A Noite Em Questão - XVI
BERLIAC
Os primeiros vestígios de uma tempestade
Walker Siohban, Jerome Knight e agora Yoon Baram, três corpos, em períodos curtíssimos de distância, encontrados pela manhã, mutilados.
Os ferimentos eram os mesmos, brutais e cruéis, como se tivessem sido atacados por um urso, ou algum tipo de animal selvagem, porém não se trata de um animal, eu sei que os assassinos frios andam entre nós, eles estão lá fora, escondidos. Temo pela minha vida, ainda sim fico cada vez mais curioso. Devo seguir esta ideia até o fim, mesmo que isso me leve ao mãos profundo inferno.
A morte de mais um alfa dominante deixou todos em alerta, afinal, se antes tinham suas dúvidas agora restavam nada mais do que certezas. Havia um assassino no hotel, e acabara de fazer sua terceira vítima, mesmo assim alguns agiam como se nada estivesse acontecendo, antes eu julgava, agora entendo que é muito melhor assim afinal um escândalo poderia gerar caos e pânico nos hóspedes e nos funcionários, o que seria um horror.
Assassinos de motivações claras, muitas vezes podemos saber quando se trata de um acerto de contas pela forma que o corpo nos é mostrado, porém, este não parece ser um assassino comum, pelo contrário, é complexo como um enigma, nunca sabemos o seu próximo passo, ele é imprevisível. Age na escuridão, embrenhado em meio as sombras, sem rastos, sem pistas, sem vestígios, como se nem ao menos existisse.
O doce aroma do chá passa por mim, quente, macio, porém não me seduz, não consigo beber, mesmo que tente, parece algo impossível, talvez seja por conta do medo, a sensação de agonia, a paranóia, em pensar ouvir vozes, olhar ao redor e se ver sozinho. Sei que assassinos frios se escondem em meio a noite, aonde não podem ser vistos.
Borgart veio até mim no fim do dia, os detetives haviam chegado, alguns, os curioso, forma a varanda se aventurar, em busca de respostas ou boatos que os animassem, eu permaneci, paralisado, perante a janela, vendo o frio lá fora, até a chegada do homem, se aproximou calmamente, com seu jeito caloroso e receptivo. “Boa noite Berliac.” Disse ele. “Bogart.” O cumprimentei brevemente. “Minhas condolências ao seu amigo.” Eu disse, ele abriu um leve sorriso, tentando ser simpático, mas e podia ver em sua face, o medo estampado, o incômodo, era como eu, nada mais do que um homem que se escondia atrás de seus paletós chiques.
“Obrigado amigo.” Ele suspirou. “Ele era muito bom, um homem interessante, que deus o tenha.” Eu assenti em silêncio. Era estranho demais para mim, não podia demostrar meus reais sentimentos, não me sentia à vontade para isso. Com o tempo ficamos lá, sozinhos, olhando para o céu, pela visão turva da janela, pelas gotas de umidade que escorrem até a madeira, recheadas de melancolia.
De repente, a chuva. Uma intensa chuva abala o ambiente, forte como nunca antes visto, brutal, repentina, eu tomo um susto, porém olho para fora, era melhor assim, o alfa tenta sorrir, porém parece cansado demais, disperso. É em meio a escuridão que vejo duas sombras se movendo. Respirei fundo, olhando para o homem ao meu lado, me perguntando o que será que se passava na cabeça dele, teria medo? Assim como eu? Ou tentaria esconder a sua fragilidade, como os demais?
“Não acho que este seja um lugar seguro.” Ouso dizer. “Perdão?” Questiona Bogart. “Essas coisas, não são normais.” Digo. “Há algo de muito ruim acontecendo.” Ele me olha, um pouco tímido. É a primeira vez que eu o vejo assim, geralmente é do tipo animado e brincalhão, sempre descontraído, como quem não se importa com nada. “Tenho que concordar.” Ele diz. “É preocupante. Primeiro Siohban, depois Knight e agora Baram. Me pergunto aonde isso vai parar.” Noto o seu ressentimento. “Quem você acha que pode estar fazendo isso?” Ele me questiona. Finalmente após muito tempo, alguém me faz essa pergunta, uma pergunta rápida, porém que sempre me deixa pensativo. Quem está fazendo isso?
“Você acha que é algum maluco, ou alguém com motivos pessoais?” Sei que ele teme ser o próximo, é um sentimento normal, compreensível. “Eu não acho que seja um tipo de sádico.” Digo. “Há algo sobre os assassinatos que me chama a atenção.” Olho ao redor, me aproximo discretamente de seu ouvido. “As mutilações são muito interessantes.” Ele me encara, percebo que chamei a sua atenção. “Língua, coração e olhos.” Há um pesar sobre nós. “Não acredito que se trate de uma pessoa qualquer, esse assassino rouba membros e some sem deixar pistas. É alguém experimente que parece conhecer o hotel, sempre agindo na calada da noite, sem testemunhas.”
“Yoon Baram me disse uma vez que suspeitava de um vampiro.” Olho ao redor. “Temo estar suspeitando também.” Bogart então paira sua mão sobre o meu ombro.
“Há dois vampiros neste hotel. Dois sujeitos muito peculiares.” Suspira. “Porém um deles chama a minha atenção em especial. Você já deve ter ouvido falar no nome de Dimitry Vernon, não?” Sinto o meu coração, batendo fortemente contra o peito, respiro fundo. “Eu ouço falar.” Falo. “Ótimo.” Suspira o velho. “O homem é uma sombra, sempre sozinho, esguio e mal encarado, o vejo caminhando constantemente. Muitas vezes só, às vezes acompanhado do outro, um sujeito tagarela de cabelos brancos.”
“Vernon é estranho, mas ainda sim é um mestiço, não é da natureza de um mestiço matar. Mas ainda sim é um vampiro.” Eu me aproximo. “Por que ele mataria aqueles três homens, o que eles tinham em comum?” Questionei. “Eu não sei.” Exclamou o alfa. “Essa é a questão.” Em um
passe em falso deu uma olhada bruta por todo o local. “Mas sei que Dimitry Vernon tem um histórico de problemas , problemas sérios.” Aquilo prende a minha atenção.
“Que problemas seriam estes?” Perguntei. “Brigas, geralmente brigas de bar, uma longa ficha de agressão e de ameaças.” Então tudo pareceu fazer sentido. “Nenhuma ficha por assédio ou sequestro?” Questionei, a pergunta pareceu despertar a curiosidade do alfa. “Por que quer saber?” Perguntou ele. “Por nada. Tem muitos ômegas aqui.” Ele então abriu um leve sorriso. “Vampiros e ômegas…” Noto o tom de incômodo em sua voz. “Aonde esse mundo vai parar? Quando foi que começaram a permitir que ômegas se relacionassem com abutres?” Cuspiu um xingamento. “Por isso estamos rodeados de mestiços.” Eu olhei pela janela, um pouco incomodado. Sabia que existiam pessoas que não concordavam com nada daquilo, era um pensamento que rondava as comunidades há anos.
As coisas começaram no final do século XIX, com a chegada das maravilhas da ciência e da evolução. Até então eles eram um povo isolado, muitos ainda acreditavam que se tratavam de lendas, naquela época só haviam puros. Vampiros puros e servos de seus instintos assassinos. Os poucos que viviam tinham um histórico de chacinas de animais de fazendas, mesmo com casos de assassinatos eles raramente atacavam os camponeses. Até Nemeseck Pavnel. Qualquer pessoa, fosse um alfa, beta ou ômega, conhecia o nome Pavnel, ele foi o primeiro. Um ômega que deu a luz a uma criança vampira, filha de Octavius Romei. De um clã antigo de vampiros, originários dos países baixos, foi um escândalo, até então ninguém nunca havia pensado na possibilidade, com os avanços da ciência e após muitos testes foi dito que os níveis de fertilidades entre vampiros e ômegas eram altos, ultrapassando até mesmo os de sua própria espécie. Foi um choque, ao menos em 1922, após uma série de pesquisas sobre crianças mestiças foi comprovado que eles não tinham o menor desejo por sangue, e que os vampiros puros buscavam acabar com a natureza bruta, mesmo que por uma boa causa, desde então nasceu uma rivalidade invisível entre essas duas espécies.
Vernon era um mestiço, é claro, porém apenas eu sabia sobre a floresta, mesmo que não soubesse ao certo o que ele havia feito e o que planejava fazer, só de pensar na possibilidade de ele e aquele ômega, não. Evito pensar, aquilo me faria mal, eu não tinha problemas com vampiros, nunca tive, afinal, meu pai tinha um ciclo de amizades misto, na qual haviam diversas pessoas, entre elas, vampiros, não acho que sejam todos ruins, mesmos que saiba sobre aqueles outros, os puros. Sim, ainda existiam vampiros puros, e estes sim eram perigosos.
Você não iria querer encontrar com um vampiro puro. Eram maus. Não chamam mais atenção do que um bando de pássaros em um cabo telefônico ou uma manada de vacas pastando num campo na beira da estrada. Sutis. Você não perde nem um segundo pensando neles. Se parecem com pessoas comuns, estão sempre embrenhados em meio a multidões, olhando ao redor, buscando pela sua próxima presa. Realmente você não ia querer encontrar com eles, os vampiros puros, eram belos, como pinturas, belíssimos, como jamais vistos. Geralmente em bando, os mais ativos andam em bandos, agora, os solitários, esses sim eram a personificação do mal. E se você for, por acaso, um desses infelizes que tem um filho ômega desaparecido – de quem nada sobrou além de uma bicicleta em um terreno baldio na rua, ou um par de tênis nos arbustos na beira de um córrego -, provavelmente jamais pensou nele. Por que pensaria? Não, foi provavelmente algum vagabundo sem-teto. Ou algum maluco da sua própria cidade, talvez da própria vizinhança, talvez de sua própria rua, algum assassino pervertido que sabe fingir perfeitamente que é normal e vai continuar assim até que alguém encontre um monte de ossos no seu porão, ou enterrado no quintal. Você jamais vai pensar nele, um homem bonito e simpático, com um sorriso gentil, encantador. Muitos adorariam tê-lo como filho, neto, genro. Constantemente elogiados por seus bons modos e por sua lábia.
Eram caçadores natos, podendo rastrear pessoas por quilômetros de distância. E havia algo coisa que chamava mais a atenção de um vampiro. Ômegas. Acontece que o cheiro de um ômega era quase fatal, aguçava os seus sentidos, podiam ouvir as batidas do coração, sentir o sangue fluindo por baixo da pele macia e cheirosa. Isso fazia com que ficassem loucos, apenas um ômega, e então veria um série de cabras, vacas, ovelhas e cavalos estraçalhados pelo campo, secos. Era o único meio de afastar os desejos mais sombrios, isso dependia da besta, pois haviam aqueles sedentos, servos de sua natureza cruel, uma vez que sentiam o cheiro ficavam loucos, começavam a quere-los para si, torná-los eternamente seus. Por conta disso eram afastados, morando em regiões de interior, evitando o contato com o mundo exterior.
Dimitry Vernon, um homem peculiar, distante, distinto, sozinho. Suspeito. Mesmo para um vampiro mestiço, imagino o que deve ter se passado pela sua mente ao sentir o cheiro dos empregados, talvez isso tivesse despertado uma sede adormecida, talvez ele tivesse saído uma noite, e se deparado com um homem sozinho, e então matou ele, talvez o confundiu com um animal, talvez. Não. Eu não posso fazer suposições, não em um momento como está, a certeza precisa estar presente.
“Você está bem?” Questionou o homem. “Sim, estou bem.” Respondi um pouco disperso, passando a mão sobre os meus cabelos. Começou a falar algo, novamente, por estar disperso em meus pensamentos não prestei a mínima atenção. Ele não percebeu, por isso, continuou falando, enquanto eu me perdia em meus pensamentos. “Acho que talvez seja a hora de ir embora.” Ouço a sua voz, desta vez, atentamente. “Partir?” As minhas próprias palavras ecoam em minha mente.
Mesmo depois de tudo se quer havia pensado em partir. Havia me apegado a figura daquele hotel, ao cheiro, ao ambiente, ao menos queria me convencer disso. Bogart pediu um chá, eu observei beber, sentindo a minha fome voltando aos poucos, fui então aproveitando a falta de hóspedes, me sentirmos mais a vontade para pedir rosquinhas, bolinhos e pães de mel. Comíamos de pé, diante da janela, isso enquanto conversávamos. Peguei uma das rosquinhas de seu prato discretamente, algo sobre aquele açúcar de confeiteiro me chamou a atenção, em minhas mãos brilhava sobre a luz amarelada do local, macia e amarronzada, levei aos meus lábios, salivando em segundos, eu mal pude morder, apenas senti o açúcar, finíssimo como farinha, sobre os meus lábios, trouxe para dentro, tocou em minha língua, foi quando senti o cheiro.
Não foi preciso muito para reconhecer, instantaneamente me virei, atento, o doce escorrendo pela minha garganta, e aquele aroma, aroma de terra molhada, levemente adocicado e distante. Eu soube na hora de quem se tratava. Minha visão alcançou a porta, meu ato chamou a atenção de Bogart, acho que ele falou comigo, deve ter perguntado o que eu estava fazendo, eu não sei, não lhe dei a mínima atenção, mal pude ouvir sua voz, pois naquele momento pela porta entrava o único ser que poderia ser digno de minha definição de graça.
Entrou pela porta, acompanhado daquele mesmo homem, que eu conhecia pouco, Rostam, inspetor. Em meio ao breu que os levaria para a ala dos funcionários, o corredor especial, sem muita iluminação, apenas uma leve luz amarelada no fundo, reluzindo sobre aquele piso de madeira polida. Eles seguiram caminhando, até que a recepcionista os chamou, fez um sinal com a mão, logo se viraram. O inspetor se aproximou, com seus passos sábios, sem olhar ao redor, cumprimentando a recepcionista com um sorriso gentil. Em meio a escuridão lá estava ele, vestido de branco. Hesitou, ao menos para mim parecia hesitante, o beta se virou para ele, o chamou, fazendo aquele mesmo sinal com a mão. O ômega se virou por completo, o vi diante do corredor feito uma sombra, aos poucos foi se aproximando, chegando à luz.
“Olhe Berliac, como é belo.” Disse Bogart. Tinha razão. O torso era coberto pelo tecido pálido, estilo marinheiro. Ao redor do pescoço, o laço tradicional, azul marinho e branco, com um nó impecável no centro, deixando um triângulo escuro de tecido para baixo. Pulso listrado das mesmas cores, era como se tivesse saído de um quadro. A pele escura brilhava sobre a luz amarelada, os cabelos enroladinhos pareciam tão macios quanto nuvens, em meio a face olhos grandes e escurecidos, brilhantes, únicos, especiais, era uma graça, quase como um boneco de pelúcia, daqueles que só se conseguem em parques de diversões abastados. Dava vontade de chegar perto, pegar naquele cabelo, beijar aquele rosto, ver o seu sorriso.
Na ponta do pé, era inquieto, mas não sorria, parecia perdido, desprendido da realidade, talvez preocupado com a chuva. Talvez por conta da roupa, seria uma estrago que fosse pego pela chuva, afinal a tempestade iria estragar o tecido, não? Era isso que pensei no momento, eu olhei para ele, por um momento era como se não houvesse mais ninguém ali além de nós dois, com todo aquela presença não demorou para que ele começasse a chamar a atenção. Aos poucos fui percebendo os olhares sobre ele, leves burburinhos eram mais agradáveis do que aqueles, os olhares silenciosos, sem palavras, apenas respirações pesadas, do tipo que dava para sentir, eu o vi, ali, de pé, e não apenas eu, antes que me desse conta todos do salão estavam encarando aquele ômega.
Ele permanecia ali, em silêncio, seu olhar variava entre a recepcionista e o inspetor, sem muita expressão, apenas um mutismo gentil, talvez seletivo. A beleza torna as pessoas evidentes. Quando falo sobre a beleza, não digo sobre a comum, sobre a generalizada, aquela que todos concordam ou que ao menos temem de discordar, aquela beleza sem gosto, sem graça, sem mistério. Podemos vê-la em todo lugar, em cada pessoa, ela é passageira e entediante, e não importa quantas vezes eles tentem se convencer disso, não importa quantas vezes se olhe no espelho, pode sentir que é aceito, admirado. As pessoas dizem que eu sou bonito, não? Pensam. Mas você sabe, e as pessoas também sabem, você não passa de algo comum, algo que é possível encontrar em cada canto do mundo, da mesma maneira, sempre e sempre. E todas às vezes vai saber ao olhar no espelho que nunca, jamais, vai ser capaz de chegar aos pés da beleza oculta.
Esta beleza é gentil, ela aceita que a destratem, aceita que duvidem dela, vive sem ferir e sem ansiar por ser ferida, talvez nem se reconheça, não faça ideia do que causa em quem a vê, olhando naqueles olhos, todos dizem que é feia, diferente, incomum, por que temem, esta beleza é perigosa, sutil, mal notamos quando ela entra em nossa mente, começando a fazer parte de nosso dia a dia, ansiamos por sua atenção, por seu olhar, queremos ter valor aos teus olhos, mesmo que não reconheçamos este sentimento, esse é o veneno da beleza, uma maldição.
Jamais poderia comparar qualquer um à ele. Odon era único, era veraz.
Rostam se virou e o chamou para perto, novamente se encaminhavam para o corredor, fui vendo, ia se afastando aos poucos, me deixando com saudades de seu cheiro, ele caminhava apenas alguns passos atrás do inspetor, enquanto eu o via sumindo dentre o corredor uma vontade louca de ir atrás veio até mim. Não, eu não podia, era arriscado demais, perto da porta, ao fim do meu campo de visão, ele se virou, em meio a escuridão que aos poucos ia consumindo o seu corpo. Seu olhar era direto, mesmo que nebuloso, direcionado a mim, olho por olho, eu me assustei, foi algo que durou poucos segundos, porém, eu compreendi de imediato o seu significado, então ele havia percebido que eu o admirava, tentei disfarçar porém já era tarde.
Fora embora, deixando para trás os vestígios de sua presença. Não apenas eu, e sim todos no salão o notaram, pude ouvir um suspiro, Bogart estava com a mão na testa e com um sorriso irritantemente simpático na face. Eu revirei os olhos discretamente, arrumei o meu terno, encarando aquele corredor escuro, iria até ele, para que pudéssemos conversar. Ambos tínhamos duvidas que precisavam de respostas, precisava sentir o seu cheiro, olhar nos seus olhos, cara a cara, bem de perto, sentir o seu coração batendo, eu precisava daquilo mais do que poderia admitir, apenas precisava esperar o momento perfeito para sair. Anseava pela liberdade, pelo ato de me embrenhar em meio a escuridão, atrás daquele corpo que tantas noites eu sonhara deitarme ao lado, nu. Era o calor e estava me consumindo cada vez mais, eu não podia ignorar ele para sempre, uma hora iria retornar como uma grande onda, eu queria aquele ômega para mim, eu implorava por isso.
Tamanho poder tinha sobre mim, a forma que caminhava, se movimentava, respirava, era louco, como se soubesse que eu estaria olhando. Não, talvez tudo fosse coisa da minha cabeça, eu estava terrivelmente apaixonado. De uma maneira que jamais se quer imaginei. Aquilo me deixava louco, delirante, como um escritor inspirado, eu precisava desvendar aquele mistério como um detetive, o mistério daquele ômega.
“Odon, quero saber o que você é.”
Não percebi no momento, porém aos poucos fui me esquecendo de Yoon Baram e dos outros homens mortos, quando ele estava por perto nada mais importava, era o meu sol, a minha lua, o meu frio, o meu calor, o demônio dos meus sonhos, meu maior desejo, meu milagre, meu pecado. Eu serei leal a você, apenas peço que me diga o que você é. Mergulhei entre as pessoas no salão, imerso em meus pensamos, em minhas fantasias, era como se eu pudesse ver a ponta do tecido pálido de sua roupa, estava sonhando acordado, ajeitando o terno e os cabelos de maneira tensa, tentando sentir o cheiro dele, cada vez mais perto, em direção ao extenso corredor escurecido. Em direção ao ômega que seria meu.
Publicado por:
- Ambroise Houd
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