Seus olhos brilhavam com orgulho. Provavelmente qualquer coisa era melhor do que me ver mudo e com olhar vago.
—Eu não fazia ideia de que você poderia ser tão ambicioso.
—Eu sou grato por toda a sua ajuda, mas, cansei de depender das pessoas. Agora tenho alguém que depende de mim. Preciso me tornar independente.
Surpresa estampou o olhar do meu amigo. Ele pareceu hesitar num dilema interno por alguns segundos antes de continuar.
—Muito bem, me conta mais. Como surgiu essa ideia?
—Então, o objetivo inicial da minha ideia era facilitar o acesso à exemplares de forma legal sem que as pessoas precisassem recorrer à pirataria…
Conforme a minha barriga crescia e crescia, o mesmo acontecia com o meu negócio. E para a minha surpresa, em pouco tempo o aplicativo bombou, ficando mundialmente conhecido e requisitado. Não apenas por leitores, mas também, por pessoas que precisavam de uma renda extra. E o APP ficou tão famoso, gerando tanta visibilidade, que choviam pedidos de parcerias com grandes empresas de todo o mundo. Talvez o mistério sobre o jovem CEO desconhecido, tenha contribuído para com a publicidade. Afinal, todos queriam saber quem e qual o segredo para tanto sucesso em tão pouco tempo. Naquele meio tempo, dei à luz uma criança perfeitamente saudável que me fez voltar a sorrir.
Eu havia adquirido o costume de ler meus e-mails de trabalho enquanto embalava o bebê, e numa bela noite, um e-mail em particular me chamara a atenção. Era uma proposta de parceria impossível de recusar, da empresa S. Não hesitei em responder positivamente. Decidi que seria o momento perfeito para aparecer pessoalmente pela primeira vez, em comemoração ao primeiro aniversário da minha independência.
—Até breve, caro investidor. Proferi sarcasticamente.
FIM DO ARCO I
N/A: Recebi algumas reclamações em relação às aspas, então, revisei todos os capítulos efetuando a troca das pontuações e aproveitei para fazer pequeninos ajustes nos diálogos apenas para um melhor entendimento. Até o final desta segunda semana de janeiro, como prometido, voltarei a postar os capítulos do arco II. Até breve, pessoal!
Publicado por:
- @autorayani
-
Ilustradora, escritora e fujoshi de carteirinha 💋
Estive muito doente nos últimos meses devido a uma anemia severa, por isso as obras andavam paradas. Mil desculpas mesmo! Estou me tratando direitinho e tenho melhorado cada vez mais. Estou me reorganizando e pondo em prática alguns planos que eu tinha para o futuro. Tenham um pouquinho mais de paciência comigo. Aos poucos irei finalizar cada uma das minhas obras e postar outras novas também.
Obrigada a todos que não desistiram e continuam comigo. Amo vocês! ❤️
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