A Década Depois Da Primavera - Capítulo 03
Estava com três meses e meio de gravidez, já sabia o sexo do bebê, ele será um menino! Os enjoos diminuíram, me sentia muito melhor comparado a um mês atrás.
No entanto, meu marido não gostou de descobrir que vamos ter um filhinho. Tanto que ele está me parabenizando de uma maneira inusitada!
— Pensou que eu não iria descobrir? — O homem falou suas palavras com desgosto, me botando contra a parede, seu braço pressionando meu pescoço. — Por sua culpa o divórcio foi cancelado. De qualquer forma, meus advogados já verificaram e confirmaram que esse bebê é meu filho.
— Não seja assim, não haja como um idiota! Você também tem culpa, na época de escola não te ensinaram para que serve o preservativo? — Não estava com paciência para tolerar difamação, não hoje. — Me solta, você está me machucando!
Ele me olhou com desprezo, por um momento me sentir perdido. Nunca imaginei que Dom já me desprezasse a esse ponto.
— Vou providenciar suas consultas com o médico, e preparar o enxoval do bebê — Dom disse suas palavras sem nenhuma emoção, ele não demonstrou nenhum sentimento com a notícia de que vamos ter um filho. — Mas não crie ilusões ou alguma expectativa quanto a nós.
Eu pensei em transe, acontece que… Dom às vezes pode ser tão malvado. Mas ele ainda é uma pessoa muito responsável.
— Por que me odeia? Principalmente quando eu tenho sentimentos tão fortes por você! — Tive vontade de esbofeteá-lo e de lhe dar um soco, e tinha vontade de colocar o meu coração de castigo por continuar gostando deste homem frio e sem coração! — Me solte, eu preciso ir no banheir-
Sem querer, acabei vomitando nele, o estrago é grande. Sua camisa social ficou coberta por vômito, e eu ainda coloquei mais para fora, deixando o homem horrorizado e com uma expressão de nojo. Finalmente Dom me livrou do seu aperto e se afastou de mim, analisando o estrago que fiz.
— Não foi de propósito, e aliás, a culpa é sua por não me ouvir. — Limpei meus lábios, me agachando para tomar um pouco de ar, então voltei a olhar para o homem que está tirando sua camisa. Ele desabotoou botão por botão da camisa social, todo mal humorado. — Seu filho é um pouquinho sapeca — soltei uma risada, gostando de como isso soa quando eu falo em voz alta.
— Não ria e venha me ajudar. — Eu o ajudei, porém, minha mente e meu corpo reagiram apenas de olhar para ele semi nu, meu coração retumbando nos meus ouvidos me deixava inquieto. Dom está longe de ser básico, com este seu rosto sexy que faz qualquer um desejá-lo e seu corpo esguio mas sarado.
Dom…
O nome que gravei em meu coração, a receita para aliviar a dor que meditava em mim toda vez que adoecia. Seu nome é a lâmina que mais me machuca.
Fomos para o sofá, ele se sentou. Eu reprimia ao máximo meus sentimentos, não pretendia me aproveitar da situação, então apenas o deixei no sofá, e fui ao banheiro preparar uma toalha molhada para ele.
— Gosta do que vê? — Quando me aproximei dele, Dom segurou minha mão, eu não ousei reagir. Quando vi seus olhos vermelhos, cheios de luxúria e desejo, percebi que algo estava errado. Mas naquele momento, ele já havia quebrado qualquer resistência minha — na verdade, eu não resisti muito, e deixei ele invadir meu corpo.
Seus beijos intensos me deixavam sem ar, sua pele roçando com a minha me deixava arrepiado. Dom me abraçou forte, me colocando sobre seu colo, seus dedos brincavam com os meus fios de cabelo, nos pressionando um contra o outro.
Dom parava por poucos segundos, apenas para tomar um pouco de ar. Sua língua dançando dentro da minha boca, brincando com a minha vez ou outra. Ele tirou minha camisa e abriu o zíper da minha calça jeans, sua mão não parava quieta. Meu coração batia de acordo com sua respiração, ofegante, eufórico com a situação atual.
— Ugh, não faça isso. — Dom mordeu meu pescoço, deixando uma marca profunda no lugar.
— Você não gosta? — Ele deixou um chupão na minha clavícula, e voltou a me beijar. Foi a primeira vez que vi tanta empolgação… Vindo de Dom.
Embora pelo que percebi, ele foi forçado pelo medicamento. Eu sei que Dom não ficará feliz quando voltar a si.
Eu não deveria ceder tão facilmente, me sinto culpado, hoje roubei seu perfume e coloquei, só para satisfazer o gosto dele. Eu não gosto do aroma, mas uma vez Dom disse que cheirava a vinho, o que o deixou muito excitado e intoxicado.
Desde muito antes, eu sabia que perseguir Dom não seria nada fácil e que era uma longa corrida.Talvez, esta vida pode não ser necessariamente bem sucedida.
Inesperadamente, a oportunidade surgiu.
Dom estava claramente drogado, uma prática pouco profissional que acontece com frequência, afinal, ele é bonito e é o CEO de uma multinacional, um homem bastante cobiçado por homens e mulheres.
Depois de acordar daquele transe, Dom parou e me olhou, ele estava muito bravo. Ele zombou de mim, que estava deitado sobre o sofá e disse: — É tudo ideia sua.
Eu não conseguia nem mover meus dedos e meu corpo inteiro estava quente e frio, ao mesmo tempo. Apenas meu cérebro ainda estava funcionando.
Ele também disse que preferia o hálito de garotos suaves, bonitos e delicados. Dom ignorou meu olhar neutro e acrescentou outra frase. Disse que embora meu perfume seja de vinho, ainda é o vinho mais barato.
Quando ele percebeu a brutalidade das suas palavras, e o quanto suas frases duras me machucaram, Dom pareceu estar atordoado por um curto momento, então franziu a testa, pegou sua camisa suja e fechou a porta assim que saiu para a rua.
Depois que ele foi embora, comecei a pensar no quão burros eu e meu coração somos. As palavras de Dom me machucavam muito.
As sequelas da cirurgia anterior se fazem presentes e tive um mal estar. Incapaz de respirar, por sorte, consegui prender a respiração no segundo seguinte, e ela voltou ao normal.
Ninguém sabia das sequelas que minha cirurgia deixou além da minha amiga. Sinto-me muito cansado, e acabei ficando deitado no sofá, pensando.
Acontece que eu gostava de Dom e não me cansava disso, estava me arrastando e assim era muito doloroso, era como um veneno crônico que gradualmente penetra em meus órgãos internos.
Eu merecia, eu sei. Mas não pude dizer ao meu coração que Dom era o homem errado e não conseguia proibi-lo de gostar dele.
Quando olhei para baixo da mesinha de centro, vi um celular, o celular de Dom.
Possivelmente ele derrubou quando se levantou de forma rápida e abrupta, e agora estava vibrando com a chegada de uma nova mensagem na tela. Como um homem rebelde eu deveria apenas deixá-lo ali, jogado no chão da sala, mas sou um homem curioso demais e peguei o aparelho, vi de quem era a mensagem, mas não consegui ler o conteúdo porque o celular tinha bloqueio de tela.
A mensagem era da sua secretária, a mulher que esteve aqui no outro dia. Não me contentei apenas com isso e fui até meu quarto, peguei meu laptop e o conectei ao aparelho. O bom de ter sido um jogador viciado na adolescência é que aprendi certos truques para obter os pacotes pagos dos jogos, e tive que me tornar um cracker para poder manter dois disfarces ao mesmo tempo, sim, eu fingia ser outra pessoa às vezes no meu trabalho. Não me orgulho, mas quis ficar mais próximo de Dom na empresa, então criei outra pessoa para poder trabalhar ao seu lado sem que ele me lançasse aquele seu olhar de desprezo… rapidamente eu descobri sua senha e vi a mensagem, lendo ela e muitas outras.
Secretária Kim: Sr. sinto muito, porém, o homem que o drogou foi realmente mandado por Oscar. Ele é responsável por isso!
Secretária Kim: Eu tenho provas do que estou afirmando. Venha me ver e eu lhe entregarei todas elas.
Secretária Kim: Se hoje mais cedo os advogados não tivessem lhe entregado as provas de que o filho é seu, eu continuaria duvidando até mesmo disso! Ele é tão ganancioso.
Secretária Kim: Como sua amiga, tenho o dever de abrir seus olhos. Como eu fiz há muito tempo atrás, se quiser conversar estarei à sua espera na minha casa, para ouvi-lo.
Não consigo acreditar no que estou lendo, me sentia atônito com a proximidade entre eles e as calúnias ditas sobre mim! Pelo que via, a mulher não era apenas sua secretária, mas também era sua amiga, as várias mensagens já revelam isso. Mesmo me sentindo um pouco atordoado, eu continuei olhando seu celular, no aplicativo de mensagem vi que ele conversava apenas com essa mulher, os outros contatos eram comerciais e de advogados, vi também que ele não salvou meu número nos contatos.
Ele nem fez questão de fazer isso, essa mulher… o que mais ela inventou sobre mim e por quê?
Eu fiz uma clonagem do seu número, assim que saí do aplicativo de mensagens, um arquivo chamou minha atenção, e eu congelei por um momento, a pasta de arquivos era nomeada com a frase “Meu amor“. Perguntei-me se seriam imagens de um amante…
Ciúmes? Não era ciumento, não tinha nenhuma qualificação para ser assim, eu só, me sentia triste. Não quero seu dinheiro, nada disso… meu coração queria ele! Apenas ele.
Minha vida era curta, meu último sonho extravagante era voltar a ver Dom, e agora foi cumprido. Mas não imaginava que nosso relacionamento chegasse a tal ponto.
Nunca pensei que realmente me casaria com Dom, nem que teríamos um filho, nem tudo o que aconteceu depois.
Betagem by:Arabella
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