A Estrela do Dragão - Capítulo 2
Capítulo 2
“O q-que! Mas que merda está…?!”
“Meu Deus, ahhhhhh!”
Todas as reconfortantes hipóteses sobre a nuvem ser algum tipo de publicidade também foram ao chão. Quanto mais o branco que bordava o céu florescia, mais forte a terra sacudia. Prédios enormes começaram a se dobrar como macinha e as pessoas tentaram desesperadamente se segurar em qualquer coisa. Algumas que rastejavam no chão se pareciam muito com formigas.
Agarrei uma árvore próxima e tentei me esconder do grande desastre prestes a acontecer, mas comecei a ouvir um som crepitante de dentro da árvore. Mesmo com toda a comoção ao meu redor, o quebrar da madeira soou claramente dentro da minha cabeça.
“É perigoso, saiam do caminho!”
Eu gritei enquanto recuava do lado da árvore na beira da rua. A calçada começou a se dividir em blocos e o tremor parecia querer me sugar para dentro das frestas. Fui tropeçando até uma parede que parecia firme para me apoiar, como esperado, a árvore à beira da rua se partiu e caiu. Um homem, que como eu pensou em se apoiar nela, não desviou e foi esmagado.
Gritos explodiram de todos os lados e eu só pude cobrir minha boca. Nunca presenciei um acidente assim na minha vida até agora. Ver alguém perder a vida tão fácil e rapidamente me encheu de náuseas. O choro de uma mulher estourou perto do meu ouvido. Abaixei a cabeça o máximo que pude e abracei meu corpo.
“S-socorro! Por favor, alguém me ajuda!”
Uma mulher debaixo de galhos de outra árvore da rua chorava enquanto debatia os braços. Rastejei lentamente em direção à ela. Quando vi o rosto da mulher arruinado de tanto chorar, tive medo de que ela pudesse ter se ferido gravemente. A imagem do homem sendo esmagado e sangue se espalhando por todos os lados se sobrepôs a dela e me senti mais enjoado ainda.
Demorei alguns segundos para me recompor e ao contrário das minhas preocupações, no entanto, ela não se feriu gravemente. Sua perna estava apenas presa debaixo de um tronco de árvore cheio de galhos e folhas.
Depois de fechar os olhos com força, tirei o boné e afastei lentamente as folhas do tronco por medo de sermos perfurados de alguma forma. Pude ver uma perna saudável com apenas um pouco de sangue por causa dos arranhões, então tentei apaziguar a mulher assustada e chorosa.
“Tudo bem, está tudo bem.”
“Uh, uhrg. Eu não quero morrer… Uhhuh! ”
“Você não se machucou muito, logo vai ficar bem.”
“Me s-salve. E-eu… Eu tenho que ir à uma entrevista. ”
“Sim, sim. Você vai viver e poderá ir à entrevista. Se acalme, vou te ajudar com esse tronco.” Tentei apaziguá-la de novo.
A mulher parecia que ficaria sem fôlego a qualquer momento por causa do medo, ao invés de ser esmagada. Comecei a afastar suavemente os galhos menores. Depois de repetir várias vezes palavras que pareciam não funcionar, as lágrimas da mulher gradualmente diminuíram.
“Uh?”
Me assustei quando algo gelado e úmido bateu em minha testa. O grande estresse por toda a situação me fez incapaz de assimilar a ‘coisa’ por um tempo, mas logo me toquei de que era apenas uma gota d’água. Esfreguei minha testa rapidamente. As nuvens escuras que se acomodaram no céu começaram a derramar muitas gotas d’água. Talvez por eu estar em um estado tão sensível senti os locais em que as gotas tocavam minha pele esquentarem muito.
“Q-que, o que?”
A mulher, que ainda estava debaixo do galho, estremeceu, talvez porque se surpreendeu com o tom da minha voz. Tentei me explicar rapidamente antes que ela começasse a ter uma convulsão por causa do medo.
“Não é nada, está tudo bem. É só que está prestes a chover…”
“…Está chovendo?”
“Sim…”
Olhei para o céu e abri minha boca para dar outra afirmativa com mais confiança, mas as palavras ficaram presas em minha garganta. Outros ao meu redor também começaram a olhar estupidamente para o céu com a boca aberta. Parece que estamos todos em uma situação de transe bem parecida.
“Ei…?”
Percebendo que eu não falaria mais nada e estava apenas olhando para o céu a mulher tentou chamar de volta a minha atenção.
Chovendo… Eu poderia mesmo chamar isso de chuva? As gotas esbranquiçadas com um leve brilho azul desapareciam antes de chegar no chão. As poucas que encostaram no chão se despedaçaram em mil pedacinhos e então desapareceram como se fossem uma miragem. Caíam das nuvens como chuva, mas não podia ser chamado de chuva. Em vez disso… Parecia mais correto dizer que era uma chuva de meteoros. As gotas pareciam estrelas caindo do céu.
Toquei meu rosto e encarei o céu falsamente estrelado. A parte estranhamente quente em que a gota havia tocado estava começando a ficar dolorida.
* * *
[…Hoje por volta das 16h,… Causa desconhecida… Diversos desastres… Nas proximidades… Inúmeras vítimas… As autoridades foram… Todos os veículos de emergência… Os hospitais… ]
“Mãe! Mamãe!”
“Espere um segundo, por favor. Você não viu essa criança? Ele é meu filho e tem uma cicatriz no rosto. Ouvi dizer que ele foi levado para este hospital!”
“Senhora! Você não deve se mover!”
“Não! Por que não posso ir!? Por que!?”
“Bebê! O meu bebê!”
Tão barulhento.
“Tudo isso aconteceu pela falta de fé em nosso Senhor Jesus Cristo! Arrependam-se, todos!”
“De onde essa pessoa veio? Enfermeira! Ajuda!”
“É porque as pessoas estão desviadas e sem fé!”
“Oh, você está louco?! Como ousa fazer isso aqui?!”
“Saia já daqui!”
Toda a comoção estava fazendo a minha cabeça latejar. Como uma forte ressaca após muitos copos de álcool, além disso o topo da minha cabeça estava pelando como se eu estivesse com febre. Quando tentei abraçar minha cabeça, o boné caiu e rolou no chão.
Por que ele caiu da minha cabeça? Eu não o apertei bem? Estiquei a mão e peguei o boné sujo do chão, demorei um tempo até confirmar que era realmente o meu boné. Ele está tão sujo e desgastado, eu o tenho já faz 10 anos.
Estalei a língua e tentei limpar um pouco o boné. Quando um idoso começou a ter uma crise de tosse perto de mim, não pude evitar me congelar no assento. Não acho que seja muito apropriado agir dessa forma em um hospital cheio de pacientes feridos e várias pessoas à beira da morte.
Não havia onde deixá-lo, então o coloquei de novo em minha cabeça. Tentei prestar atenção de novo na TV, mas o barulho no hospital tornava impossível entender bem o que se dizia nas notícias. Do outro lado da tela, um locutor bem vestido explicava e atualizava sobre a situação minuto a minuto com um rosto que parecia ser indiferente a todos os acidentes.
Wheeeeeeey-!
Outra ambulância com as sirenes ligadas estacionou na porta do hospital trazendo mais pacientes. Esfreguei a ponta do meu nariz enquanto observava a cena à minha frente. As pessoas que acabaram de chegar ao hospital agarravam firmemente os cobertores que cobriam seus corpos e soluçavam.
Vendo os novos pacientes, a enfermeira que parecia estar com dor de cabeça, apertou a testa e prendeu a respiração por um tempo. É difícil de lidar e ver tantos pacientes ocupando tão caoticamente o pronto-socorro. Com tantas pessoas se amontoando no chão dos corredores e saguões, era difícil de ver qualquer espaço vazio. A enfermeira conduziu os novos pacientes e os enumerou um por um. Quando outra sirene começou a tocar da porta, ela finalmente explodiu.
“Eles são pacientes em situação de emergência! Por favor, saia da frente!”
“Não há mais espaço aqui! Por favor, acompanhe os pacientes restantes a outro hospital!”
A sirene não parava de tocar e a ambulância não se moveu. Uma pequena disputa eclodiu entre os membros da equipe de resgate e os funcionários do hospital. Logo depois mais médicos e enfermeiras chegaram para ajudar os recém chegados, eles conversavam gritando um com os outros e dentre tanto barulho qualquer palavra se tornava irreconhecível. Os gritos começaram a parecer o choro de criaturas à beira da morte e foi uma conversa tão bizarra que mesmo se repetissem cem mil vezes os diálogos, eu provavelmente não seria capaz de os entender. Por algum motivo, a cena me lembrou um filme em que vários vermes sujos se contorciam na lama e gritavam uns com os outros.
Quando mais pacientes começaram a entrar no pronto-socorro, os médicos e enfermeiras os rodearam como formigas em doce. Mais uma vez tentei prestar atenção na TV. Parece que vai demorar muito até eu ser chamado. Como eu aparento só ter vários arranhões, a enfermeira deve ter colocado o meu nome no final da lista de pacientes. Sejamos honestos, esse tipo de ferimento pode ser curado facilmente com algumas pomadas e um pouco de repouso.
No entanto, me obrigaram a permanecer aqui e esperar o atendimento. Quando tentei escapar de fininho mais cedo uma das enfermeiras ao me reconhecer na entrada me parou e me conteve. Elas querem ter certeza de que os acontecimentos de hoje não me causaram nada além dos arranhões visíveis, então, achei um espaço para me sentar e esperar. Nessa situação, me mover aqui só irá aumentar a comoção, é melhor ficar parado e aguardar.
“Com licença…”
Enquanto eu olhava fixamente para o teto vazio a minha frente uma voz pequena e trêmula soou ao meu lado. Achei que a voz estava procurando por uma enfermeira ou outro paciente, então não olhei em sua direção. Alguns minutos atrás, uma pessoa assustada agarrou uma das enfermeiras, houve uma briga e discussão sobre quando ela seria atendida. Pensando nisso, os empregados do hospital ganham algum tipo de bônus depois desse tipo de situação caótica? Espero que sim, eles estão trabalhando muito duro.
“Eh… Licença…”
A pessoa ao meu lado continuou chamando sem parar. Eu estava prestes a abaixar a cabeça, pensando que poderia haver outra grande briga, quando uma mão manchada de preto tocou o meu cobertor.
“Você finalmente me olhou.”
A mulher franziu a testa e deu um sorriso estranho. Não consegui impedir os meus olhos de se arregalarem. Não sei por que uma mulher que vejo pela primeira vez está procurando por mim. Eu fiz algo errado enquanto estava olhando para o nada?
A mulher notando a minha hesitação e confusão começou a falar novamente.
“Você me salvou, sabe, isto…”
A mulher levantou suavemente o seu cobertor e pude ver um pouco de sua perna cheia de arranhões. Só então me lembrei da mulher que havia caído sob a árvore da rua. Não dei uma boa olhada em seu rosto naquele momento porque eu queria salvá-la o mais rápido possível. Depois que a chuva de meteoros parou, os paramédicos apareceram e começaram a resgatar as pessoas. Ela também foi enrolada em um cobertor como o meu e desapareceu em uma das ambulâncias. Não sabia que estávamos no mesmo hospital.
“Você se lembrou? Eu queria dizer oi… É um prazer conhecê-lo. Eu também gostaria de te agradecer, muito obrigada.”
O seu rosto estava sujo de poeira e manchado, mas o seu sorriso ao me cumprimentar era muito claro. Tossi e balancei a cabeça tentando dizer que não foi nada, no entanto, ela agarrou minha mão de novo, agradeceu e se sumiu em meio a multidão de mãos dadas com um homem. Antes dele se virar me fez uma pequena reverência, acho que eles são amantes.
Encostei a mão no rosto e senti um pequeno formigamento, parece que arranhei aqui também. Enquanto apalpava a parte dolorida com a ponta dos dedos, uma enfermeira de aparência cansada se aproximou de mim.
“Entre.”
Já é minha vez? Me levantei apressadamente e fui para a sala de atendimento.
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Oi pessoal, eu sou a Kiriz. Vou estar traduzindo três novelas +18, essa e mais duas. Não pretendo pegar outra até finalizar uma delas. A tradução das três é feita diretamente do coreano. Espero que gostem! Vocês podem me encontrar aqui e no wattpad como KristalFansub ;3
Publicado por:

- Cris Fansub
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Mais uma alma vagando pelo mundo das traduções~
Amo obras +18, principalmente BL. Vocês podem encontrar as minhas traduções no Wattpad, as atualizações saem primeiro lá ;3
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