A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU - Capítulo 9: Sonho
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- Capítulo 9: Sonho - 【Quem era a criança em seu sonho?】
A luz do dia era intensa, e o sol trazia um calor abrasador típico do verão.
Shen Xingzhuo sentiu-se pular dos degraus e correr para o pátio.
Os degraus pareciam estranhamente altos, assim como a grama no chão.
A disposição do pátio era incrivelmente familiar e, ao mesmo tempo, estranhamente desconhecida.
Depois de observar por um tempo, Shen Xingzhuo percebeu vagamente que parecia ser a antiga residência da família Shen.
Ele tinha vivido ali até os sete anos.
Mais tarde, depois que o Velho Mestre Shen ficou doente e foi para uma casa de repouso, a família Shen se mudou para a mansão onde moram atualmente.
Shen Xingzhuo saltou sobre a grama e, com facilidade, correu ao redor do quintal, indo diretamente para algum lugar.
Ao lado do corrimão do pátio, estava agachado um garotinho.
O menino parecia ter uns três ou quatro anos, vestindo uma camiseta branca com um desenho de gato robô estampado e um macacão jeans azul.
Seu cabelo preto era fino e macio, grudando em sua pele clara e delicada, fazendo-o parecer um pequeno bolinho de arroz branco e fofo visto de longe.
As pequenas e rechonchudas mãos do garoto seguravam firmemente o corrimão à sua frente.
Ao seu lado, havia um balde amarelo e uma pazinha, mas sua atenção estava completamente em outra coisa.
Sua cabeça estava pressionada contra o corrimão, observando curiosamente algo além.
Quando Shen Xingzhuo se aproximou, instintivamente suavizou os passos.
Ele se aproximou em silêncio e, de repente, estendeu a mão para bagunçar o cabelo do garotinho.
O menino deu um pulo de susto.
Mas, ao virar-se e ver que era Shen Xingzhuo, seus grandes olhos negros e brilhantes logo se curvaram em um sorriso.
Seus olhos eram grandes, com os cantos levemente caídos, como os de um filhote de cachorro.
Quando olhou para cima, Shen Xingzhuo viu seu próprio reflexo nas pupilas negras do garoto.
O menino não se assustou com a brincadeira de Shen Xingzhuo. Em vez disso, fez um gesto misterioso para que Shen Xingzhuo se aproximasse.
Com uma vozinha infantil e um pouco arrastada, sussurrou: “Shh! Irmão, olha!”
Shen Xingzhuo se inclinou e viu que, do lado de fora do muro do pátio, passava uma ninhada de cães de rua.
A cadela à frente estava farejando o chão em busca de comida.
Quatro filhotes a seguiam, já capazes de correr e causando um pouco de bagunça.
Os cães de rua eram de várias cores—pretos, amarelos e malhados.
Um a um, rolavam com suas perninhas curtas.
“Irmão.”
O garotinho ao lado dele perguntou em voz baixa, “Posso fazer carinho nos cachorrinhos?”
Shen Xingzhuo também queria acariciá-los.
Com sua impulsividade usual, ele quase correu para pegar um e levá-lo para casa.
Mas ao ouvir o suave “irmão”, Shen Xingzhuo forçou-se a manter a seriedade e respondeu: “Só nos que são nossos podemos fazer carinho.”
O garotinho pareceu um pouco desapontado, mas também um pouco esperançoso. Perguntou: “Então podemos ter um?”
“Vamos pedir ao vovô mais tarde!” disse Shen Xingzhuo.
“Mm!” O menino assentiu entusiasmado.
Sua atenção logo voltou para os cães fora do corrimão.
Apontando para um cachorrinho preto, ele disse: “Quero ficar com o pretinho. Ele é pequeno e os outros cachorros vão implicar com ele.”
Shen Xingzhuo não se importava com qual cachorro adotariam.
Porém, um desejo travesso de provocar o garotinho surgiu em Shen Xingzhuo, então ele propositalmente mudou o assunto e disse: “Vamos ficar com o amarelo. Ele é o maior e vamos chamá-lo de ‘Da Huang’!”
“Eu quero o pretinho!”
“Vamos ficar com o Da Huang!”
O som do protesto infantil foi desaparecendo aos poucos.
Shen Xingzhuo, que estava dormindo, acordou.
Sentou-se e enxugou a testa.
Parecia que sua palma ainda guardava o calor da luz do sol do sonho, junto com o toque suave do braço da criança.
Shen Xingzhuo limpou o suor da testa, levantou-se e foi até a janela para abrir as cortinas.
A luz da manhã lá fora já era intensa e o horário já estava avançado.
Após uma lavagem rápida, Shen Xingzhuo desceu as escadas.
O segundo andar era espaçoso, com uma sala de estar.
Shen Xingran estava na sala tomando café da manhã.
Desde aquele dia…
Eles não tinham mais comido na sala de jantar do primeiro andar.
“Não tem aula hoje, não é? Por que você acordou tão cedo?”
Shen Xingzhuo se aproximou familiarmente e pegou um ovo frito do prato para comer.
Shen Xingran fez uma careta: “Você sequer lavou as mãos?”
Por causa do sonho que tivera na noite anterior, Shen Xingzhuo estava de bom humor.
Ele não deu a mínima para a irritação de Shen Xingran e continuou comendo a maior parte do que estava no prato, de forma provocativa.
Ao ouvir a palavra “irmão”, ele até riu: “Quando você era pequeno, nem conseguia dizer ‘irmão’ direito. Ficava falando ‘guo guo guo’, como se eu fosse algum tipo de panela.”
Shen Xingran não entendeu do que ele estava falando e o ignorou.
Depois de encher quase o estômago, Shen Xingzhuo olhou ao redor do segundo andar e perguntou: “Por que só você está em casa?”
“A mamãe e o papai ainda não voltaram.” Shen Xingran cutucou o prato com o garfo. “Se você está perguntando sobre o Lu Ran, ele saiu cedo com aquele cachorro amarelo dele.”
Ao ouvir isso, Shen Xingran olhou para Shen Xingzhuo com expectativa: “Irmão!”
Shen Xingzhuo imediatamente entendeu o que Shen Xingran queria dizer.
Ele achou graça. “Tá bem, vou resolver isso hoje.”
Recordando o sonho da noite anterior, perguntou curioso: “Você não gostava muito de cachorros quando era pequeno? Chegou a dizer que queria ter um cachorro pretinho. Por que agora os odeia tanto?”
“Quem disse que eu gostava de cachorros?” Shen Xingran olhou para ele confuso.
Shen Xingzhuo de repente parou no meio da refeição.
Desde o momento em que sonhou com aquela criança, Shen Xingzhuo sempre assumiu que a criança era Shen Xingran.
Ele acordou, desceu, tomou café da manhã e conversou com Shen Xingran.
Mas agora, Shen Xingzhuo de repente percebeu que Shen Xingran chegou à família Shen quando já tinha cinco ou seis anos.
Ele já havia passado da idade de pronunciar as palavras errado.
E naquela época, eles já tinham se mudado da casa antiga.
Então…
Quem era a criança em seu sonho?
Uma onda de inquietação misturada com desconforto tomou conta dele.
Shen Xingzhuo subitamente achou a comida em sua boca sem sabor e seu estômago revirou inexplicavelmente em protesto.
Vendo-o congelado, Shen Xingran perguntou confuso: “Irmão, o que houve?”
Ao ouvir “irmão” novamente, a habitual sensação de alegria e conforto ainda estava lá, mas agora era acompanhada por uma confusão indescritível.
“Oh, acabei de lembrar que tenho algo para fazer,” disse Shen Xingzhuo, virando-se para pegar a jaqueta jogada sobre o braço do sofá.
Ele vestiu a jaqueta e deu um meio sorriso para Shen Xingran. “Vou sair um pouco.”
Shen Xingzhuo saiu dirigindo da mansão.
Ele não tinha nada urgente hoje.
Alguns jovens de famílias ricas haviam se envolvido em um escândalo de atropelamento, e seu estúdio acabou sendo arrastado para a situação. O negócio nunca foi muito lucrativo e agora estava à beira da falência.
Mas Shen Xingzhuo não estava particularmente preocupado. O estúdio era mais um projeto paralelo.
Depois de completar dezoito anos, ele herdou uma parte das ações da empresa da família. Os dividendos sozinhos eram suficientes para mantê-lo financeiramente seguro.
Ele não tinha um destino específico, apenas dirigia sem rumo.
Após algum tempo, começou a relaxar novamente.
Era só um sonho, afinal. Não havia razão para acreditar que se baseava em memórias reais.
Shen Xingzhuo sabia que suas lembranças da infância começavam tarde.
Seu irmão mais velho, Shen Xingyu, tinha uma memória extraordinária e conseguia lembrar-se de coisas desde o primeiro ou segundo ano de vida.
Shen Xingzhuo, no entanto, mal conseguia se lembrar de algo da época da escola primária.
Essa era uma das razões pelas quais Shen Xingzhuo tinha pouco vínculo emocional com Lu Ran.
Embora soubesse que Lu Ran era seu irmão biológico, perdido ainda pequeno, Shen Xingzhuo sentia-se mais próximo de Shen Xingran, com quem vivera por mais de dez anos.
Por isso, nunca gostou realmente de Lu Ran.
Sempre achou que trazer Lu Ran de volta, já adulto, colocava em risco os interesses de Shen Xingran.
Em famílias como a deles, mudanças nos membros eram não só complicadas, mas perigosas.
Afinal, o nome “Shen Xingran” originalmente pertencia a Lu Ran.
Como irmão, Shen Xingzhuo, naturalmente, ficava do lado de Shen Xingran.
Ele não conseguia definir exatamente quando começou, mas talvez tenha sido desde o momento em que Shen Xingran chegou à família Shen que Shen Xingzhuo desenvolveu uma convicção profunda.
Ele precisava proteger seu irmão mais novo.
Pensamentos confusos giravam em sua mente.
Quando voltou a si, Shen Xingzhuo percebeu que havia dirigido até a antiga residência da família Shen.
A casa, que tinha resistido ao passar dos anos, agora parecia antiquada demais para os dias de hoje.
Embora alguém ainda cuidasse dela, sem os donos vivendo lá, a casa caíra em um estado de abandono ainda maior.
Sentado no carro, Shen Xingzhuo hesitou em sair.
Não sabia explicar o motivo da hesitação.
Simplesmente não conseguia se obrigar a abrir a porta do carro.
Mas, após dois segundos de indecisão, Shen Xingzhuo saiu do carro.
Ele sempre foi alguém que seguia seus impulsos.
Somente quando Shen Xingran estava por perto tendia a ser mais cauteloso.
Ao sair, percebeu que, de fora, quase nada da casa podia ser visto.
Alguém cuidava da casa todos os anos, mas as visitas eram espaçadas, e o pátio estava coberto de ervas daninhas.
Trepadeiras e outras plantas desconhecidas haviam se enrolado no corrimão externo, camada sobre camada.
Por trás da espessa parede de folhagem, nada do interior era visível.
Shen Xingzhuo perambulou do lado de fora por um tempo, sentindo que aquilo era uma perda de tempo. Não entendia por que estava ali, desperdiçando seu dia.
Por causa daquele sonho ridículo?
Ele se virou para voltar para o carro, com a porta já aberta.
Mas então ele parou, congelado, e olhou para um caminho próximo ao muro do pátio.
A trilha era estreita, e o concreto no chão estava rachado.
No meio da trilha, havia uma tampa de bueiro familiar.
No sonho da noite passada, ele e aquele garotinho estavam deitados junto ao muro do pátio, observando aqueles cães de rua, um a um, pulando sobre a tampa.
Aquele cachorro pretinho até tropeçou ao pular.
Uma sensação desorientadora, onde sonho e realidade se misturavam, tomou conta dele.
Parado ao lado da tampa de bueiro, Shen Xingzhuo olhou para o corrimão agora coberto pelas trepadeiras.
De repente, caminhou em direção ao corrimão.
Sem hesitar, começou a arrancar as vinhas com as mãos nuas.
Os caules espinhosos arranharam seus pulsos, deixando marcas vermelhas, e algumas das sementes voaram enquanto ele se movia, grudando em suas roupas e cabelo.
Shen Xingzhuo não ligava.
Ele segurou as barras de ferro enferrujadas e, silenciosamente, escalou o corrimão, pulando para dentro do pátio e aterrissando com leveza.
O chão sob seus pés estava macio com terra e folhas caídas.
O pátio estava completamente vazio. Não havia grama verdejante, nem brinquedos espalhados, e nem bolinha de pêlo branca agachada em um canto.
Shen Xingzhuo soltou uma risada autodepreciativa.
Ele caminhou pelo pátio.
Quando estava prestes a sair, seus passos o levaram inexplicavelmente até um canto.
Ele não sabia por que estava indo naquela direção.
Seu corpo simplesmente se movia sozinho.
Ele se abaixou e começou a puxar as ervas daninhas do canto, de forma desordenada.
Depois, começou a cavar a terra por baixo.
Logo, sua mão encontrou algo duro—uma tábua de madeira.
A tábua estava quase podre, misturando-se à terra tanto na cor quanto na textura, frágil e mole.
Insetos minúsculos rastejavam pelas rachaduras.
Conforme Shen Xingzhuo continuava, os insetos fugiram em todas as direções.
Ele limpou as mãos e, ao encontrar uma pequena trava, a ergueu.
A trava, já enferrujada, quebrou pela metade.
Shen Xingzhuo teve dificuldade, mas finalmente conseguiu levantar a tábua completamente.
Com um leve “clic”, a portinhola, selada há mais de uma década, se abriu totalmente—e acabou se partindo por inteiro.
Debaixo da tábua, havia um pequeno “depósito”.
Dentro, alguns blocos de montar e duas bolas de borracha idênticas.
Em um canto, estava um pequeno balde de plástico amarelo e uma pazinha combinando, ambos deitados ali em silêncio.
Nesse canto esquecido, eles permaneceram intocados por muito, muito tempo.
Publicado por:

- DanmeiFuwa
-
Sou apaixonada pelo mundo das novels BL chinesas e venho me dedicando à tradução desde 2021 no Wattpad. Adoro o que faço, mesmo sem receber nada em troca. Disponibilizo minhas traduções aqui, pois nunca se sabe quando uma novel pode ser removida do Wattpad.
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